226 Todos os Espíritos que não estão encarnados são errantes?
– Daqueles que devem reencarnar, sim. Mas os Espíritos puros que
atingiram a perfeição não são errantes: seu estado é definitivo.
227 De que maneira os Espíritos errantes se instruem? É como nós?
– Eles estudam seu passado e procuram os meios de se elevar. Vêem,
observam o que se passa nos lugares que percorrem; ouvem os ensinamentos
dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais
elevados que eles e isso lhes inspira idéias que não tinham antes.
228 Os Espíritos conservam algumas das paixões humanas?
– Os Espíritos elevados, ao se libertarem do corpo, deixam as más
paixões e apenas guardam as do bem. Mas os Espíritos inferiores as conservam;
de outra forma, seriam de primeira ordem.
229 Por que os Espíritos, ao deixar a Terra, não deixam também
todas as más paixões, uma vez que vêem os seus inconvenientes?
– Tendes neste mundo pessoas que são excessivamente invejosas;
acreditais que, quando o deixam, perdem esse defeito? Após a partida da
Terra, principalmente para os que tiveram paixões muito intensas, uma
espécie de atmosfera os acompanha, os envolve e todas essas coisas
ruins se conservam, porque o Espírito ainda está impregnado das vibrações
da matéria. Entrevê a verdade apenas por alguns momentos, como
para ter noção do bom caminho.
230 O Espírito progride na erraticidade?
– Pode melhorar-se muito, sempre de acordo com sua vontade e seu
desejo. Mas é na existência corporal que põe em prática as novas idéias
que adquiriu.
231 Os Espíritos errantes são felizes ou infelizes?
– São felizes ou infelizes de acordo com seu mérito. São infelizes e
sofrem por causa das paixões das quais ainda conservaram a essência ou
são felizes segundo estejam mais ou menos desmaterializados. No estado
de erraticidade, o Espírito entrevê o que lhe falta para ser mais feliz e procura
os meios de alcançá-lo. Porém, nem sempre lhe é permitido reencarnar
conforme sua vontade, o que para ele é uma punição.
232 No estado de erraticidade, os Espíritos podem ir a todos os
mundos?
– Depende. Quando o Espírito deixa o corpo, não está, apesar disso,
completamente desprendido da matéria e ainda pertence ao mundo onde
viveu ou a um do mesmo grau, a menos que, durante sua vida, tenha se
elevado; esse é, aliás, o objetivo a que deve pretender, sem o que nunca
se aperfeiçoará. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores, mas
nesse caso é como um estranho. Consegue, na verdade, apenas os entrever
e isso é o que lhe dá o desejo de se aperfeiçoar para ser digno da
felicidade que lá se desfruta e poder habitá-los mais tarde.
233 Os Espíritos já purificados vão aos mundos inferiores?
– Vão muitas vezes a fim de ajudá-los a progredir. Senão esses mundos
ficariam entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los.
MUNDOS TRANSITÓRIOS
234 Existem, como já foi dito, mundos que servem aos Espíritos
errantes como estâncias transitórias ou locais de repouso?
– Sim, existem. São particularmente destinados aos seres errantes,
que podem neles habitar temporariamente. São como acampamentos,
campos para repousar de uma erraticidade bastante longa, condição sempre
um tanto angustiante. São posições intermediárias entre os outros
mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem
alcançá-los e onde podem desfrutar de um bem-estar relativamente maior
ou menor, conforme o caso.
234 a Os Espíritos que habitam esses mundos podem deixá-los
quando querem?
– Sim, os Espíritos podem deixá-los para irem aonde devem ir. Imaginai-
os como pássaros de passagem pousando numa ilha, esperando refazer
suas forças para alcançar seu objetivo.
235 Os Espíritos progridem durante sua estada nos mundos transitórios?
– Certamente. Os que neles se reúnem é com o objetivo de se instruir
e poder mais facilmente obter a permissão de alcançar lugares melhores e
chegar à posição que os eleitos atingem.
236 Os mundos transitórios, por sua natureza especial, são perpetuamente
destinados aos Espíritos errantes?
– Não; a posição deles é apenas temporária.
236 a Esses mundos são, ao mesmo tempo, habitados por seres
corporais?
– Não; a superfície é estéril. Aqueles que os habitam não têm necessidade
de nada.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS . PARTE SEGUNDA
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236 b Essa esterilidade é permanente e resulta de sua natureza
especial?
– Não, são estéreis transitoriamente.
236 c Esses mundos são, por isso, desprovidos de belezas naturais?
– A natureza se reflete nas belezas da imensidade, que são tão admiráveis
quanto o que chamais de belezas naturais.
236 d Visto que o estado desses mundos é transitório, a Terra
estará um dia nesse mesmo estado?
– Ela já esteve.
236 e Em que época?
– Durante sua formação.
237 A alma, quando está no mundo dos Espíritos, ainda possui
as percepções que possuía em sua vida física?
– Sim. Tem também outras que não possuía, porque o seu corpo era
como um véu que as dificultava e obscurecia. A inteligência é um dos
atributos do Espírito que se manifesta mais livremente quando não tem
entraves.
238 As percepções e os conhecimentos dos Espíritos são ilimitados;
numa palavra, eles sabem todas as coisas?
– Quanto mais se aproximam da perfeição, mais sabem. Se são Espíritos
Superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos
ignorantes sobre todas as coisas.
239 Os Espíritos conhecem o princípio das coisas?
– Conhecem de acordo com sua elevação e pureza. Os Espíritos
inferiores não sabem mais que os homens.
240 Os Espíritos compreendem o tempo como nós?
– Não. É por isso que vós também não nos compreendeis quando se
trata de fixar datas ou épocas.