sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n22

316 O Espírito se interessa pelos trabalhos que se executam na
Terra pelo progresso das artes e das ciências?
– Isso depende de sua elevação ou da missão que deve desempenhar.
O que vos parece magnífico é, muitas vezes, pouca coisa para certos
Espíritos, que a consideram como um sábio vê a obra de um estudante.
Eles têm consideração pelo que pode contribuir para a elevação dos Espíritos
encarnados e seus progressos.

317 Os Espíritos, após o desencarne, conservam o amor à pátria?
– É sempre o mesmo princípio: para os Espíritos elevados, a pátria é o universo; na Terra, a pátria está onde há mais pessoas que lhes inspirem simpatia.

318 As idéias dos Espíritos desencarnados se modificam quando
estão na erraticidade?
– Se modificam muito. Sofrem grandes modificações à medida que o
Espírito se desmaterializa. Ele pode algumas vezes permanecer por muito
tempo com as mesmas idéias, mas pouco a pouco a influência da matéria
diminui e vê as coisas com mais clareza. É então que procura os meios de se aperfeiçoar.

319 Uma vez que o Espírito já viveu a vida espírita em vidas
anteriores, de onde vem seu espanto ao reentrar no mundo dos Espíritos?
– É apenas o efeito do primeiro momento e da perturbação que se
segue ao seu despertar. Mais tarde reconhece perfeitamente o seu estado,
à medida que a lembrança do passado lhe vem e que se apaga a
impressão da vida terrestre. (Veja, nesta obra, questão 163 e segs.)
COMEMORAÇÃO DOS MORTOS. FUNERAIS

320 Os Espíritos são sensíveis à saudade daqueles que amaram
e que ficaram na Terra?
– Muito mais do que podeis supor; se são felizes, essa lembrança
aumenta sua felicidade; se são infelizes, essa lembrança é para eles um alívio.

321 O dia da comemoração dos mortos tem algo de solene para
os Espíritos? Eles se preparam para visitar os que vão orar nas suas
sepulturas?
– Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento tanto nesse dia
quanto em qualquer outro.

321 a Esse dia é para eles um encontro junto às suas sepulturas?
– Eles estão aí num maior número nesse dia, porque há mais pessoas
que os chamam. Mas cada um deles vem apenas pelos seus amigos e
não pela multidão de indiferentes.

321 b Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem
se tornar visíveis?
– Sob a forma pela qual os conhecemos quando encarnados.

322 Os Espíritos esquecidos, cujos túmulos ninguém visita, também
aí comparecem apesar disso? Lamentam não ver nenhum amigo
que se lembre deles?
– Que lhes importa a Terra? Eles somente se prendem a ela pelo
coração. Se aí não há amor, não há mais nada que retenha o Espírito: tem
todo o universo para si.

323 A visita ao túmulo dá mais satisfação ao Espírito do que uma
prece feita para ele?
– A visita ao túmulo é uma maneira de mostrar que se pensa no Espírito
ausente: é a imagem. Já vos disse, a prece é que santifica o ato da
lembrança; pouco importa o lugar, quando se ora com o coração.
324 Os Espíritos das pessoas às quais se erguem estátuas ou
monumentos assistem à inauguração e as vêem com prazer?
– Muitos comparecem a essas solenidades quando podem, mas são
menos sensíveis às homenagens que lhes prestam do que à lembrança.

325 De onde surge, para certas pessoas, o desejo de ser enterradas
num lugar em vez de outro? Revêem esse lugar com maior
satisfação após sua morte? Essa importância dada a uma coisa material
é um sinal de inferioridade do Espírito?
– A afeição do Espírito por determinados lugares é inferioridade moral.
Que diferença há entre um pedaço de terra em vez de outro para um
Espírito elevado? Ele não sabe que se unirá aos que ama, mesmo estando
os seus ossos separados?

325 a A reunião dos restos mortais de todos os membros de uma
família num mesmo lugar deve ser considerada como uma coisa fútil?
– Não. É um costume piedoso e um testemunho de simpatia por quem
se amou. Essa reunião pouco importa aos Espíritos, mas é útil aos homens:
as lembranças ficam concentradas num só lugar.

326 A alma, ao entrar na vida espiritual, é sensível às homenagens
prestadas aos seus despojos mortais?
– Quando o Espírito já atingiu um certo grau de perfeição, não possui
mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Porém,
ficai sabendo, há Espíritos que, no primeiro momento de seu
desencarne, sentem um grande prazer pelas homenagens que lhes prestam,
ou se aborrecem com a falta de atenção ao seu corpo físico; isso
porque ainda conservam alguns preconceitos da Terra.

327 O Espírito assiste ao enterro de seu corpo?
– Ele o assiste muito freqüentemente; mas, algumas vezes, se ainda
estiver perturbado, não se dá conta do que se passa.

327 a Ele fica lisonjeado com a concorrência de assistentes ao
seu enterro?
– Mais ou menos, de acordo com o sentimento que eles tenham.

328 O Espírito daquele que acaba de morrer assiste às reuniões
de seus herdeiros?
– Quase sempre; isso lhe é permitido para sua própria instrução e
para castigo dos culpados. O Espírito julga nessa hora o valor das manifestações
honrosas que lhe faziam. Todos os sentimentos dos herdeiros
se tornam claros como são de fato, e a decepção que sente ao ver a
cobiça daqueles que partilham seus bens o esclarece quanto a esses
sentimentos. Porém, a vez deles chegará igualmente.

329 O respeito instintivo que o homem, em todos os tempos e em
todos os povos, tem pelos mortos é o efeito da intuição de uma vida
futura?
– É a conseqüência natural dessa intuição; sem isso, esse respeito
não teria sentido.

330 Os Espíritos conhecem a época em que reencarnarão?
– Eles a pressentem, assim como um cego sente o fogo quando dele
se aproxima. Sabem que devem retornar a um corpo como sabeis que um
dia deveis morrer, mas não sabem quando isso vai acontecer. (Veja, nesta
obra, a questão 166.)

330 a A reencarnação é, então, uma necessidade da vida espírita,
assim como a morte é uma necessidade da vida corporal?
– Certamente. É exatamente assim.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n21

301 Dois Espíritos simpáticos são o complemento um do outro,
ou essa simpatia é o resultado de uma identidade perfeita?
– A simpatia que atrai um Espírito ao outro é o resultado da perfeita
concordância de suas tendências, de seus instintos; se um tivesse que
completar o outro, perderia sua individualidade.

302 A identidade necessária para a simpatia perfeita consiste
apenas na semelhança de pensamentos e sentimentos, ou ainda na
uniformidade dos conhecimentos adquiridos?
– Na igualdade dos graus de elevação.

303 Os Espíritos que não são simpáticos hoje podem tornar-se
mais tarde?
– Sim, todos o serão. Assim, o Espírito que está hoje numa esfera
inferior, ao se aperfeiçoar, alcançará a esfera onde está o outro. Seu reencontro
acontecerá mais prontamente se o que está num grau mais evoluído
permanecer estacionário por não ter conseguido superar as provas a que
se submeteu.

303 a Dois Espíritos simpáticos podem deixar de sê-lo?
– Certamente, se um deles for preguiçoso.
G A teoria das metades eternas7 é apenas uma figura que representa
a união de dois Espíritos simpáticos. É uma expressão usada até mesmo
na linguagem comum e não deve ser tomada ao pé da letra. Os
Espíritos que dela se serviram certamente não pertencem a uma ordem
elevada. A esfera de suas idéias é limitada e expressa seus pensamentos
pelos termos de que se serviam durante a vida corporal. É preciso
rejeitar essa idéia de dois Espíritos criados um para o outro, e que deverão,
portanto, um dia, fatalmente, se reunir na eternidade, após estarem
separados durante um espaço de tempo mais ou menos longo.

LEMBRANÇA DA EXISTÊNCIA CORPORAL
304 O Espírito se lembra de sua existência corporal?
– Sim, isto é, tendo vivido muitas vezes como homem, ele se lembra
do que foi, e eu vos asseguro que, às vezes, ri por sentir dó de si mesmo.

305 A lembrança da existência corporal se apresenta ao Espírito
de maneira completa e de súbito, após o desencarne?
– Não, ele a revê pouco a pouco, como algo que sai de um nevoeiro,
e à medida que fixa sua atenção nisso.

306 O Espírito se lembra, com detalhes, de todos os acontecimentos
de sua vida? Ele alcança o conjunto de um golpe de vista
retrospectivo?
– Ele se lembra das coisas em razão das conseqüências que tiveram
sobre a sua situação de Espírito. Mas deveis compreender que há muitas
circunstâncias da vida às quais não dá a menor importância e que nem
mesmo procura delas se lembrar.

306 a Ele poderia se lembrar, se quisesse?
– Pode se lembrar dos detalhes e de incidentes mais minuciosos,
seja dos acontecimentos, ou até mesmo de seus pensamentos; mas quando
isso não tem utilidade, não o faz.

306 b Ele entrevê o objetivo da vida terrestre com relação à vida
futura?
– Certamente a vê e a compreende bem melhor do que quando encarnado.
Compreende a necessidade de depuração para chegar ao infinito
e sabe que em cada existência se liberta de algumas impurezas.

307 Como a vida passada se retrata na memória do Espírito?
É por um esforço de sua imaginação, ou como um quadro que tem
diante dos olhos?
– De ambas as formas. Todos os atos de que deseja se lembrar são
para ele como se fossem presentes; os outros estão mais ou menos vagos
no seu pensamento, ou totalmente esquecidos. Quanto mais se
desmaterializa, menos dá importância às coisas materiais. Fazeis freqüentemente
a evocação de um Espírito que acaba de deixar a Terra e verificais
que não se lembra do nome das pessoas que amava, nem dos detalhes
que, para vós, parecem importantes; é que já não lhe interessam e caemlhe
no esquecimento. Do que se lembra muito bem é dos fatos principais
que o ajudam a se melhorar.

308 O Espírito se lembra de todas as existências que precederam
a última que acabou de deixar?
– Todo o seu passado se desenrola diante dele, como as etapas percorridas
por um viajante; mas, como já dissemos, não se lembra de uma
maneira absoluta de todos os atos, lembra-se dos fatos em razão da influência
que têm sobre seu estado presente. Quanto às primeiras
existências, as que podemos considerar como a infância do Espírito, perdem-
se no tempo e desaparecem na noite do esquecimento.

309 Como o Espírito considera o corpo que acabou de deixar?
– Como uma veste que o apertavae sente-se feliz por estar livre dele.

309 a Que sentimento experimenta quando vê seu corpo em decomposição?
– Quase sempre um sentimento de indiferença, como por uma coisa
que não tem mais importância.

310 Após um certo tempo, o Espírito reconhece os ossos ou outros
objetos que lhe tenham pertencido?
– Algumas vezes, sim; mas isso depende do ponto de vista mais ou
menos elevado de como considera as coisas terrenas.

311 O respeito que se tem pelos objetos materiais que pertenceram
ao Espírito atrai sua atenção sobre esses objetos e ele vê esse
respeito com prazer?
– O Espírito sempre fica feliz por ser lembrado. O respeito pelos objetos
dele que se conservaram trazem-no à memória daqueles que deixou.
Mas é o pensamento que o atrai até vós e não os objetos.

312 Os Espíritos conservam a lembrança dos sofrimentos que
passaram durante sua última encarnação?
– Muitas vezes a conservam, e essa lembrança os faz avaliar melhor
quanto vale a felicidade que podem alcançar como Espíritos.

313 O homem que foi feliz na Terra lamenta-se dos prazeres que
perde quando a deixa?
– Somente os Espíritos inferiores lamentam os prazeres perdidos relacionados
com a impureza do seu caráter e que expiam por seus sofrimentos.
Para os Espíritos elevados a felicidade eterna é mil vezes preferível aos
prazeres passageiros da Terra.

314 Aquele que começou grandes trabalhos com um objetivo útil
e os vê interrompidos pela morte lamenta, no outro mundo, por tê-los
deixado inacabados?
– Não, porque vê que outros estão destinados a terminá-los. Então se
empenha em influenciar outros Espíritos encarnados para continuá-los. Se
o seu objetivo na Terra era o bem da humanidade, continuará o mesmo no
mundo dos Espíritos.

315 Aquele que abandonou trabalhos de arte ou de literatura conserva
por suas obras o amor que lhes tinha quando era vivo?
– De acordo com sua elevação, julga-os sob um outro ponto de vista
e, freqüentemente, se arrepende de coisas que admirava antes.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n20

286 A alma, ao deixar o corpo logo após a morte, vê imediatamente
parentes e amigos que a precederam no mundo dos Espíritos?
– Imediatamente não é bem a palavra. Como já dissemos, ela precisa
de algum tempo para reconhecer seu estado e se desprender da matéria.

287 Como a alma é acolhida em seu retorno ao mundo dos Espíritos?
– A do justo, como um irmão bem-amado que é esperado há muito
tempo. A do mau, como um ser que se equivocou.

288 Que sentimento têm os Espíritos impuros quando vêem um
mau Espírito chegando até eles?
– Os maus ficam satisfeitos ao ver seres à sua imagem e privados, como
eles, da felicidade infinita, como, na Terra, um perverso entre seus iguais.

289 Nossos parentes e amigos vêm algumas vezes ao nosso
encontro quando deixamos a Terra?
– Sim, eles vêm ao encontro da alma que estimam. Felicitam-na como
no retorno de uma viagem, se ela escapou dos perigos do caminho, e a
ajudam a se despojar dos laços corporais. É a concessão de uma graça
para os bons Espíritos quando aqueles que amam vêm ao seu encontro,
enquanto o infame, o mau, sente-se isolado ou é apenas rodeado por
Espíritos semelhantes a ele: é uma punição.

290 Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?
– Isso depende de sua elevação e do caminho que seguem para seu
adiantamento. Se um deles é mais avançado e marcha mais rápido do
que o outro, não poderão permanecer juntos. Poderão se ver algumas
vezes, mas somente estarão para sempre reunidos quando marcharem
lado a lado, ou quando atingirem a igualdade na perfeição. Além disso, a
impossibilidade de ver seus parentes e seus amigos é, algumas vezes,
uma punição.

RELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIA
ENTRE OS ESPÍRITOS. METADES ETERNAS
291 Além da simpatia geral de afinidade, os Espíritos têm entre
si afeições particulares?
– Sim, como entre os homens. Mas o laço que une os Espíritos é mais
forte quando estão livres do corpo, por não estarem mais expostos às
alterações e volubilidades das paixões.

292 Há ódio entre os Espíritos?
– Somente há ódio entre os Espíritos impuros, e são eles que provocam
entre vós as inimizades e as desavenças.

293 Dois seres que foram inimigos na Terra conservarão ressentimentos
um contra o outro no mundo dos Espíritos?
– Não. Eles compreenderão que seu ódio era uma tolice e o motivo,
pueril. Apenas os Espíritos imperfeitos conservam um certo rancor até que
estejam depurados. Se foi unicamente por um interesse material que se
tornaram inimigos, não pensarão mais nisso, ainda que estejam pouco
desmaterializados. Se não há antipatia entre eles, o motivo de discussão
não mais existindo, podem se rever com prazer.

294 A recordação das más ações que dois homens praticaram
um contra o outro é um obstáculo à simpatia?
– Sim, isso os leva a se distanciarem.

295 Que sentimento têm após a morte aqueles a quem fizemos
mal aqui na Terra?
– Se são bons, perdoam de acordo com o vosso arrependimento. Se
são maus, é possível que conservem ressentimento e algumas vezes até
vos persigam numa outra existência. Isso pode representar uma punição,
uma provação.

296 As afeições individuais dos Espíritos são passíveis de alteração?
– Não, porque não podem se enganar. Eles não têm mais a máscara
sob a qual se escondem os hipócritas; eis por que as suas afeições são
inalteráveis quando são puros. O amor que os une é para eles a fonte de
uma felicidade suprema.

297 A afeição que dois seres tiveram na Terra sempre continuará
no mundo dos Espíritos?
– Sim, sem dúvida, se é fundada sobre uma simpatia verdadeira. Mas
se as causas físicas foram maiores que a simpatia, ela cessa com a causa.
As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duráveis do que as
da Terra, porque não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais
e do amor-próprio.

298 As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa
união desde a origem e cada um de nós tem, em alguma parte do
universo, sua metade à qual um dia fatalmente se unirá?
– Não. Não existe união particular e fatal entre duas almas. A união
existe entre todos os Espíritos, mas em diferentes graus, de acordo com a
categoria que ocupam, ou seja, de acordo com a perfeição que adquiriram:
quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia nascem todos os
males humanos; da concórdia resulta a felicidade completa.

299 Em que sentido devemos entender a palavra metade, de que
certos Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
– A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de um outro,
uma vez separados, ambos estariam incompletos.

300 Dois Espíritos perfeitamente simpáticos6, uma vez reunidos,
o serão pela eternidade, ou podem se separar e se unir a outros?
– Todos os Espíritos são unidos entre si. Falo daqueles que atingiram
a perfeição. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva, já não
tem mais a mesma simpatia por aqueles que deixou para trás.

Serie de perguntas e respostas n20

286 A alma, ao deixar o corpo logo após a morte, vê imediatamente
parentes e amigos que a precederam no mundo dos Espíritos?
– Imediatamente não é bem a palavra. Como já dissemos, ela precisa
de algum tempo para reconhecer seu estado e se desprender da matéria.

287 Como a alma é acolhida em seu retorno ao mundo dos Espíritos?
– A do justo, como um irmão bem-amado que é esperado há muito
tempo. A do mau, como um ser que se equivocou.

288 Que sentimento têm os Espíritos impuros quando vêem um
mau Espírito chegando até eles?
– Os maus ficam satisfeitos ao ver seres à sua imagem e privados, como
eles, da felicidade infinita, como, na Terra, um perverso entre seus iguais.

289 Nossos parentes e amigos vêm algumas vezes ao nosso
encontro quando deixamos a Terra?
– Sim, eles vêm ao encontro da alma que estimam. Felicitam-na como
no retorno de uma viagem, se ela escapou dos perigos do caminho, e a
ajudam a se despojar dos laços corporais. É a concessão de uma graça
para os bons Espíritos quando aqueles que amam vêm ao seu encontro,
enquanto o infame, o mau, sente-se isolado ou é apenas rodeado por
Espíritos semelhantes a ele: é uma punição.

290 Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?
– Isso depende de sua elevação e do caminho que seguem para seu
adiantamento. Se um deles é mais avançado e marcha mais rápido do
que o outro, não poderão permanecer juntos. Poderão se ver algumas
vezes, mas somente estarão para sempre reunidos quando marcharem
lado a lado, ou quando atingirem a igualdade na perfeição. Além disso, a
impossibilidade de ver seus parentes e seus amigos é, algumas vezes,
uma punição.

RELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIA
ENTRE OS ESPÍRITOS. METADES ETERNAS
291 Além da simpatia geral de afinidade, os Espíritos têm entre
si afeições particulares?
– Sim, como entre os homens. Mas o laço que une os Espíritos é mais
forte quando estão livres do corpo, por não estarem mais expostos às
alterações e volubilidades das paixões.

292 Há ódio entre os Espíritos?
– Somente há ódio entre os Espíritos impuros, e são eles que provocam
entre vós as inimizades e as desavenças.

293 Dois seres que foram inimigos na Terra conservarão ressentimentos
um contra o outro no mundo dos Espíritos?
– Não. Eles compreenderão que seu ódio era uma tolice e o motivo,
pueril. Apenas os Espíritos imperfeitos conservam um certo rancor até que
estejam depurados. Se foi unicamente por um interesse material que se
tornaram inimigos, não pensarão mais nisso, ainda que estejam pouco
desmaterializados. Se não há antipatia entre eles, o motivo de discussão
não mais existindo, podem se rever com prazer.

294 A recordação das más ações que dois homens praticaram
um contra o outro é um obstáculo à simpatia?
– Sim, isso os leva a se distanciarem.

295 Que sentimento têm após a morte aqueles a quem fizemos
mal aqui na Terra?
– Se são bons, perdoam de acordo com o vosso arrependimento. Se
são maus, é possível que conservem ressentimento e algumas vezes até
vos persigam numa outra existência. Isso pode representar uma punição,
uma provação.

296 As afeições individuais dos Espíritos são passíveis de alteração?
– Não, porque não podem se enganar. Eles não têm mais a máscara
sob a qual se escondem os hipócritas; eis por que as suas afeições são
inalteráveis quando são puros. O amor que os une é para eles a fonte de
uma felicidade suprema.

297 A afeição que dois seres tiveram na Terra sempre continuará
no mundo dos Espíritos?
– Sim, sem dúvida, se é fundada sobre uma simpatia verdadeira. Mas
se as causas físicas foram maiores que a simpatia, ela cessa com a causa.
As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duráveis do que as
da Terra, porque não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais
e do amor-próprio.

298 As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa
união desde a origem e cada um de nós tem, em alguma parte do
universo, sua metade à qual um dia fatalmente se unirá?
– Não. Não existe união particular e fatal entre duas almas. A união
existe entre todos os Espíritos, mas em diferentes graus, de acordo com a
categoria que ocupam, ou seja, de acordo com a perfeição que adquiriram:
quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia nascem todos os
males humanos; da concórdia resulta a felicidade completa.

299 Em que sentido devemos entender a palavra metade, de que
certos Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
– A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de um outro,
uma vez separados, ambos estariam incompletos.

300 Dois Espíritos perfeitamente simpáticos6, uma vez reunidos,
o serão pela eternidade, ou podem se separar e se unir a outros?
– Todos os Espíritos são unidos entre si. Falo daqueles que atingiram
a perfeição. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva, já não
tem mais a mesma simpatia por aqueles que deixou para trás.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n19

271 Ainda na espiritualidade, o Espírito, ao estudar as diversas
condições em que poderá progredir, como pensa poder fazê-lo ao
nascer, por exemplo, entre os povos canibais?
– Espíritos já avançados não nascem entre canibais. Entre eles nascem
Espíritos com a natureza dos canibais, ou que lhe são até inferiores.

272 Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra ou de um povo
muito atrasado, como os canibais, por exemplo, poderiam nascer entre os
povos civilizados?
– Sim, há os que se desencaminham ao querer subir muito alto. Ficam
desajustados entre vós, porque possuem costumes e instintos que
não se afinam com os vossos.

273 Um homem que pertence a uma raça civilizada poderia, por
expiação, reencarnar em uma raça selvagem?
– Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que
tenha sido cruel com seus escravos poderá tornar-se escravo por sua vez
e sofrer os maus-tratos que fez os outros suportar. Aquele que um dia
comandou poderá, em uma nova existência, obedecer até mesmo àqueles
que se curvaram à sua vontade. É uma expiação que lhe pode ser
imposta, se abusou de seu poder. Um bom Espírito também pode escolher
uma existência em que exerça uma ação influente e encarnar dentre
povos atrasados, para fazer com que progridam, o que, neste caso, é
para ele uma missão.

RELAÇÕES APÓS A MORTE
274 As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre eles
uma hierarquia de poderes? Existe entre eles subordinação e autoridade?
– Sim, muito grande. Os Espíritos têm uns para com os outros uma
autoridade relativa à sua superioridade, que exercem por uma ascendência
moral irresistível.

274 a Os Espíritos inferiores podem escapar da autoridade dos
superiores?
– Eu disse: irresistível.

275 O poder e a consideração que um homem desfrutou na Terra
lhe dão alguma supremacia no mundo dos Espíritos?
– Não. Os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lede
os Salmos5.

275 a Como devemos entender essa elevação e esse rebaixamento?
– Não sabeis que os Espíritos são de diferentes ordens, de acordo
com seu mérito? Pois bem! O maior da Terra pode estar no último lugar
entre os Espíritos, enquanto seu servidor pode estar no primeiro. Compreendei
isso? Jesus disse: “Todo aquele que se humilhar será elevado e todo
aquele que se elevar será humilhado”.

276 Aquele que foi grande na Terra e se encontra entre os Espíritos
de ordem inferior passa por humilhação?
– Freqüentemente muito grande, principalmente se era orgulhoso e
invejoso.

277 O soldado que, após a batalha, encontra seu general no
mundo dos Espíritos, o reconhece ainda como seu superior?
– O título não é nada; a superioridade real é tudo.

278 Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os
outros?
– Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros
e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como
acontece entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso dá uma vaga
idéia. Os da mesma categoria se reúnem por afinidade e formam grupos
ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram:
os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer
o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar
entre seres semelhantes.

279 Todos os Espíritos têm reciprocamente acesso uns aos outros?
– Os bons vão a toda parte e é preciso que seja desse modo para
que possam exercer sua influência sobre os maus. As regiões habitadas
pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as
perturbem com suas más paixões.

280 Qual é a natureza das relações entre os bons e os maus
Espíritos?
– Os bons empenham-se em combater as más tendências dos outros,
a fim de ajudá-los a elevar-se; é sua missão.

281 Por que os Espíritos inferiores gostam de nos induzir ao mal?
– Por inveja de não ter merecimento para estar entre os bons. Seu
desejo é impedir, tanto quanto possam, os Espíritos inexperientes de alcançar
o bem supremo; querem que os outros sintam o que eles mesmos
sentem. Não acontece também o mesmo entre vós?

282 Como os Espíritos se comunicam entre si?
– Eles se vêem e se compreendem; a palavra se materializa pelo reflexo
do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação
constante; é o veículo da transmissão do pensamento, assim como o ar é
o veículo do som. É uma espécie de telégrafo universal que liga todos os
mundos e permite aos Espíritos comunicarem-se de um mundo a outro.

283 Os Espíritos podem esconder seus pensamentos? Podem
se ocultar uns dos outros?
– Não, para eles tudo está a descoberto, principalmente entre os que
são perfeitos. Podem se afastar uns dos outros, mas sempre se vêem.
Isso não é, entretanto, uma regra absoluta, porque certas categorias de
Espíritos podem muito bem se tornar invisíveis para outros, se julgarem
útilfazê-lo.

284 Como os Espíritos, que não têm mais corpo, podem constatar
a sua individualidade e se distinguir dos outros que os rodeiam?
– Eles constatam sua individualidade pelo perispírito, que os
distingue uns dos outros, assim como pelo corpo se podem distinguir os
homens.

285 Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a Terra? O
filho reconhece seu pai, o amigo reconhece seu amigo?
– Sim, e assim de geração em geração.

285 a Como os homens que se conheceram na Terra se reconhecem
no mundo dos Espíritos?
– Nós vemos nossa vida passada e a lemos como num livro; ao ver
o passado de nosso amigos e inimigos, vemos sua existência da vida
à morte.

Serie de perguntas e respostas n19

271 Ainda na espiritualidade, o Espírito, ao estudar as diversas
condições em que poderá progredir, como pensa poder fazê-lo ao
nascer, por exemplo, entre os povos canibais?
– Espíritos já avançados não nascem entre canibais. Entre eles nascem
Espíritos com a natureza dos canibais, ou que lhe são até inferiores.

272 Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra ou de um povo
muito atrasado, como os canibais, por exemplo, poderiam nascer entre os
povos civilizados?
– Sim, há os que se desencaminham ao querer subir muito alto. Ficam
desajustados entre vós, porque possuem costumes e instintos que
não se afinam com os vossos.

273 Um homem que pertence a uma raça civilizada poderia, por
expiação, reencarnar em uma raça selvagem?
– Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que
tenha sido cruel com seus escravos poderá tornar-se escravo por sua vez
e sofrer os maus-tratos que fez os outros suportar. Aquele que um dia
comandou poderá, em uma nova existência, obedecer até mesmo àqueles
que se curvaram à sua vontade. É uma expiação que lhe pode ser
imposta, se abusou de seu poder. Um bom Espírito também pode escolher
uma existência em que exerça uma ação influente e encarnar dentre
povos atrasados, para fazer com que progridam, o que, neste caso, é
para ele uma missão.

RELAÇÕES APÓS A MORTE
274 As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre eles
uma hierarquia de poderes? Existe entre eles subordinação e autoridade?
– Sim, muito grande. Os Espíritos têm uns para com os outros uma
autoridade relativa à sua superioridade, que exercem por uma ascendência
moral irresistível.

274 a Os Espíritos inferiores podem escapar da autoridade dos
superiores?
– Eu disse: irresistível.

275 O poder e a consideração que um homem desfrutou na Terra
lhe dão alguma supremacia no mundo dos Espíritos?
– Não. Os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lede
os Salmos5.

275 a Como devemos entender essa elevação e esse rebaixamento?
– Não sabeis que os Espíritos são de diferentes ordens, de acordo
com seu mérito? Pois bem! O maior da Terra pode estar no último lugar
entre os Espíritos, enquanto seu servidor pode estar no primeiro. Compreendei
isso? Jesus disse: “Todo aquele que se humilhar será elevado e todo
aquele que se elevar será humilhado”.

276 Aquele que foi grande na Terra e se encontra entre os Espíritos
de ordem inferior passa por humilhação?
– Freqüentemente muito grande, principalmente se era orgulhoso e
invejoso.

277 O soldado que, após a batalha, encontra seu general no
mundo dos Espíritos, o reconhece ainda como seu superior?
– O título não é nada; a superioridade real é tudo.

278 Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os
outros?
– Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros
e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como
acontece entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso dá uma vaga
idéia. Os da mesma categoria se reúnem por afinidade e formam grupos
ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram:
os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer
o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar
entre seres semelhantes.

279 Todos os Espíritos têm reciprocamente acesso uns aos outros?
– Os bons vão a toda parte e é preciso que seja desse modo para
que possam exercer sua influência sobre os maus. As regiões habitadas
pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as
perturbem com suas más paixões.

280 Qual é a natureza das relações entre os bons e os maus
Espíritos?
– Os bons empenham-se em combater as más tendências dos outros,
a fim de ajudá-los a elevar-se; é sua missão.

281 Por que os Espíritos inferiores gostam de nos induzir ao mal?
– Por inveja de não ter merecimento para estar entre os bons. Seu
desejo é impedir, tanto quanto possam, os Espíritos inexperientes de alcançar
o bem supremo; querem que os outros sintam o que eles mesmos
sentem. Não acontece também o mesmo entre vós?

282 Como os Espíritos se comunicam entre si?
– Eles se vêem e se compreendem; a palavra se materializa pelo reflexo
do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação
constante; é o veículo da transmissão do pensamento, assim como o ar é
o veículo do som. É uma espécie de telégrafo universal que liga todos os
mundos e permite aos Espíritos comunicarem-se de um mundo a outro.

283 Os Espíritos podem esconder seus pensamentos? Podem
se ocultar uns dos outros?
– Não, para eles tudo está a descoberto, principalmente entre os que
são perfeitos. Podem se afastar uns dos outros, mas sempre se vêem.
Isso não é, entretanto, uma regra absoluta, porque certas categorias de
Espíritos podem muito bem se tornar invisíveis para outros, se julgarem
útilfazê-lo.

284 Como os Espíritos, que não têm mais corpo, podem constatar
a sua individualidade e se distinguir dos outros que os rodeiam?
– Eles constatam sua individualidade pelo perispírito, que os
distingue uns dos outros, assim como pelo corpo se podem distinguir os
homens.

285 Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a Terra? O
filho reconhece seu pai, o amigo reconhece seu amigo?
– Sim, e assim de geração em geração.

285 a Como os homens que se conheceram na Terra se reconhecem
no mundo dos Espíritos?
– Nós vemos nossa vida passada e a lemos como num livro; ao ver
o passado de nosso amigos e inimigos, vemos sua existência da vida
à morte.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n18

256 Como é que alguns Espíritos se queixam de sofrer de frio e
de calor?
– Lembrança do que tinham sofrido durante a vida, muitas vezes
mais aflitiva que a realidade. É freqüentemente uma comparação com que,
na falta de coisa melhor, exprimem sua situação. Quando se lembram do
seu corpo, experimentam uma espécie de impressão, como quando se
tira um casaco e se tem a sensação, por um tempo, que ainda se está
vestido.

258 Na espiritualidade, antes de começar uma nova existência
corporal, o Espírito tem consciência e previsão das coisas que acontecerão
durante sua vida?
– Ele mesmo escolhe o gênero de provas que quer passar. Nisso
consiste seu livre-arbítrio.

258 a Então não é Deus que impõe os sofrimentos da vida como
castigo?
– Nada acontece sem a permissão de Deus, que estabeleceu todas
as leis que regem o universo. Perguntareis, então, por que Ele fez esta lei
em vez daquela. Ao dar ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda
a responsabilidade de seus atos e de suas conseqüências, nada impede
seu futuro; o caminho do bem está à frente dele, assim como o do mal.
Mas, se fracassa, resta-lhe uma consolação: nem tudo está acabado para
ele. Deus, em sua bondade, deixa-o livre para recomeçar, reparando o
que fez de mal. É preciso, aliás, distinguir o que é obra da vontade de
Deus e o que é obra do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes
vós que o criastes, foi Deus; mas tendes a liberdade de vos expor a ele,
por terdes visto aí um meio de adiantamento, e Deus o permitiu.

259 Se o Espírito tem a escolha do gênero de prova que deve
passar, todas as dificuldades que experimentamos na vida foram previstas
e escolhidas por nós?
– Todas não é a palavra, porque não se pode dizer que escolhestes e
previstes tudo que vos acontece neste mundo, até nas menores coisas.
Vós escolhestes os gêneros das provas; os detalhes são conseqüência
da situação em que viveis e, freqüentemente, de vossas próprias ações.
Se o Espírito quis nascer entre criminosos, por exemplo, sabia dos riscos
a que se exporia, mas não tinha conhecimento dos atos que viria a praticar;
esses atos são efeito de sua vontade ou de seu livre-arbítrio. O Espírito
sabe que, ao escolher um caminho, terá uma luta a suportar; sabe a natureza
e a diversidade das coisas que enfrentará, mas não sabe quais os
acontecimentos que o aguardam. Os detalhes dos acontecimentos nascem
das circunstâncias e da força das coisas. Somente os grandes
acontecimentos que influem na vida estão previstos. Se seguis um caminho
cheio de sulcos profundos, sabeis que deveis tomar grandes
precauções, porque tendes a probabilidade de cair, mas não sabeis em
qual deles caireis; pode ser que a queda não aconteça, se fordes prudente
o bastante. Se, ao passar na rua, uma telha cai na vossa cabeça, não
acrediteis que estava escrito, como se diz vulgarmente.

260 Como o Espírito pode querer nascer entre pessoas de má
conduta?
– É preciso que seja enviado para um meio em que possa se defrontar
com a prova que pediu. Pois bem! É preciso que haja identidade de relações
e semelhanças, que os semelhantes se atraiam: para lutar contra o
instinto do roubo, é preciso que se encontre entre pessoas que roubam.

260 a Se não houvesse pessoas de má conduta na Terra, o Espírito
não encontraria nela o meio necessário para passar por determinadas
provas?
– E seria o caso de lastimar se isso acontecesse? É o que ocorre nos
mundos superiores, onde o mal não tem acesso porque há somente Espíritos
bons. Fazei que o mesmo aconteça na vossa Terra.

261 O Espírito, nas provas que deve passar para atingir a perfeição,
deve experimentar todas as tentações? Deve passar por todas
as circunstâncias que podem incitar o orgulho, a inveja, a avareza, a
sensualidade, etc.?
– Certamente que não, uma vez que sabeis que há Espíritos que,
desde o começo, tomam um caminho que os livra de muitas provas; mas,
aquele que se deixa levar pelo mau caminho corre todos os perigos desse
caminho. Um Espírito, por exemplo, pode pedir a riqueza e esta ser concedida;
então, de acordo com seu caráter, poderá tornar-se avarento ou
pródigo, egoísta ou generoso, ou se entregar a todos os prazeres da sensualidade;
mas isso não quer dizer que tenha que passar forçosamente
por todas essas tendências.

262 Como pode o Espírito em sua origem, simples, ignorante e
sem experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa
e ser responsável por essa escolha?
– Deus supre sua inexperiência ao traçar-lhe o caminho que deve seguir,
como o fazeis com uma criança desde o berço. Deixa-o, porém, livre para
escolher, à medida que seu livre-arbítrio se desenvolve. É então que muitas
vezes se extravia ao seguir o mau caminho, se não escuta os conselhos dos
bons Espíritos; é o que se pode chamara queda do homem.

262 a Quando o Espírito usa seu livre-arbítrio, a escolha da existência
corporal depende sempre de sua vontade, ou essa existência
pode ser imposta pela vontade de Deus como expiação?
– Deus sabe esperar: não apressa a expiação. No entanto, perante a
Lei, um Espírito pode ter uma encarnação compulsória quando, por sua
inferioridade, ou má vontade, não está apto a compreender o que lhe poderia
ser mais útil e quando essa encarnação pode servir à sua purificação
e adiantamento, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.

263 O Espírito faz sua escolha imediatamente após a morte?
– Não, muitos acreditam na eternidade das penas e, como já foi dito,
pensar assim representa para eles um castigo. (Veja a questão 101).
264 Como o Espírito escolhe as provas que quer suportar?
– Ele escolhe as que podem ser para ele uma expiação, pela natureza
de seus erros, e lhe permitam avançar mais rapidamente. Uns podem, ao
escolher, se impor uma vida de misérias e privações para tentar suportá-la
com coragem; outros querem se experimentar nas tentações da riqueza e
do poder, muito perigosas, pelo abuso e o mau uso que delas se possa
fazer e pelas paixões inferiores que desenvolvem; outros, enfim, preferem
se experimentar nas lutas que têm que sustentar em contato com o vício.

265 Se alguns Espíritos escolhem o contato com o vício como
prova, há aqueles que o escolhem por simpatia e desejo de viver num
meio conforme seu gosto, ou para se entregar completamente às tendência
materiais?
– Há, sem dúvida. Mas só fazem essa escolha os que têm o senso
moral ainda pouco desenvolvido; a provação está em viver a escolha que
fizeram e a sofrem por longo tempo. Cedo ou tarde, compreenderão que a
satisfação das paixões brutais traz conseqüências deploráveis, e o sofrimento
lhes parecerá eterno. Poderão permanecer nesse estado até que
se tornem conscientes da falta em que incorreram, e então eles mesmos
pedem a Deus para resgatá-las em provas libertadoras.

266 Não parece natural escolher as provas menos dolorosas?
– Para vós, sim; para o Espírito, não. Quando se está liberto da matéria,
a ilusão cessa e a forma de pensar é outra.

267 O Espírito pode escolher suas provas, quando já encarnado?
– Seu desejo pode ter influência, dependendo da intenção com que
as deseja; mas, como Espírito, vê freqüentemente as coisas muito diferentes.
É apenas o Espírito que faz a escolha; mas, afirmamos mais uma vez,
é possível. Ele pode fazê-la na vida material, porque para o Espírito há
sempre momentos em que fica independente da matéria que habita.

267 a Muitas pessoas desejam poder e riqueza; não é, certamente,
como expiação ou como prova?
– Sem dúvida, é o instinto material que as deseja para delas desfrutar;
já o Espírito as deseja para conhecer todas as alternativas que elas
oferecem.

268 Até que atinja o estado de pureza perfeita, o Espírito tem que
passar constantemente por provas?
– Sim, mas não são como as entendeis, visto que chamais de provas às
adversidades materiais. Porém, o Espírito que atingiu um certo grau, sem ser
ainda perfeito, nada mais tem a suportar; embora sempre tenha deveres que
o ajudam a se aperfeiçoar, e que nada têm para ele de constrangedor ou
angustiante, ainda que seja para ajudar os outros a se aperfeiçoar.

269 O Espírito pode se enganar sobre a eficácia da prova que
escolheu?
– Ele pode escolher uma que esteja acima de suas forças e, então,
fracassar. Pode também escolher alguma que não lhe dê nenhum proveito,
que resulte numa vida ociosa e inútil; mas, então, uma vez de volta ao
mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou e pede para reparar o
tempo perdido, numa outra encarnação.

270 A que se devem as vocações de certas pessoas e seu desejo
de seguir uma carreira em vez de outra?
– Parece-me que vós mesmos podeis responder a essa questão.
Não é a conseqüência de tudo o que dissemos sobre a escolha das provas
e o progresso realizado nas existências anteriores?

domingo, 1 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n17

241 Os Espíritos têm uma idéia do presente mais precisa e exata
do que nós?
– Do mesmo modo que aquele que vê claramente as coisas tem uma
idéia mais exata do que um cego. Os Espíritos vêem o que não vedes;
logo, julgam de modo diferente de vós. Mas lembramos mais uma vez:
isso depende da elevação de cada um.

242 Como é que os Espíritos têm conhecimento do passado?
Para eles, esse conhecimento é ilimitado?
– O passado, quando nos ocupamos dele, é o presente, torna-se
vivo, exatamente como lembrais do que vos impressionou fortemente durante
um período, ou numa viagem a um lugar longínquo e estranho. Como
Espíritos, já não temos mais o véu material a nos obscurecer a inteligência,
eis por que nos lembramos das coisas que estão apagadas para vós. Mas
os Espíritos não conhecem tudo, a começar pela sua própria criação.

243 Os Espíritos conhecem o futuro?
– Isso também depende da sua elevação. Muitas vezes apenas o
entrevêem, mas nem sempre lhes é permitido revelá-lo. Quando o vêem,
parece-lhes presente. O Espírito adquire a visão do futuro mais claramente
à medida que se aproxima de Deus. Após desencarnar, a alma vê e abrange
num piscar de olhos suas migrações passadas, mas não pode ver o
que Deus lhe reserva. Para isso é preciso que esteja integrada a Deus,
após muitas e muitas existências.

243 a Os Espíritos que atingem a perfeição absoluta têm conhecimento
completo do futuro?
– Completo não é bem a palavra. Só Deus é o Soberano Senhor e
ninguém pode se igualar a Ele.

244 Os Espíritos vêem Deus?
– Só os Espíritos Superiores O vêem e O compreendem. Os Espíritos
inferiores O sentem e O pressentem física, moral e espiritualmente.

244 a Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe ou lhe
permite uma coisa, como sabe que isso vem de Deus?
– Ele não vê a Deus, mas sente Sua soberania e, quando uma coisa
não pode ser feita, ou uma palavra não pode ser dita, sente como intuição,
uma advertência invisível que o proíbe de fazê-lo. Vós mesmos não tendes
pressentimentos que são como advertências secretas, para fazer ou não
isso ou aquilo? O mesmo ocorre conosco, apenas num grau superior.
Deveis compreender que a essência dos Espíritos, sendo mais sutil que a
vossa, lhes dá a possibilidade de melhor receber as advertências divinas.

244 b A ordem é transmitida por Deus ou por intermédio de outros
Espíritos?
– Ela não vem diretamente de Deus. Para se comunicar com Deus,
preciso é ser digno disso. Deus transmite Suas ordens por Espíritos que
se encontram muito elevados em perfeição e instrução.

245 O dom da visão, nos Espíritos, é limitado e localizado, como
nos seres corporais?
– Não; a visão está neles como um todo.

246 Os Espíritos têm necessidade da luz para ver?
– Vêem por si mesmos e não têm necessidade da luz exterior. Para
eles, não há trevas, a não ser aquelas em que podem se encontrar por
expiação.

247 Os Espíritos têm necessidade de se transportar para ver em
dois lugares diferentes? Eles podem, por exemplo, ver simultaneamente
os dois hemisférios do globo?
– Como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podese
dizer que vê tudo de uma só vez, em todos os lugares. Seu pensamento
pode irradiar e se dirigir, ao mesmo tempo, a vários pontos diferentes, mas
essa qualidade depende de sua pureza. Quanto menos for depurado, mais
sua visão estará limitada. Só Espíritos Superiores podem ter uma visão do
conjunto.

248 O Espírito vê as coisas tão distintamente quanto nós?
– Mais distintamente, porque a sua visão penetra no que não podeis
penetrar. Nada a obscurece.

249 O Espírito percebe os sons?
– Sim. Percebe até os que vossos rudes sentidos não podem perceber.

249 a O dom, a capacidade de ouvir, está em todo o seu ser,
assim como a de ver?
– Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte do seu
ser. Quando está revestido de um corpo material, as percepções do exterior
apenas lhe chegam pelo canal dos órgãos correspondentes. Porém,
no estado de liberdade, essas percepções deixam de estar localizadas.

250 Sendo as percepções atributos próprios do Espírito, pode
deixar de usá-las?
– O Espírito só vê e ouve o que quer. Isso de uma maneira geral e,
sobretudo, para os Espíritos elevados. Já em relação aos que são imperfeitos,
queiram ou não, ouvem e vêem freqüentemente aquilo que pode
ser útil a seu adiantamento.

251 Os Espíritos são sensíveis à música?
– Quereis falar de vossa música? O que é ela perante a música celeste
cuja harmonia nada na Terra vos pode dar uma idéia? Uma está para a
outra como o canto de um selvagem está para uma suave melodia. Entretanto,
Espíritos vulgares podem sentir um certo prazer ao ouvir vossa música,
porque ainda não são capazes de compreender uma mais sublime. A música
tem para os Espíritos encantos infinitos, em razão de suas qualidades
sensitivas bastante desenvolvidas. A música celeste é tudo o que a imaginação
espiritual pode conceber de mais belo e mais suave.

252 Os Espíritos são sensíveis às belezas da natureza?
– As belezas naturais dos globos são tão diferentes que se está longe
de as conhecer; mas os Espíritos são sensíveis, sim, a essas belezas,
sensíveis conforme sua aptidão em apreciá-las e compreendê-las. Para
os Espíritos elevados há belezas de conjunto diante das quais desaparecem,
por assim dizer, as belezas de detalhes.

253 Os Espíritos sentem nossas necessidades e sofrimentos físicos?
– Eles os conhecem, porque os sofreram, passaram por eles; mas
não os sentem como vós, materialmente, porque são Espíritos.

254 Os Espíritos sentem cansaço e a necessidade do repouso?
– Não podem sentir o cansaço como o entendeis; conseqüentemente,
não têm necessidade de repouso corporal como o vosso, uma vez que
não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. Mas o Espírito
repousa, no sentido de que não tem uma atividade constante, embora
não atue de uma maneira material. Sua ação é toda intelectual e seu repouso,
inteiramente moral; ou seja, há momentos em que seu pensamento
deixa de ser tão ativo e não mais se fixa num objetivo determinado. Esse
instante é um verdadeiro repouso, mas não é comparável ao do corpo. O
cansaço que podem sentir os Espíritos está em razão de sua inferioridade,
visto que, quanto mais elevados, menos o repouso lhes é necessário.

255 Quando um Espírito diz que sofre, que sofrimento sente?
– Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que os
sofrimentos físicos.

sábado, 31 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n16

226 Todos os Espíritos que não estão encarnados são errantes?
– Daqueles que devem reencarnar, sim. Mas os Espíritos puros que
atingiram a perfeição não são errantes: seu estado é definitivo.

227 De que maneira os Espíritos errantes se instruem? É como nós?
– Eles estudam seu passado e procuram os meios de se elevar. Vêem,
observam o que se passa nos lugares que percorrem; ouvem os ensinamentos
dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais
elevados que eles e isso lhes inspira idéias que não tinham antes.

228 Os Espíritos conservam algumas das paixões humanas?
– Os Espíritos elevados, ao se libertarem do corpo, deixam as más
paixões e apenas guardam as do bem. Mas os Espíritos inferiores as conservam;
de outra forma, seriam de primeira ordem.

229 Por que os Espíritos, ao deixar a Terra, não deixam também
todas as más paixões, uma vez que vêem os seus inconvenientes?
– Tendes neste mundo pessoas que são excessivamente invejosas;
acreditais que, quando o deixam, perdem esse defeito? Após a partida da
Terra, principalmente para os que tiveram paixões muito intensas, uma
espécie de atmosfera os acompanha, os envolve e todas essas coisas
ruins se conservam, porque o Espírito ainda está impregnado das vibrações
da matéria. Entrevê a verdade apenas por alguns momentos, como
para ter noção do bom caminho.

230 O Espírito progride na erraticidade?
– Pode melhorar-se muito, sempre de acordo com sua vontade e seu
desejo. Mas é na existência corporal que põe em prática as novas idéias
que adquiriu.

231 Os Espíritos errantes são felizes ou infelizes?
– São felizes ou infelizes de acordo com seu mérito. São infelizes e
sofrem por causa das paixões das quais ainda conservaram a essência ou
são felizes segundo estejam mais ou menos desmaterializados. No estado
de erraticidade, o Espírito entrevê o que lhe falta para ser mais feliz e procura
os meios de alcançá-lo. Porém, nem sempre lhe é permitido reencarnar
conforme sua vontade, o que para ele é uma punição.

232 No estado de erraticidade, os Espíritos podem ir a todos os
mundos?
– Depende. Quando o Espírito deixa o corpo, não está, apesar disso,
completamente desprendido da matéria e ainda pertence ao mundo onde
viveu ou a um do mesmo grau, a menos que, durante sua vida, tenha se
elevado; esse é, aliás, o objetivo a que deve pretender, sem o que nunca
se aperfeiçoará. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores, mas
nesse caso é como um estranho. Consegue, na verdade, apenas os entrever
e isso é o que lhe dá o desejo de se aperfeiçoar para ser digno da
felicidade que lá se desfruta e poder habitá-los mais tarde.

233 Os Espíritos já purificados vão aos mundos inferiores?
– Vão muitas vezes a fim de ajudá-los a progredir. Senão esses mundos
ficariam entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los.
MUNDOS TRANSITÓRIOS

234 Existem, como já foi dito, mundos que servem aos Espíritos
errantes como estâncias transitórias ou locais de repouso?
– Sim, existem. São particularmente destinados aos seres errantes,
que podem neles habitar temporariamente. São como acampamentos,
campos para repousar de uma erraticidade bastante longa, condição sempre
um tanto angustiante. São posições intermediárias entre os outros
mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem
alcançá-los e onde podem desfrutar de um bem-estar relativamente maior
ou menor, conforme o caso.

234 a Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los
quando querem?
– Sim, os Espíritos podem deixá-los para irem aonde devem ir. Imaginai-
os como pássaros de passagem pousando numa ilha, esperando refazer
suas forças para alcançar seu objetivo.

235 Os Espíritos progridem durante sua estada nos mundos transitórios?
– Certamente. Os que neles se reúnem é com o objetivo de se instruir
e poder mais facilmente obter a permissão de alcançar lugares melhores e
chegar à posição que os eleitos atingem.

236 Os mundos transitórios, por sua natureza especial, são perpetuamente
destinados aos Espíritos errantes?
– Não; a posição deles é apenas temporária.

236 a Esses mundos são, ao mesmo tempo, habitados por seres
corporais?
– Não; a superfície é estéril. Aqueles que os habitam não têm necessidade
de nada.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS . PARTE SEGUNDA
121

236 b Essa esterilidade é permanente e resulta de sua natureza
especial?
– Não, são estéreis transitoriamente.

236 c Esses mundos são, por isso, desprovidos de belezas naturais?
– A natureza se reflete nas belezas da imensidade, que são tão admiráveis
quanto o que chamais de belezas naturais.

236 d Visto que o estado desses mundos é transitório, a Terra
estará um dia nesse mesmo estado?
– Ela já esteve.

236 e Em que época?
– Durante sua formação.

237 A alma, quando está no mundo dos Espíritos, ainda possui
as percepções que possuía em sua vida física?
– Sim. Tem também outras que não possuía, porque o seu corpo era
como um véu que as dificultava e obscurecia. A inteligência é um dos
atributos do Espírito que se manifesta mais livremente quando não tem
entraves.

238 As percepções e os conhecimentos dos Espíritos são ilimitados;
numa palavra, eles sabem todas as coisas?
– Quanto mais se aproximam da perfeição, mais sabem. Se são Espíritos
Superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos
ignorantes sobre todas as coisas.

239 Os Espíritos conhecem o princípio das coisas?
– Conhecem de acordo com sua elevação e pureza. Os Espíritos
inferiores não sabem mais que os homens.

240 Os Espíritos compreendem o tempo como nós?
– Não. É por isso que vós também não nos compreendeis quando se
trata de fixar datas ou épocas.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n15

211 De onde vem a semelhança de caráter que muitas vezes
existe entre dois irmãos, especialmente entre gêmeos?
– Espíritos simpáticos que se aproximam por semelhança de sentimentos
e que se sentem felizes por estar juntos.

212 Nas crianças cujos corpos nascem ligados e que possuem
certos órgãos em comum há dois Espíritos, ou melhor, duas almas?
– Sim, há duas, são dois os corpos. Entretanto, a semelhança entre
eles é tanta que se afigura aos vossos olhos como se fossem uma só6.

213 Visto que os Espíritos encarnam como gêmeos por simpatia,
de onde vem a aversão que se vê algumas vezes entre eles?
– Não é uma regra que os gêmeos sejam Espíritos simpáticos. Espíritos
maus podem querer lutar juntos no teatro da vida.

214 O que pensar das histórias de crianças gêmeas que brigam
no ventre da mãe?
– Lendas! Para dar idéia de que seu ódio era muito antigo, fizeram-no
presente antes de seu nascimento. Geralmente vós não levais em conta
as figuras poéticas.

215 De onde vem o caráter distintivo que se nota em cada povo?
– Os Espíritos também se agrupam em famílias formadas pela semelhança
de suas tendências mais ou menos depuradas, de acordo com
sua elevação. Pois bem! Um povo é uma grande família na qual se reúnem
Espíritos simpáticos. A tendência que têm os membros dessas grandes
famílias os leva a se unirem, daí se origina a semelhança que existe no
caráter distintivo de cada povo. Acreditais que Espíritos bons e caridosos
procurarão um povo duro e grosseiro? Não, os Espíritos simpatizam com
as coletividades, assim como simpatizam com os indivíduos; aí estão em
seu meio.

216 O homem conserva, em suas novas existências, traços do
caráter moral de existências anteriores?
– Sim, isso pode ocorrer; mas ao se melhorar, ele muda. Sua posição
social pode também não ser mais a mesma. Se de senhor torna-se escravo,
seus gostos serão completamente diferentes e teríeis dificuldade em
reconhecê-lo. Sendo o Espírito sempre o mesmo nas diversas encarnações,
suas manifestações podem ter uma ou outra semelhança, modificadas,
entretanto, pelos hábitos de sua nova posição, até que um aperfeiçoamento
notável venha mudar completamente seu caráter; por isso, de
orgulhoso e mau, pode tornar-se humilde e bondoso, desde que se tenha
arrependido.

217 O homem, pelo Espírito, conserva traços físicos das existências
anteriores em suas diferentes encarnações?
– O corpo que foi anteriormente destruído não tem nenhuma relação
com o novo. Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. Certamente, o corpo
é apenas matéria, mas apesar disso é modelado de acordo com a
capacidade do Espírito que lhe imprime um certo caráter, principalmente
ao rosto, e é verdade quando se diz que os olhos são o espelho da alma,
ou seja, é o rosto que mais particularmente reflete a alma. É assim que
uma pessoa sem grande beleza tem, entretanto, algo que agrada quando
é animada por um Espírito bom, sábio, humanitário, enquanto existem rostos
muito belos que nada fazem sentir, podendo até inspirar repulsa.
Poderíeis pensar que apenas os corpos muito belos servem de envoltório
aos Espíritos mais perfeitos; entretanto, encontrais todos os dias homens
de bem sem nenhuma beleza exterior. Sem haver uma semelhança pronunciada,
a similitude dos gostos e das inclinações pode dar o que se
chama de um ‘ar de família’.

IDÉIAS INATAS
218 O Espírito encarnado conserva algum traço das percepções
que teve e dos conhecimentos que adquiriu em suas existências anteriores?
– Ele possui uma vaga lembrança, que lhe dá o que se chama de
idéias inatas.

218 a A teoria das idéias inatas não é, portanto, uma fantasia?
– Não, os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem.
O Espírito, liberto da matéria, sempre os conserva. Durante a
encarnação, pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a in-
tuição que conserva deles o ajuda em seu adiantamento. Sem isso, teria
sempre que recomeçar. A cada nova existência, o Espírito parte de onde
estava na existência anterior.

218 b Pode, então, haver um grande vínculo entre duas existências
sucessivas?
– Nem sempre tão grande quanto podeis supor, porque as posições
são freqüentemente muito diferentes e, no intervalo delas, o Espírito pode
ter progredido. (Veja a questão 216.)

219 Qual é a origem das faculdades, das capacidades extraordinárias
dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição
de certos conhecimentos, como a língua, o cálculo, etc.?
– Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual
nem mesmo ela tem consciência. De onde quereis que esses conhecimentos
venham? O corpo muda, mas o Espírito não, embora troque de
vestimenta.

220 Ao mudar de corpo, podem-se perder alguns talentos intelectuais,
não mais ter, por exemplo, o gosto pelas artes?
– Sim, se desonrou esse talento ou se fez dele um mau uso. Uma
capacidade intelectual pode, além do mais, permanecer adormecida numa
existência, porque o Espírito veio para exercitar uma outra que não tem
relação com ela. Então, qualquer talento pode permanecer em estado
latente para ressurgir mais tarde.

221 É a uma lembrança retrospectiva que o homem deve, mesmo
no estado selvagem, o sentimento instintivo da existência de Deus
e o pressentimento da vida futura?
– É uma lembrança que conservou do que sabia como Espírito antes
de encarnar; mas o orgulho muitas vezes sufoca esse sentimento.

221 a É a essa lembrança que se devem certas crenças relativas
à Doutrina Espírita e que se encontram em todos os povos?
– Essa Doutrina é tão antiga quanto o mundo; eis por que pode ser
encontrada em toda parte, sendo uma prova de que é verdadeira. O Espírito
encarnado, conservando a intuição de seu estado como Espírito, tem,
instintivamente, a consciência do mundo invisível, freqüentemente falseada
pelos preconceitos, acrescida da ignorância que a mistura com a
superstição.

223 A alma reencarna imediatamente após a separação do
corpo?
– Algumas vezes pode reencarnar imediatamente, mas normalmente
só após intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores, a reencarnação
é quase sempre imediata. Nesses mundos em que a matéria
corporal é menos grosseira, o Espírito, quando encarnado, desfruta de
quase todos os seus atributos de Espírito. Seu estado normal é semelhante
ao dos vossos sonâmbulos lúcidos.

224 Em que se torna a alma no intervalo das encarnações?
– Espírito errante que aguarda nova oportunidade e a espera.

224 a Qual a duração desses intervalos?
– De algumas horas a alguns milhares de séculos. Não há, propriamente
falando, limite extremo estabelecido para o estado de erraticidade,
que pode se prolongar por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O
Espírito sempre encontra, cedo ou tarde, a oportunidade de recomeçar
uma existência que sirva de purificação às suas existências anteriores.

224 b Essa duração está subordinada à vontade do Espírito ou
pode ser imposta como expiação?
– É uma conseqüência do livre-arbítrio. Os Espíritos têm perfeita consciência
do que fazem, mas para alguns é também uma punição que a
Providência lhes impõe1. Outros pedem para que se prolongue, a fim de
progredirem nos estudos que só podem ser feitos com proveito na condição
de Espírito.

225 A erraticidade é, por si mesma, um sinal de inferioridade dos
Espíritos?
– Não, porque existem Espíritos errantes de todos os graus. A encarnação
é para o Espírito um estado transitório. Como já dissemos, em seu
estado normal, o Espírito está liberto da matéria.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n14

196 Se os Espíritos apenas podem melhorar-se suportando as
dificuldades da existência corporal, segue-se que a vida material seria
uma espécie de cadinho4 ou depurador por onde devem passar
para alcançar a perfeição?
– Sim, é exatamente assim. Eles se melhoram nessas provações evitando
o mal e praticando o bem. Mas é só depois de várias encarnações
ou depurações sucessivas que atingem o objetivo a que se destinam após
um tempo mais ou menos longo e de acordo com seus esforços.

196 a É o corpo que influi sobre o Espírito para melhorá-lo, ou o
Espírito que influi sobre o corpo?
– Teu Espírito é tudo; teu corpo é uma vestimenta que apodrece; eis tudo.

197 O Espírito de uma criança que desencarna em tenra idade
poderá ser tão avançado quanto o de um adulto?
– Algumas vezes é mais, porque pode ter vivido muito mais e ter mais
experiência, principalmente se progrediu.

197 a O Espírito de uma criança pode, então, ser mais avançado
do que o de seu pai?
– Isso é muito freqüente. Vós mesmos não vedes isso muitas vezes
na Terra?

198 De uma criança que morre em tenra idade, e, portanto, não
tendo praticado o mal, podemos supor que seu Espírito pertença aos
graus superiores?
– Se não fez o mal, não fez o bem, e Deus não a isenta das provações
que deve passar. Seu grau de pureza não ocorre porque tenha animado o
corpo de uma criança, mas pelo progresso que já realizou.

199 Por que a vida é muitas vezes interrompida na infância?
– A duração da vida de uma criança pode ser, para o Espírito que nela
está encarnado, o complemento de uma existência anterior interrompida
antes do tempo. Sua morte é, muitas vezes, também uma provação ou
uma expiação para os pais.

199 a O que acontece com o Espírito de uma criança que morre
em tenra idade?
– Ela recomeça uma nova existência.

200 Os Espíritos têm sexo?
– Não como o entendeis, porque o sexo depende do organismo físico.
Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos
sentimentos.

201 O Espírito que animou o corpo de um homem pode, em uma
nova existência, animar o de uma mulher e vice-versa?
– Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.

202 Quando está na erraticidade, o Espírito prefere encarnar no
corpo de um homem ou de uma mulher?
– Isso pouco importa ao Espírito. Depende das provas que deve
suportar.

203 Os pais transmitem aos filhos uma porção de sua alma ou
limitam-se a dar-lhes a vida animal a que uma nova alma, mais tarde,
vem acrescentar a vida moral?
– Dão-lhe apenas a vida animal, porque a alma é indivisível. Um pai
estúpido pode ter filhos inteligentes e vice-versa.

204 Uma vez que tivemos diversas existências, o parentesco pode
recuar além de nossa existência atual?
– Não pode ser de outra forma. A sucessão das existências corporais
estabelece entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores.
Daí muitas vezes decorrem as causas de simpatia entre vós e alguns
Espíritos que vos parecem estranhos.

205 Por que, aos olhos de certas pessoas, a doutrina da reencarnação
se apresenta como destruidora dos laços de família por fazêlos
recuar às existências anteriores?
– Ela não os destrói. Ela os amplia. O parentesco, estando fundado
em afeições anteriores, faz com que os laços que unem os membros de
uma mesma família sejam mais vigorosos. Essa doutrina amplia também
os deveres da fraternidade, uma vez que, entre os vossos vizinhos, ou
entre os servidores, pode-se encontrar um Espírito que esteve ligado a
vós pelos laços de sangue.

205 a Ela diminui, entretanto, a importância que alguns atribuem à
sua genealogia5, uma vez que se pode ter tido por pai um Espírito que
pertenceu a outra raça, ou tendo vindo de uma condição bem diversa?
– É verdade, mas essa importância está fundada no orgulho. O que
essas pessoas honram em seus ancestrais são os títulos, a posição, a
fortuna. Alguém que coraria de vergonha por ter tido como antepassado
um honesto sapateiro se gabaria de descender de um nobre corrupto e
debochado. Mas o que quer que eles digam ou façam, não impedirão as
coisas de ser o que são, porque Deus não formulou as leis da natureza de
acordo com a vaidade deles.

206 Do fato de não haver ligações de filiação entre os Espíritos
de descendentes da mesma família, segue-se que o culto aos ancestrais
seja uma coisa ridícula?
– Certamente que não. Todo homem deve considerar-se feliz por pertencer
a uma família em que encarnam Espíritos elevados. Embora os
Espíritos não procedam uns dos outros, têm afeição aos que lhe estão
ligados pelos laços de família, porque esses Espíritos são freqüentemente
atraídos a esta ou àquela família em razão de simpatias ou ligações anteriores.
Mas, ficai certos: os Espíritos de vossos ancestrais não se sentem
honrados pelo culto que vós lhes ofereceis por orgulho. O valor dos méritos
que tiveram só se refletirão sobre vós pelo esforço que fizerdes em
seguir-lhes os bons exemplos, e, só assim, então, vossa lembrança pode
lhes ser agradável e útil.

SEMELHANÇAS FÍSICAS E MORAIS
207 Os pais transmitem muitas vezes a seus filhos a semelhança
física. Eles também lhes transmitem alguma semelhança moral?
– Não, uma vez que têm almas ou Espíritos diferentes. O corpo procede
do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes
das raças há apenas consangüinidade.

207 a De onde vêm as semelhanças morais que existem algumas
vezes entre os pais e filhos?
– São Espíritos simpáticos atraídos pela semelhança de suas tendências.

208 O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o
nascimento?
– Há uma influência muito grande. Como já dissemos, os Espíritos
devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos
dos pais têm como missão desenvolver o de seus filhos pela educação. É
para eles uma tarefa: se falharem, serão culpados.

209 Por que pais bons e virtuosos geram, às vezes, filhos de
natureza perversa? Melhor dizendo, por que as boas qualidades dos
pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para animar
seu filho?
– Um Espírito mau pode pedir pais bons, na esperança de que seus
conselhos o orientem a um caminho melhor e, muitas vezes, Deus lhe
concede isso.

210 Os pais podem, por seus pensamentos e preces, atrair para
o corpo de um filho um Espírito bom em preferência a um Espírito
inferior?
– Não, mas podem melhorar o Espírito do filho que geraram e que lhes
foi confiado: é seu dever. Filhos maus são uma provação para os pais.

Serie de perguntas e respostas n14

196 Se os Espíritos apenas podem melhorar-se suportando as
dificuldades da existência corporal, segue-se que a vida material seria
uma espécie de cadinho4 ou depurador por onde devem passar
para alcançar a perfeição?
– Sim, é exatamente assim. Eles se melhoram nessas provações evitando
o mal e praticando o bem. Mas é só depois de várias encarnações
ou depurações sucessivas que atingem o objetivo a que se destinam após
um tempo mais ou menos longo e de acordo com seus esforços.

196 a É o corpo que influi sobre o Espírito para melhorá-lo, ou o
Espírito que influi sobre o corpo?
– Teu Espírito é tudo; teu corpo é uma vestimenta que apodrece; eis tudo.

197 O Espírito de uma criança que desencarna em tenra idade
poderá ser tão avançado quanto o de um adulto?
– Algumas vezes é mais, porque pode ter vivido muito mais e ter mais
experiência, principalmente se progrediu.

197 a O Espírito de uma criança pode, então, ser mais avançado
do que o de seu pai?
– Isso é muito freqüente. Vós mesmos não vedes isso muitas vezes
na Terra?

198 De uma criança que morre em tenra idade, e, portanto, não
tendo praticado o mal, podemos supor que seu Espírito pertença aos
graus superiores?
– Se não fez o mal, não fez o bem, e Deus não a isenta das provações
que deve passar. Seu grau de pureza não ocorre porque tenha animado o
corpo de uma criança, mas pelo progresso que já realizou.

199 Por que a vida é muitas vezes interrompida na infância?
– A duração da vida de uma criança pode ser, para o Espírito que nela
está encarnado, o complemento de uma existência anterior interrompida
antes do tempo. Sua morte é, muitas vezes, também uma provação ou
uma expiação para os pais.

199 a O que acontece com o Espírito de uma criança que morre
em tenra idade?
– Ela recomeça uma nova existência.

200 Os Espíritos têm sexo?
– Não como o entendeis, porque o sexo depende do organismo físico.
Existe entre eles amor e simpatia, mas fundados na identidade dos
sentimentos.

201 O Espírito que animou o corpo de um homem pode, em uma
nova existência, animar o de uma mulher e vice-versa?
– Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.

202 Quando está na erraticidade, o Espírito prefere encarnar no
corpo de um homem ou de uma mulher?
– Isso pouco importa ao Espírito. Depende das provas que deve
suportar.

203 Os pais transmitem aos filhos uma porção de sua alma ou
limitam-se a dar-lhes a vida animal a que uma nova alma, mais tarde,
vem acrescentar a vida moral?
– Dão-lhe apenas a vida animal, porque a alma é indivisível. Um pai
estúpido pode ter filhos inteligentes e vice-versa.

204 Uma vez que tivemos diversas existências, o parentesco pode
recuar além de nossa existência atual?
– Não pode ser de outra forma. A sucessão das existências corporais
estabelece entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores.
Daí muitas vezes decorrem as causas de simpatia entre vós e alguns
Espíritos que vos parecem estranhos.

205 Por que, aos olhos de certas pessoas, a doutrina da reencarnação
se apresenta como destruidora dos laços de família por fazêlos
recuar às existências anteriores?
– Ela não os destrói. Ela os amplia. O parentesco, estando fundado
em afeições anteriores, faz com que os laços que unem os membros de
uma mesma família sejam mais vigorosos. Essa doutrina amplia também
os deveres da fraternidade, uma vez que, entre os vossos vizinhos, ou
entre os servidores, pode-se encontrar um Espírito que esteve ligado a
vós pelos laços de sangue.

205 a Ela diminui, entretanto, a importância que alguns atribuem à
sua genealogia5, uma vez que se pode ter tido por pai um Espírito que
pertenceu a outra raça, ou tendo vindo de uma condição bem diversa?
– É verdade, mas essa importância está fundada no orgulho. O que
essas pessoas honram em seus ancestrais são os títulos, a posição, a
fortuna. Alguém que coraria de vergonha por ter tido como antepassado
um honesto sapateiro se gabaria de descender de um nobre corrupto e
debochado. Mas o que quer que eles digam ou façam, não impedirão as
coisas de ser o que são, porque Deus não formulou as leis da natureza de
acordo com a vaidade deles.

206 Do fato de não haver ligações de filiação entre os Espíritos
de descendentes da mesma família, segue-se que o culto aos ancestrais
seja uma coisa ridícula?
– Certamente que não. Todo homem deve considerar-se feliz por pertencer
a uma família em que encarnam Espíritos elevados. Embora os
Espíritos não procedam uns dos outros, têm afeição aos que lhe estão
ligados pelos laços de família, porque esses Espíritos são freqüentemente
atraídos a esta ou àquela família em razão de simpatias ou ligações anteriores.
Mas, ficai certos: os Espíritos de vossos ancestrais não se sentem
honrados pelo culto que vós lhes ofereceis por orgulho. O valor dos méritos
que tiveram só se refletirão sobre vós pelo esforço que fizerdes em
seguir-lhes os bons exemplos, e, só assim, então, vossa lembrança pode
lhes ser agradável e útil.

SEMELHANÇAS FÍSICAS E MORAIS
207 Os pais transmitem muitas vezes a seus filhos a semelhança
física. Eles também lhes transmitem alguma semelhança moral?
– Não, uma vez que têm almas ou Espíritos diferentes. O corpo procede
do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes
das raças há apenas consangüinidade.

207 a De onde vêm as semelhanças morais que existem algumas
vezes entre os pais e filhos?
– São Espíritos simpáticos atraídos pela semelhança de suas tendências.

208 O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o
nascimento?
– Há uma influência muito grande. Como já dissemos, os Espíritos
devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos
dos pais têm como missão desenvolver o de seus filhos pela educação. É
para eles uma tarefa: se falharem, serão culpados.

209 Por que pais bons e virtuosos geram, às vezes, filhos de
natureza perversa? Melhor dizendo, por que as boas qualidades dos
pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para animar
seu filho?
– Um Espírito mau pode pedir pais bons, na esperança de que seus
conselhos o orientem a um caminho melhor e, muitas vezes, Deus lhe
concede isso.

210 Os pais podem, por seus pensamentos e preces, atrair para
o corpo de um filho um Espírito bom em preferência a um Espírito
inferior?
– Não, mas podem melhorar o Espírito do filho que geraram e que lhes
foi confiado: é seu dever. Filhos maus são uma provação para os pais.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n13

181 Os seres que habitam os diferentes mundos possuem corpo
semelhante aos nosso?
– Sem dúvida possuem corpo, porque é preciso que o Espírito esteja
revestido de matéria para agir sobre a matéria. Porém, esse corpo é mais
ou menos material, de acordo com o grau de pureza a que chegaram os
Espíritos. E é isso que diferencia os mundos que devem percorrer; porque
há muitas moradas na casa de nosso Pai e, portanto, muitos graus. Alguns
o sabem e têm consciência disso na Terra; outros não sabem nada.

182 Podemos conhecer exatamente o estado físico e moral dos
diferentes mundos?
– Nós, Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de
adiantamento em que vos encontrais. Portanto, não devemos revelar essas
coisas a todos, visto que nem todos terão alcance de compreendê-las,
e isso os perturbaria.

183 Ao ir de um mundo para outro, o Espírito passa por uma nova
infância?
– A infância é em todos os lugares uma transição necessária, mas não
é tão frágil em todos os lugares como entre vós, na Terra.

184 O Espírito pode escolher o novo mundo que vai habitar?
– Nem sempre, mas pode pedir e conseguir isso se o merecer; porque
os mundos são acessíveis aos Espíritos de acordo com seu grau de
elevação.

184 a Se o Espírito não pede nada, o que determina o mundo em
que deve reencarnar?
– O grau de sua elevação.

185 O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o
mesmo em cada globo?
– Não; os mundos estão também submetidos à lei do progresso2.
Todos começaram como o vosso, por um estado inferior, e a própria Terra
passará por uma transformação semelhante. Ela será um paraíso quando
os homens se tornarem bons.

186 Há mundos em que o Espírito, deixando de habitar um corpo
material, tem apenas como envoltório o perispírito?
– Sim, há. Nesses mundos até mesmo esse envoltório, o perispírito,
torna-se tão etéreo que para vós é como se não existisse. É o estado dos
Espíritos puros.

186 a Disso parece resultar que não há uma demarcação definida
entre o estado das últimas encarnações e o de Espírito puro?
– Essa demarcação não existe. A diferença nesse caso se desfaz
pouco a pouco, torna-se imperceptível, assim como a noite se desfaz diante
dos primeiros clarões da alvorada.

187 A substância do perispírito é a mesma em todos os globos?
– Não; é mais ou menos etérea. Ao passar de um mundo para outro,
o Espírito se reveste instantaneamente da matéria própria de cada um
deles, com a rapidez de um relâmpago.

188 Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou estão no espaço
universal, sem estar ligados mais a um mundo do que a outro?
– Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão
restritos a eles como os homens estão à Terra; eles podem, melhor do que
os outros, estar em todos os lugares*.
* De acordo com o ensinamento dos Espíritos, de todos os globos que compõem o nosso sistema
planetário, a Terra é onde os habitantes são menos avançados, tanto física quanto moralmente.
Marte ainda estaria inferior, e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O Sol não seria um
mundo habitado por seres corporais, e sim um lugar de encontro de Espíritos superiores que, de lá,
irradiam seus pensamentos para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos
elevados, transmitindo-os a eles por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria
um foco de eletricidade. Todos os sóis parecem estar numa posição idêntica.
O volume e a distância que estão do Sol não têm nenhuma relação necessária com o grau de
adiantamento dos mundos, pois parece que Vênus é mais avançado que a Terra, e Saturno menos
que Júpiter.
Muitos Espíritos que na Terra animaram pessoas conhecidas disseram estar encarnados em
Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é admirável ver, nesse globo tão avançado,
homens que, na opinião geral que fazemos deles, não eram reconhecidos como tão elevados. Isso
não deve causar admiração, se considerarmos que alguns Espíritos que habitam Júpiter podem ter
sido enviados à Terra para cumprir uma missão que, aos nossos olhos, não os colocava em primeiro
plano; que, entre sua existência terrestre e a de Júpiter, podem ter tido outras intermediárias, nas
quais se melhoraram. E, finalmente, que nesse mundo, como no nosso, há diferentes graus de
desenvolvimento, e que entre esses graus pode haver a mesma distância como a que separa entre
nós o selvagem do homem civilizado. Desse modo, o fato de habitarem Júpiter não quer dizer que
estão no mesmo padrão dos seres mais avançados de lá, da mesma forma que não se está no
mesmo padrão de um sábio da Universidade só porque se reside em Paris.
As condições de longevidade não são também as mesmas que na Terra, e por isso não se pode
comparar a idade. Um Espírito evocado, desencarnado há alguns anos, disse estar encarnado há
seis meses num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse
mundo, respondeu: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como vós; além do mais,
o modo de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos lá com muito mais rapidez; embora não faça
mais que seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta
anos da idade que tive na Terra”.
Muitas respostas semelhantes nos foram dadas por outros Espíritos, e isso nada tem de inacreditável.
Não vemos na Terra um grande número de animais adquirir em poucos meses seu desenvolvimento
normal? Por que não poderia ocorrer o mesmo com os habitantes de outras esferas?
Notemos, por outro lado, que o desenvolvimento adquirido pelo homem na Terra, na idade de trinta
anos, pode ser apenas uma espécie de infância, comparado ao que deve alcançar. Bem curto de
vista se revela quem nos toma em tudo por protótipos da criação, e é rebaixar a Divindade crer que,
fora o homem, nada mais é possível a Deus (N. K.).

TRANSMIGRAÇÃO3 PROGRESSIVA
189 Desde o princípio de sua formação, o Espírito desfruta da
plenitude de suas faculdades?
– Não, o Espírito, assim como o homem, tem também sua infância.
Na origem, os Espíritos têm somente uma existência instintiva e mal têm
consciência de si mesmos e de seus atos. É pouco a pouco que a inteligência
se desenvolve.

190 Qual é o estado da alma em sua primeira encarnação?
– É o estado de infância na vida corporal. Sua inteligência apenas
desabrocha: a almaensaia para a vida.

191 As almas de nossos selvagens são almas em estado de infância?
– De infância relativa; são almas já desenvolvidas, pois já sentem
paixões.

191 a As paixões são, então, um sinal de desenvolvimento?
– De desenvolvimento sim, mas não de perfeição. As paixões são um
sinal da atividade e da consciência do eu, visto que, na alma primitiva, a
inteligência e a vida estão em estado de germe.

192 Pode-se, na vida atual, por efeito de uma conduta perfeita,
superar todos os graus e tornar-se um Espírito puro sem passar por
graus intermediários?
– Não, porque o que para o homem parece perfeito está longe da
perfeição. Existem qualidades que lhe são desconhecidas e que não pode
compreender. Ele pode ser tão perfeito quanto comporte a perfeição de
sua natureza terrestre, mas não é a perfeição absoluta. Da mesma forma
que uma criança, por mais precoce que seja, tem que passar pela juventude
antes de alcançar a idade madura; e um doente tem que passar pelo
estado de convalescença antes de recuperar a saúde. Aliás, o Espírito
deve avançar em ciência e moralidade; se progrediu apenas num deles, é
preciso que progrida no outro, para atingir o alto da escala. Porém, quanto
mais o homem avança em sua vida presente, menos longas e difíceis
serão as provas futuras.

192 a O homem pode, pelo menos, assegurar nesta vida uma
existência futura menos cheia de amarguras?
– Sim, sem dúvida, pode abreviar a extensão e reduzir as dificuldades
do caminho. Só o negligente se encontra sempre na mesma situação.

193 Um homem, numa futura existência, pode descer mais baixo
do que na atual?
– Como posição social, sim; como Espírito, não.

194 A alma de um homem de bem pode, numa nova encarnação,
animar o corpo de um perverso?
– Não. Ela não pode regredir.

194 a A alma de um homem perverso pode tornar-se a de um
homem de bem?
– Sim, se houver arrependimento, o que, então, é uma recompensa.

195 A possibilidade de se melhorar numa outra existência não
pode levar certas pessoas a perseverar no mau caminho, pelo pensamento
de que poderão sempre se corrigir mais tarde?
– Aquele que pensa assim não acredita em nada, e nem a idéia de um
castigo eterno o amedrontaria mais do que qualquer outra, porque sua
razão a repele, e essa idéia leva-o à incredulidade a respeito de tudo. Se
unicamente se tivessem empregado meios racionais para orientar os homens,
não haveria tantos céticos. Um Espírito imperfeito pode, de fato,
durante sua vida corporal, pensar como dizeis; mas, uma vez libertado da
matéria, pensa de outra forma, porque logo se apercebe de que fez um
cálculo errado e, então, virá consciente de um sentimento contrário a esse,
na sua nova existência. É assim que se realiza o progresso e é por essa
razão que existem na Terra homens mais avançados que outros; uns já
possuem a experiência que outros ainda não têm, mas que adquirirão
pouco a pouco. Depende deles impulsionar o seu próprio progresso ou
retardá-lo indefinidamente.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n12

166 Como a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida
corporal, pode acabar de se depurar?
– Submetendo-se à prova de uma nova existência.

166 a Como a alma realiza essa nova existência? É pela sua
transformação como Espírito?
– A alma, ao se depurar, sofre sem dúvida uma transformação, mas
para isso é preciso que passe pela prova da vida corporal.

166 b A alma tem, portanto, que passar por muitas existências
corporais?
– Sim, todos nós temos muitas existências. Os que dizem o
contrário querem vos manter na ignorância em que eles próprios se encontram.
Esse é o desejo deles.

166 c Desse princípio parece resultar que a alma, após ter deixado
um corpo, toma outro, ou seja, reencarna em um novo corpo. É
assim que se deve entender?
– Evidentemente.

167 Qual é o objetivo da reencarnação?
– Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde
estaria a justiça?

168 O número de existências corporais é limitado ou o Espírito
reencarna perpetuamente?
– A cada nova existência, o Espírito dá um passo no caminho do
progresso. Quando se libertar de todas as suas impurezas, não tem mais
necessidade das provações da vida corporal.

169 O número de encarnações é o mesmo para todos os Espíritos?
– Não; aquele que caminha rápido se poupa das provas. Todavia,
essas encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o
progresso é quase infinito.

170 Em que se torna o Espírito após sua última encarnação?
– Espírito bem-aventurado; é um Espírito puro.

171 Em que se baseia o dogma1 da reencarnação?
– Na justiça de Deus e na revelação, e repetimos incessantemente:
um bom pai deixa sempre para seus filhos uma porta aberta ao arrependimento.
A razão não vos diz que seria injusto privar, para sempre, da felicidade
eterna todos aqueles cujo aprimoramento não dependeu deles mesmos?
Não são todos os homens filhos de Deus? Só homens egoístas podem
pregar a injustiça, o ódio implacável e os castigos sem perdão.

172 Nossas diferentes existências corporais se passam todas na
Terra?
– Não, nem todas, mas em diferentes mundos. As que passamos na
Terra não são nem as primeiras nem as últimas, embora sejam das mais
materiais e mais distantes da perfeição.

173 A alma, a cada nova existência corporal, passa de um mundo
para outro ou pode ter várias existências num mesmo globo?
– Ela pode reviver diversas vezes num mesmo globo, se não for suficientemente
avançada para passar a um mundo superior.

173 a Desse modo, podemos reaparecer muitas vezes na Terra?
– Certamente.

173 b Podemos voltar à Terra após ter vivido em outros mundos?
– Seguramente. Já vivestes em outros mundos além da Terra.

174 Voltar a viver na Terra é uma necessidade?
– Não; mas se não avançardes, podereis ir para um outro mundo que
não seja melhor e que pode até ser pior.

175 Existe alguma vantagem em voltar a habitar a Terra?
– Nenhuma vantagem em particular, a menos que se esteja em missão.
Nesse caso se progride aí como em qualquer outro mundo.

175 a Não seria melhor permanecer como Espírito?
– Não, não. Seria permanecer estacionário, e o que se quer é avançar
para Deus.

176 Os Espíritos, após terem encarnado em outros mundos, podem
encarnar neste, sem nunca terem passado por aqui?
– Sim, como vós em outros mundos. Todos os mundos são
solidários: o que não se cumpre em um se cumpre em outro.

176 a Desse modo, há homens que estão na Terra pela primeira vez?
– Há muitos e em diversos graus.

176 b Pode-se reconhecer por um sinal qualquer quando um Espírito
está pela primeira vez na Terra?
– Isso não teria nenhuma utilidade.

177 Para chegar à perfeição e à felicidade suprema, que são o
objetivo final de todos os homens, o Espírito deve passar por todos os
mundos que existem no universo?
– Não. Há muitos mundos que estão num mesmo grau da escala
evolutiva e onde o Espírito não aprenderia nada de novo.

177 a Como então explicar a pluralidade dessas existências num
mesmo globo?
– O Espírito pode aí se encontrar a cada vez em posições bem diferentes,
que são para ele outras ocasiões de adquirir experiência.

178 Os Espíritos podem encarnar corporalmente num mundo relativamente
inferior àquele em que já viveram?
– Sim, se for para cumprir uma missão e ajudar no progresso. Aceitam
com alegria as dificuldades dessa existência, porque lhes oferecem um
meio de avançar.

178 a Isso não pode ocorrer por expiação? Deus não pode enviar
Espíritos rebeldes para mundos inferiores?
– Os Espíritos podem permanecer estacionários, mas não regridem.
Quando estacionam, sua punição é não avançar e ter de recomeçar as
existências mal-empregadas num meio conveniente à sua natureza.

178 b Quais são aqueles que devem recomeçar a mesma existência?
– Os que falharam em sua missão ou em suas provações.

179 Os seres que habitam cada mundo atingiram um mesmo grau
de perfeição?
– Não, é como na Terra: há seres mais avançados e menos avançados.

180 Ao passar deste mundo para um outro, o Espírito conserva a
inteligência que tinha aqui?
– Sem dúvida, a inteligência não se perde, mas pode não ter os mesmos
meios de manifestá-la; isso depende de sua superioridade e das
condições do corpo que vai tomar. (Veja “Influência do organismo”, Parte
Segunda, cap. 7).

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n11

151 O que pensar da opinião de que, após a morte, a alma retorna
ao todo universal?
– O conjunto dos Espíritos não forma um todo? Não constitui um mundo
completo? Quando estais em uma assembléia, sois parte integrante dessa
assembléia e, entretanto, sempre conservais a individualidade.

152 Que prova podemos ter da individualidade da alma após a
morte?
– Não tendes essa prova por meio das comunicações que obtendes?
Se não fôsseis cegos, veríeis; e, se não fôsseis surdos, ouviríeis, pois muito
freqüentemente uma voz vos fala e revela a existência de um ser fora de vós.

153 Em que sentido se deve entender a vida eterna?
– É a vida do Espírito que é eterna; porém, a do corpo é transitória e
passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna à vida eterna.

153 a Não seria mais exato chamar vida eterna à vida dos Espíritos
puros, aqueles que, tendo atingido o grau de perfeição, não têm
mais provas para suportar?
– Isso é, antes, a felicidade eterna. Porém, mais uma vez, é uma questão
de palavras: chamai as coisas como quiserdes, contanto que vos entendais.

SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO
154 O corpo ou a alma sente alguma dor no momento da morte?
– Não; o corpo sofre muitas vezes mais durante a vida do que no
momento da morte: a alma não toma nenhuma parte nisso. Os sofrimentos
que às vezes ocorrem no momento da morte são uma alegria para o
Espírito, que vê chegar o fim de seu exílio.

155 Como se opera a separação da alma e do corpo?
– Quando os laços que a retinham se rompem, ela se desprende.

155 a A separação se opera instantaneamente e por uma transição
brusca? Há uma linha de demarcação nitidamente traçada entre
a vida e a morte?
– Não; a alma se desprende gradualmente e não escapa como um
pássaro cativo subitamente libertado. Esses dois estados se tocam e se
confundem de maneira que o Espírito se desprende pouco a pouco dos
laços que o retinham no corpo físico: eles se desatam, não se quebram.

156 A separação definitiva da alma do corpo pode ocorrer antes
da completa cessação da vida orgânica?
– Na agonia, a alma, algumas vezes, já deixou o corpo. Nada mais resta
nele do que a vida orgânica. O homem não tem mais consciência de si
mesmo e, entretanto, ainda há nele um sopro de vida orgânica. O corpo é
uma máquina que o coração faz mover. Existe, enquanto o coração faz circular
o sangue em suas veias, e não tem necessidade da alma para isso.

157 No momento da morte, a alma tem, às vezes, um desejo ou
um êxtase que lhe faz entrever o mundo em que vai entrar?
– Muitas vezes a alma sente desfazerem-se os laços que a
prendem ao corpo, então, faz todos os seus esforços para rompê-los completamente.
Já em parte desprendida da matéria, vê o futuro desdobrar-se
à sua frente e desfruta, por antecipação, do estado de Espírito.

158 O exemplo da lagarta, que inicialmente rasteja na terra, depois
se fecha na sua crisálida1 numa morte aparente para renascer
em uma existência brilhante, pode nos dar uma idéia da vida terrestre,
da vida espiritual e, enfim, de nossa nova existência?
– Uma idéia imperfeita, mas a imagem é boa. Não deverá, entretanto,
ser tomada ao pé da letra, como muitas vezes fazeis.

159 Que sensação experimenta a alma no momento em que reconhece
estar no mundo dos Espíritos?
– Isso depende. Se fizestes o mal com o desejo de fazê-lo, vos envergonhareis
de tê-lo feito, num primeiro momento. Para o justo, é bem
diferente: é como o alívio de um grande peso, porque não teme nenhum
olhar indagador.

160 O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu
na Terra e que desencarnaram antes dele?
– Sim, de acordo com a afeição que havia entre eles, muitas vezes
vêm recebê-lo na volta ao mundo dos Espíritos e o ajudam a se desprender
das faixas da matéria. Assim como reencontra também muitos que
havia perdido de vista durante sua permanência na Terra. Vê os que estão
na erraticidade2, como também vai visitar os que estão encarnados.

161 Na morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda não
estão enfraquecidos pela idade ou por doenças, a separação da alma
e o término da vida ocorrem simultaneamente?
– Geralmente é simultâneo, mas, em todos os casos, o momento
dessa separação é muito curto.

162 No caso de decapitação, por exemplo, o homem conserva
por alguns instantes a consciência de si mesmo?
– Muitas vezes a conserva durante alguns minutos, até que a vida
orgânica tenha-se extinguido completamente. Mas às vezes ocorre que a
apreensão da morte pode fazer com que perca a consciência mesmo
antes do instante do suplício.

163 A alma, ao deixar o corpo, tem imediatamente consciência
de si mesma?
– Consciência imediata não. Ela passa algum tempo como num estado
de perturbação.

164 Todos os Espíritos experimentam, no mesmo grau e com a
mesma duração, a perturbação que se segue à separação da alma e
do corpo?
– Não, isso depende de sua elevação. Aquele que já está depurado
reconhece a sua nova situação quase imediatamente, porque já se libertou
da matéria durante a vida do corpo, enquanto o homem carnal, aquele
cuja consciência não é pura, conserva durante muito mais tempo as sensações
da matéria.

165 O conhecimento do Espiritismo tem alguma influência sobre
a duração, mais ou menos longa, dessa perturbação?
– Uma influência muito grande, uma vez que o Espírito já compreendia
antecipadamente sua situação. Mas a prática do bem e a consciência
pura exercem maior influência.