sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n36

526 Os Espíritos, tendo ação sobre a matéria, podem provocar
alguns efeitos para realizar um acontecimento? Por exemplo, um homem
deve morrer: ele sobe uma escada de madeira, a escada se
quebra e o homem morre; são os Espíritos que fazem quebrar a escada
para realizar o destino desse homem?
– É certo que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para a realização
das leis da natureza e não para as anular ao fazer surgir num certo
momento um acontecimento inesperado e contrário a essas leis. No exemplo
apresentado, a escada se quebra porque estava gasta e fraca ou não
era suficientemente forte para suportar o peso do homem. Se por expiação
esse homem tivesse que morrer assim, os Espíritos lhe inspirariam o
pensamento de subir nessa escada, que, por ser velha, se quebraria com
seu peso, e sua morte teria lugar por efeito natural, sem que fosse necessário
fazer um milagre, isto é, anulando uma lei natural de fazer quebrar
uma escada boa e forte.

527 Tomemos um outro exemplo em que o estado natural da matéria
não seja importante. Um homem deve morrer fulminado por um
raio; ele se refugia sob uma árvore, o raio brilha, explode e o mata. Os
Espíritos puderam provocar o raio e dirigi-lo até ele?
– É ainda a mesma coisa. O raio atingiu a árvore nesse momento
porque estava nas leis da natureza que fosse assim; não foi dirigido para
a árvore porque o homem estava debaixo dela. Ao homem, sim, foi inspirado
o pensamento de se refugiar debaixo da árvore em que o raio
deveria cair, porém a árvore seria atingida, estivesse o homem debaixo
dela ou não.

528 Um homem mal-intencionado dispara uma arma contra outro,
a bala passa de raspão e não o atinge. Um Espírito benevolente
pode tê-la desviado?
– Se o indivíduo não deve ser atingido, o Espírito benevolente lhe
inspirará o pensamento de se desviar ou poderá dificultar a pontaria do
seu inimigo de modo a fazê-lo enxergar mal. Mas a bala, uma vez disparada,
segue a linha que deve percorrer.

529 O que se deve pensar das balas encantadas de algumas
lendas que atingem fatalmente um alvo?
– Pura imaginação; o homem adora o maravilhoso e não se contenta
com a maravilha da natureza.

529 a Os Espíritos que dirigem os acontecimentos da vida podem
ser contrariados por Espíritos que queiram o contrário?
– O que Deus quer deve acontecer; se há um atraso ou um impedimento,
é por Sua vontade.

530 Os Espíritos levianos e zombeteiros podem criar pequenos
embaraços que atrapalham nossos projetos e confundir nossas previsões?
Em uma palavra, são autores das chamadas pequenas misérias
da vida humana?
– Eles se satisfazem em causar aborrecimentos que são provas para
exercitar vossa paciência, mas se cansam quando não conseguem nada.
Entretanto, não seria justo nem exato acusá-los de todas as vossas decepções,
de que sois os primeiros responsáveis pela vossa leviandade.
Acreditai, portanto, que, se a vossa baixela de louça se quebra, é antes
pela vossa falta de jeito do que por culpa dos Espíritos.

530 a Os Espíritos que provocam essas inquietações agem por
conseqüência de uma animosidade pessoal ou atacam o primeiro que
chega, sem motivo determinado, unicamente por malícia?
– Ambos os casos. Algumas vezes, são inimigos que fazeis durante
essa vida ou em uma outra, e que vos perseguem; outras vezes, não há
motivos.

531 A maldade dos que nos fizeram mal na Terra se extingue
com a morte?
– Muitas vezes sim, porque reconhecem sua injustiça e o mal que
fizeram. Mas freqüentemente continuam a vos perseguir com persistência,
se estiver nos desígnios da Providência, para continuar a vos provar.

531 a Pode-se pôr um fim a isso? Como?
– Sim, se orar por eles e retribuir o mal com o bem, acabarão por
compreender seus erros. Além disso, se vos colocardes acima de suas
maquinações, eles cessarão, vendo que nada ganham com isso.

532 Os Espíritos têm o poder de afastar os males sobre algumas
pessoas e de atrair para elas a prosperidade?
– Não completamente. Há males que estão nos desígnios da Providência,
mas amenizam vossas dores ao vos dar a paciência e a resignação.
Deveis prestar atenção porque depende muitas vezes de vós afastar
esses males ou pelo menos atenuá-los. Deus vos deu a inteligência
para vos servirdes dela e é principalmente por meio dela que os Espíritos
vêm vos ajudar ao sugerir pensamentos benéficos; mas apenas assistem
àqueles que sabem ajudar-se a si mesmos. É o sentido destas palavras:
“Procurai e encontrareis, batei e se vos abrirá”.
Sabei ainda: o que parece um mal nem sempre é. Freqüentemente,
do mal que vos aflige sairá um bem muito maior. É o que não compreendereis,
enquanto pensardes somente no momento presente ou em vós
mesmos.

533 Os Espíritos podem fazer obter a riqueza, se para isso são
solicitados?
– Algumas vezes como prova, mas, freqüentemente, recusam, como
se recusa a uma criança a satisfação de um pedido absurdo.

533 a Quando atendem, são os bons ou os maus Espíritos que
concedem esses favores?
– Ambos; isso depende da intenção. Na maioria das vezes são Espíritos
que querem vos conduzir ao mal e que encontram um meio fácil de o
conseguir nos prazeres que a riqueza proporciona.

534 Quando sentimos obstáculos fatais em oposição aos nossos
projetos, seria pela influência de algum Espírito?
– Algumas vezes, são os Espíritos. Outras, na maioria delas, é que
escolhestes mal a elaboração e execução do projeto. A posição e o caráter
influem muito. Se insistis num caminho que não é o vosso, não é devido
aos Espíritos: é que sois vosso próprio mau gênio.

535 Quando alguma coisa feliz nos acontece, é a nosso Espírito
protetor que devemos agradecer?
– Agradecei a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois, aos
bons Espíritos, que são seus agentes.

535 a O que acontece quando não agradecemos?
– O que acontece aos ingratos.

535 b Entretanto, há pessoas que não oram nem agradecem e
para as quais tudo dá certo!
– Sim, mas é preciso ver o final. Pagarão bem caro essa felicidade
passageira que não merecem, já que, quanto mais tiverem recebido, mais
contas terão que prestar.

AÇÃO DOS ESPÍRITOS
SOBRE OS FENÔMENOS DA NATUREZA
536 Os grandes fenômenos da Natureza, aqueles que são considerados
como uma perturbação dos elementos, são de causas imprevistas
ou, ao contrário, são providenciais?
– Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de
Deus.

536 a Esses fenômenos sempre têm o homem como objetivo?
– Algumas vezes têm uma razão de ser direta para o homem. Entretanto,
na maioria dos casos, têm por objetivo o restabelecimento do equilíbrio
e da harmonia das forças físicas da natureza.

536 b Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a
causa primária nisso como em todas as coisas, mas, como sabemos
que os Espíritos têm uma ação sobre a matéria e que são os agentes
da vontade de Deus, perguntamos: alguns dentre eles não exercem
uma influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
– Mas é evidente que exercem e não pode ser de outro modo. Deus
não exerce ação direta sobre a matéria; ele tem agentes devotados em
todos os graus da escala dos mundos.

537 A mitologia dos antigos é inteiramente fundada sobre as idéias
espíritas, com a diferença de que consideravam os Espíritos divindades.
Representavam esses deuses ou Espíritos com atribuições especiais:
assim, uns eram encarregados dos ventos, outros do raio,
outros de presidir a vegetação, etc; essa crença é totalmente destituída
de fundamento?
– Ela é tão pouco destituída de fundamento que ainda está
muito aquém da verdade.

537 a Pela mesma razão, poderia haver Espíritos vivendo no interior
da Terra e dirigindo os fenômenos geológicos?
– Evidentemente esses Espíritos não habitam exatamente o interior da
Terra, mas presidem e dirigem os fenômenos de acordo com suas atribuições.
Um dia, tereis a explicação de todos esses fenômenos e os
compreendereis melhor.

538 Os Espíritos que dirigem os fenômenos da natureza formam
uma categoria especial no mundo espírita? São seres à parte ou Espíritos
que estiveram encarnados como nós?
– Que estiveram ou que estarão.

538 a Esses Espíritos pertencem às ordens superiores ou inferiores
da hierarquia espírita?
– Isso é conforme seja mais ou menos material ou inteligente o papel
que desempenham. Uns comandam, outros executam. Aqueles que executam
as coisas materiais são sempre de uma ordem inferior, entre os
Espíritos como entre os homens.

539 Na produção de alguns fenômenos, as tempestades por exemplo,
é um Espírito que age, ou se reúnem em massa?
– Em massas inumeráveis.

540 Os Espíritos que exercem ação sobre os fenômenos da natureza
agem com conhecimento de causa, pelo seu livre-arbítrio, ou
por um impulso instintivo ou irrefletido?
– Uns sim, outros não. Façamos uma comparação: imaginai essas imensidades
de animais que pouco a pouco fazem sair do mar as ilhas e os arquipélagos,
acreditais que não há nisso um objetivo providencial e que essa
transformação da superfície do globo não seja necessária para a harmonia
geral? Esses são apenas animais da última ordem que realizam essas coisas
para proverem suas necessidades e sem desconfiarem que são os instrumentos
de Deus. Pois bem! Do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados
são úteis ao conjunto; enquanto ensaiam para a vidae antes de ter plena
consciência de seus atos e seu livre-arbítrio, agem sobre alguns fenômenos
dos quais são agentes inconscientes. Executam primeiro; mais tarde, quando
sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas
do mundo material; mais tarde ainda, poderão dirigir as coisas do mundo
moral. É assim que tudo serve, tudo se encaixa na natureza, desde o átomo
primitivo até o arcanjo que começou pelo átomo; admirável lei de harmonia da
qual vosso Espírito limitado ainda não pode entender o conjunto.