segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n57

841 Deve-se, em respeito à liberdade de consciência, deixar que
se propaguem doutrinas nocivas e pode-se, sem prejudicar essa liberdade,
procurar trazer de volta ao caminho da verdade aqueles que
se perderam ao admitir falsos princípios?
– Certamente que sim; e até mesmo se deve. Mas ensinai a exemplo
de Jesus, pela doçura e persuasão, e não pela força, o que seria pior que
a crença daquele a quem se quer convencer. Se há algo que seja permitido
impor é o bem e a fraternidade. Mas não acreditamos que o meio de
levá-los a admitir seja agindo com violência: a convicção não se impõe.

842 Todas as doutrinas têm a pretensão de ser a única expressão
da verdade; como se pode reconhecer a que tem o direito de se
posicionar assim?
– Será aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas, ou
seja, pela prática da lei de amor e de caridade em sua maior pureza e sua
aplicação mais abrangente. A esse sinal reconheceis que uma doutrina é
boa, já que toda doutrina que semear a desunião e estabelecer uma demarcação
entre os filhos de Deus só pode ser falsa e nociva.

LIVRE-ARBÍTRIO
843 O homem tem sempre o livre-arbítrio?
– Uma vez que tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem o livrearbítrio
o homem seria como uma máquina.

844 O homem desfruta de seu livre-arbítrio desde seu nascimento?
– Há liberdade de agir desde que haja a liberdade de fazer. Nos primeiros
tempos da vida a liberdade é quase nula; ela vai evoluindo e seus
objetivos mudam de acordo com o desenvolvimento das faculdades. A
criança, tendo pensamentos relacionados com as necessidades de sua
idade, aplica seu livre-arbítrio às escolhas que lhe são necessárias.

845 As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer
não são um obstáculo ao exercício do livre-arbítrio?
– As predisposições instintivas são do Espírito antes de sua encarnação;
conforme é mais ou menos adiantado, podem levá-lo a praticar
atos condenáveis, e ele será auxiliado nisso pelos Espíritos com essas
mesmas tendências, mas não há arrebatamento irresistível quando se
tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder. (Veja a questão
361.)

846 O organismo tem influência sobre os atos da vida? E se tem,
ela não acaba anulando o livre-arbítrio?
– O Espírito está certamente influenciado pela matéria que o pode entravar
em suas manifestações; eis por que, nos mundos onde os corpos
são menos materiais, as faculdades se desenvolvem com mais liberdade.
Porém, não é o instrumento que dá as faculdades. Além disso, é preciso
separar aqui as faculdades morais das intelectuais; se um homem tem o
instinto assassino, é seguramente seu próprio Espírito que o possui e o
transmite, e não seus órgãos. Aquele que canaliza o pensamento para a
vida da matéria torna-se semelhante ao irracional e, pior ainda, porque não
pensa mais em se prevenir contra o mal, e é nisso que é culpado, uma vez
que age assim por sua vontade. (Veja a questão 367 e segs. – “Influência do
organismo”.)

847 A anormalidade das faculdades tira do homem o livre-arbítrio?
– Aquele cuja inteligência é perturbada por uma causa qualquer não é
mais senhor de seu pensamento e assim não tem mais liberdade. Essa
anormalidade é, muitas vezes, uma punição para o Espírito que, numa
outra encarnação, pode ter sido fútil e orgulhoso e ter feito mau uso de
suas faculdades. Ele pode renascer no corpo de um deficiente mental,
como o escravizador no corpo de um escravo e o mau rico no de um
mendigo. Porém, o Espírito sofreu esse constrangimento com perfeita consciência.
Está aí a ação da matéria. (Veja a questão 371 e seguintes)

848 Os desatinos das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez
é desculpa para atos condenáveis?
– Não, porque o bêbado voluntariamente se privou de sua razão para
satisfazer paixões brutais; em vez de uma falta, comete duas.

849 No homem primitivo, a faculdade dominante é o instinto ou o
livre-arbítrio?
– É o instinto, o que não o impede de agir com total liberdade em
certas circunstâncias; como a criança, ele aplica essa liberdade às suas
necessidades e ela se desenvolve com a inteligência. Porém, como vós,
sois mais esclarecidos do que um selvagem e também mais responsáveis
pelo que fazeis.

850 A posição social não é, algumas vezes, um obstáculo à total
liberdade dos atos?
– O mundo tem, sem dúvida, suas exigências. Deus é justo e tudo
leva em conta, mas vos deixa a responsabilidade do pouco esforço que
fazeis para superar os obstáculos.

FATALIDADE
851 Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme o
sentido que se dá a essa palavra, ou seja, todos os acontecimentos
são predeterminados? Nesse caso, como fica o livre-arbítrio?
– A fatalidade existe apenas na escolha que o Espírito fez ao encarnar
e suportar esta ou aquela prova. E da escolha resulta uma espécie de
destino, que é a própria conseqüência da posição que ele próprio escolheu
e em que se acha. Falo das provas de natureza física, porque, quanto
às de natureza moral e às tentações, o Espírito, ao conservar seu livrearbítrio
quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor para ceder ou resistir.
Um bom Espírito, ao vê-lo fraquejar, pode vir em sua ajuda, mas não pode
influir de modo a dominar sua vontade. Um Espírito mau, ao lhe mostrar de
forma exagerada um perigo físico, pode abalá-lo e assustá-lo. Porém, a
vontade do Espírito encarnado está constantemente livre para decidir.

852 Há pessoas que parecem ser perseguidas por uma fatalidade,
independentemente de seu modo de agir; a infelicidade não é um destino?
– São, talvez, provas que devem suportar e que escolheram. Mas
definitivamente não deveis acusar o destino pelo que, freqüentemente, é
apenas a conseqüência de vossas próprias faltas. Nos males que vos
afligem, esforçais-vos para que vossa consciência esteja pura, e já vos
sentireis bastante consolados.

853 a Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não
morreremos se a hora não é chegada?
– Não, não morrereis, e sobre isso há milhares de exemplos; mas
quando a hora chegar, nada poderá impedir. Deus sabe por antecipação
qual o gênero de morte que terás na Terra e, muitas vezes, vosso Espírito
também sabe, porque isso foi revelado quando fez a escolha desta ou
daquela existência.

854 Por causa da inevitável hora da morte, as precauções que se
tomam para evitá-la são inúteis?
– Não. As precauções que tomais são sugeridas para evitar a morte
que vos ameaça, são meios para que ela não ocorra.

855 Qual é o objetivo da Providência ao nos fazer correr dos
perigos que não têm conseqüências?
– Quando vossa vida é colocada em perigo, é uma advertência que
vós mesmo desejastes, a fim de vos desviardes do mal e vos tornardes
melhor. Quando escapais desse perigo, ainda sob a influência do risco
que passastes, refletis seriamente, conforme a ação mais ou menos forte
dos bons Espíritos sobre vós para vos melhorardes. O mau Espírito, voltando
a tentação (digo mau subentendendo o mal que ainda existe nele),
pensa que escapará do mesmo modo a outros perigos e novamente deixa
se dominar pelas paixões. Pelos perigos que correis, Deus vos lembra de
vossa fraqueza e a fragilidade de vossa existência. Se examinardes a causa
e a natureza do perigo, vereis que, muitas vezes, as conseqüências
são a punição de uma falta cometida ou de um dever não cumprido. Deus
vos adverte assim para vos recolherdes em vós mesmos e vos corrigirdes.
(Veja as questões 526 e 532.)