segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n18

256 Como é que alguns Espíritos se queixam de sofrer de frio e
de calor?
– Lembrança do que tinham sofrido durante a vida, muitas vezes
mais aflitiva que a realidade. É freqüentemente uma comparação com que,
na falta de coisa melhor, exprimem sua situação. Quando se lembram do
seu corpo, experimentam uma espécie de impressão, como quando se
tira um casaco e se tem a sensação, por um tempo, que ainda se está
vestido.

258 Na espiritualidade, antes de começar uma nova existência
corporal, o Espírito tem consciência e previsão das coisas que acontecerão
durante sua vida?
– Ele mesmo escolhe o gênero de provas que quer passar. Nisso
consiste seu livre-arbítrio.

258 a Então não é Deus que impõe os sofrimentos da vida como
castigo?
– Nada acontece sem a permissão de Deus, que estabeleceu todas
as leis que regem o universo. Perguntareis, então, por que Ele fez esta lei
em vez daquela. Ao dar ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda
a responsabilidade de seus atos e de suas conseqüências, nada impede
seu futuro; o caminho do bem está à frente dele, assim como o do mal.
Mas, se fracassa, resta-lhe uma consolação: nem tudo está acabado para
ele. Deus, em sua bondade, deixa-o livre para recomeçar, reparando o
que fez de mal. É preciso, aliás, distinguir o que é obra da vontade de
Deus e o que é obra do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes
vós que o criastes, foi Deus; mas tendes a liberdade de vos expor a ele,
por terdes visto aí um meio de adiantamento, e Deus o permitiu.

259 Se o Espírito tem a escolha do gênero de prova que deve
passar, todas as dificuldades que experimentamos na vida foram previstas
e escolhidas por nós?
– Todas não é a palavra, porque não se pode dizer que escolhestes e
previstes tudo que vos acontece neste mundo, até nas menores coisas.
Vós escolhestes os gêneros das provas; os detalhes são conseqüência
da situação em que viveis e, freqüentemente, de vossas próprias ações.
Se o Espírito quis nascer entre criminosos, por exemplo, sabia dos riscos
a que se exporia, mas não tinha conhecimento dos atos que viria a praticar;
esses atos são efeito de sua vontade ou de seu livre-arbítrio. O Espírito
sabe que, ao escolher um caminho, terá uma luta a suportar; sabe a natureza
e a diversidade das coisas que enfrentará, mas não sabe quais os
acontecimentos que o aguardam. Os detalhes dos acontecimentos nascem
das circunstâncias e da força das coisas. Somente os grandes
acontecimentos que influem na vida estão previstos. Se seguis um caminho
cheio de sulcos profundos, sabeis que deveis tomar grandes
precauções, porque tendes a probabilidade de cair, mas não sabeis em
qual deles caireis; pode ser que a queda não aconteça, se fordes prudente
o bastante. Se, ao passar na rua, uma telha cai na vossa cabeça, não
acrediteis que estava escrito, como se diz vulgarmente.

260 Como o Espírito pode querer nascer entre pessoas de má
conduta?
– É preciso que seja enviado para um meio em que possa se defrontar
com a prova que pediu. Pois bem! É preciso que haja identidade de relações
e semelhanças, que os semelhantes se atraiam: para lutar contra o
instinto do roubo, é preciso que se encontre entre pessoas que roubam.

260 a Se não houvesse pessoas de má conduta na Terra, o Espírito
não encontraria nela o meio necessário para passar por determinadas
provas?
– E seria o caso de lastimar se isso acontecesse? É o que ocorre nos
mundos superiores, onde o mal não tem acesso porque há somente Espíritos
bons. Fazei que o mesmo aconteça na vossa Terra.

261 O Espírito, nas provas que deve passar para atingir a perfeição,
deve experimentar todas as tentações? Deve passar por todas
as circunstâncias que podem incitar o orgulho, a inveja, a avareza, a
sensualidade, etc.?
– Certamente que não, uma vez que sabeis que há Espíritos que,
desde o começo, tomam um caminho que os livra de muitas provas; mas,
aquele que se deixa levar pelo mau caminho corre todos os perigos desse
caminho. Um Espírito, por exemplo, pode pedir a riqueza e esta ser concedida;
então, de acordo com seu caráter, poderá tornar-se avarento ou
pródigo, egoísta ou generoso, ou se entregar a todos os prazeres da sensualidade;
mas isso não quer dizer que tenha que passar forçosamente
por todas essas tendências.

262 Como pode o Espírito em sua origem, simples, ignorante e
sem experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa
e ser responsável por essa escolha?
– Deus supre sua inexperiência ao traçar-lhe o caminho que deve seguir,
como o fazeis com uma criança desde o berço. Deixa-o, porém, livre para
escolher, à medida que seu livre-arbítrio se desenvolve. É então que muitas
vezes se extravia ao seguir o mau caminho, se não escuta os conselhos dos
bons Espíritos; é o que se pode chamara queda do homem.

262 a Quando o Espírito usa seu livre-arbítrio, a escolha da existência
corporal depende sempre de sua vontade, ou essa existência
pode ser imposta pela vontade de Deus como expiação?
– Deus sabe esperar: não apressa a expiação. No entanto, perante a
Lei, um Espírito pode ter uma encarnação compulsória quando, por sua
inferioridade, ou má vontade, não está apto a compreender o que lhe poderia
ser mais útil e quando essa encarnação pode servir à sua purificação
e adiantamento, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.

263 O Espírito faz sua escolha imediatamente após a morte?
– Não, muitos acreditam na eternidade das penas e, como já foi dito,
pensar assim representa para eles um castigo. (Veja a questão 101).
264 Como o Espírito escolhe as provas que quer suportar?
– Ele escolhe as que podem ser para ele uma expiação, pela natureza
de seus erros, e lhe permitam avançar mais rapidamente. Uns podem, ao
escolher, se impor uma vida de misérias e privações para tentar suportá-la
com coragem; outros querem se experimentar nas tentações da riqueza e
do poder, muito perigosas, pelo abuso e o mau uso que delas se possa
fazer e pelas paixões inferiores que desenvolvem; outros, enfim, preferem
se experimentar nas lutas que têm que sustentar em contato com o vício.

265 Se alguns Espíritos escolhem o contato com o vício como
prova, há aqueles que o escolhem por simpatia e desejo de viver num
meio conforme seu gosto, ou para se entregar completamente às tendência
materiais?
– Há, sem dúvida. Mas só fazem essa escolha os que têm o senso
moral ainda pouco desenvolvido; a provação está em viver a escolha que
fizeram e a sofrem por longo tempo. Cedo ou tarde, compreenderão que a
satisfação das paixões brutais traz conseqüências deploráveis, e o sofrimento
lhes parecerá eterno. Poderão permanecer nesse estado até que
se tornem conscientes da falta em que incorreram, e então eles mesmos
pedem a Deus para resgatá-las em provas libertadoras.

266 Não parece natural escolher as provas menos dolorosas?
– Para vós, sim; para o Espírito, não. Quando se está liberto da matéria,
a ilusão cessa e a forma de pensar é outra.

267 O Espírito pode escolher suas provas, quando já encarnado?
– Seu desejo pode ter influência, dependendo da intenção com que
as deseja; mas, como Espírito, vê freqüentemente as coisas muito diferentes.
É apenas o Espírito que faz a escolha; mas, afirmamos mais uma vez,
é possível. Ele pode fazê-la na vida material, porque para o Espírito há
sempre momentos em que fica independente da matéria que habita.

267 a Muitas pessoas desejam poder e riqueza; não é, certamente,
como expiação ou como prova?
– Sem dúvida, é o instinto material que as deseja para delas desfrutar;
já o Espírito as deseja para conhecer todas as alternativas que elas
oferecem.

268 Até que atinja o estado de pureza perfeita, o Espírito tem que
passar constantemente por provas?
– Sim, mas não são como as entendeis, visto que chamais de provas às
adversidades materiais. Porém, o Espírito que atingiu um certo grau, sem ser
ainda perfeito, nada mais tem a suportar; embora sempre tenha deveres que
o ajudam a se aperfeiçoar, e que nada têm para ele de constrangedor ou
angustiante, ainda que seja para ajudar os outros a se aperfeiçoar.

269 O Espírito pode se enganar sobre a eficácia da prova que
escolheu?
– Ele pode escolher uma que esteja acima de suas forças e, então,
fracassar. Pode também escolher alguma que não lhe dê nenhum proveito,
que resulte numa vida ociosa e inútil; mas, então, uma vez de volta ao
mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou e pede para reparar o
tempo perdido, numa outra encarnação.

270 A que se devem as vocações de certas pessoas e seu desejo
de seguir uma carreira em vez de outra?
– Parece-me que vós mesmos podeis responder a essa questão.
Não é a conseqüência de tudo o que dissemos sobre a escolha das provas
e o progresso realizado nas existências anteriores?