quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Setima serie de perguntas e respostas

91 A matéria oferece algum obstáculo aos Espíritos?
– Não, eles penetram em tudo: o ar, a terra, as águas e até mesmo o
fogo lhes são igualmente acessíveis.

92 Os Espíritos têm o dom da ubiqüidade, ou, em outras palavras,
o mesmo Espírito pode se dividir ou estar em vários pontos ao
mesmo tempo?
– Não pode haver divisão do mesmo Espírito. Mas cada um é um
centro que se irradia para diferentes lados e é por isso que parece estar
em muitos lugares ao mesmo tempo. Vedes o Sol, é apenas um e, entretanto,
irradia-se em todos os sentidos e leva seus raios para muito longe.
Apesar disso, não se divide.

92 a Todos os Espíritos se irradiam com o mesmo poder?
– Longe disso. Isso depende do grau de pureza de cada um.

PERISPÍRITO

93 O Espírito, propriamente dito, não tem nenhuma cobertura, ou
como pretendem alguns, é envolvido por alguma substância?
– O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para vós, mas
ainda bem grosseira para nós; é suficientemente vaporosa para poder se
elevar na atmosfera e se transportar para onde quiser.

94 De onde o Espírito tira seu envoltório semimaterial?
– Do fluido universal de cada globo. É por isso que não é igual em
todos os mundos. Ao passar de um mundo a outro, o Espírito muda de
envoltório, como trocais de roupa.

94a Assim, quando os Espíritos que habitam os mundos superiores
vêm até nós, revestem-se de um perispírito mais grosseiro?
– É preciso que se revistam de vossa matéria, como já dissemos.

95 O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas
e pode ser perceptível?
– Sim, tem a forma que lhe convém. É assim que se apresenta, algumas
vezes, nos sonhos, ou quando estais acordados, podendo tomar
uma forma visível e até mesmo palpável.

96 Os Espíritos são iguais ou há entre eles alguma hierarquia?
– Eles são de diferentes ordens, de acordo com o grau de perfeição a
que chegaram.

97 Há um número determinado de ordens ou de graus de perfeição
entre os Espíritos?
– O número é ilimitado. Não há entre essas ordens uma linha de demarcação
como limite, e, assim, as divisões podem ser multiplicadas ou
restringidas à vontade. No entanto, considerando-se as características
gerais, podem reduzir-se a três principais.
Em primeiro lugar, os que chegaram à perfeição: os Espíritos puros.
Os da segunda ordem são os que atingiram o meio da escala: o desejo do
bem é sua preocupação. Os do último grau, ainda no início da escala, são
os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do
mal e por todas as más paixões que retardam seu adiantamento.

98 Os Espíritos da segunda ordem têm apenas o desejo do bem,
ou terão também o poder de praticá-lo?
– Têm esse poder segundo o grau de sua perfeição: uns têm a ciência,
outros a sabedoria e a bondade, mas todos ainda têm provas a cumprir.

99 Os Espíritos da terceira ordem são todos essencialmente maus?
– Não; uns não fazem o bem nem o mal; outros, ao contrário, se
satisfazem no mal e sentem prazer quando encontram a ocasião de o
fazer. E há ainda os Espíritos levianos ou zombadores, mais brincalhões do
que maus, que se satisfazem antes na malícia do que na maldade e que
encontram prazer em mistificar e causar pequenas contrariedades das quais
se riem.

ESCALA ESPÍRITA

100 Observações preliminares: A classificação dos Espíritos é baseada
no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram e nas imperfeições
de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem nada de
absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu conjunto,
mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as
diferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arcoíris,
ou, ainda, como nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se
formar um número de classes mais ou menos grande, segundo o ponto
de vista de que se considere a questão. Ocorre o mesmo com todos os
sistemas de classificações científicas: esses sistemas podem ser mais ou
menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos
para a inteligência, mas, quaisquer que sejam, não mudam em nada as
bases da ciência. Assim, os Espíritos interrogados sobre esse ponto pu-
deram variar no número de categorias sem que isso tenha conseqüências.
Armaram-se alguns contestadores da Doutrina com essa contradição
aparente, sem refletir que os Espíritos não dão nenhuma importância ao
que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam
para nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra,
os sistemas.
Acrescentamos ainda esta consideração, que jamais se deve perder
de vista: é que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os
muito ignorantes, e nunca será demais se prevenir contra a tendência de
acreditar que todos devem saber tudo só porque são Espíritos. Qualquer
classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto.
Portanto, no mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados
são, como na Terra, os ignorantes, incapazes de abranger um conjunto
para formular um sistema. Só imperfeitamente conhecem ou compreendem
uma classificação qualquer. Para eles, todos os Espíritos que
lhes são superiores são de primeira ordem, sem que possam apreciar as
diferenças de saber, capacidade e moralidade que os distinguem entre si,
como faria entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados.
Mesmo os que têm capacidade de o fazer podem variar nos detalhes, de
acordo com seus pontos de vista, principalmente quando uma divisão
como esta não tem limites fixados, nada de absoluto. Lineu, Jussieu e
Tournefort proclamaram, cada um, seu método, e a botânica não se alterou em
nada por causa disso. É que o método deles não inventou as plantas, nem seus
caracteres. Eles apenas observaram as semelhanças e funções com as quais
depois formaram grupos ou classes. Da mesma maneira procedemos nós. Não
inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos. Nós os
julgamos por suas palavras e seus atos, depois os classificamos por semelhanças,
baseando-nos em dados que eles próprios nos forneceram.
Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes
divisões. Na última, a que está no início da escala, estão os Espíritos
imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito
e pela propensão ao mal.
Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito
sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos. Os
da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os Espíritos
puros.
Essa divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta características
bem definidas. Só nos faltava ressaltar, mediante um número
suficiente de subdivisões, as diferenças principais do conjunto. Foi o que
fizemos com o auxílio dos Espíritos, cujas instruções benevolentes nunca
nos faltaram.
Com o auxílio desse quadro será fácil determinar a categoria e o grau
de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos
entrar em contato e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima que
merecem. É de certo modo a chave da ciência espírita, visto que apenas
ele pode nos explicar as anomalias, as diferenças que apresentam as comunicações,
ao nos esclarecer sobre as desigualdades intelectuais e morais
dos Espíritos. Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem
exclusivamente a esta ou aquela classe. Seu progresso apenas
se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que em
outro, e podem reunir as características de mais de uma categoria, o que
se pode notar por sua linguagem e seus atos.

TERCEIRA ORDEM . ESPÍRITOS IMPERFEITOS
101 Características gerais– Predominância da matéria sobre o Espírito.
Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões
que são suas conseqüências.
Eles têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus. Entre alguns há mais leviandade,
inconseqüência e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não fazem
o bem nem o mal; mas, apenas pelo fato de não fazerem o bem, já
demonstram sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal
e ficam satisfeitos quando encontram a ocasião de o fazer.
Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia; mas qualquer que
seja seu desenvolvimento intelectual, suas idéias são pouco elevadas e
seus sentimentos mais ou menos inferiores.
Seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados e
o pouco que sabem se confunde com as idéias e os preconceitos da vida
corporal. Eles podem nos dar apenas noções falsas e incompletas, mas o observador
atento encontra, muitas vezes, em suas comunicações imperfeitas,
a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos Superiores.
Seu caráter se revela pela sua linguagem. Todo Espírito que em suas
comunicações revela um mau pensamento pode ser classificado na terceira
ordem. Por conseqüência, todo mau pensamento que nos é sugerido
vem de um Espírito dessa ordem.
Eles vêem a felicidade dos bons e isso é, para eles, um tormento
incessante, porque sentem todas as agonias que originam a inveja e o
ciúme.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corporal
e essa impressão é, muitas vezes, mais dolorosa do que a realidade. Sofrem,
verdadeiramente, pelos males que suportaram em vida e pelos que fizeram os
outros sofrer. E como sofrem por longo tempo, acreditam que irão sofrer para
sempre. A Providência, para puni-los, permite que assim pensem3.
Pode-se dividi-los em cinco classes principais:

102 Décima classe. Espíritos Impuros – São inclinados ao mal e fazem
dele o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos
falsos, provocam a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as
formas para melhor enganar. Eles se ligam às pessoas de caráter mais
fraco, que cedem às suas sugestões, a fim de prejudicá-los, satisfeitos
em poder retardar o seu adiantamento e fazê-las fracassar nas provas por
que passam.
Nas manifestações, esses espíritos são reconhecidos pela linguagem.
A trivialidade e a grosseria das expressões, entre os Espíritos como entre
os homens, é sempre um indício de inferioridade moral ou intelectual. Suas
comunicações revelam a baixeza de suas inclinações e, se tentam enganar
ao falar de uma maneira sensata, não podem sustentar esse papel por
muito tempo, e acabam sempre por denunciar a sua origem.
Alguns povos fizeram desses Espíritos divindades malfazejas; outros
os designaram sob o nome de demônios, maus gênios, espíritos do mal.
Quando estão encarnados, são inclinados a todos os vícios que geram
as paixões vergonhosas e degradantes: a sensualidade, a crueldade,
a mentira, a hipocrisia, a cobiça e a avareza sórdida. Fazem o mal pelo
prazer de fazê-lo e, muitas vezes, sem motivos e por ódio ao bem, escolhem
quase sempre suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos
para a humanidade, seja qual for a posição da sociedade a que pertençam,
e o verniz da civilização não os livra da baixeza e da desonra.

103 Nona classe. Espíritos Levianos – São ignorantes, maliciosos,
inconseqüentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo,
sem se preocupar com a verdade. Comprazem-se em causar pequenos
desgostos e pequenas alegrias, atormentar e induzir maliciosamente ao
erro por meio de mistificações e espertezas. A esta classe pertencem os
Espíritos vulgarmente designados sob os nomes de duendes, trasgos4,
gnomos, diabretes. Estão sob a dependência dos Espíritos Superiores, que
se utilizam deles, muitas vezes, como fazemos com os nossos servidores.
Nas suas comunicações com os homens, a linguagem é algumas
vezes espirituosa e engraçada, mas quase sempre sem profundidade.
Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas
mordazes e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais para se divertir
conosco do que por maldade.

104 Oitava classe. Espíritos Pseudo-Sábios – Seus conhecimentos
são bastante amplos, mas acreditam saber mais do que sabem na realidade.
Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, sua
linguagem tem uma característica séria que pode induzir ao erro e ocasionar
enganos sobre suas capacidades e seus conhecimentos. Mas isso é
apenas um reflexo dos preconceitos e das idéias sistemáticas que con-
servam da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades ao lado dos
erros mais absurdos, no meio dos quais sobressai a presunção, o orgulho,
a inveja e a obstinação das quais não puderam se libertar.

105 Sétima classe. Espíritos Neutros – Não são bastante bons para
fazer o bem, nem suficientemente maus para fazer o mal. Inclinam-se tanto
para um quanto para o outro e não se elevam acima da condição comum
da humanidade, tanto pela moral quanto pela inteligência. Eles se prendem
às coisas deste mundo e lamentam a perda das alegrias grosseiras
que nele deixaram.