quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n66

976 Os bons Espíritos se afligem e sofrem ao ver a situação dos
maus e, nesse caso, como fica sua felicidade se for perturbada?
– Não sentem nenhuma aflição, uma vez que sabem que o mal terá
fim. Eles auxiliam os maus a se melhorarem e estendem-lhes a mão: aí
está sua ocupação e o seu prazer, quando têm êxito.

976 a Isso acontece em relação a Espíritos estranhos ou indiferentes;
mas a visão dos pesares e sofrimentos daqueles a quem amaram
na Terra não perturba sua felicidade?
– Como já dissemos, os Espíritos vêem o que querem, e porque não
lhes sois estranhos é que vêem e se importam com os vossos sofrimentos
depois da morte. Porém, consideram essas aflições sob um outro ponto de
vista, porque sabem que esse sofrimento é útil ao vosso adiantamento se o
suportardes sem lamentações. Mas se afligem muito mais com a falta de
coragem do que com os sofrimentos que sabem ser apenas passageiros.

977 Os Espíritos, não podendo esconder os pensamentos uns
dos outros e sendo todos os atos da vida conhecidos, significa que o
culpado esteja na presença perpétua de sua vítima?
– Isso não pode ser de outro modo, o bom senso o diz.

977 a Essa divulgação de todos os nossos atos condenáveis e a
presença constante das vítimas são um castigo para o culpado?
– Maior do que se pensa; mas apenas até que tenha reparado suas
faltas, como Espírito ou como homem em novas existências corporais.

978 A lembrança das faltas que a alma cometeu, quando era
imperfeita, não perturba sua felicidade, mesmo após estar depurada?
– Não, porque resgatou suas faltas e saiu vitoriosa das provas a que
se submeteu com esse objetivo.

979 As provas que restam a suportar para terminar a purificação
não são para a alma uma apreensão pesarosa que perturba sua felicidade?
– Para a alma que ainda está impura, sim; por isso não pode desfrutar
de uma felicidade perfeita senão quando estiver completamente pura; mas
para a alma que já se elevou, o pensamento das provas que restam a
suportar não tem nada de pesaroso.

980 O laço de simpatia que une os Espíritos da mesma ordem é
para eles uma fonte de felicidade?
– A união dos Espíritos que simpatizam com o bem é, para eles, um
dos maiores prazeres, porque não temem ver essa união perturbada pelo
egoísmo. Eles formam, no mundo espiritual, famílias com o mesmo sentimento,
e nisso consiste a felicidade espiritual, assim como na Terra vos
agrupais por categorias e sentis um certo prazer quando estais reunidos. A
afeição pura e sincera que sentem e da qual são os agentes é uma fonte
de felicidade, porque lá não há falsos amigos nem hipócritas.

981 Existe para a condição futura do Espírito uma diferença entre
aquele que durante a vida temia a morte e outro que a encarava
com indiferença e até mesmo com alegria?
– A diferença pode ser muito grande; entretanto, acaba freqüentemente
diante das causas que geram esse medo ou esse desejo. Tanto
quem a teme quanto quem a deseja pode estar movido por sentimentos
muito diferentes e são esses sentimentos que influem na condição do
Espírito. É evidente, por exemplo, naquele que deseja a morte unicamente
por que vê nela o fim de suas aflições, revelar-se uma espécie de revolta
contra a Providência e contra as provas que deve suportar.

982 É necessário crer no Espiritismo e nas manifestações dos
Espíritos para assegurar nosso bom êxito na vida futura?
– Se assim fosse, todos os que não crêem ou que não tiveram a oportunidade
de se esclarecer seriam deserdados, o que seria absurdo. Só a prática
do bem assegura o bom êxito no futuro. Portanto, o bem é sempre o bem,
seja qual for o caminho que a ele conduz. (Veja as questões 165 e 799.)

PENALIDADES TEMPORAIS
983 Se o Espírito que repara suas faltas numa nova existência
passa por sofrimentos materiais, é certo dizer que após a morte a
alma tem apenas sofrimentos morais?
– É bem verdade que a alma, quando está reencarnada, considera
as aflições da vida um sofrimento, mas é apenas o corpo que sofre materialmente.
Dizeis, freqüentemente, daquele que está morto, que não sofre mais;
porém, isso nem sempre é verdade. Como Espírito, não tem dores físicas;
mas, de acordo com as faltas que cometeu, pode ter dores morais mais
torturantes e, numa nova existência, pode ser ainda mais infeliz. O mau
rico pedirá esmola e será vítima de todas as privações da miséria, e o
orgulhoso passará todas as humilhações; aquele que abusa de sua autoridade
e trata seus subordinados com desprezo e dureza será forçado a
obedecer a um senhor mais duro do que ele foi. Todos os sofrimentos e
aflições da vida são a expiação das faltas de uma outra existência, quando
já não são a conseqüência das faltas da vida atual. Quando tiverdes saído
daqui, compreendereis isso muito bem. (Veja as questões 273, 393 e 399.)
O homem que pensa ser feliz na Terra por satisfazer suas paixões é o
que menores esforços faz para se melhorar. Muitas vezes repara já nessa
vida, apesar dessa felicidade efêmera, mas certamente a expiará em uma
outra existência, também toda material.

984 As dificuldades da vida terrena são sempre resultantes das
faltas da existência atual?
– Não; já dissemos: são provas concedidas pela Providência ou escolhidas
por vós mesmos em Espírito antes dessa encarnação, para reparar
as faltas cometidas numa existência anterior; porque toda transgressão às
leis de Deus, especialmente à lei de justiça, deve ser compensada por um
esforço equivalente de correção, no presente ou no futuro.
A justeza da justiça é própria da lei: conseqüentemente, quando uma
pessoa boa e justa, aos vossos olhos, vive em dificuldades, está submetida a
uma correção de seus próprios erros do passado. (Veja a questão 393.)

985 A reencarnação da alma num mundo mais elevado é uma
recompensa?
– É a conseqüência de sua depuração; porque, à medida que os
Espíritos se depuram, encarnam em mundos cada vez mais perfeitos, até
que se tenham libertado de toda a matéria e se livrado de todas as impurezas,
para desfrutar eternamente a felicidade dos Espíritos puros na
presença de Deus.

986 O Espírito que progrediu em sua existência terrena pode algumas
vezes reencarnar no mesmo mundo?
– Sim; se não pôde levar ao fim sua missão, ele mesmo pode pedir
para completá-la numa nova existência, que não será mais para ele uma
expiação. (Veja a questão 173.)

987 Que será da pessoa que, sem fazer o mal, também nada faz
para libertar-se da influência da matéria?
– Uma vez que não dá nenhum passo para se melhorar, deve recomeçar
uma existência igual à que deixou; permanece estacionário e, dessa
forma, pode prolongar os sofrimentos da reparação.

988 Existem pessoas cuja vida flui numa calma perfeita; que, não
tendo necessidade de fazer nada por si mesmas, são livres de preocupações.
Essa existência feliz é uma prova de que não têm nada
para reparar de uma existência anterior?
– Conheceis muitas dessas pessoas? Se achais que sim, é um engano.
Muitas vezes, a calma é apenas aparente. Elas podem ter escolhido
essa existência, mas, quando a deixam, percebem que ela não as ajudou
a progredir; e, então, como o preguiçoso, lamentam o tempo perdido.
Sabei que o Espírito pode apenas adquirir conhecimentos e se elevar pela
atividade; se ele se entrega à preguiça, não avança. É semelhante àquele
que tem necessidade, de acordo com vossos costumes, de trabalhar, e
vai passear ou se deitar, com a intenção de não fazer nada. Sabei também
que cada um prestará contas da inutilidade voluntária de sua existência;
essa inutilidade é sempre fatal à felicidade futura. A felicidade futura está
para o homem em razão da soma do bem que faz; a da infelicidade em
razão do mal praticado e das infelicidades que tenham feito.

989 Existem pessoas que, sem serem completamente más, tornam
infelizes, pelo seu temperamento, as que com elas convivem;
qual é a conseqüência disso para elas?
– Essas pessoas, seguramente, não são boas. Repararão suas faltas
tendo sempre presentes na visão a imagem dos que fez infelizes. Isso será
para elas uma reprovação; depois, em outra existência, sofrerão o que
fizeram sofrer.

990 O arrependimento se dá na vida física ou na espiritual?
– Na vida espiritual; mas também pode ocorrer na física, quando chegais
a compreender a diferença entre o bem e o mal.