quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n67

991 Qual a conseqüência do arrependimento na vida espiritual?
– O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende
as imperfeições que o impedem de ser feliz e por isso anseia por
uma nova existência em que poderá reparar suas faltas. (Veja as questões
332 e 975.)

992 E o arrependimento ainda na vida física?
– É um começo de progresso, já na vida presente, se houver tempo
de reparar suas faltas. Quando a consciência aponta um erro e mostra
uma imperfeição, sempre se pode melhorar.

993 Não existem pessoas que só têm o instinto do mal e são
inacessíveis ao arrependimento?
– Já vos disse que o Espírito deve progredir sem parar. Aquele que
nesta vida tem apenas o instinto do mal terá o do bem numa outra, e é
para isso que renasce muitas vezes, porque é preciso que todos avancem
e atinjam o objetivo. Apenas uns o alcançam num tempo mais curto; outros,
num tempo mais longo, de acordo com a sua vontade. Aquele que
tem apenas o instinto do bem já está depurado, mas pode ter tido o do
mal numa existência anterior. (Veja a questão 804.)

994 A pessoa que não reconheceu suas faltas durante a vida
sempre as reconhece depois da morte?
– Sim, sempre as reconhece, e então sofre mais, porque sente todo o
mal que fez ou de que foi causa voluntária. Entretanto, o arrependimento
nem sempre é imediato. Há Espíritos que teimam nas inclinações negativas,
apesar dos seus sofrimentos; mas, cedo ou tarde, reconhecerão o
caminho falso, e o arrependimento virá. É para esclarecê-los que trabalham
os bons Espíritos, e vós também podeis trabalhar nesse sentido.

995 Existem Espíritos que, sem serem maus, são indiferentes à
sua sorte?
– Existem Espíritos que não se ocupam com nada de útil: estão sempre
na expectativa; mas é uma situação de sofrimento. Como em tudo
deve haver progresso, esse progresso se manifesta neles pela dor.

995 a Eles não têm o desejo de abreviar seus sofrimentos?
– Eles o têm, sem dúvida, mas não têm vontade suficiente para querer
o que poderia aliviá-los. Quantas pessoas há dentre vós que preferem
morrer de fome a trabalhar?

996 Uma vez que os Espíritos vêem o mal causado pelas suas
imperfeições, como se explica que existam os que agravam essa situação
e prolongam sua condição de inferioridade fazendo o mal como
Espíritos, afastando os homens do bom caminho?
– Espíritos que agem assim são aqueles em que o arrependimento
é tardio. O Espírito que se arrepende pode se deixar arrastar de novo
pelas tendências inferiores, por outros Espíritos ainda mais atrasados. (Veja
a questão 971.)

997 Vemos Espíritos de uma inferioridade notória acessíveis aos
bons sentimentos e tocados pelas preces feitas para eles. Como se
explica que outros Espíritos, aparentemente mais esclarecidos, mostrem
um endurecimento e cinismo completos?
– A prece apenas tem efeito em favor do Espírito que se arrepende.
Para aquele que, possuído pelo orgulho, revolta-se contra Deus e persiste
nos seus desatinos, exagerando-os ainda mais, como fazem os Espíritos
infelizes, a prece nada pode e nada poderá, até o dia em que uma luz de
arrependimento o esclareça. (Veja a questão 664.)

998 A reparação ocorre na vida corporal ou na espiritual?
– A reparação ocorre durante a vida física pelas provas a que o Espírito
é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais ligados à
inferioridade do Espírito.

999 O arrependimento sincero durante a vida basta para apagar
as faltas e merecer a graça de Deus?
– O arrependimento ajuda no adiantamento do Espírito, mas o passado
deve ser reparado.

999 a De acordo com isso, se um criminoso dissesse que, tendo
de reparar seu passado, não tem necessidade de se arrepender, o
que isso resultaria para ele?
– Se teima e persiste no pensamento do mal, sua expiação será mais
longa e mais dolorosa.

1000 Podemos, ainda na vida física, resgatar nossas faltas?
– Sim, reparando-as; mas não penseis resgatá-las por algumas renúncias
infantis ou fazendo a caridade após a morte, quando não tiverdes
mais necessidade de nada. Deus não dá valor ao arrependimento estéril,
sempre fácil, e que custa apenas o esforço de se bater com a mão no
peito. A perda de um dedo mínimo, no trabalho, apaga mais faltas que o
suplício do corpo suportado durante anos, sem outro objetivo além do
bem de si mesmo. (Veja a questão 726.) O mal apenas é reparado pelo
bem, e a reparação não tem nenhum mérito se não atingir a pessoa no seu
orgulho, nos seus interesses materiais.
De que vale, para sua justificação, restituir, após a morte, os bens
irregularmente adquiridos, dos quais tirou proveito durante a vida, e que
agora para nada servem? De que adianta renunciar a alguns prazeres fúteis
e a coisas supérfluas, se a falta que cometeu com os outros permanece
a mesma? De que serve, enfim, se humilhar perante Deus, se conserva
seu orgulho diante dos homens? (Veja as questões 720 e 721.)

1001 Não haverá nenhum mérito em assegurar, após a morte,
um emprego útil dos bens que possuímos?
– Nenhum mérito não é o termo. Isso sempre é melhor do que nada;
mas o mal é que aquele que doa seus bens depois da morte freqüentemente
é mais egoísta do que generoso; quer ter a honra do bem, mas não
o trabalho de o fazer. Quando renuncia em favor de outros, durante sua
vida, tem duplo proveito: o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes
aqueles que lhe devem a felicidade. Mas o egoísmo está presente quando
lhe diz: “O que tu dás tiras de teus prazeres”; e como o egoísmo fala mais
alto que o desinteresse e a caridade, ele guarda o que possui a pretexto
de suas necessidades pessoais e das exigências de sua posição. Lastimai
aquele que não conhece o prazer de dar; este é verdadeiramente
deserdado de um dos mais puros e mais delicados prazeres. Deus, ao
submetê-lo à prova da riqueza, tão escorregadia e perigosa para seu futuro,
quis lhe dar como compensação a felicidade de ser generoso, da qual
pode desfrutar já aqui na Terra. (Veja a questão 814.)

1002 O que deve fazer aquele que, no último momento da vida,
reconhece suas faltas, mas não tem tempo de repará-las? Basta,
nesse caso, arrepender-se?
– O arrependimento apressa a reabilitação, mas não o absolve. Não
tem diante de si o futuro que nunca se fecha?
DURAÇÃO DAS PENALIDADES FUTURAS

1003 A duração dos sofrimentos para um culpado, numa vida
futura, é sem regras ou segue uma lei?
– Deus não age por capricho, e tudo no universo é regido por leis que
revelam sua sabedoria e bondade.

1004 O que determina a duração dos sofrimentos para o culpado?
– O tempo necessário ao seu melhoramento. A condição de sofrimento
ou felicidade, sendo proporcional ao grau de depuração do Espírito,
faz com que a duração e a natureza dos sofrimentos dependam do tempo
que leva para se melhorar. À medida que progride e seus sentimentos se
depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza.


1005 Para o Espírito sofredor, o tempo parece ser mais ou menos
longo do que quando estava encarnado?
– Parece mais longo: o sono não existe para ele. Só para os Espíritos
que atingiram um certo grau de depuração o tempo se funde, por assim
dizer, diante do infinito. (Veja a questão 240.)