376 Por que a loucura leva algumas vezes ao suicídio?
– O Espírito sofre com o constrangimento e a impossibilidade de se
manifestar livremente, por isso procura na morte um meio de romper seus
laços.
377 O Espírito de um doente mental é afetado, depois da morte,
pelo desarranjo de suas faculdades?
– Pode se ressentir durante algum tempo após a morte, até que esteja
completamente desligado da matéria, como o homem que acorda se ressente
por algum tempo da perturbação em que o sono o mergulha.
378 Como a alteração do cérebro pode reagir sobre o Espírito
após a morte do corpo?
– É uma lembrança. Um peso oprime o Espírito e, como não teve conhecimento
de tudo que se passou durante sua loucura, precisa sempre de
um certo tempo para se pôr a par de tudo; é por isso que, quanto mais
tempo durar a loucura durante a vida terrena, mais tempo dura a opressão,
o constrangimento após a morte. O Espírito desligado do corpo se ressente,
durante algum tempo, da impressão dos laços que os uniam.
INFÂNCIA
379 O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido
quanto o de um adulto?
– Pode até ser mais, se progrediu mais. São apenas órgãos imperfeitos
que o impedem de se manifestar. Ele age em razão do instrumento,
com que pode se manifestar.
380 Numa criança de tenra idade, o Espírito, exceto pelo obstáculo
que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, pensa
como uma criança ou como um adulto?
– Quando é criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando
desenvolvidos, não possam lhe dar toda a intuição de um adulto;
ele tem, de fato, a inteligência bastante limitada, enquanto a idade faz
amadurecer sua razão. A perturbação que acompanha a encarnação não
cessa subitamente no momento do nascimento; ela somente se dissipa
gradualmente, com o desenvolvimento dos órgãos.
381 Na morte da criança, o Espírito retoma imediatamente seu
vigor anterior?
– Deve retomar, uma vez que está livre do corpo; entretanto, apenas
readquire sua lucidez quando a separação é completa, ou seja, quando
não existe mais nenhum laço entre o Espírito e o corpo.
382 O Espírito encarnado sofre, durante a infância, com as limitações
da imperfeição de seus órgãos?
– Não. Esse estado é uma necessidade, está na natureza e de acordo
com os planos da Providência: é um tempo de repouso para o Espírito.
383 Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?
– O Espírito, encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante
esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento,
para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados
de sua educação.
384 Por que a primeira manifestação de uma criança é de choro?
– Para excitar o interesse da mãe e provocar os cuidados que lhe são
necessários. Não compreendeis que, se houvesse apenas manifestações
de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se preocupariam com suas
necessidades? Admirai em tudo a sabedoria da Providência.
385 De onde vem a mudança que se opera no caráter em uma
determinada idade e particularmente ao sair da adolescência? É o
Espírito que se modifica?
– É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como era. Vós não
conheceis o segredo que escondem as crianças em sua inocência, não
sabeis o que são, o que foram, o que serão e, entretanto, as amais, lhes
quereis bem, como se fossem uma parte de vós mesmos, a tal ponto que
o amor de uma mãe por seus filhos é considerado o maior amor que um
ser possa ter por outro. De onde vem essa doce afeição, essa terna benevolência
que até mesmo estranhos sentem por uma criança? Vós sabeis?
Não; é isso que vou explicar.
As crianças são os seres que Deus envia em novas existências e,
para não lhes impor uma severidade muito grande, lhes dá todo o toque
de inocência. Mesmo para uma criança de natureza má suas faltas são
cobertas com a não-consciência de seus atos. Essa inocência não é uma
superioridade real sobre o que eram antes; não, é a imagem do que deveriam
ser e se não o são é somente sobre elas que recai a pena.
Mas, não é apenas por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é também
e principalmente por seus pais, cujo amor é necessário para sua
fraqueza. Esse amor seria notoriamente enfraquecido frente a um caráter
impertinente e rude, ao passo que, ao acreditar que seus filhos são bons
e dóceis, lhes dão toda a afeição e os rodeiam com os mais atenciosos
cuidados. Mas quando os filhos não têm mais necessidade dessa proteção,
dessa assistência que lhes foi dada durante quinze ou vinte anos, seu
caráter real e individual reaparece em toda sua nudez: conservam-se bons,
se eram fundamentalmente bons; mas sempre sobressaem as características
que estavam ocultas na primeira infância.
Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e, quando
se tem o coração puro, a explicação é fácil de ser concebida.
De fato, imaginai que o Espírito das crianças pode vir de um mundo
em que adquiriu hábitos totalmente diferentes; como gostaríeis que vivesse
entre vós esse novo ser que vem com paixões completamente diferentes
das vossas, com inclinações, gostos inteiramente opostos aos vossos?
Como deveria se incorporar e alinhar-se entre vós de outra forma senão
por aquela que Deus quis, ou seja, pelo crivo da infância? Aí se confundem
todos os pensamentos, os caracteres e as variedades de seres gerados
por essa multidão de mundos nos quais crescem as criaturas. E vós mesmos,
ao desencarnar, vos encontrareis numa espécie de infância entre
novos irmãos; e nessa nova existência não-terrestre ignorareis os hábitos,
os costumes, as relações desse mundo novo para vós; manejareis com
dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais viva
do que é hoje o vosso pensamento. (Veja, nesta obra, a questão 319.)
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos apenas entram na
vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar; a fraqueza da idade infantil os
torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem
fazê-los progredir. É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas
más tendências; este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão
sagrada pela qual terão de responder. Por isso a infância não é somente
útil, necessária, indispensável, mas é ainda a conseqüência natural das
Leis que Deus estabeleceu e que regem o universo.
SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS
386 Dois seres que se conhecem e se amam podem se encontrar
em outra existência corporal e se reconhecer?
– Reconhecer-se, não; mas podem sentir-se atraídos um pelo outro.
Freqüentemente, as ligações íntimas fundadas numa afeição sincera não
têm outra causa. Dois seres aproximam-se um do outro por conseqüências
casuais em aparência, mas que são de fato a atração de dois Espíritos
que se procuram na multidão.
386 a Não seria mais agradável para eles se reconhecerem?
– Nem sempre; a lembrança das existências passadas teria inconvenientes
maiores do que podeis imaginar. Após a morte, se reconhecerão,
saberão o tempo que passaram juntos. (Veja, nesta obra, a questão 392.)
387 A simpatia vem sempre de um conhecimento anterior?
– Não. Dois Espíritos que se compreendem procuram-se naturalmente,
sem que necessariamente se tenham conhecido em encarnações passadas.
388 Os encontros que ocorrem, algumas vezes, e que se atribuem
ao acaso não serão o efeito de uma certa relação de simpatia?
– Há entre os seres pensantes laços que ainda não conheceis. O
magnetismo é que dirige essa ciência, que compreendereis melhor mais
tarde.
389 De onde vem a repulsa instintiva que se tem por certas pessoas,
à primeira vista?
– Espíritos antipáticos que se adivinham e se reconhecem sem se
falar.
390 A antipatia instintiva é sempre um sinal de natureza má?
– Dois Espíritos não são necessariamente maus por não serem simpáticos
um para com o outro. A antipatia pode se originar da diferença no
modo de pensar. Mas, à medida que se elevam, as divergências se apagam
e a antipatia desaparece.