domingo, 29 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n45

661 É válido orar a Deus para perdoar nossas faltas?
– Deus sabe discernir o bem e o mal; a prece não oculta as faltas.
Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas apenas o obtém ao mudar
de conduta. As boas ações são as melhores preces, porque os atos valem
mais do que as palavras.

662 É válido orar para outra pessoa?
– O Espírito daquele que ora age pela sua vontade de fazer o bem.
Pela prece, atrai bons Espíritos que se associam ao bem que quer fazer.
G Possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e pela vontade, um
poder de ação que se estende além dos limites de nossa esfera corporal.
A prece em favor de outras pessoas é um ato dessa vontade. Se for
ardente e sincera, pode chamar os bons Espíritos para ajudar aquele
por quem oramos, a fim de lhe sugerir bons pensamentos e lhe dar ao
corpo e à alma a força de que tem necessidade. Mas a prece do coração
é tudo, a dos lábios não é nada.

663 As preces que fazemos por nós mesmos podem mudar nossas
provas e desviar-lhes o curso?
– Vossas provas estão nas mãos de Deus e há algumas que devem
ser suportadas até o fim, mas Deus tem sempre em conta a resignação. A
prece traz para junto de vós os bons Espíritos que dão a força de suportálas
com coragem e fazem com que pareçam menos duras. Já dissemos,
a prece nunca é inútil quando é bem-feita, porque dá força àquele que
ora, o que já é um grande resultado. Ajudai-vos e o céu vos ajudará,
sabeis disso. Aliás, Deus não pode mudar a ordem da natureza à vontade
de cada um, porque aquilo que é um grande mal sob o vosso ponto de
vista mesquinho e vossa vida efêmera é, muitas vezes, um grande bem na
ordem geral do universo. Além de tudo, quantos males há dos quais o
homem é o próprio autor por sua imprevidência ou por suas faltas! É punido
naquilo que errou. Entretanto, os pedidos justos são muitas vezes
atendidos mais vezes do que supondes. Acreditais que Deus não vos tem
escutado, porque não fez um milagre por vós, enquanto vos assiste por
meios tão naturais que parecem o efeito do acaso ou da força das coisas;
muitas vezes também, muitas vezes mesmo, Ele vos suscita o pensamento
necessário para, por vós mesmos, sairdes do problema.

664 É útil orar pelos mortos e pelos Espíritos sofredores? Nesse
caso, como nossas preces podem levar alívio e abreviar seus sofrimentos?
Têm elas o poder de fazer abrandar a justiça de Deus?
– A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a
alma para quem se ora experimenta alívio, porque é um testemunho de
interesse que se lhe dá, e porque o infeliz sempre encontra alívio quando
almas caridosas se compadecem de suas dores. De outro lado, pela prece,
motiva-se ao arrependimento e ao desejo de fazer o que é preciso
para ser feliz; é nesse sentido que se pode abreviar sua pena, se por seu
lado ajudar com sua boa vontade. Esse desejo de melhorar, animado pela
prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores que vêm
esclarecê-lo, consolá-lo e lhe dar esperança. Jesus orava pelas ovelhas
desgarradas e mostra, dessa maneira, que seríeis culpados de não fazer o
mesmo por aqueles que têm necessidade das vossas preces.

665 O que pensar da opinião que rejeita a prece pelos mortos em
razão de não estar recomendada no Evangelho?
– O Cristo disse: “Amai-vos uns aos outros”. Essa recomendação ensina
que o homem deve empregar todos os meios possíveis para demonstrar
afeição aos outros, sem entrar em detalhes sobre a maneira de atingir esse
objetivo. Se é verdade que nada pode impedir o Criador de aplicar a justiça,
da qual é a própria imagem, a todas as ações do Espírito, não é menos
verdadeiro que a prece que Lhe dirigis em favor daquele que vos inspira
afeição é um testemunho da lembrança que tendes dele, e apenas pode
contribuir para aliviar seus sofrimentos e consolá-lo. A partir do momento
em que ele sinta o menor arrependimento, é, então, socorrido; mas ele
nunca ignora que uma alma simpática se ocupou dele e lhe deixa o doce
pensamento que essa intercessão foi útil. Resulta disso, necessariamente,
de sua parte, um sentimento de reconhecimento e afeição por aquele
que lhe deu essa prova de amizade ou piedade. Dessa maneira, o amor
que o Cristo recomendava aos homens apenas aproximou-os entre si;
portanto, os dois obedeceram à lei de amor e de união de todos os seres,
lei divina que deve conduzir à unidade, objetivo e finalidade do Espírito*.

666 Pode-se orar aos Espíritos?
– Pode-se orar aos bons Espíritos como mensageiros de Deus e executores
de Seus desígnios; mas seu poder está na sua superioridade e
depende sempre do Senhor de todas as coisas, pois sem sua permissão
nada se faz; por isso, as preces que lhes dirigimos são somente eficazes
se são agradáveis a Deus.

POLITEÍSMO
667 Por que o politeísmo é uma das crenças mais antigas e divulgadas,
apesar de ser falsa?
– O pensamento de um Deus único só poderia ser, para o homem,
resultado do desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, em sua ignorância,
de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, agindo sobre a
matéria, deu-lhe o homem as características da natureza corporal, ou seja,
uma forma e uma figura. Desde então, tudo o que parecia ultrapassar as
proporções da inteligência comum era uma divindade. Tudo que não compreendia
devia ser obra de um poder sobrenatural, e daí estava a um passo
de acreditar em tantos poderes diferentes quantos eram os efeitos que
observava. Mas em todos os tempos houve homens esclarecidos que
compreenderam que governar o mundo com essa multidão de poderes
seria impossível sem uma direção superior e conceberam o pensamento
de um Deus único.

668 Os fenômenos espíritas, produzidos em todos os tempos e
conhecidos desde as primeiras épocas do mundo, não concorreram
para fazer acreditar na pluralidade dos deuses?
– Sem dúvida, como os homens chamavam deus a tudo o que era
sobre-humano, os Espíritos eram para eles deuses, e é por isso que, quando
um homem se distinguia entre os outros pelas suas ações, seu gênio ou
por um poder oculto, incompreendido pelos demais, tornavam-no um deus
e lhe rendiam culto após a morte. (Veja a questão 603.)

SACRIFÍCIOS
669 O hábito de sacrifícios humanos vem da mais alta Antiguidade.
Como o homem pôde ser levado a acreditar que tais coisas pudessem
ser agradáveis a Deus?
– Primeiramente, porque não compreendia Deus como fonte da bondade.
Entre os povos primitivos, a matéria domina o espírito; eles se
entregam aos instintos animais, é por isso que são geralmente cruéis, porque
o seu sentido moral ainda não se desenvolveu. Além disso, os homens
primitivos deveriam acreditar, naturalmente, que uma criatura viva tinha muito
mais valor aos olhos de Deus do que um morto. Foi isso que os levou a
sacrificar primeiro os animais e em seguida os homens, uma vez que,
seguindo sua falsa crença, pensavam que o valor do sacrifício estava diretamente
ligado à importância da vítima. Na vida material, se ofereceis um
presente a alguém, o escolheis de um valor tanto maior quanto quereis
demonstrar à pessoa mais amizade e consideração. Devia ocorrer o mesmo
com os homens ignorantes em relação a Deus.

669 a Assim, os sacrifícios de animais teriam precedido os sacrifícios
humanos?
– Sim. Não há dúvida.
669 b Então, de acordo com essa explicação, os sacrifícios humanos
não teriam sua origem num sentimento de crueldade?
– Não, mas numa idéia errônea de ser agradável a Deus. Vede o que
ocorreu com Abraão1. Depois, os homens abusaram ao sacrificar seus
inimigos. Porém, Deus nunca exigiu sacrifícios de animais nem de homens;
Ele não pode ser honrado com a destruição inútil de sua própria
criatura.

670 Os sacrifícios humanos feitos com intenção piedosa algumas
vezes puderam ser agradáveis a Deus?
– Não, nunca. Mas Deus julga a intenção. Os homens, sendo ignorantes,
podiam acreditar que faziam um ato louvável ao sacrificar um de
seus semelhantes. Nesse caso, Deus apenas levava em conta o pensamento
e não o fato. Os homens, ao se melhorarem, reconheceriam seu
erro e reprovariam esses sacrifícios, que não deviam alcançar compreensão
no pensamento dos Espíritos esclarecidos; digo esclarecidos porque
os Espíritos estavam, então, envolvidos por um véu material, mas, pelo
livre-arbítrio, podiam ter uma percepção de sua origem e finalidade, e muitos
já compreendiam, por intuição, o mal que faziam, embora continuassem
a fazê-lo para satisfazer suas paixões.

671 Que devemos pensar das chamadas guerras santas? O sentimento
que leva pessoas fanáticas a exterminarem o máximo que
puderem dos que não compartilham de suas crenças para serem agradáveis
a Deus parece ter a mesma origem que os estimulava antigamente
a sacrificar os seus semelhantes?
– Eles estão envolvidos pela ação de maus Espíritos e ao guerrearem
com seus semelhantes contrariam a vontade de Deus, que diz que se deve
amar seu irmão como a si mesmo. Todas as religiões, ou melhor, todos os
povos, adoraram um mesmo Deus, tenha um nome ou outro. Por que
fazer uma guerra de extermínio apenas pelo fato de terem religiões diferentes
ou não terem ainda alcançado o progresso dos povos esclarecidos?
Os povos podem ser desculpados por não acreditarem na palavra daquele
que era animado pelo Espírito de Deus e enviado por ele, principalmente
quando não o viram e não foram testemunhas de seus atos; porém, como
quereis que acreditem nessa palavra de paz, quando pretendeis impor
essa palavra com a espada na mão? Devemos levar-lhes o esclarecimento
e procurar fazer-lhes conhecer a doutrina do Salvador pela persuasão e
pela doçura, não pela força e pelo sangue. Na maioria das vezes, não
acreditais nas comunicações que temos com alguns mortais; como haveis
de querer que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando
vossos atos desmentem a doutrina que pregais?

672 A oferenda dos frutos da terra, feita a Deus, tem mais mérito
aos seus olhos do que o sacrifício de animais?
– Já vos respondi ao dizer que Deus julga a intenção e o fato tem
pouca importância para ele. Seria evidentemente mais agradável oferecer
a Deus frutos da terra do que o sangue das vítimas. Como já vos dissemos
e repetimos sempre, a prece dita do fundo do coração é cem vezes mais
agradável a Deus do que todas as oferendas que poderíeis lhe fazer. Repito
que a intenção é tudo e o fato não é nada.

673 Não haveria um meio de tornar essas oferendas mais agradáveis
a Deus se aliviassem as necessidades daqueles a quem falta
o necessário; e, nesse caso, o sacrifício de animais, quando feito com
um objetivo útil, não se tornaria meritório, embora fosse abusivo quando
não servia para nada ou só tinha proveito apenas para as pessoas
que não tinham necessidade de nada? Não haveria alguma coisa de
verdadeiramente piedoso em consagrar aos pobres os primeiros frutos
dos bens que Deus nos concedeu na Terra?
– Deus abençoa sempre aqueles que fazem o bem, e aliviar os pobres
e aflitos é o melhor meio de honrá-Lo. Não quero dizer, entretanto, que Deus
desaprova as cerimônias que fazeis por devoção, mas há muito dinheiro
que poderia ser empregado mais utilmente e não é. Deus ama a simplicidade
em todas as coisas. O homem que fundamenta sua crença nas exterioridades
e não no coração é um Espírito com vistas estreitas. Julgai se Deus
deve se importar mais com a forma do que com o conteúdo.

674 A necessidade do trabalho é uma lei da natureza?
– O trabalho é uma lei natural, por isso mesmo é uma necessidade, e
a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades
e prazeres.

675 Devem-se entender por trabalho somente as ocupações materiais?
– Não; o Espírito também trabalha, assim como o corpo. Toda ocupação
útil é trabalho.