quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Serie de perguntas e respostas n13

181 Os seres que habitam os diferentes mundos possuem corpo
semelhante aos nosso?
– Sem dúvida possuem corpo, porque é preciso que o Espírito esteja
revestido de matéria para agir sobre a matéria. Porém, esse corpo é mais
ou menos material, de acordo com o grau de pureza a que chegaram os
Espíritos. E é isso que diferencia os mundos que devem percorrer; porque
há muitas moradas na casa de nosso Pai e, portanto, muitos graus. Alguns
o sabem e têm consciência disso na Terra; outros não sabem nada.

182 Podemos conhecer exatamente o estado físico e moral dos
diferentes mundos?
– Nós, Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de
adiantamento em que vos encontrais. Portanto, não devemos revelar essas
coisas a todos, visto que nem todos terão alcance de compreendê-las,
e isso os perturbaria.

183 Ao ir de um mundo para outro, o Espírito passa por uma nova
infância?
– A infância é em todos os lugares uma transição necessária, mas não
é tão frágil em todos os lugares como entre vós, na Terra.

184 O Espírito pode escolher o novo mundo que vai habitar?
– Nem sempre, mas pode pedir e conseguir isso se o merecer; porque
os mundos são acessíveis aos Espíritos de acordo com seu grau de
elevação.

184 a Se o Espírito não pede nada, o que determina o mundo em
que deve reencarnar?
– O grau de sua elevação.

185 O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o
mesmo em cada globo?
– Não; os mundos estão também submetidos à lei do progresso2.
Todos começaram como o vosso, por um estado inferior, e a própria Terra
passará por uma transformação semelhante. Ela será um paraíso quando
os homens se tornarem bons.

186 Há mundos em que o Espírito, deixando de habitar um corpo
material, tem apenas como envoltório o perispírito?
– Sim, há. Nesses mundos até mesmo esse envoltório, o perispírito,
torna-se tão etéreo que para vós é como se não existisse. É o estado dos
Espíritos puros.

186 a Disso parece resultar que não há uma demarcação definida
entre o estado das últimas encarnações e o de Espírito puro?
– Essa demarcação não existe. A diferença nesse caso se desfaz
pouco a pouco, torna-se imperceptível, assim como a noite se desfaz diante
dos primeiros clarões da alvorada.

187 A substância do perispírito é a mesma em todos os globos?
– Não; é mais ou menos etérea. Ao passar de um mundo para outro,
o Espírito se reveste instantaneamente da matéria própria de cada um
deles, com a rapidez de um relâmpago.

188 Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou estão no espaço
universal, sem estar ligados mais a um mundo do que a outro?
– Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão
restritos a eles como os homens estão à Terra; eles podem, melhor do que
os outros, estar em todos os lugares*.
* De acordo com o ensinamento dos Espíritos, de todos os globos que compõem o nosso sistema
planetário, a Terra é onde os habitantes são menos avançados, tanto física quanto moralmente.
Marte ainda estaria inferior, e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O Sol não seria um
mundo habitado por seres corporais, e sim um lugar de encontro de Espíritos superiores que, de lá,
irradiam seus pensamentos para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos
elevados, transmitindo-os a eles por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria
um foco de eletricidade. Todos os sóis parecem estar numa posição idêntica.
O volume e a distância que estão do Sol não têm nenhuma relação necessária com o grau de
adiantamento dos mundos, pois parece que Vênus é mais avançado que a Terra, e Saturno menos
que Júpiter.
Muitos Espíritos que na Terra animaram pessoas conhecidas disseram estar encarnados em
Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é admirável ver, nesse globo tão avançado,
homens que, na opinião geral que fazemos deles, não eram reconhecidos como tão elevados. Isso
não deve causar admiração, se considerarmos que alguns Espíritos que habitam Júpiter podem ter
sido enviados à Terra para cumprir uma missão que, aos nossos olhos, não os colocava em primeiro
plano; que, entre sua existência terrestre e a de Júpiter, podem ter tido outras intermediárias, nas
quais se melhoraram. E, finalmente, que nesse mundo, como no nosso, há diferentes graus de
desenvolvimento, e que entre esses graus pode haver a mesma distância como a que separa entre
nós o selvagem do homem civilizado. Desse modo, o fato de habitarem Júpiter não quer dizer que
estão no mesmo padrão dos seres mais avançados de lá, da mesma forma que não se está no
mesmo padrão de um sábio da Universidade só porque se reside em Paris.
As condições de longevidade não são também as mesmas que na Terra, e por isso não se pode
comparar a idade. Um Espírito evocado, desencarnado há alguns anos, disse estar encarnado há
seis meses num mundo cujo nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse
mundo, respondeu: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como vós; além do mais,
o modo de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos lá com muito mais rapidez; embora não faça
mais que seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta
anos da idade que tive na Terra”.
Muitas respostas semelhantes nos foram dadas por outros Espíritos, e isso nada tem de inacreditável.
Não vemos na Terra um grande número de animais adquirir em poucos meses seu desenvolvimento
normal? Por que não poderia ocorrer o mesmo com os habitantes de outras esferas?
Notemos, por outro lado, que o desenvolvimento adquirido pelo homem na Terra, na idade de trinta
anos, pode ser apenas uma espécie de infância, comparado ao que deve alcançar. Bem curto de
vista se revela quem nos toma em tudo por protótipos da criação, e é rebaixar a Divindade crer que,
fora o homem, nada mais é possível a Deus (N. K.).

TRANSMIGRAÇÃO3 PROGRESSIVA
189 Desde o princípio de sua formação, o Espírito desfruta da
plenitude de suas faculdades?
– Não, o Espírito, assim como o homem, tem também sua infância.
Na origem, os Espíritos têm somente uma existência instintiva e mal têm
consciência de si mesmos e de seus atos. É pouco a pouco que a inteligência
se desenvolve.

190 Qual é o estado da alma em sua primeira encarnação?
– É o estado de infância na vida corporal. Sua inteligência apenas
desabrocha: a almaensaia para a vida.

191 As almas de nossos selvagens são almas em estado de infância?
– De infância relativa; são almas já desenvolvidas, pois já sentem
paixões.

191 a As paixões são, então, um sinal de desenvolvimento?
– De desenvolvimento sim, mas não de perfeição. As paixões são um
sinal da atividade e da consciência do eu, visto que, na alma primitiva, a
inteligência e a vida estão em estado de germe.

192 Pode-se, na vida atual, por efeito de uma conduta perfeita,
superar todos os graus e tornar-se um Espírito puro sem passar por
graus intermediários?
– Não, porque o que para o homem parece perfeito está longe da
perfeição. Existem qualidades que lhe são desconhecidas e que não pode
compreender. Ele pode ser tão perfeito quanto comporte a perfeição de
sua natureza terrestre, mas não é a perfeição absoluta. Da mesma forma
que uma criança, por mais precoce que seja, tem que passar pela juventude
antes de alcançar a idade madura; e um doente tem que passar pelo
estado de convalescença antes de recuperar a saúde. Aliás, o Espírito
deve avançar em ciência e moralidade; se progrediu apenas num deles, é
preciso que progrida no outro, para atingir o alto da escala. Porém, quanto
mais o homem avança em sua vida presente, menos longas e difíceis
serão as provas futuras.

192 a O homem pode, pelo menos, assegurar nesta vida uma
existência futura menos cheia de amarguras?
– Sim, sem dúvida, pode abreviar a extensão e reduzir as dificuldades
do caminho. Só o negligente se encontra sempre na mesma situação.

193 Um homem, numa futura existência, pode descer mais baixo
do que na atual?
– Como posição social, sim; como Espírito, não.

194 A alma de um homem de bem pode, numa nova encarnação,
animar o corpo de um perverso?
– Não. Ela não pode regredir.

194 a A alma de um homem perverso pode tornar-se a de um
homem de bem?
– Sim, se houver arrependimento, o que, então, é uma recompensa.

195 A possibilidade de se melhorar numa outra existência não
pode levar certas pessoas a perseverar no mau caminho, pelo pensamento
de que poderão sempre se corrigir mais tarde?
– Aquele que pensa assim não acredita em nada, e nem a idéia de um
castigo eterno o amedrontaria mais do que qualquer outra, porque sua
razão a repele, e essa idéia leva-o à incredulidade a respeito de tudo. Se
unicamente se tivessem empregado meios racionais para orientar os homens,
não haveria tantos céticos. Um Espírito imperfeito pode, de fato,
durante sua vida corporal, pensar como dizeis; mas, uma vez libertado da
matéria, pensa de outra forma, porque logo se apercebe de que fez um
cálculo errado e, então, virá consciente de um sentimento contrário a esse,
na sua nova existência. É assim que se realiza o progresso e é por essa
razão que existem na Terra homens mais avançados que outros; uns já
possuem a experiência que outros ainda não têm, mas que adquirirão
pouco a pouco. Depende deles impulsionar o seu próprio progresso ou
retardá-lo indefinidamente.