601 Os animais seguem uma lei progressiva, como os homens?
– Sim, por isso, nos mundos superiores, onde os homens são mais
avançados, os animais também o são, tendo meios de comunicação mais
desenvolvidos; mas são sempre inferiores e submissos ao homem, são
para ele servidores inteligentes.
G Não há nada de extraordinário nisso. Imaginemos nossos animais,
os mais inteligentes, o cão, o elefante, o cavalo, com uma conformação
apropriada aos trabalhos manuais. Que não poderiam fazer sob a direção
do homem?
602 Os animais progridem, como o homem, pela ação de sua
vontade ou pela força das coisas?
– Pela força das coisas; é por isso que para eles não há expiação.
603 Nos mundos superiores, os animais conhecem Deus?
– Não; para eles o homem é um deus, como antigamente os Espíritos
foram deuses para os homens.
604 Os animais, mesmo os aperfeiçoados nos mundos superiores,
são sempre inferiores ao homem. Isso significa que Deus teria criado
seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que
parece estar em desacordo com a unidade de vistas e de progresso
que se distingue em todas as suas obras.
– Tudo se encaixa na natureza pelos laços que não podeis ainda compreender,
e as coisas mais desiguais na aparência têm pontos de contato
que o homem nunca chegará a compreender na sua condição atual. Ele
pode entrevê-los pelo esforço de sua inteligência, mas somente quando
essa inteligência tiver adquirido todo desenvolvimento e estiver livre dos
preconceitos do orgulho e da ignorância é que poderá ver claramente na
obra de Deus. Enquanto isso não acontece, suas idéias limitadas lhe fazem
ver as coisas sob um ponto de vista mesquinho e restrito. Sabei bem
que Deus não pode se contradizer e que tudo, na natureza, se harmoniza
pelas leis gerais que nunca se afastam da sublime sabedoria do Criador.
604 a A inteligência é, assim, uma propriedade comum, um ponto
de contato entre a alma dos animais e a do homem?
– Sim, mas os animais têm apenas a inteligência da vida material; para
o homem, a inteligência produz a manifestação da vida moral.
605 Se considerássemos todos os pontos de contato entre o homem
e os animais, não poderíamos deduzir que o homem possui duas
almas: a alma animal e a alma espírita e que, se não tivesse essa
última, poderia viver como o animal? De outro modo, pode-se considerar
que o animal é um ser semelhante ao homem, tendo menos
alma espírita? Isso não significaria que os bons e os maus instintos
do homem seriam o efeito da predominância de uma dessas duas
almas?
– Não. O homem não tem duas almas; mas os corpos têm instintos
que são o resultado da sensação dos órgãos. Há nele apenas uma dupla
natureza: a natureza animal e a natureza espiritual. Pelo seu corpo, participa
da natureza dos animais e seus instintos; pela sua alma, participa da
natureza dos Espíritos.
605 a Assim, além de suas próprias imperfeições, das quais o
Espírito deve se despojar, o homem tem ainda que lutar contra a influência
da matéria?
– Sim, quanto mais é inferior mais os laços entre o Espírito e a matéria
são unidos; não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre
única em cada ser. A alma do animal e a do homem são distintas uma da
outra, de modo que a alma de um não pode animar o corpo criado para a
outra. Mas, ainda que o homem não tenha alma animal que, por suas paixões,
o nivele aos animais, tem o corpo que muitas vezes o rebaixa a eles,
porque seu corpo é um ser dotado de vitalidade, que tem instintos, porém
ininteligentes e limitados ao cuidado de sua conservação.
606 De onde os animais tiram o princípio inteligente que constitui
a espécie particular de alma, da qual são dotados?
– Do elemento inteligente universal.
606 a A inteligência do homem e a dos animais vêm de um princípio
único?
– Sem dúvida. Mas no homem ela recebeu uma elaboração que o
eleva acima do animal.
607 Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado
semelhante ao da infância da vida corporal, que sua inteligência apenas
desabrocha e ela ensaia para a vida. (Veja a questão 190.) Onde
o Espírito cumpre essa primeira fase?
– Em uma série de existências anteriores ao período que chamais
humanidade.
607 a Assim, pode-se considerar que a alma teria sido o princípio
inteligente dos seres inferiores da Criação?
– Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à unidade?
É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio
inteligente se elabora, individualiza-se pouco a pouco e ensaia para a vida,
como já dissemos. É, de algum modo, um trabalho preparatório, como a
germinação, em que o princípio inteligente sofre uma transformação e tornase
Espírito. É então que começa o período da humanização e com ela a
consciência de seu futuro, a distinção entre o bem e o mal e a responsabilidade
de seus atos. Assim como depois da infância vem a adolescência,
depois a juventude e, enfim, a idade adulta. Não há, além disso, nessa
origem nada que deva humilhar o homem. Será que os grandes gênios se
sentirão humilhados por terem sido fetos em formação no seio de sua mãe?
Se alguma coisa deve humilhá-lo é sua inferioridade perante Deus e sua
impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria
das leis que regem a harmonia do universo. Reconhecei a grandeza de
Deus nessa harmonia admirável que faz com que tudo seja solidário na
natureza. Acreditar que Deus pudesse fazer alguma coisa sem objetivo e ter
criado seres inteligentes sem futuro seria blasfemar contra sua bondade,
que se estende sobre todas as suas criaturas.
607 b Esse período de humanização começa na nossa Terra?
– A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana; o
período de humanização começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores;
entretanto, essa não é uma regra geral, e poderia acontecer que um
Espírito, desde o começo de sua humanização, estivesse apto a viver na
Terra. Esse caso não é freqüente; é, antes, uma exceção.
608 O Espírito do homem, após a morte, tem consciência das
existências anteriores ao seu período de humanidade?
– Não, porque não é nesse período que se inicia para ele sua vida de
Espírito e é até mesmo difícil se lembrar de suas primeiras existências
como homem, assim como o homem não se lembra mais dos primeiros
tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio de
sua mãe. É por isso que os Espíritos dizem que não sabem como começaram.
(Veja a questão 78.)
609 O Espírito, entrando no período de humanidade, conserva traços
do que foi antes, do período que se poderia chamar pré-humano?
– Depende da distância que separa os dois períodos e o progresso
realizado. Durante algumas gerações, pode ter sinais mais ou menos pronunciados
do estado primitivo, porque nada na natureza se faz por transição
brusca, sempre há anéis que ligam as extremidades das cadeias dos seres
e acontecimentos; mas esses traços se apagam com o desenvolvimento
do livre-arbítrio. Os primeiros progressos se realizam muito lentamente,
porque ainda não estão alicerçados, determinados pela vontade; mas eles
seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire uma
consciência mais perfeita de si mesmo.
610 Os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na
ordem da Criação estão enganados?
– Não; mas a questão não foi explicada e, aliás, há coisas que só a
seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, de fato, um ser à parte,
uma vez que tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem
outra destinação. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação
dos seres que podem conhecê-lo.
METEMPSICOSE
611 O fato de ser comum a origem do princípio inteligente dos
seres vivos não é a consagração da doutrina da metempsicose?
– Duas coisas podem ter a mesma origem e não se parecerem em
nada mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, flores e frutos
no germe sem forma contido na semente de onde saiu? A partir do momento
que o princípio inteligente atinge o estágio necessário para ser Espírito
e entrar no período de humanização, não tem mais relação com seu estado
primitivo e não é mais a alma dos animais, como a árvore não é a
semente. No homem, não há mais do animal senão o corpo e as paixões
que nascem da influência do corpo e do instinto de conservação inerente
à matéria. Não se pode, portanto, dizer que aquele homem é a encarnação
do Espírito de tal animal e, assim, a metempsicose, tal como se entende,
não é exata.
612 O Espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar
em um animal?
– Isso seria retroceder e o Espírito não retrocede. O rio não retorna à
sua fonte. (Veja a questão 118.)
613 Por mais errada que seja a idéia ligada à metempsicose, não
seria resultado do sentimento intuitivo das diferentes existências do
homem?
– Esse sentimento intuitivo se encontra nessa crença como em muitas
outras; mas, como faz com a maioria de suas idéias intuitivas, o homem
alterou sua natureza.
614 O que se deve entender por lei natural?
– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do
homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente
quando se afasta dela.
615 A lei de Deus é eterna?
– Eterna e imutável como o próprio Deus.
Serão 1019 perguntas e respostas, 15 por dia. Essa é uma entrevista real, com um espirito iluminado. Muitas vezes falhamos, e a culpa de falharmos é nossa, por deixar passar despercebido ou ignorar as oportunidades e os ensinamentos que Deus nos proporciona.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Serie de perguntas e respostas n41
601 Os animais seguem uma lei progressiva, como os homens?
– Sim, por isso, nos mundos superiores, onde os homens são mais
avançados, os animais também o são, tendo meios de comunicação mais
desenvolvidos; mas são sempre inferiores e submissos ao homem, são
para ele servidores inteligentes.
G Não há nada de extraordinário nisso. Imaginemos nossos animais,
os mais inteligentes, o cão, o elefante, o cavalo, com uma conformação
apropriada aos trabalhos manuais. Que não poderiam fazer sob a direção
do homem?
602 Os animais progridem, como o homem, pela ação de sua
vontade ou pela força das coisas?
– Pela força das coisas; é por isso que para eles não há expiação.
603 Nos mundos superiores, os animais conhecem Deus?
– Não; para eles o homem é um deus, como antigamente os Espíritos
foram deuses para os homens.
604 Os animais, mesmo os aperfeiçoados nos mundos superiores,
são sempre inferiores ao homem. Isso significa que Deus teria criado
seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que
parece estar em desacordo com a unidade de vistas e de progresso
que se distingue em todas as suas obras.
– Tudo se encaixa na natureza pelos laços que não podeis ainda compreender,
e as coisas mais desiguais na aparência têm pontos de contato
que o homem nunca chegará a compreender na sua condição atual. Ele
pode entrevê-los pelo esforço de sua inteligência, mas somente quando
essa inteligência tiver adquirido todo desenvolvimento e estiver livre dos
preconceitos do orgulho e da ignorância é que poderá ver claramente na
obra de Deus. Enquanto isso não acontece, suas idéias limitadas lhe fazem
ver as coisas sob um ponto de vista mesquinho e restrito. Sabei bem
que Deus não pode se contradizer e que tudo, na natureza, se harmoniza
pelas leis gerais que nunca se afastam da sublime sabedoria do Criador.
604 a A inteligência é, assim, uma propriedade comum, um ponto
de contato entre a alma dos animais e a do homem?
– Sim, mas os animais têm apenas a inteligência da vida material; para
o homem, a inteligência produz a manifestação da vida moral.
605 Se considerássemos todos os pontos de contato entre o homem
e os animais, não poderíamos deduzir que o homem possui duas
almas: a alma animal e a alma espírita e que, se não tivesse essa
última, poderia viver como o animal? De outro modo, pode-se considerar
que o animal é um ser semelhante ao homem, tendo menos
alma espírita? Isso não significaria que os bons e os maus instintos
do homem seriam o efeito da predominância de uma dessas duas
almas?
– Não. O homem não tem duas almas; mas os corpos têm instintos
que são o resultado da sensação dos órgãos. Há nele apenas uma dupla
natureza: a natureza animal e a natureza espiritual. Pelo seu corpo, participa
da natureza dos animais e seus instintos; pela sua alma, participa da
natureza dos Espíritos.
605 a Assim, além de suas próprias imperfeições, das quais o
Espírito deve se despojar, o homem tem ainda que lutar contra a influência
da matéria?
– Sim, quanto mais é inferior mais os laços entre o Espírito e a matéria
são unidos; não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre
única em cada ser. A alma do animal e a do homem são distintas uma da
outra, de modo que a alma de um não pode animar o corpo criado para a
outra. Mas, ainda que o homem não tenha alma animal que, por suas paixões,
o nivele aos animais, tem o corpo que muitas vezes o rebaixa a eles,
porque seu corpo é um ser dotado de vitalidade, que tem instintos, porém
ininteligentes e limitados ao cuidado de sua conservação.
606 De onde os animais tiram o princípio inteligente que constitui
a espécie particular de alma, da qual são dotados?
– Do elemento inteligente universal.
606 a A inteligência do homem e a dos animais vêm de um princípio
único?
– Sem dúvida. Mas no homem ela recebeu uma elaboração que o
eleva acima do animal.
607 Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado
semelhante ao da infância da vida corporal, que sua inteligência apenas
desabrocha e ela ensaia para a vida. (Veja a questão 190.) Onde
o Espírito cumpre essa primeira fase?
– Em uma série de existências anteriores ao período que chamais
humanidade.
607 a Assim, pode-se considerar que a alma teria sido o princípio
inteligente dos seres inferiores da Criação?
– Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à unidade?
É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio
inteligente se elabora, individualiza-se pouco a pouco e ensaia para a vida,
como já dissemos. É, de algum modo, um trabalho preparatório, como a
germinação, em que o princípio inteligente sofre uma transformação e tornase
Espírito. É então que começa o período da humanização e com ela a
consciência de seu futuro, a distinção entre o bem e o mal e a responsabilidade
de seus atos. Assim como depois da infância vem a adolescência,
depois a juventude e, enfim, a idade adulta. Não há, além disso, nessa
origem nada que deva humilhar o homem. Será que os grandes gênios se
sentirão humilhados por terem sido fetos em formação no seio de sua mãe?
Se alguma coisa deve humilhá-lo é sua inferioridade perante Deus e sua
impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria
das leis que regem a harmonia do universo. Reconhecei a grandeza de
Deus nessa harmonia admirável que faz com que tudo seja solidário na
natureza. Acreditar que Deus pudesse fazer alguma coisa sem objetivo e ter
criado seres inteligentes sem futuro seria blasfemar contra sua bondade,
que se estende sobre todas as suas criaturas.
607 b Esse período de humanização começa na nossa Terra?
– A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana; o
período de humanização começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores;
entretanto, essa não é uma regra geral, e poderia acontecer que um
Espírito, desde o começo de sua humanização, estivesse apto a viver na
Terra. Esse caso não é freqüente; é, antes, uma exceção.
608 O Espírito do homem, após a morte, tem consciência das
existências anteriores ao seu período de humanidade?
– Não, porque não é nesse período que se inicia para ele sua vida de
Espírito e é até mesmo difícil se lembrar de suas primeiras existências
como homem, assim como o homem não se lembra mais dos primeiros
tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio de
sua mãe. É por isso que os Espíritos dizem que não sabem como começaram.
(Veja a questão 78.)
609 O Espírito, entrando no período de humanidade, conserva traços
do que foi antes, do período que se poderia chamar pré-humano?
– Depende da distância que separa os dois períodos e o progresso
realizado. Durante algumas gerações, pode ter sinais mais ou menos pronunciados
do estado primitivo, porque nada na natureza se faz por transição
brusca, sempre há anéis que ligam as extremidades das cadeias dos seres
e acontecimentos; mas esses traços se apagam com o desenvolvimento
do livre-arbítrio. Os primeiros progressos se realizam muito lentamente,
porque ainda não estão alicerçados, determinados pela vontade; mas eles
seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire uma
consciência mais perfeita de si mesmo.
610 Os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na
ordem da Criação estão enganados?
– Não; mas a questão não foi explicada e, aliás, há coisas que só a
seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, de fato, um ser à parte,
uma vez que tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem
outra destinação. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação
dos seres que podem conhecê-lo.
METEMPSICOSE
611 O fato de ser comum a origem do princípio inteligente dos
seres vivos não é a consagração da doutrina da metempsicose?
– Duas coisas podem ter a mesma origem e não se parecerem em
nada mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, flores e frutos
no germe sem forma contido na semente de onde saiu? A partir do momento
que o princípio inteligente atinge o estágio necessário para ser Espírito
e entrar no período de humanização, não tem mais relação com seu estado
primitivo e não é mais a alma dos animais, como a árvore não é a
semente. No homem, não há mais do animal senão o corpo e as paixões
que nascem da influência do corpo e do instinto de conservação inerente
à matéria. Não se pode, portanto, dizer que aquele homem é a encarnação
do Espírito de tal animal e, assim, a metempsicose, tal como se entende,
não é exata.
612 O Espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar
em um animal?
– Isso seria retroceder e o Espírito não retrocede. O rio não retorna à
sua fonte. (Veja a questão 118.)
613 Por mais errada que seja a idéia ligada à metempsicose, não
seria resultado do sentimento intuitivo das diferentes existências do
homem?
– Esse sentimento intuitivo se encontra nessa crença como em muitas
outras; mas, como faz com a maioria de suas idéias intuitivas, o homem
alterou sua natureza.
614 O que se deve entender por lei natural?
– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do
homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente
quando se afasta dela.
615 A lei de Deus é eterna?
– Eterna e imutável como o próprio Deus.
– Sim, por isso, nos mundos superiores, onde os homens são mais
avançados, os animais também o são, tendo meios de comunicação mais
desenvolvidos; mas são sempre inferiores e submissos ao homem, são
para ele servidores inteligentes.
G Não há nada de extraordinário nisso. Imaginemos nossos animais,
os mais inteligentes, o cão, o elefante, o cavalo, com uma conformação
apropriada aos trabalhos manuais. Que não poderiam fazer sob a direção
do homem?
602 Os animais progridem, como o homem, pela ação de sua
vontade ou pela força das coisas?
– Pela força das coisas; é por isso que para eles não há expiação.
603 Nos mundos superiores, os animais conhecem Deus?
– Não; para eles o homem é um deus, como antigamente os Espíritos
foram deuses para os homens.
604 Os animais, mesmo os aperfeiçoados nos mundos superiores,
são sempre inferiores ao homem. Isso significa que Deus teria criado
seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que
parece estar em desacordo com a unidade de vistas e de progresso
que se distingue em todas as suas obras.
– Tudo se encaixa na natureza pelos laços que não podeis ainda compreender,
e as coisas mais desiguais na aparência têm pontos de contato
que o homem nunca chegará a compreender na sua condição atual. Ele
pode entrevê-los pelo esforço de sua inteligência, mas somente quando
essa inteligência tiver adquirido todo desenvolvimento e estiver livre dos
preconceitos do orgulho e da ignorância é que poderá ver claramente na
obra de Deus. Enquanto isso não acontece, suas idéias limitadas lhe fazem
ver as coisas sob um ponto de vista mesquinho e restrito. Sabei bem
que Deus não pode se contradizer e que tudo, na natureza, se harmoniza
pelas leis gerais que nunca se afastam da sublime sabedoria do Criador.
604 a A inteligência é, assim, uma propriedade comum, um ponto
de contato entre a alma dos animais e a do homem?
– Sim, mas os animais têm apenas a inteligência da vida material; para
o homem, a inteligência produz a manifestação da vida moral.
605 Se considerássemos todos os pontos de contato entre o homem
e os animais, não poderíamos deduzir que o homem possui duas
almas: a alma animal e a alma espírita e que, se não tivesse essa
última, poderia viver como o animal? De outro modo, pode-se considerar
que o animal é um ser semelhante ao homem, tendo menos
alma espírita? Isso não significaria que os bons e os maus instintos
do homem seriam o efeito da predominância de uma dessas duas
almas?
– Não. O homem não tem duas almas; mas os corpos têm instintos
que são o resultado da sensação dos órgãos. Há nele apenas uma dupla
natureza: a natureza animal e a natureza espiritual. Pelo seu corpo, participa
da natureza dos animais e seus instintos; pela sua alma, participa da
natureza dos Espíritos.
605 a Assim, além de suas próprias imperfeições, das quais o
Espírito deve se despojar, o homem tem ainda que lutar contra a influência
da matéria?
– Sim, quanto mais é inferior mais os laços entre o Espírito e a matéria
são unidos; não o vedes? O homem não tem duas almas; a alma é sempre
única em cada ser. A alma do animal e a do homem são distintas uma da
outra, de modo que a alma de um não pode animar o corpo criado para a
outra. Mas, ainda que o homem não tenha alma animal que, por suas paixões,
o nivele aos animais, tem o corpo que muitas vezes o rebaixa a eles,
porque seu corpo é um ser dotado de vitalidade, que tem instintos, porém
ininteligentes e limitados ao cuidado de sua conservação.
606 De onde os animais tiram o princípio inteligente que constitui
a espécie particular de alma, da qual são dotados?
– Do elemento inteligente universal.
606 a A inteligência do homem e a dos animais vêm de um princípio
único?
– Sem dúvida. Mas no homem ela recebeu uma elaboração que o
eleva acima do animal.
607 Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado
semelhante ao da infância da vida corporal, que sua inteligência apenas
desabrocha e ela ensaia para a vida. (Veja a questão 190.) Onde
o Espírito cumpre essa primeira fase?
– Em uma série de existências anteriores ao período que chamais
humanidade.
607 a Assim, pode-se considerar que a alma teria sido o princípio
inteligente dos seres inferiores da Criação?
– Não dissemos que tudo se encadeia na natureza e tende à unidade?
É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio
inteligente se elabora, individualiza-se pouco a pouco e ensaia para a vida,
como já dissemos. É, de algum modo, um trabalho preparatório, como a
germinação, em que o princípio inteligente sofre uma transformação e tornase
Espírito. É então que começa o período da humanização e com ela a
consciência de seu futuro, a distinção entre o bem e o mal e a responsabilidade
de seus atos. Assim como depois da infância vem a adolescência,
depois a juventude e, enfim, a idade adulta. Não há, além disso, nessa
origem nada que deva humilhar o homem. Será que os grandes gênios se
sentirão humilhados por terem sido fetos em formação no seio de sua mãe?
Se alguma coisa deve humilhá-lo é sua inferioridade perante Deus e sua
impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria
das leis que regem a harmonia do universo. Reconhecei a grandeza de
Deus nessa harmonia admirável que faz com que tudo seja solidário na
natureza. Acreditar que Deus pudesse fazer alguma coisa sem objetivo e ter
criado seres inteligentes sem futuro seria blasfemar contra sua bondade,
que se estende sobre todas as suas criaturas.
607 b Esse período de humanização começa na nossa Terra?
– A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana; o
período de humanização começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores;
entretanto, essa não é uma regra geral, e poderia acontecer que um
Espírito, desde o começo de sua humanização, estivesse apto a viver na
Terra. Esse caso não é freqüente; é, antes, uma exceção.
608 O Espírito do homem, após a morte, tem consciência das
existências anteriores ao seu período de humanidade?
– Não, porque não é nesse período que se inicia para ele sua vida de
Espírito e é até mesmo difícil se lembrar de suas primeiras existências
como homem, assim como o homem não se lembra mais dos primeiros
tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio de
sua mãe. É por isso que os Espíritos dizem que não sabem como começaram.
(Veja a questão 78.)
609 O Espírito, entrando no período de humanidade, conserva traços
do que foi antes, do período que se poderia chamar pré-humano?
– Depende da distância que separa os dois períodos e o progresso
realizado. Durante algumas gerações, pode ter sinais mais ou menos pronunciados
do estado primitivo, porque nada na natureza se faz por transição
brusca, sempre há anéis que ligam as extremidades das cadeias dos seres
e acontecimentos; mas esses traços se apagam com o desenvolvimento
do livre-arbítrio. Os primeiros progressos se realizam muito lentamente,
porque ainda não estão alicerçados, determinados pela vontade; mas eles
seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire uma
consciência mais perfeita de si mesmo.
610 Os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na
ordem da Criação estão enganados?
– Não; mas a questão não foi explicada e, aliás, há coisas que só a
seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, de fato, um ser à parte,
uma vez que tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem
outra destinação. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação
dos seres que podem conhecê-lo.
METEMPSICOSE
611 O fato de ser comum a origem do princípio inteligente dos
seres vivos não é a consagração da doutrina da metempsicose?
– Duas coisas podem ter a mesma origem e não se parecerem em
nada mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, flores e frutos
no germe sem forma contido na semente de onde saiu? A partir do momento
que o princípio inteligente atinge o estágio necessário para ser Espírito
e entrar no período de humanização, não tem mais relação com seu estado
primitivo e não é mais a alma dos animais, como a árvore não é a
semente. No homem, não há mais do animal senão o corpo e as paixões
que nascem da influência do corpo e do instinto de conservação inerente
à matéria. Não se pode, portanto, dizer que aquele homem é a encarnação
do Espírito de tal animal e, assim, a metempsicose, tal como se entende,
não é exata.
612 O Espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar
em um animal?
– Isso seria retroceder e o Espírito não retrocede. O rio não retorna à
sua fonte. (Veja a questão 118.)
613 Por mais errada que seja a idéia ligada à metempsicose, não
seria resultado do sentimento intuitivo das diferentes existências do
homem?
– Esse sentimento intuitivo se encontra nessa crença como em muitas
outras; mas, como faz com a maioria de suas idéias intuitivas, o homem
alterou sua natureza.
614 O que se deve entender por lei natural?
– A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do
homem; ela lhe indica o que deve ou não fazer, e ele é infeliz somente
quando se afasta dela.
615 A lei de Deus é eterna?
– Eterna e imutável como o próprio Deus.
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