terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n52

766 A vida social é uma obrigação natural?
– Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus
deu-lhe a palavra e todas as demais faculdades necessárias ao relacionamento.

767 O isolamento absoluto é contrário à lei natural?
– Sim, uma vez que os homens procuram por instinto a sociedade,
para que todos possam concorrer para o progresso ao se ajudarem mutuamente.

768 O homem, ao procurar viver em sociedade, apenas obedece
a um sentimento pessoal, ou há um objetivo providencial mais geral?
– O homem deve progredir, mas não pode fazer isso sozinho porque
não dispõe de todas as faculdades; eis por que precisa se relacionar com
outros homens. No isolamento, se embrutece e se enfraquece.

VIDA DE ISOLAMENTO. VOTO DE SILÊNCIO
769 Compreende-se, como princípio geral, que a vida social faça
parte na natureza; mas, como todos os gostos estão também na natureza,
por que o gosto pelo isolamento absoluto seria condenável se o
homem encontra nele sua satisfação?
– Satisfação de egoísta. Há também homens que encontram satisfação
em se embriagar; vós os aprovais? Deus não pode ter por agradável
uma vida em que o homem se condena a não ser útil a ninguém.

770 O que pensar dos homens que escolhem viver em reclusão
absoluta para fugir do contato nocivo do mundo?
– Duplo egoísmo.

770 a Mas se esse retiro tiver por objetivo uma expiação ao lhe
impor uma privação pesarosa, não é meritório?
– Fazer antes o bem do que o mal é a melhor expiação. Ao evitarem
um mal, caem em outro, uma vez que se esquecem da lei de amor e de
caridade.

771 O que pensar daqueles que fogem do mundo para se devotar
ao alívio dos sofredores?
– Esses se elevam ao se rebaixarem. Têm duplo mérito por se colocarem
acima dos prazeres materiais e por fazerem o bem cumprindo a lei do
trabalho.

771 a E aqueles que procuram no retiro a tranqüilidade de que
precisam para alguns trabalhos?
– Esse não é absolutamente um retiro egoísta. Eles não se isolam da
sociedade, uma vez que trabalham para ela.

772 O que pensar do voto de silêncio determinado por certas
seitas desde a Antiguidade?
– Perguntai antes se a palavra é um dom natural e porque Deus a
concedeu ao homem. Deus reprova o abuso e não o uso das faculdades
que concedeu. Entretanto, há momentos em que o silêncio pode ser útil.
No silêncio vos concentrais; vosso Espírito torna-se mais livre e pode então
entrar em comunicação conosco. Mas voto de silêncio é uma tolice.
Sem dúvida, os que consideram essas privações voluntárias como atos
de virtude têm uma boa intenção, mas se enganam porque não compreendem
verdadeiramente o alcance das leis de Deus.

773 Por que, entre os animais, pais e filhos deixam de se reconhecer
assim que os filhos não necessitam mais de cuidados?
– Os animais vivem vida material e não moral. A ternura da mãe com
seus filhotes tem origem no instinto de conservação de suas crias; quando
eles podem cuidar de si mesmos, sua tarefa está cumprida, a natureza
não exige deles mais nada; por isso os abandona, para se ocupar com os
outros recém-chegados.

774 Há pessoas que deduzem, do abandono dos pequenos animais
por seus pais, que entre os homens os laços de família são apenas
resultado dos costumes sociais e não uma lei natural; que devemos
pensar disso?
– O homem tem destinação diferente dos animais; por que, então,
querer se parecer com eles? Para o homem, há outra coisa além das
necessidades físicas: a necessidade do progresso. Os laços sociais são
necessários ao progresso e os de família estreitam os sociais: eis por que
fazem parte da lei natural. Deus quis que os homens aprendessem assim,
a se amar como irmãos. (Veja a questão 205.)

775 Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento
dos laços de família?
– Um agravamento do egoísmo.

776 O estado natural e a lei natural são a mesma coisa?
– Não. O estado natural é o estado primitivo. A civilização é incompatível
com o estado natural, enquanto a lei natural contribui para o progresso
da humanidade.

777 No estado natural, o homem, por ter menos necessidades,
não tem todos os tormentos que cria para si mesmo num estado mais
avançado; o que pensar da opinião que considera esse estado como
a mais perfeita felicidade sobre a Terra?
– Que quereis! É a felicidade do bruto; há pessoas que não a compreendem
de outro modo. É ser feliz à maneira dos bárbaros. Também as crianças
são mais felizes do que os adultos.

778 O homem pode regredir para o estado natural?
– Não; o homem deve progredir sempre e não pode retornar à infância.
Se progride, é porque Deus assim quer; pensar que possa regredir à
sua condição primitiva seria negar a lei do progresso.

MARCHA DO PROGRESSO
779 O homem traz em si o impulso de progredir ou o progresso é
apenas fruto de um ensinamento?
– O homem se desenvolve naturalmente, mas nem todos progridem
ao mesmo tempo e do mesmo modo; é assim que os mais avançados
ajudam pelo contato social o progresso dos outros.

780 O progresso moral é sempre acompanhado do intelectual?
– É sua conseqüência, mas nem sempre o segue imediatamente.
(Veja as questões 192 e 365.)

780 a Como o avanço intelectual pode gerar o progresso moral?
– Ao fazer compreender o bem e o mal; o homem, então, pode escolher.
O desenvolvimento do livre-arbítrio segue o da inteligência e aumenta
a responsabilidade dos seus atos.

780 b Por que os povos mais esclarecidos são, muitas vezes, os
mais pervertidos?
– O progresso completo é a meta; mas os povos, como os indivíduos,
o alcançam apenas passo a passo. Enquanto o sentido moral não estiver
plenamente desenvolvido, eles se servem de sua inteligência para fazer o
mal. O moral e a inteligência são duas forças que se equilibram apenas
com o tempo. (Veja as questões 365 e 751.)