sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nona serie de perguntas e respostas

121 Por que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros
o do mal?
– Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não criou Espíritos maus; criou-os
simples e ignorantes, ou seja, com as mesmas aptidões tanto para o bem
quanto para o mal. Os que são maus o são por vontade própria.

122 Como é que os Espíritos, em sua origem, quando ainda não
têm consciência de si mesmos, podem ter a liberdade de escolha entre
o bem e o mal? Há neles algum princípio, alguma tendência que os
leve para um ou outro caminho?
– O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência
de si mesmo. Não haveria mais liberdade se a escolha fosse
determinada ou imposta por uma causa independente da vontade do Espírito.
A causa não está nele, e sim fora, nas influências a que cede em
virtude de sua livre vontade. É essa a grande figura da queda do homem e
do pecado original: uns cederam, outros resistiram à tentação.

122 a De onde parte a influência sobre ele?
– Dos Espíritos imperfeitos que procuram apossar-se dele para dominá-
lo e ficam satisfeitos de o fazer fracassar. Foi isso que se quis simbolizar
na figura de Satanás.

122 b Essa influência se exerce sobre o Espírito somente em sua
origem?
– Essa influência o segue na sua vida de Espírito até que alcance um
domínio tão completo sobre si mesmo que os maus desistam de obsediá-lo6.

123 Por que Deus permitiu que os Espíritos pudessem seguir o
caminho do mal?
– Como ousais pedir a Deus conta de seus atos? Pensais poder penetrar
seus desígnios? Entretanto, podeis pensar assim: a sabedoria de
Deus está na liberdade de escolha que dá a cada um, porque, assim,
cada um tem o mérito de suas obras.

124 Uma vez que há Espíritos que, desde o princípio, seguem o
caminho do bem absoluto e outros o do mal absoluto, deve haver, sem
dúvida, degraus entre esses dois extremos?
– Sim, certamente, e é aí que se encontra a grande maioria.

125 Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar
ao mesmo grau de superioridade que os outros?
– Sim, mas as eternidades serão para eles mais longas.

126 Os Espíritos que alcançaram o grau supremo de perfeição,
após terem passado pelo mal, têm menos mérito do que os outros,
aos olhos de Deus?
– Deus contempla a todos do mesmo modo e os ama com o mesmo
coração. Eles foram chamados maus por fracassarem; mas no início eram
só simples Espíritos.

127 Os Espíritos são criados iguais quanto às aptidões intelectuais?
– Eles são criados iguais, mas, não sabendo de onde vêm, é preciso
que o livre-arbítrio prossiga seu curso. Progridem mais ou menos rapidamente
em inteligência como em moralidade.

ANJOS E DEMÔNIOS
128 Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins formam
uma categoria especial de natureza diferente dos outros Espíritos?
– Não. São os Espíritos puros. Estão no mais alto grau da escala e
reúnem todas as perfeições.

129 Os anjos percorreram todos os graus da escala evolutiva?
– Eles percorreram todos os graus, mas, como já dissemos: uns aceitaram
sua missão sem murmurar e chegaram mais rápido; outros levaram
um tempo mais ou menos longo para chegar à perfeição.

130 Se a opinião de que há seres criados perfeitos e superiores
a todas as outras criaturas é errônea, como se explica o fato de que
esteja na tradição de quase todos os povos?
– Pensai e considerai que o vosso mundo não existe de toda a eternidade
e que, muito tempo antes que ele existisse, havia Espíritos que já
tinham alcançado o grau supremo da evolução. Eis por que os homens
acreditaram que eles foram sempre assim (perfeitos).

131 Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?
– Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Deus seria justo e
bom por ter feito seres eternamente devotados ao mal e eternamente infelizes?
Se há demônios, é no vosso mundo inferior e em outros semelhantes
ao vosso. Demônios são esses homens hipócritas que fazem de um Deus
justo um Deus mau e vingativo e acreditam que Lhe agradam pelas abominações
que cometem em Seu nome.

132 Qual é o objetivo da encarnação dos Espíritos?
– A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los
chegar à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros é uma missão.
Mas, para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as tribulações da
existência corporal: é a expiação. A encarnação tem também um outro
objetivo: dar ao Espírito condições de cumprir sua parte na obra da criação.
Para realizá-la é que, em cada mundo, toma um corpo em harmonia
com a matéria essencial desse mundo para executar aí, sob esse ponto
de vista, as determinações de Deus, de modo que, concorrendo para a
obra geral, ele próprio se adianta.

133 Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do
bem, têm necessidade da encarnação?
– Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e
tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer só alguns
felizes, sem dificuldades e sem trabalho e, por conseguinte, sem mérito.

133 a Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho
do bem, se isso não os livra das dificuldades da vida corporal?
– Eles chegam mais rápido à finalidade a que se destinam; e, depois,
as dificuldades da vida são muitas vezes a conseqüência da imperfeição
do Espírito. Quanto menos imperfeições, menos tormentos. Aquele que
não é invejoso, ciumento, avarento ou ambicioso não sofrerá com os tormentos
que procedem desses defeitos.

A ALMA
134 O que é a alma?
– Um Espírito encarnado.

134 a O que era a alma antes de se unir ao corpo?
– Um Espírito.

OBJETIVO DA ENCARNAÇÃO
134 b As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma
coisa?
– Sim, as almas são os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é
um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível e se revestem
temporariamente de um corpo carnal para se purificar e se esclarecer.

135 Há no homem outra coisa mais que a alma e o corpo?
– Há o laço que une a alma ao corpo.

135 a Qual é a natureza desse laço?
– Semimaterial, ou seja, de natureza intermediária entre o Espírito e o
corpo. É preciso que assim seja para que possam se comunicar um com
o outro. É por esse princípio que o Espírito age sobre a matéria e viceversa.