quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n27

391 A antipatia entre duas pessoas se manifesta primeiro naquela
cujo Espírito é pior ou melhor?
– Tanto em um quanto no outro, mas as causas e os efeitos são diferentes.
Um Espírito mau tem antipatia contra qualquer pessoa que possa
julgá-lo e desmascará-lo. Ao ver uma pessoa pela primeira vez, sabe que vai
ser desaprovado; seu afastamento dessa pessoa se transforma em ódio,
em ciúme, e lhe inspira o desejo de fazer o mal. O Espírito bom sente repulsa
pelo mau porque sabe que não será compreendido e não partilharão dos
mesmos sentimentos, mas, seguro de sua superioridade, não tem contra o
outro ódio ou ciúme, contenta-se em evitá-lo e lastimá-lo.

ESQUECIMENTO DO PASSADO
392 Por que o Espírito encarnado perde a lembrança de seu passado?
– O homem não pode nem deve saber tudo. Deus em Sua sabedoria
quer assim. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria
deslumbrado, como aquele que passa sem transição do escuro para a
luz.O esquecimento do passado o faz sentir-se mais senhor de si.

393 Como o homem pode ser responsável por atos e reparar
faltas das quais não tem consciência? Como pode aproveitar a experiência
adquirida em existências caídas no esquecimento? Poderia se
conceber que as adversidades da vida fossem para ele uma lição ao
se lembrar do que as originou; mas, a partir do momento que não se
lembra, cada existência é para ele como a primeira e está, assim,
sempre recomeçando. Como conciliar isso com a justiça de Deus?
– A cada nova existência o homem tem mais inteligência e pode melhor
distinguir o bem do mal. Onde estaria o mérito, ao se lembrar de todo
o passado? Quando o Espírito volta à sua vida primitiva (a vida espírita),
toda sua vida passada se desenrola diante dele; vê as faltas que cometeu
e que são a causa de seu sofrimento e o que poderia impedi-lo de cometê-
las. Compreende que a posição que lhe foi dada foi justa e procura
então uma nova existência em que poderia reparar aquela que acabou.
Escolhe provas parecidas com as que passou ou as lutas que acredita
serem úteis para o seu adiantamento, e pede a Espíritos Superiores para
ajudá-lo nessa nova tarefa que empreende, porque sabe que o Espírito
que lhe será dado por guia nessa nova existência procurará fazê-lo reparar
suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das que cometeu. Essa
mesma intuição é o pensamento, o desejo maldoso que freqüentemente
vos aparece e ao qual resistis instintivamente, atribuindo a maior parte das
vezes essa resistência aos princípios recebidos de vossos pais, enquanto
é a voz da consciência que vos fala. Essa voz é a lembrança do passado,
que vos adverte para não recair nas faltas que já cometestes. O Espírito,
ao entrar nessa nova existência, se suporta essas provas com coragem e
resiste, eleva-se e sobe na hierarquia dos Espíritos, quando volta para o
meio deles.

394 Nos mundos mais avançados que o nosso, onde os habitantes
não são oprimidos por todas as nossas necessidades físicas e
enfermidades, os homens compreendem que são mais felizes do que
nós? A felicidade, em geral, é relativa. Nós a sentimos em comparação
a um estado menos feliz. Como, definitivamente, alguns desses
mundos, ainda que melhores que o nosso, não estão no estado de
perfeição, os homens que os habitam devem ter seus motivos de aborrecimentos.
Entre nós, o rico, que não tem angústias de necessidades
materiais como o pobre, tem, ainda assim, outras que tornam sua
vida amarga. Portanto, pergunto: em sua posição, os habitantes desses
mundos não se crêem tão infelizes quanto nós e não se lamentam
de sua sorte, já que não têm lembrança de uma existência inferior
para servir de comparação?
– Para isso, é preciso dar duas respostas diferentes. Há mundos,
entre esses que citastes, onde os habitantes têm uma lembrança muito
clara e precisa de suas existências passadas; estes, vós o compreendeis,
podem e sabem apreciar a felicidade que Deus lhes permite saborear. Há
outros onde os habitantes, como dissestes, colocados em melhores condições
do que vós, na Terra não têm grandes aborrecimentos nem
infelicidades. Esses não apreciam sua felicidade pelo fato de não se lembrarem
de um estado ainda mais infeliz. Entretanto, se não a apreciam
como homens, apreciam como Espíritos.

395 Podemos ter algumas revelações de nossas existências anteriores?
– Nem sempre. Muitos sabem, entretanto, o que foram e o que fizeram;
se fosse permitido dizer abertamente, fariam singulares revelações
sobre o passado.

396 Certas pessoas acreditam ter uma vaga lembrança de um
passado desconhecido que se apresenta a elas como a imagem passageira
de um sonho, que se procura, em vão, reter. Essa idéia é
apenas ilusão?
– Algumas vezes é real; mas muitas vezes é também ilusão contra a
qual é preciso ficar atento, porque pode ser o efeito de uma imaginação
superexcitada.

397 Nas existências de natureza mais elevadas que a nossa, a
lembrança das existências anteriores é mais precisa?
– Sim; à medida que o corpo se torna menos material, as lembranças
se revelam com mais exatidão. A lembrança do passado é mais
clara para os que habitam mundos de uma ordem superior.

398 Pelo estudo de suas tendências instintivas, que são uma
recordação do passado, o homem pode conhecer os erros que cometeu?
– Sem dúvida, até certo ponto; mas é preciso se dar conta da
melhora que pôde se operar no Espírito e as resoluções que ele tomou
na vida espiritual. A existência atual pode ser bem melhor que a precedente.

398 a Ela pode ser pior? Ou seja, o homem pode cometer numa
existência faltas que não cometeu em existências precedentes?
– Isso depende de seu adiantamento; se não resistir às provas, pode
ser levado a novas faltas, que são conseqüência da posição que escolheu.
Mas, em geral, essas faltas mostram antes um estado estacionário
do que retrógrado, porque o Espírito pode avançar ou estacionar, mas
nunca retroceder.

399 Os acontecimentos da vida corporal são, ao mesmo tempo,
uma expiação pelas faltas passadas e provas que visam ao futuro.
Pode-se dizer que da natureza dessas situações se possa deduzir o
gênero da existência anterior?
– Muito freqüentemente, uma vez que cada um é punido pelos erros
que cometeu; entretanto, não deve ser isso uma regra absoluta. As tendências
instintivas são a melhor indicação, visto que as provas pelas quais
o Espírito passa se referem tanto ao futuro quanto ao passado.

400 O Espírito encarnado permanece espontaneamente no corpo?
– É como perguntar se o prisioneiro se alegra com a prisão. O Espírito
encarnado aspira sem cessar à libertação, e quanto mais o corpo for grosseiro,
mais deseja desembaraçar-se dele.

401 Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
– Não, o Espírito nunca fica inativo. Durante o sono, os laços que o
prendem ao corpo se relaxam e, como o corpo não precisa do Espírito, ele
percorre o espaço e entra em relação mais direta com outros Espíritos.

402 Como avaliar a liberdade do Espírito durante o sono?
– Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, o Espírito tem mais condições
de exercer seus dons, faculdades do que em vigília; tem a lembrança
do passado e algumas vezes a previsão do futuro; adquire mais poder e
pode entrar em comunicação com outros Espíritos, neste mundo ou em
outro. Quando dizeis: tive um sonho esquisito, horrível, mas que não tem
nada de real, enganais-vos; é, muitas vezes, a lembrança dos lugares e
das coisas que vistes ou que vereis numa outra existência, ou num outro
momento. O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito se empenhe
em superar suas amarras e investigar o passado ou o futuro.
Pobres homens, que pouco conheceis dos mais simples fenômenos
da vida! Julgai-vos sábios e, entretanto, vos embaraçais com as coisas
mais simples; ficais perturbados com a pergunta de todas as crianças: o
que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos?
O sono liberta, em parte, a alma do corpo. Quando dormimos, estamos
momentaneamente no estado em que o homem se encontra após a
morte. Os Espíritos que logo se desligam da matéria, quando desencarnam,
têm um sono consciente. Durante o sono, reúnem-se à sociedade
de outros seres superiores e com eles viajam, conversam e se instruem;
trabalham até mesmo em obras que depois encontram prontas, quando,
pelo desencarne, retornam ao mundo espiritual. Isso deve vos ensinar uma
vez mais a não temer a morte, uma vez que morreis todos os dias, segun-
do a palavra de um santo. Isso para os Espíritos elevados; mas para o
grande número de homens que, ao desencarnar, devem permanecer longas
horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual já vos falaram, esses
vão, enquanto dormem, a mundos inferiores à Terra, onde antigas
afeições os evocam, ou vão procurar prazeres talvez ainda mais baixos
que os que têm aí; vão se envolver com doutrinas ainda mais desprezíveis,
ordinárias e nocivas que as que professam em vosso meio. O que gera a
simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de os homens, ao despertar,
se sentirem ligados pelo coração àqueles com quem acabaram de
passar de oito a nove horas de prazer. Isso também explica as antipatias
invencíveis que sentimos intimamente, porque sabemos que essas pessoas
com quem antipatizamos têm uma consciência diferente da nossa e
as conhecemos sem nunca tê-las visto com os olhos. Explica ainda a
nossa indiferença, pois não desejamos fazer novos amigos quando sabemos
que há outras pessoas que nos amam e nos querem bem. Em uma
palavra, o sono influi mais na vossa vida do que pensais. Durante o sono,
os Espíritos encarnados estão sempre se relacionando com o mundo dos
Espíritos e é isso que faz com os Espíritos Superiores consintam, sem
muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que em contato com o
vício eles pudessem se renovar na fonte do bem, para não mais falharem,
eles, que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu para
entrarem em contato com seus amigos do céu; é o recreio após o trabalho,
enquanto esperam a grande libertação, a libertação final que deve
devolvê-los a seu verdadeiro meio.
O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono; mas
notai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que
vistes, ou de tudo o que vistes. É que vossa alma não está em pleno
desdobramento. Muitas vezes, apenas fica a lembrança da perturbação
que acompanha vossa partida ou vossa volta, à qual se acrescenta a do
que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília; sem isso, como
explicaríeis esses sonhos absurdos que têm tanto os mais sábios quanto
os mais simples? Os maus Espíritos se servem também dos sonhos para
atormentar as almas fracas e medrosas.
Além disso, vereis dentro em pouco se desenvolver uma outra espécie
de sonhos1; ela é tão antiga quanto a que já conheceis, mas a ignorais. O
sonho de Joana D’arc2, o sonho de Jacó3, o sonho dos profetas judeus e de
alguns adivinhos indianos; esse sonho é a lembrança da alma quase inteiramente
desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vida de que falamos.
1 - Outra espécie de sonhos: ele se referia à mediunidade (N. E.).
2 - Joana D’Arc: heroína francesa. Comandou os exércitos da França à vitória sobre os ingleses,
orientada por seus sonhos e suas visões (N. E.).
3 - Jacó: patriarca hebreu do Antigo Testamento que viu em sonho uma escada que levava da
Terra ao céu (N. E.).
Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dentre os que
vos lembrais; sem isso, caireis em contradições e erros que serão funestos
à vossa fé.

403 Por que nem sempre nos lembramos dos sonhos?
– O que chamais de sono é apenas o repouso do corpo, mas o Espírito
está sempre ativo e durante o sono recobra um pouco de sua liberdade
e se corresponde com os que lhe são caros, neste mundo ou em outros.
Sendo o corpo uma matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as
impressões que o Espírito recebeu, visto que o Espírito não as percebeu
pelos órgãos do corpo.

404 O que pensar da significação atribuída aos sonhos?
– Os sonhos não têm o significado que certos adivinhos lhes atribuem.
É um absurdo acreditar que sonhar com isso significa aquilo. São verdadeiros
no sentido de que apresentam imagens reais ao Espírito, mas muitas
vezes não têm relação com o que se passa na vida corporal; são também,
como dissemos, uma lembrança. Algumas vezes, podem ser um pressentimento
do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa
nesse momento em um outro lugar para onde a alma se transporta. Não
tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem em sonho e vêm
advertir seus parentes ou amigos do que lhes está acontecendo? O que
são essas aparições, senão a alma ou o Espírito dessas pessoas que vêm
se comunicar com o vosso? Quando estais certos de que o que vistes realmente
aconteceu, não é uma prova de que a imaginação não tomou parte
em nada, principalmente se as ocorrências do sonho não estavam de
modo algum em vosso pensamento enquanto acordados?

405 Vêem-se freqüentemente em sonho coisas que parecem pressentimentos
e que não se realizam; de onde vem isso?
–Elas podem se realizar apenas para o Espírito, ou seja, o Espírito vê
a coisa que deseja porque vai procurá-la. Não deveis esquecer que, durante
o sono, a alma está constantemente sob influência da matéria, às
vezes mais, às vezes menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente
das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto
acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se
deseja ou do que se teme. A isso verdadeiramente é o que se pode chamar
de efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com
uma idéia, liga-se a essa idéia tudo o que se vê.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n26

376 Por que a loucura leva algumas vezes ao suicídio?
– O Espírito sofre com o constrangimento e a impossibilidade de se
manifestar livremente, por isso procura na morte um meio de romper seus
laços.

377 O Espírito de um doente mental é afetado, depois da morte,
pelo desarranjo de suas faculdades?
– Pode se ressentir durante algum tempo após a morte, até que esteja
completamente desligado da matéria, como o homem que acorda se ressente
por algum tempo da perturbação em que o sono o mergulha.

378 Como a alteração do cérebro pode reagir sobre o Espírito
após a morte do corpo?
– É uma lembrança. Um peso oprime o Espírito e, como não teve conhecimento
de tudo que se passou durante sua loucura, precisa sempre de
um certo tempo para se pôr a par de tudo; é por isso que, quanto mais
tempo durar a loucura durante a vida terrena, mais tempo dura a opressão,
o constrangimento após a morte. O Espírito desligado do corpo se ressente,
durante algum tempo, da impressão dos laços que os uniam.

INFÂNCIA
379 O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido
quanto o de um adulto?
– Pode até ser mais, se progrediu mais. São apenas órgãos imperfeitos
que o impedem de se manifestar. Ele age em razão do instrumento,
com que pode se manifestar.

380 Numa criança de tenra idade, o Espírito, exceto pelo obstáculo
que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, pensa
como uma criança ou como um adulto?
– Quando é criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando
desenvolvidos, não possam lhe dar toda a intuição de um adulto;
ele tem, de fato, a inteligência bastante limitada, enquanto a idade faz
amadurecer sua razão. A perturbação que acompanha a encarnação não
cessa subitamente no momento do nascimento; ela somente se dissipa
gradualmente, com o desenvolvimento dos órgãos.

381 Na morte da criança, o Espírito retoma imediatamente seu
vigor anterior?
– Deve retomar, uma vez que está livre do corpo; entretanto, apenas
readquire sua lucidez quando a separação é completa, ou seja, quando
não existe mais nenhum laço entre o Espírito e o corpo.

382 O Espírito encarnado sofre, durante a infância, com as limitações
da imperfeição de seus órgãos?
– Não. Esse estado é uma necessidade, está na natureza e de acordo
com os planos da Providência: é um tempo de repouso para o Espírito.

383 Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?
– O Espírito, encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante
esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento,
para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados
de sua educação.

384 Por que a primeira manifestação de uma criança é de choro?
– Para excitar o interesse da mãe e provocar os cuidados que lhe são
necessários. Não compreendeis que, se houvesse apenas manifestações
de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se preocupariam com suas
necessidades? Admirai em tudo a sabedoria da Providência.

385 De onde vem a mudança que se opera no caráter em uma
determinada idade e particularmente ao sair da adolescência? É o
Espírito que se modifica?
– É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como era. Vós não
conheceis o segredo que escondem as crianças em sua inocência, não
sabeis o que são, o que foram, o que serão e, entretanto, as amais, lhes
quereis bem, como se fossem uma parte de vós mesmos, a tal ponto que
o amor de uma mãe por seus filhos é considerado o maior amor que um
ser possa ter por outro. De onde vem essa doce afeição, essa terna benevolência
que até mesmo estranhos sentem por uma criança? Vós sabeis?
Não; é isso que vou explicar.
As crianças são os seres que Deus envia em novas existências e,
para não lhes impor uma severidade muito grande, lhes dá todo o toque
de inocência. Mesmo para uma criança de natureza má suas faltas são
cobertas com a não-consciência de seus atos. Essa inocência não é uma
superioridade real sobre o que eram antes; não, é a imagem do que deveriam
ser e se não o são é somente sobre elas que recai a pena.
Mas, não é apenas por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é também
e principalmente por seus pais, cujo amor é necessário para sua
fraqueza. Esse amor seria notoriamente enfraquecido frente a um caráter
impertinente e rude, ao passo que, ao acreditar que seus filhos são bons
e dóceis, lhes dão toda a afeição e os rodeiam com os mais atenciosos
cuidados. Mas quando os filhos não têm mais necessidade dessa proteção,
dessa assistência que lhes foi dada durante quinze ou vinte anos, seu
caráter real e individual reaparece em toda sua nudez: conservam-se bons,
se eram fundamentalmente bons; mas sempre sobressaem as características
que estavam ocultas na primeira infância.
Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e, quando
se tem o coração puro, a explicação é fácil de ser concebida.
De fato, imaginai que o Espírito das crianças pode vir de um mundo
em que adquiriu hábitos totalmente diferentes; como gostaríeis que vivesse
entre vós esse novo ser que vem com paixões completamente diferentes
das vossas, com inclinações, gostos inteiramente opostos aos vossos?
Como deveria se incorporar e alinhar-se entre vós de outra forma senão
por aquela que Deus quis, ou seja, pelo crivo da infância? Aí se confundem
todos os pensamentos, os caracteres e as variedades de seres gerados
por essa multidão de mundos nos quais crescem as criaturas. E vós mesmos,
ao desencarnar, vos encontrareis numa espécie de infância entre
novos irmãos; e nessa nova existência não-terrestre ignorareis os hábitos,
os costumes, as relações desse mundo novo para vós; manejareis com
dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais viva
do que é hoje o vosso pensamento. (Veja, nesta obra, a questão 319.)
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos apenas entram na
vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar; a fraqueza da idade infantil os
torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem
fazê-los progredir. É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas
más tendências; este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão
sagrada pela qual terão de responder. Por isso a infância não é somente
útil, necessária, indispensável, mas é ainda a conseqüência natural das
Leis que Deus estabeleceu e que regem o universo.

SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS
386 Dois seres que se conhecem e se amam podem se encontrar
em outra existência corporal e se reconhecer?
– Reconhecer-se, não; mas podem sentir-se atraídos um pelo outro.
Freqüentemente, as ligações íntimas fundadas numa afeição sincera não
têm outra causa. Dois seres aproximam-se um do outro por conseqüências
casuais em aparência, mas que são de fato a atração de dois Espíritos
que se procuram na multidão.

386 a Não seria mais agradável para eles se reconhecerem?
– Nem sempre; a lembrança das existências passadas teria inconvenientes
maiores do que podeis imaginar. Após a morte, se reconhecerão,
saberão o tempo que passaram juntos. (Veja, nesta obra, a questão 392.)

387 A simpatia vem sempre de um conhecimento anterior?
– Não. Dois Espíritos que se compreendem procuram-se naturalmente,
sem que necessariamente se tenham conhecido em encarnações passadas.

388 Os encontros que ocorrem, algumas vezes, e que se atribuem
ao acaso não serão o efeito de uma certa relação de simpatia?
– Há entre os seres pensantes laços que ainda não conheceis. O
magnetismo é que dirige essa ciência, que compreendereis melhor mais
tarde.

389 De onde vem a repulsa instintiva que se tem por certas pessoas,
à primeira vista?
– Espíritos antipáticos que se adivinham e se reconhecem sem se
falar.

390 A antipatia instintiva é sempre um sinal de natureza má?
– Dois Espíritos não são necessariamente maus por não serem simpáticos
um para com o outro. A antipatia pode se originar da diferença no
modo de pensar. Mas, à medida que se elevam, as divergências se apagam
e a antipatia desaparece.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n25

361 De onde vêm, para o homem, suas qualidades morais, boas
ou más?
– São do Espírito encarnado nele; quanto mais o Espírito for puro,
mais o homem é levado ao bem.

361 a Parece resultar daí que o homem de bem é a encarnação
de um Espírito bom e o homem vicioso a de um mau?
– Sim. Mas devemos dizer que é um Espírito imperfeito, senão poderia
se acreditar na existência de Espíritos sempre maus, a quem chamais
de demônios.

362 Qual é o caráter dos indivíduos nos quais encarnam os Espíritos
travessos e levianos?
– São criaturas imprudentes, maliciosas e, algumas vezes, seres maldosos.

363 Os Espíritos possuem paixões que não pertencem à humanidade?
– Não; se as tivessem as teriam comunicado aos homens.

364 É o mesmo Espírito que dá ao homem as qualidades morais
e da inteligência?
– Certamente é o mesmo, e isso em razão do grau que alcançou na
escala evolutiva. O homem não tem em si dois Espíritos.

365 Por que alguns homens muito inteligentes, que evidenciam
estar neles encarnados Espíritos Superiores, são, ao mesmo tempo,
cheios de vícios?
– É que os Espíritos encarnados neles não são puros o suficiente, e o
homem cede à influência de outros Espíritos ainda piores. O Espírito progride
numa marcha ascendente insensível, mas o progresso não se cumpre
simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período das suas
muitas existências, pode avançar em ciência; num outro, em moralidade.

366 O que pensar da opinião de que as diferentes faculdades
intelectuais e morais do homem seriam o produto de diferentes Espíritos
encarnados nele e tendo cada um uma aptidão especial?
– Ao refletir sobre essa opinião, reconhece-se que é absurda. O Espírito
deve ter todas as aptidões; para poder progredir, lhe é necessária uma
vontade única. Se o homem fosse uma mistura de Espíritos, essa vontade
não existiria e não teria individualidade, uma vez que, em sua morte, todos
esses Espíritos seriam como um bando de pássaros escapados duma
gaiola. O homem lamenta-se, freqüentemente, de não compreender certas
coisas, e é curioso ver como multiplica as dificuldades, quando tem ao
seu alcance uma explicação muito simples e natural. Ainda aqui, toma o
efeito pela causa; é fazer em relação ao homem o que os pagãos faziam
em relação a Deus. Eles acreditavam em tantos deuses quantos são os
fenômenos no universo, mas mesmo entre eles havia pessoas sensatas
que já viam nesses fenômenos apenas efeitos, que tinham uma única
causa – Deus.

INFLUÊNCIA DO ORGANISMO
367 O Espírito, ao se unir ao corpo, se identifica com a matéria?
– A matéria é apenas o envoltório do Espírito, assim como a roupa é o
envoltório do corpo. O Espírito, ao se unir ao corpo, conserva o que é
próprio de sua natureza espiritual.

368 As faculdades ou dons do Espírito se exercem com toda a
liberdade após sua união com o corpo?
– O exercício das faculdades depende dos órgãos que lhes servem
de instrumento: são enfraquecidas pela grosseria da matéria.
368 a Assim, o corpo material seria um obstáculo à livre manifestação
das faculdades do Espírito, como um vidro opaco se opõe à livre
emissão da luz?
– Sim, é como um vidro muito opaco.

369 O livre exercício das faculdades da alma está subordinado
ao desenvolvimento dos órgãos?
– Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da
alma; essa manifestação depende do desenvolvimento e grau de perfeição
desses mesmos órgãos, como a boa qualidade de um trabalho
depende da boa qualidade da ferramenta.

370 Pode-se deduzir que, da influência dos órgãos na ação das
faculdades do Espírito, possa haver uma relação entre o desenvolvimento
do cérebro e das qualidades morais e intelectuais?
– Não se deve confundir o efeito com a causa. O Espírito tem sempre
as faculdades que lhe são próprias. Não são, portanto, os órgãos que dão
as faculdades e sim as faculdades que conduzem ao desenvolvimento
dos órgãos.

370 a Assim sendo, a diversidade das aptidões no homem provém
unicamente do estado do Espírito?
– Unicamente não é o termo mais exato; as qualidades do Espírito,
que pode ser mais ou menos avançado, são o princípio; mas é preciso ter
em conta a influência da matéria, que limita mais ou menos o exercício
dessas faculdades.

OS DEFICIENTES MENTAIS E A LOUCURA
371 A opinião de que os deficientes mentais teriam uma alma
inferior tem fundamento?
– Não. Eles têm uma alma humana, muitas vezes mais inteligente do
que pensais, que sofre da insuficiência dos meios que tem para se manifestar,
assim como o mudo sofre por não poder falar.

372 Qual o objetivo da Providência ao criar seres infelizes como
os loucos e os deficientes mentais?
– São Espíritos em punição que habitam corpos deficientes. Esses
Espíritos sofrem com o constrangimento que experimentam e com a dificuldade
que têm de se manifestarem por meio de órgãos não desenvolvidos
ou desarranjados.

372 a É exato dizer que os órgãos não têm influência sobre as
faculdades?
– Nunca dissemos que os órgãos não têm influência. Têm uma influência
muito grande sobre a manifestação das faculdades; porém, não as
produzem; eis a diferença. Um bom músico com um instrumento ruim não
fará boa música, mas isso não o impedirá de ser um bom músico.

373 Qual pode ser o mérito da existência para seres que, como
os loucos e os deficientes mentais, não podendo fazer o bem nem o
mal, não podem progredir?
– É uma expiação obrigatória pelo abuso que fizeram de certas faculdades;
é um tempo de prisão.

373 a O corpo de um deficiente mental pode, assim, abrigar um
Espírito que teria animado um homem de gênio em uma existência
precedente?
– Sim. A genialidade torna-se às vezes um flagelo quando dela se
abusa.

374 O deficiente mental, no estado de Espírito, tem consciência
de seu estado mental?
– Sim, muito freqüentemente; ele compreende que as correntes que
impedem seu vôo são uma prova e uma expiação.

375 Qual é a situação do Espírito na loucura?
– O Espírito, no estado de liberdade, recebe diretamente suas impressões
e exerce diretamente sua ação sobre a matéria. Porém,
encarnado, se encontra em condições bem diferentes e na obrigatoriedade
de só fazer isso com a ajuda de órgãos especiais. Se uma parte ou o
conjunto desses órgãos for alterado, sua ação ou suas impressões, no
que diz respeito a esses órgãos, são interrompidas. Se ele perde os olhos,
torna-se cego; se perde o ouvido, torna-se surdo, etc. Imagina agora que
o órgão que dirige os efeitos da inteligência e da vontade, o cérebro, seja
parcial ou inteiramente danificado ou modificado e ficará fácil compreender
que o Espírito, podendo dispor apenas de órgãos incompletos ou
deturpados, deverá sentir uma perturbação da qual, por si mesmo e em
seu íntimo, tem perfeita consciência, mas não é senhor para deter-lhe o
curso, não tem como alterar essa condição.

375 a É então sempre o corpo e não o Espírito que está desorganizado?
– Sim. Mas é preciso não perder de vista que, da mesma forma como
o Espírito age sobre a matéria, também a matéria reage sobre o Espírito
numa certa medida, e que o Espírito pode se encontrar momentaneamente
impressionado pela alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe
suas impressões. Pode acontecer que, depois de um período longo,
quando a loucura durou muito tempo, a repetição dos mesmos atos acabe
por ter sobre o Espírito uma influência da qual somente se livra quando
estiver completamente desligado de todas as impressões materiais.

domingo, 8 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n24

346 O que acontece ao Espírito, se o corpo que escolheu morre
antes de nascer?
– Ele escolhe um outro.

346 a Qual é a razão dessas mortes prematuras?
– As imperfeições da matéria são a causa mais freqüente dessas
mortes.

347 Que utilidade pode ter para um Espírito sua encarnação num
corpo que morre poucos dias após seu nascimento?
– O ser não tem a consciência inteiramente desenvolvida de sua existência
e a importância da morte é para ele quase nula. É muitas vezes,
como já dissemos, uma prova para os pais.

348 O Espírito sabe, com antecedência, que o corpo que escolheu
não tem probabilidades de vida?
– Algumas vezes, sabe; mas se o escolher por esse motivo, é porque
recua diante da prova.

349 Quando uma encarnação falha para o Espírito, por uma causa
qualquer, é suprida imediatamente por outra existência?
– Nem sempre imediatamente. É preciso ao Espírito o tempo de escolher
de novo, a menos que uma reencarnação imediata seja uma
determinação anterior.

350 O Espírito, uma vez unido ao corpo de uma criança e quando
já não pode voltar atrás, lamenta, algumas vezes, a escolha que fez?
– Quereis dizer se, como homem, lastima a vida que tem? Se gostaria
de outra? Sim. Lamenta-se da escolha que fez? Não; ele não sabe que a
escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha
de que não tem consciência, mas pode achar a carga muito pesada e
considerá-la acima de suas forças. São esses os casos dos que recorrem
ao suicídio.

351 No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito desfruta
de todas as suas faculdades?
– Mais ou menos, de acordo com a época, visto que ainda não está
encarnado, e sim vinculado. Desde o instante da concepção, o Espírito
começa a ser tomado de perturbação, anunciando-lhe que é chegado o
momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo
até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um
Espírito encarnado durante o sono do corpo. À medida que a hora do
nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança
do passado, do qual não terá mais consciência, como pessoa, logo
que entrar na vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória
ao retornar ao seu estado de Espírito.

352 No momento do nascimento, o Espírito recupera imediatamente
a plenitude de suas faculdades?
– Não, elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. É para ele
uma nova existência; é preciso que aprenda a se servir de seus instrumentos.
As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que sai do
sono e se encontra numa posição diferente daquela que tinha na véspera.

353 Como a união do Espírito e do corpo só está completa e
definitivamente consumada após o nascimento, pode-se considerar o
feto como tendo uma alma?
– O Espírito que deve animá-lo existe, de alguma forma, fora dele; não
possui, propriamente falando, uma alma, já que a encarnação está apenas
em via de se operar. Mas o feto está ligado à alma que deve possuir.

354 Como explicar a vida intra-uterina?
– É a da planta que vegeta. A criança vive, então, a vida animal. O
homem tem em si a vida animal e a vida vegetal, que se completam no
nascimento com a vida espiritual.

355 Há, como indica a ciência, crianças que, desde o ventre
materno, não têm possibilidades de viver? Qual o objetivo disso?
– Isso acontece freqüentemente; a Providência o permite como prova
para seus pais ou para o Espírito que está para reencarnar.

356 Existem crianças que, nascendo mortas, não foram destinadas
à encarnação de um Espírito?
– Sim, há as que nunca tiveram um Espírito destinado para o corpo;
nada devia realizar-se por elas. É, então, somente pelos pais que essa
criança veio.

356 a Um ser dessa natureza pode chegar a nascer?
– Sim, algumas vezes; porém, não vinga, não vive.

356 b Toda criança que sobrevive ao nascimento tem, necessariamente,
um Espírito encarnado nela?
– O que seria sem o Espírito? Não seria um ser humano.

357 Quais são, para o Espírito, as conseqüências do aborto?
– É uma existência nula que terá de recomeçar.

358 O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época
da concepção?
– Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou
qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida de uma
criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de suportar as
provas das quais o corpo devia ser o instrumento.

359 No caso em que a vida da mãe esteja em perigo pelo nascimento
do filho, existe crime ao sacrificar a criança para salvar a mãe?
– É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

360 É racional ter pelo feto a mesma atenção que se tem pelo
corpo de uma criança que tenha vivido?
– Em tudo isso deveis ver a vontade de Deus e Sua obra. Não trateis,
portanto, levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar
as obras da Criação, que são incompletas algumas vezes pela vontade
do Criador? Isso pertence a seus desígnios, que ninguém é chamado a
julgar.

Serie de perguntas e respostas n24

346 O que acontece ao Espírito, se o corpo que escolheu morre
antes de nascer?
– Ele escolhe um outro.

346 a Qual é a razão dessas mortes prematuras?
– As imperfeições da matéria são a causa mais freqüente dessas
mortes.

347 Que utilidade pode ter para um Espírito sua encarnação num
corpo que morre poucos dias após seu nascimento?
– O ser não tem a consciência inteiramente desenvolvida de sua existência
e a importância da morte é para ele quase nula. É muitas vezes,
como já dissemos, uma prova para os pais.

348 O Espírito sabe, com antecedência, que o corpo que escolheu
não tem probabilidades de vida?
– Algumas vezes, sabe; mas se o escolher por esse motivo, é porque
recua diante da prova.

349 Quando uma encarnação falha para o Espírito, por uma causa
qualquer, é suprida imediatamente por outra existência?
– Nem sempre imediatamente. É preciso ao Espírito o tempo de escolher
de novo, a menos que uma reencarnação imediata seja uma
determinação anterior.

350 O Espírito, uma vez unido ao corpo de uma criança e quando
já não pode voltar atrás, lamenta, algumas vezes, a escolha que fez?
– Quereis dizer se, como homem, lastima a vida que tem? Se gostaria
de outra? Sim. Lamenta-se da escolha que fez? Não; ele não sabe que a
escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha
de que não tem consciência, mas pode achar a carga muito pesada e
considerá-la acima de suas forças. São esses os casos dos que recorrem
ao suicídio.

351 No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito desfruta
de todas as suas faculdades?
– Mais ou menos, de acordo com a época, visto que ainda não está
encarnado, e sim vinculado. Desde o instante da concepção, o Espírito
começa a ser tomado de perturbação, anunciando-lhe que é chegado o
momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo
até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um
Espírito encarnado durante o sono do corpo. À medida que a hora do
nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança
do passado, do qual não terá mais consciência, como pessoa, logo
que entrar na vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória
ao retornar ao seu estado de Espírito.

352 No momento do nascimento, o Espírito recupera imediatamente
a plenitude de suas faculdades?
– Não, elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. É para ele
uma nova existência; é preciso que aprenda a se servir de seus instrumentos.
As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que sai do
sono e se encontra numa posição diferente daquela que tinha na véspera.

353 Como a união do Espírito e do corpo só está completa e
definitivamente consumada após o nascimento, pode-se considerar o
feto como tendo uma alma?
– O Espírito que deve animá-lo existe, de alguma forma, fora dele; não
possui, propriamente falando, uma alma, já que a encarnação está apenas
em via de se operar. Mas o feto está ligado à alma que deve possuir.

354 Como explicar a vida intra-uterina?
– É a da planta que vegeta. A criança vive, então, a vida animal. O
homem tem em si a vida animal e a vida vegetal, que se completam no
nascimento com a vida espiritual.

355 Há, como indica a ciência, crianças que, desde o ventre
materno, não têm possibilidades de viver? Qual o objetivo disso?
– Isso acontece freqüentemente; a Providência o permite como prova
para seus pais ou para o Espírito que está para reencarnar.

356 Existem crianças que, nascendo mortas, não foram destinadas
à encarnação de um Espírito?
– Sim, há as que nunca tiveram um Espírito destinado para o corpo;
nada devia realizar-se por elas. É, então, somente pelos pais que essa
criança veio.

356 a Um ser dessa natureza pode chegar a nascer?
– Sim, algumas vezes; porém, não vinga, não vive.

356 b Toda criança que sobrevive ao nascimento tem, necessariamente,
um Espírito encarnado nela?
– O que seria sem o Espírito? Não seria um ser humano.

357 Quais são, para o Espírito, as conseqüências do aborto?
– É uma existência nula que terá de recomeçar.

358 O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época
da concepção?
– Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou
qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida de uma
criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de suportar as
provas das quais o corpo devia ser o instrumento.

359 No caso em que a vida da mãe esteja em perigo pelo nascimento
do filho, existe crime ao sacrificar a criança para salvar a mãe?
– É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

360 É racional ter pelo feto a mesma atenção que se tem pelo
corpo de uma criança que tenha vivido?
– Em tudo isso deveis ver a vontade de Deus e Sua obra. Não trateis,
portanto, levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar
as obras da Criação, que são incompletas algumas vezes pela vontade
do Criador? Isso pertence a seus desígnios, que ninguém é chamado a
julgar.

sábado, 7 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n23

331 Todos os Espíritos se preocupam com sua reencarnação?
– Há muitos que nem mesmo pensam nisso, nem a compreendem;
isso depende de sua natureza mais ou menos avançada. Para alguns, a
incerteza quanto ao futuro é uma punição.

332 O Espírito pode antecipar ou retardar o momento de sua
reencarnação?
– Pode antecipá-lo, solicitando-o em suas preces. Pode também retardá-
lo, recuar diante da prova, porque entre os Espíritos há também os
covardes e os indiferentes, mas não o fazem impunemente. Ele sofre, como
quem recua diante do remédio salutar que pode curá-lo.

333 Se um Espírito se encontrasse bastante feliz por estar numa
condição mediana na espiritualidade e se não tivesse ambição de
progredir, poderia prolongar esse estado indefinidamente?
– Não. Não indefinidamente. Progredir é uma necessidade que o Espírito
sente, cedo ou tarde. Todos devem elevar-se, esse é o propósito da
destinação dos Espíritos.

334 A união da alma com este ou aquele corpo é predestinada,
ou a escolha se faz apenas no último momento?
– O Espírito é sempre designado antes. Ao escolher a prova por que
deseja passar, pede para encarnar; portanto, Deus, que tudo sabe e tudo
vê, sabe e vê antecipadamente que alma se unirá a qual corpo.

335 O Espírito faz a escolha do corpo em que deve encarnar, ou
apenas do gênero de vida que lhe deve servir de prova?
– Pode escolher o corpo, já que as imperfeições desse corpo são
para ele provas que ajudam no seu adiantamento, se vencer os obstáculos
que aí encontra. Embora possa pedir, a escolha nem sempre depende
dele.

335 a O Espírito poderia, no último momento, recusar o corpo
escolhido por ele?
– Se recusasse, sofreria muito mais do que aquele que não tentou
nenhuma prova.

336 Poderia acontecer que um corpo que tivesse de nascer não
encontrasse Espírito para encarnar nele?
– Deus a isso proveria. Quando a criança deve nascer para viver, está
sempre predestinada a ter uma alma; nada foi criado sem finalidade.

337 A união do Espírito com um determinado corpo pode ser
imposta pela Providência Divina?
– Pode ser imposta, bem como as diferentes provas, especialmente
quando o Espírito ainda não está apto a fazer uma escolha com conhecimento
de causa. Como expiação, o Espírito pode ser obrigado a se unir ao
corpo de uma criança que por seu nascimento e pela posição que terá no
mundo poderão tornar-se para ele uma punição.

338 Se acontecesse de muitos Espíritos se apresentarem para um
mesmo corpo determinado a nascer, o que ficaria decidido entre eles?
– Muitos podem pedir isso. Julga-se num caso desses quem é mais
capaz de desempenhar a missão à qual a criança está destinada; mas,
como já foi dito, o Espírito já está designado antes do instante que deve
unir-se ao corpo.

339 O momento da encarnação é acompanhado de uma perturbação
semelhante à que se experimenta ao desencarnar?
– Muito maior e principalmente mais longa. Na morte o Espírito sai da
escravidão; no nascimento, entra nela.

340 O instante em que o Espírito deve encarnar é para ele solene?
Realiza esse ato como uma coisa séria e importante?
– É como um navegante que embarca para uma travessia perigosa e
não sabe se vai encontrar a morte nas ondas que enfrenta.

341 A incerteza em que se encontra o Espírito sobre a eventualidade
do sucesso das provas que vai suportar na vida é motivo de
ansiedade antes de sua encarnação?
– Uma ansiedade muito grande, uma vez que as provas dessa existência
retardarão ou adiantarão seu progresso, de acordo com o que tiver
suportado bem ou mal.

342 No momento de sua reencarnação, o Espírito está acompanhado
por outros Espíritos, seus amigos, que vêm assistir à sua partida
do mundo espírita, assim como o recebem quando para lá retorna?
– Isso depende da esfera que o Espírito habita. Se estiver onde reina
a afeição, os Espíritos que o amam o acompanham até o último momento,
encorajam-no, e muitas vezes até o seguem durante a vida.

343 Os Espíritos amigos que nos seguem durante a vida são
alguns dos que vemos em sonho, que nos demonstram afeição e se
apresentam a nós com aparências desconhecidas?
– Muito freqüentemente são os mesmos. Vêm vos visitar, assim como
visitais um prisioneiro.

UNIÃO DA ALMA E DO CORPO. ABORTO
344 Em que momento a alma se une ao corpo?
– A união começa na concepção, mas só se completa no instante do
nascimento. No momento da concepção, o Espírito designado para habitar
determinado corpo se liga a ele por um laço fluídico e vai aumentando
essa ligação cada vez mais, até o instante do nascimento da criança. O
grito que sai da criança anuncia que ela se encontra entre os vivos e servidores
de Deus.

345 A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento
da concepção? Durante esse primeiro período o Espírito poderia
renunciar ao corpo designado?
– A união é definitiva no sentido de que nenhum outro Espírito poderá
substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços
que o unem são muito frágeis, fáceis de se romper, podem ser rompidos
pela vontade do Espírito, se este recuar diante da prova que escolheu;
nesse caso, a criança não vive.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n22

316 O Espírito se interessa pelos trabalhos que se executam na
Terra pelo progresso das artes e das ciências?
– Isso depende de sua elevação ou da missão que deve desempenhar.
O que vos parece magnífico é, muitas vezes, pouca coisa para certos
Espíritos, que a consideram como um sábio vê a obra de um estudante.
Eles têm consideração pelo que pode contribuir para a elevação dos Espíritos
encarnados e seus progressos.

317 Os Espíritos, após o desencarne, conservam o amor à pátria?
– É sempre o mesmo princípio: para os Espíritos elevados, a pátria é o universo; na Terra, a pátria está onde há mais pessoas que lhes inspirem simpatia.

318 As idéias dos Espíritos desencarnados se modificam quando
estão na erraticidade?
– Se modificam muito. Sofrem grandes modificações à medida que o
Espírito se desmaterializa. Ele pode algumas vezes permanecer por muito
tempo com as mesmas idéias, mas pouco a pouco a influência da matéria
diminui e vê as coisas com mais clareza. É então que procura os meios de se aperfeiçoar.

319 Uma vez que o Espírito já viveu a vida espírita em vidas
anteriores, de onde vem seu espanto ao reentrar no mundo dos Espíritos?
– É apenas o efeito do primeiro momento e da perturbação que se
segue ao seu despertar. Mais tarde reconhece perfeitamente o seu estado,
à medida que a lembrança do passado lhe vem e que se apaga a
impressão da vida terrestre. (Veja, nesta obra, questão 163 e segs.)
COMEMORAÇÃO DOS MORTOS. FUNERAIS

320 Os Espíritos são sensíveis à saudade daqueles que amaram
e que ficaram na Terra?
– Muito mais do que podeis supor; se são felizes, essa lembrança
aumenta sua felicidade; se são infelizes, essa lembrança é para eles um alívio.

321 O dia da comemoração dos mortos tem algo de solene para
os Espíritos? Eles se preparam para visitar os que vão orar nas suas
sepulturas?
– Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento tanto nesse dia
quanto em qualquer outro.

321 a Esse dia é para eles um encontro junto às suas sepulturas?
– Eles estão aí num maior número nesse dia, porque há mais pessoas
que os chamam. Mas cada um deles vem apenas pelos seus amigos e
não pela multidão de indiferentes.

321 b Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem
se tornar visíveis?
– Sob a forma pela qual os conhecemos quando encarnados.

322 Os Espíritos esquecidos, cujos túmulos ninguém visita, também
aí comparecem apesar disso? Lamentam não ver nenhum amigo
que se lembre deles?
– Que lhes importa a Terra? Eles somente se prendem a ela pelo
coração. Se aí não há amor, não há mais nada que retenha o Espírito: tem
todo o universo para si.

323 A visita ao túmulo dá mais satisfação ao Espírito do que uma
prece feita para ele?
– A visita ao túmulo é uma maneira de mostrar que se pensa no Espírito
ausente: é a imagem. Já vos disse, a prece é que santifica o ato da
lembrança; pouco importa o lugar, quando se ora com o coração.
324 Os Espíritos das pessoas às quais se erguem estátuas ou
monumentos assistem à inauguração e as vêem com prazer?
– Muitos comparecem a essas solenidades quando podem, mas são
menos sensíveis às homenagens que lhes prestam do que à lembrança.

325 De onde surge, para certas pessoas, o desejo de ser enterradas
num lugar em vez de outro? Revêem esse lugar com maior
satisfação após sua morte? Essa importância dada a uma coisa material
é um sinal de inferioridade do Espírito?
– A afeição do Espírito por determinados lugares é inferioridade moral.
Que diferença há entre um pedaço de terra em vez de outro para um
Espírito elevado? Ele não sabe que se unirá aos que ama, mesmo estando
os seus ossos separados?

325 a A reunião dos restos mortais de todos os membros de uma
família num mesmo lugar deve ser considerada como uma coisa fútil?
– Não. É um costume piedoso e um testemunho de simpatia por quem
se amou. Essa reunião pouco importa aos Espíritos, mas é útil aos homens:
as lembranças ficam concentradas num só lugar.

326 A alma, ao entrar na vida espiritual, é sensível às homenagens
prestadas aos seus despojos mortais?
– Quando o Espírito já atingiu um certo grau de perfeição, não possui
mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Porém,
ficai sabendo, há Espíritos que, no primeiro momento de seu
desencarne, sentem um grande prazer pelas homenagens que lhes prestam,
ou se aborrecem com a falta de atenção ao seu corpo físico; isso
porque ainda conservam alguns preconceitos da Terra.

327 O Espírito assiste ao enterro de seu corpo?
– Ele o assiste muito freqüentemente; mas, algumas vezes, se ainda
estiver perturbado, não se dá conta do que se passa.

327 a Ele fica lisonjeado com a concorrência de assistentes ao
seu enterro?
– Mais ou menos, de acordo com o sentimento que eles tenham.

328 O Espírito daquele que acaba de morrer assiste às reuniões
de seus herdeiros?
– Quase sempre; isso lhe é permitido para sua própria instrução e
para castigo dos culpados. O Espírito julga nessa hora o valor das manifestações
honrosas que lhe faziam. Todos os sentimentos dos herdeiros
se tornam claros como são de fato, e a decepção que sente ao ver a
cobiça daqueles que partilham seus bens o esclarece quanto a esses
sentimentos. Porém, a vez deles chegará igualmente.

329 O respeito instintivo que o homem, em todos os tempos e em
todos os povos, tem pelos mortos é o efeito da intuição de uma vida
futura?
– É a conseqüência natural dessa intuição; sem isso, esse respeito
não teria sentido.

330 Os Espíritos conhecem a época em que reencarnarão?
– Eles a pressentem, assim como um cego sente o fogo quando dele
se aproxima. Sabem que devem retornar a um corpo como sabeis que um
dia deveis morrer, mas não sabem quando isso vai acontecer. (Veja, nesta
obra, a questão 166.)

330 a A reencarnação é, então, uma necessidade da vida espírita,
assim como a morte é uma necessidade da vida corporal?
– Certamente. É exatamente assim.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n21

301 Dois Espíritos simpáticos são o complemento um do outro,
ou essa simpatia é o resultado de uma identidade perfeita?
– A simpatia que atrai um Espírito ao outro é o resultado da perfeita
concordância de suas tendências, de seus instintos; se um tivesse que
completar o outro, perderia sua individualidade.

302 A identidade necessária para a simpatia perfeita consiste
apenas na semelhança de pensamentos e sentimentos, ou ainda na
uniformidade dos conhecimentos adquiridos?
– Na igualdade dos graus de elevação.

303 Os Espíritos que não são simpáticos hoje podem tornar-se
mais tarde?
– Sim, todos o serão. Assim, o Espírito que está hoje numa esfera
inferior, ao se aperfeiçoar, alcançará a esfera onde está o outro. Seu reencontro
acontecerá mais prontamente se o que está num grau mais evoluído
permanecer estacionário por não ter conseguido superar as provas a que
se submeteu.

303 a Dois Espíritos simpáticos podem deixar de sê-lo?
– Certamente, se um deles for preguiçoso.
G A teoria das metades eternas7 é apenas uma figura que representa
a união de dois Espíritos simpáticos. É uma expressão usada até mesmo
na linguagem comum e não deve ser tomada ao pé da letra. Os
Espíritos que dela se serviram certamente não pertencem a uma ordem
elevada. A esfera de suas idéias é limitada e expressa seus pensamentos
pelos termos de que se serviam durante a vida corporal. É preciso
rejeitar essa idéia de dois Espíritos criados um para o outro, e que deverão,
portanto, um dia, fatalmente, se reunir na eternidade, após estarem
separados durante um espaço de tempo mais ou menos longo.

LEMBRANÇA DA EXISTÊNCIA CORPORAL
304 O Espírito se lembra de sua existência corporal?
– Sim, isto é, tendo vivido muitas vezes como homem, ele se lembra
do que foi, e eu vos asseguro que, às vezes, ri por sentir dó de si mesmo.

305 A lembrança da existência corporal se apresenta ao Espírito
de maneira completa e de súbito, após o desencarne?
– Não, ele a revê pouco a pouco, como algo que sai de um nevoeiro,
e à medida que fixa sua atenção nisso.

306 O Espírito se lembra, com detalhes, de todos os acontecimentos
de sua vida? Ele alcança o conjunto de um golpe de vista
retrospectivo?
– Ele se lembra das coisas em razão das conseqüências que tiveram
sobre a sua situação de Espírito. Mas deveis compreender que há muitas
circunstâncias da vida às quais não dá a menor importância e que nem
mesmo procura delas se lembrar.

306 a Ele poderia se lembrar, se quisesse?
– Pode se lembrar dos detalhes e de incidentes mais minuciosos,
seja dos acontecimentos, ou até mesmo de seus pensamentos; mas quando
isso não tem utilidade, não o faz.

306 b Ele entrevê o objetivo da vida terrestre com relação à vida
futura?
– Certamente a vê e a compreende bem melhor do que quando encarnado.
Compreende a necessidade de depuração para chegar ao infinito
e sabe que em cada existência se liberta de algumas impurezas.

307 Como a vida passada se retrata na memória do Espírito?
É por um esforço de sua imaginação, ou como um quadro que tem
diante dos olhos?
– De ambas as formas. Todos os atos de que deseja se lembrar são
para ele como se fossem presentes; os outros estão mais ou menos vagos
no seu pensamento, ou totalmente esquecidos. Quanto mais se
desmaterializa, menos dá importância às coisas materiais. Fazeis freqüentemente
a evocação de um Espírito que acaba de deixar a Terra e verificais
que não se lembra do nome das pessoas que amava, nem dos detalhes
que, para vós, parecem importantes; é que já não lhe interessam e caemlhe
no esquecimento. Do que se lembra muito bem é dos fatos principais
que o ajudam a se melhorar.

308 O Espírito se lembra de todas as existências que precederam
a última que acabou de deixar?
– Todo o seu passado se desenrola diante dele, como as etapas percorridas
por um viajante; mas, como já dissemos, não se lembra de uma
maneira absoluta de todos os atos, lembra-se dos fatos em razão da influência
que têm sobre seu estado presente. Quanto às primeiras
existências, as que podemos considerar como a infância do Espírito, perdem-
se no tempo e desaparecem na noite do esquecimento.

309 Como o Espírito considera o corpo que acabou de deixar?
– Como uma veste que o apertavae sente-se feliz por estar livre dele.

309 a Que sentimento experimenta quando vê seu corpo em decomposição?
– Quase sempre um sentimento de indiferença, como por uma coisa
que não tem mais importância.

310 Após um certo tempo, o Espírito reconhece os ossos ou outros
objetos que lhe tenham pertencido?
– Algumas vezes, sim; mas isso depende do ponto de vista mais ou
menos elevado de como considera as coisas terrenas.

311 O respeito que se tem pelos objetos materiais que pertenceram
ao Espírito atrai sua atenção sobre esses objetos e ele vê esse
respeito com prazer?
– O Espírito sempre fica feliz por ser lembrado. O respeito pelos objetos
dele que se conservaram trazem-no à memória daqueles que deixou.
Mas é o pensamento que o atrai até vós e não os objetos.

312 Os Espíritos conservam a lembrança dos sofrimentos que
passaram durante sua última encarnação?
– Muitas vezes a conservam, e essa lembrança os faz avaliar melhor
quanto vale a felicidade que podem alcançar como Espíritos.

313 O homem que foi feliz na Terra lamenta-se dos prazeres que
perde quando a deixa?
– Somente os Espíritos inferiores lamentam os prazeres perdidos relacionados
com a impureza do seu caráter e que expiam por seus sofrimentos.
Para os Espíritos elevados a felicidade eterna é mil vezes preferível aos
prazeres passageiros da Terra.

314 Aquele que começou grandes trabalhos com um objetivo útil
e os vê interrompidos pela morte lamenta, no outro mundo, por tê-los
deixado inacabados?
– Não, porque vê que outros estão destinados a terminá-los. Então se
empenha em influenciar outros Espíritos encarnados para continuá-los. Se
o seu objetivo na Terra era o bem da humanidade, continuará o mesmo no
mundo dos Espíritos.

315 Aquele que abandonou trabalhos de arte ou de literatura conserva
por suas obras o amor que lhes tinha quando era vivo?
– De acordo com sua elevação, julga-os sob um outro ponto de vista
e, freqüentemente, se arrepende de coisas que admirava antes.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n20

286 A alma, ao deixar o corpo logo após a morte, vê imediatamente
parentes e amigos que a precederam no mundo dos Espíritos?
– Imediatamente não é bem a palavra. Como já dissemos, ela precisa
de algum tempo para reconhecer seu estado e se desprender da matéria.

287 Como a alma é acolhida em seu retorno ao mundo dos Espíritos?
– A do justo, como um irmão bem-amado que é esperado há muito
tempo. A do mau, como um ser que se equivocou.

288 Que sentimento têm os Espíritos impuros quando vêem um
mau Espírito chegando até eles?
– Os maus ficam satisfeitos ao ver seres à sua imagem e privados, como
eles, da felicidade infinita, como, na Terra, um perverso entre seus iguais.

289 Nossos parentes e amigos vêm algumas vezes ao nosso
encontro quando deixamos a Terra?
– Sim, eles vêm ao encontro da alma que estimam. Felicitam-na como
no retorno de uma viagem, se ela escapou dos perigos do caminho, e a
ajudam a se despojar dos laços corporais. É a concessão de uma graça
para os bons Espíritos quando aqueles que amam vêm ao seu encontro,
enquanto o infame, o mau, sente-se isolado ou é apenas rodeado por
Espíritos semelhantes a ele: é uma punição.

290 Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?
– Isso depende de sua elevação e do caminho que seguem para seu
adiantamento. Se um deles é mais avançado e marcha mais rápido do
que o outro, não poderão permanecer juntos. Poderão se ver algumas
vezes, mas somente estarão para sempre reunidos quando marcharem
lado a lado, ou quando atingirem a igualdade na perfeição. Além disso, a
impossibilidade de ver seus parentes e seus amigos é, algumas vezes,
uma punição.

RELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIA
ENTRE OS ESPÍRITOS. METADES ETERNAS
291 Além da simpatia geral de afinidade, os Espíritos têm entre
si afeições particulares?
– Sim, como entre os homens. Mas o laço que une os Espíritos é mais
forte quando estão livres do corpo, por não estarem mais expostos às
alterações e volubilidades das paixões.

292 Há ódio entre os Espíritos?
– Somente há ódio entre os Espíritos impuros, e são eles que provocam
entre vós as inimizades e as desavenças.

293 Dois seres que foram inimigos na Terra conservarão ressentimentos
um contra o outro no mundo dos Espíritos?
– Não. Eles compreenderão que seu ódio era uma tolice e o motivo,
pueril. Apenas os Espíritos imperfeitos conservam um certo rancor até que
estejam depurados. Se foi unicamente por um interesse material que se
tornaram inimigos, não pensarão mais nisso, ainda que estejam pouco
desmaterializados. Se não há antipatia entre eles, o motivo de discussão
não mais existindo, podem se rever com prazer.

294 A recordação das más ações que dois homens praticaram
um contra o outro é um obstáculo à simpatia?
– Sim, isso os leva a se distanciarem.

295 Que sentimento têm após a morte aqueles a quem fizemos
mal aqui na Terra?
– Se são bons, perdoam de acordo com o vosso arrependimento. Se
são maus, é possível que conservem ressentimento e algumas vezes até
vos persigam numa outra existência. Isso pode representar uma punição,
uma provação.

296 As afeições individuais dos Espíritos são passíveis de alteração?
– Não, porque não podem se enganar. Eles não têm mais a máscara
sob a qual se escondem os hipócritas; eis por que as suas afeições são
inalteráveis quando são puros. O amor que os une é para eles a fonte de
uma felicidade suprema.

297 A afeição que dois seres tiveram na Terra sempre continuará
no mundo dos Espíritos?
– Sim, sem dúvida, se é fundada sobre uma simpatia verdadeira. Mas
se as causas físicas foram maiores que a simpatia, ela cessa com a causa.
As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duráveis do que as
da Terra, porque não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais
e do amor-próprio.

298 As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa
união desde a origem e cada um de nós tem, em alguma parte do
universo, sua metade à qual um dia fatalmente se unirá?
– Não. Não existe união particular e fatal entre duas almas. A união
existe entre todos os Espíritos, mas em diferentes graus, de acordo com a
categoria que ocupam, ou seja, de acordo com a perfeição que adquiriram:
quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia nascem todos os
males humanos; da concórdia resulta a felicidade completa.

299 Em que sentido devemos entender a palavra metade, de que
certos Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
– A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de um outro,
uma vez separados, ambos estariam incompletos.

300 Dois Espíritos perfeitamente simpáticos6, uma vez reunidos,
o serão pela eternidade, ou podem se separar e se unir a outros?
– Todos os Espíritos são unidos entre si. Falo daqueles que atingiram
a perfeição. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva, já não
tem mais a mesma simpatia por aqueles que deixou para trás.

Serie de perguntas e respostas n20

286 A alma, ao deixar o corpo logo após a morte, vê imediatamente
parentes e amigos que a precederam no mundo dos Espíritos?
– Imediatamente não é bem a palavra. Como já dissemos, ela precisa
de algum tempo para reconhecer seu estado e se desprender da matéria.

287 Como a alma é acolhida em seu retorno ao mundo dos Espíritos?
– A do justo, como um irmão bem-amado que é esperado há muito
tempo. A do mau, como um ser que se equivocou.

288 Que sentimento têm os Espíritos impuros quando vêem um
mau Espírito chegando até eles?
– Os maus ficam satisfeitos ao ver seres à sua imagem e privados, como
eles, da felicidade infinita, como, na Terra, um perverso entre seus iguais.

289 Nossos parentes e amigos vêm algumas vezes ao nosso
encontro quando deixamos a Terra?
– Sim, eles vêm ao encontro da alma que estimam. Felicitam-na como
no retorno de uma viagem, se ela escapou dos perigos do caminho, e a
ajudam a se despojar dos laços corporais. É a concessão de uma graça
para os bons Espíritos quando aqueles que amam vêm ao seu encontro,
enquanto o infame, o mau, sente-se isolado ou é apenas rodeado por
Espíritos semelhantes a ele: é uma punição.

290 Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?
– Isso depende de sua elevação e do caminho que seguem para seu
adiantamento. Se um deles é mais avançado e marcha mais rápido do
que o outro, não poderão permanecer juntos. Poderão se ver algumas
vezes, mas somente estarão para sempre reunidos quando marcharem
lado a lado, ou quando atingirem a igualdade na perfeição. Além disso, a
impossibilidade de ver seus parentes e seus amigos é, algumas vezes,
uma punição.

RELAÇÕES DE SIMPATIA E ANTIPATIA
ENTRE OS ESPÍRITOS. METADES ETERNAS
291 Além da simpatia geral de afinidade, os Espíritos têm entre
si afeições particulares?
– Sim, como entre os homens. Mas o laço que une os Espíritos é mais
forte quando estão livres do corpo, por não estarem mais expostos às
alterações e volubilidades das paixões.

292 Há ódio entre os Espíritos?
– Somente há ódio entre os Espíritos impuros, e são eles que provocam
entre vós as inimizades e as desavenças.

293 Dois seres que foram inimigos na Terra conservarão ressentimentos
um contra o outro no mundo dos Espíritos?
– Não. Eles compreenderão que seu ódio era uma tolice e o motivo,
pueril. Apenas os Espíritos imperfeitos conservam um certo rancor até que
estejam depurados. Se foi unicamente por um interesse material que se
tornaram inimigos, não pensarão mais nisso, ainda que estejam pouco
desmaterializados. Se não há antipatia entre eles, o motivo de discussão
não mais existindo, podem se rever com prazer.

294 A recordação das más ações que dois homens praticaram
um contra o outro é um obstáculo à simpatia?
– Sim, isso os leva a se distanciarem.

295 Que sentimento têm após a morte aqueles a quem fizemos
mal aqui na Terra?
– Se são bons, perdoam de acordo com o vosso arrependimento. Se
são maus, é possível que conservem ressentimento e algumas vezes até
vos persigam numa outra existência. Isso pode representar uma punição,
uma provação.

296 As afeições individuais dos Espíritos são passíveis de alteração?
– Não, porque não podem se enganar. Eles não têm mais a máscara
sob a qual se escondem os hipócritas; eis por que as suas afeições são
inalteráveis quando são puros. O amor que os une é para eles a fonte de
uma felicidade suprema.

297 A afeição que dois seres tiveram na Terra sempre continuará
no mundo dos Espíritos?
– Sim, sem dúvida, se é fundada sobre uma simpatia verdadeira. Mas
se as causas físicas foram maiores que a simpatia, ela cessa com a causa.
As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duráveis do que as
da Terra, porque não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais
e do amor-próprio.

298 As almas que devem unir-se estão predestinadas a essa
união desde a origem e cada um de nós tem, em alguma parte do
universo, sua metade à qual um dia fatalmente se unirá?
– Não. Não existe união particular e fatal entre duas almas. A união
existe entre todos os Espíritos, mas em diferentes graus, de acordo com a
categoria que ocupam, ou seja, de acordo com a perfeição que adquiriram:
quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia nascem todos os
males humanos; da concórdia resulta a felicidade completa.

299 Em que sentido devemos entender a palavra metade, de que
certos Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
– A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de um outro,
uma vez separados, ambos estariam incompletos.

300 Dois Espíritos perfeitamente simpáticos6, uma vez reunidos,
o serão pela eternidade, ou podem se separar e se unir a outros?
– Todos os Espíritos são unidos entre si. Falo daqueles que atingiram
a perfeição. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva, já não
tem mais a mesma simpatia por aqueles que deixou para trás.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n19

271 Ainda na espiritualidade, o Espírito, ao estudar as diversas
condições em que poderá progredir, como pensa poder fazê-lo ao
nascer, por exemplo, entre os povos canibais?
– Espíritos já avançados não nascem entre canibais. Entre eles nascem
Espíritos com a natureza dos canibais, ou que lhe são até inferiores.

272 Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra ou de um povo
muito atrasado, como os canibais, por exemplo, poderiam nascer entre os
povos civilizados?
– Sim, há os que se desencaminham ao querer subir muito alto. Ficam
desajustados entre vós, porque possuem costumes e instintos que
não se afinam com os vossos.

273 Um homem que pertence a uma raça civilizada poderia, por
expiação, reencarnar em uma raça selvagem?
– Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que
tenha sido cruel com seus escravos poderá tornar-se escravo por sua vez
e sofrer os maus-tratos que fez os outros suportar. Aquele que um dia
comandou poderá, em uma nova existência, obedecer até mesmo àqueles
que se curvaram à sua vontade. É uma expiação que lhe pode ser
imposta, se abusou de seu poder. Um bom Espírito também pode escolher
uma existência em que exerça uma ação influente e encarnar dentre
povos atrasados, para fazer com que progridam, o que, neste caso, é
para ele uma missão.

RELAÇÕES APÓS A MORTE
274 As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre eles
uma hierarquia de poderes? Existe entre eles subordinação e autoridade?
– Sim, muito grande. Os Espíritos têm uns para com os outros uma
autoridade relativa à sua superioridade, que exercem por uma ascendência
moral irresistível.

274 a Os Espíritos inferiores podem escapar da autoridade dos
superiores?
– Eu disse: irresistível.

275 O poder e a consideração que um homem desfrutou na Terra
lhe dão alguma supremacia no mundo dos Espíritos?
– Não. Os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lede
os Salmos5.

275 a Como devemos entender essa elevação e esse rebaixamento?
– Não sabeis que os Espíritos são de diferentes ordens, de acordo
com seu mérito? Pois bem! O maior da Terra pode estar no último lugar
entre os Espíritos, enquanto seu servidor pode estar no primeiro. Compreendei
isso? Jesus disse: “Todo aquele que se humilhar será elevado e todo
aquele que se elevar será humilhado”.

276 Aquele que foi grande na Terra e se encontra entre os Espíritos
de ordem inferior passa por humilhação?
– Freqüentemente muito grande, principalmente se era orgulhoso e
invejoso.

277 O soldado que, após a batalha, encontra seu general no
mundo dos Espíritos, o reconhece ainda como seu superior?
– O título não é nada; a superioridade real é tudo.

278 Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os
outros?
– Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros
e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como
acontece entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso dá uma vaga
idéia. Os da mesma categoria se reúnem por afinidade e formam grupos
ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram:
os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer
o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar
entre seres semelhantes.

279 Todos os Espíritos têm reciprocamente acesso uns aos outros?
– Os bons vão a toda parte e é preciso que seja desse modo para
que possam exercer sua influência sobre os maus. As regiões habitadas
pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as
perturbem com suas más paixões.

280 Qual é a natureza das relações entre os bons e os maus
Espíritos?
– Os bons empenham-se em combater as más tendências dos outros,
a fim de ajudá-los a elevar-se; é sua missão.

281 Por que os Espíritos inferiores gostam de nos induzir ao mal?
– Por inveja de não ter merecimento para estar entre os bons. Seu
desejo é impedir, tanto quanto possam, os Espíritos inexperientes de alcançar
o bem supremo; querem que os outros sintam o que eles mesmos
sentem. Não acontece também o mesmo entre vós?

282 Como os Espíritos se comunicam entre si?
– Eles se vêem e se compreendem; a palavra se materializa pelo reflexo
do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação
constante; é o veículo da transmissão do pensamento, assim como o ar é
o veículo do som. É uma espécie de telégrafo universal que liga todos os
mundos e permite aos Espíritos comunicarem-se de um mundo a outro.

283 Os Espíritos podem esconder seus pensamentos? Podem
se ocultar uns dos outros?
– Não, para eles tudo está a descoberto, principalmente entre os que
são perfeitos. Podem se afastar uns dos outros, mas sempre se vêem.
Isso não é, entretanto, uma regra absoluta, porque certas categorias de
Espíritos podem muito bem se tornar invisíveis para outros, se julgarem
útilfazê-lo.

284 Como os Espíritos, que não têm mais corpo, podem constatar
a sua individualidade e se distinguir dos outros que os rodeiam?
– Eles constatam sua individualidade pelo perispírito, que os
distingue uns dos outros, assim como pelo corpo se podem distinguir os
homens.

285 Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a Terra? O
filho reconhece seu pai, o amigo reconhece seu amigo?
– Sim, e assim de geração em geração.

285 a Como os homens que se conheceram na Terra se reconhecem
no mundo dos Espíritos?
– Nós vemos nossa vida passada e a lemos como num livro; ao ver
o passado de nosso amigos e inimigos, vemos sua existência da vida
à morte.

Serie de perguntas e respostas n19

271 Ainda na espiritualidade, o Espírito, ao estudar as diversas
condições em que poderá progredir, como pensa poder fazê-lo ao
nascer, por exemplo, entre os povos canibais?
– Espíritos já avançados não nascem entre canibais. Entre eles nascem
Espíritos com a natureza dos canibais, ou que lhe são até inferiores.

272 Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra ou de um povo
muito atrasado, como os canibais, por exemplo, poderiam nascer entre os
povos civilizados?
– Sim, há os que se desencaminham ao querer subir muito alto. Ficam
desajustados entre vós, porque possuem costumes e instintos que
não se afinam com os vossos.

273 Um homem que pertence a uma raça civilizada poderia, por
expiação, reencarnar em uma raça selvagem?
– Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que
tenha sido cruel com seus escravos poderá tornar-se escravo por sua vez
e sofrer os maus-tratos que fez os outros suportar. Aquele que um dia
comandou poderá, em uma nova existência, obedecer até mesmo àqueles
que se curvaram à sua vontade. É uma expiação que lhe pode ser
imposta, se abusou de seu poder. Um bom Espírito também pode escolher
uma existência em que exerça uma ação influente e encarnar dentre
povos atrasados, para fazer com que progridam, o que, neste caso, é
para ele uma missão.

RELAÇÕES APÓS A MORTE
274 As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre eles
uma hierarquia de poderes? Existe entre eles subordinação e autoridade?
– Sim, muito grande. Os Espíritos têm uns para com os outros uma
autoridade relativa à sua superioridade, que exercem por uma ascendência
moral irresistível.

274 a Os Espíritos inferiores podem escapar da autoridade dos
superiores?
– Eu disse: irresistível.

275 O poder e a consideração que um homem desfrutou na Terra
lhe dão alguma supremacia no mundo dos Espíritos?
– Não. Os pequenos serão elevados e os grandes rebaixados. Lede
os Salmos5.

275 a Como devemos entender essa elevação e esse rebaixamento?
– Não sabeis que os Espíritos são de diferentes ordens, de acordo
com seu mérito? Pois bem! O maior da Terra pode estar no último lugar
entre os Espíritos, enquanto seu servidor pode estar no primeiro. Compreendei
isso? Jesus disse: “Todo aquele que se humilhar será elevado e todo
aquele que se elevar será humilhado”.

276 Aquele que foi grande na Terra e se encontra entre os Espíritos
de ordem inferior passa por humilhação?
– Freqüentemente muito grande, principalmente se era orgulhoso e
invejoso.

277 O soldado que, após a batalha, encontra seu general no
mundo dos Espíritos, o reconhece ainda como seu superior?
– O título não é nada; a superioridade real é tudo.

278 Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os
outros?
– Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros
e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como
acontece entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso dá uma vaga
idéia. Os da mesma categoria se reúnem por afinidade e formam grupos
ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram:
os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer
o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar
entre seres semelhantes.

279 Todos os Espíritos têm reciprocamente acesso uns aos outros?
– Os bons vão a toda parte e é preciso que seja desse modo para
que possam exercer sua influência sobre os maus. As regiões habitadas
pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as
perturbem com suas más paixões.

280 Qual é a natureza das relações entre os bons e os maus
Espíritos?
– Os bons empenham-se em combater as más tendências dos outros,
a fim de ajudá-los a elevar-se; é sua missão.

281 Por que os Espíritos inferiores gostam de nos induzir ao mal?
– Por inveja de não ter merecimento para estar entre os bons. Seu
desejo é impedir, tanto quanto possam, os Espíritos inexperientes de alcançar
o bem supremo; querem que os outros sintam o que eles mesmos
sentem. Não acontece também o mesmo entre vós?

282 Como os Espíritos se comunicam entre si?
– Eles se vêem e se compreendem; a palavra se materializa pelo reflexo
do Espírito. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação
constante; é o veículo da transmissão do pensamento, assim como o ar é
o veículo do som. É uma espécie de telégrafo universal que liga todos os
mundos e permite aos Espíritos comunicarem-se de um mundo a outro.

283 Os Espíritos podem esconder seus pensamentos? Podem
se ocultar uns dos outros?
– Não, para eles tudo está a descoberto, principalmente entre os que
são perfeitos. Podem se afastar uns dos outros, mas sempre se vêem.
Isso não é, entretanto, uma regra absoluta, porque certas categorias de
Espíritos podem muito bem se tornar invisíveis para outros, se julgarem
útilfazê-lo.

284 Como os Espíritos, que não têm mais corpo, podem constatar
a sua individualidade e se distinguir dos outros que os rodeiam?
– Eles constatam sua individualidade pelo perispírito, que os
distingue uns dos outros, assim como pelo corpo se podem distinguir os
homens.

285 Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a Terra? O
filho reconhece seu pai, o amigo reconhece seu amigo?
– Sim, e assim de geração em geração.

285 a Como os homens que se conheceram na Terra se reconhecem
no mundo dos Espíritos?
– Nós vemos nossa vida passada e a lemos como num livro; ao ver
o passado de nosso amigos e inimigos, vemos sua existência da vida
à morte.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n18

256 Como é que alguns Espíritos se queixam de sofrer de frio e
de calor?
– Lembrança do que tinham sofrido durante a vida, muitas vezes
mais aflitiva que a realidade. É freqüentemente uma comparação com que,
na falta de coisa melhor, exprimem sua situação. Quando se lembram do
seu corpo, experimentam uma espécie de impressão, como quando se
tira um casaco e se tem a sensação, por um tempo, que ainda se está
vestido.

258 Na espiritualidade, antes de começar uma nova existência
corporal, o Espírito tem consciência e previsão das coisas que acontecerão
durante sua vida?
– Ele mesmo escolhe o gênero de provas que quer passar. Nisso
consiste seu livre-arbítrio.

258 a Então não é Deus que impõe os sofrimentos da vida como
castigo?
– Nada acontece sem a permissão de Deus, que estabeleceu todas
as leis que regem o universo. Perguntareis, então, por que Ele fez esta lei
em vez daquela. Ao dar ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda
a responsabilidade de seus atos e de suas conseqüências, nada impede
seu futuro; o caminho do bem está à frente dele, assim como o do mal.
Mas, se fracassa, resta-lhe uma consolação: nem tudo está acabado para
ele. Deus, em sua bondade, deixa-o livre para recomeçar, reparando o
que fez de mal. É preciso, aliás, distinguir o que é obra da vontade de
Deus e o que é obra do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes
vós que o criastes, foi Deus; mas tendes a liberdade de vos expor a ele,
por terdes visto aí um meio de adiantamento, e Deus o permitiu.

259 Se o Espírito tem a escolha do gênero de prova que deve
passar, todas as dificuldades que experimentamos na vida foram previstas
e escolhidas por nós?
– Todas não é a palavra, porque não se pode dizer que escolhestes e
previstes tudo que vos acontece neste mundo, até nas menores coisas.
Vós escolhestes os gêneros das provas; os detalhes são conseqüência
da situação em que viveis e, freqüentemente, de vossas próprias ações.
Se o Espírito quis nascer entre criminosos, por exemplo, sabia dos riscos
a que se exporia, mas não tinha conhecimento dos atos que viria a praticar;
esses atos são efeito de sua vontade ou de seu livre-arbítrio. O Espírito
sabe que, ao escolher um caminho, terá uma luta a suportar; sabe a natureza
e a diversidade das coisas que enfrentará, mas não sabe quais os
acontecimentos que o aguardam. Os detalhes dos acontecimentos nascem
das circunstâncias e da força das coisas. Somente os grandes
acontecimentos que influem na vida estão previstos. Se seguis um caminho
cheio de sulcos profundos, sabeis que deveis tomar grandes
precauções, porque tendes a probabilidade de cair, mas não sabeis em
qual deles caireis; pode ser que a queda não aconteça, se fordes prudente
o bastante. Se, ao passar na rua, uma telha cai na vossa cabeça, não
acrediteis que estava escrito, como se diz vulgarmente.

260 Como o Espírito pode querer nascer entre pessoas de má
conduta?
– É preciso que seja enviado para um meio em que possa se defrontar
com a prova que pediu. Pois bem! É preciso que haja identidade de relações
e semelhanças, que os semelhantes se atraiam: para lutar contra o
instinto do roubo, é preciso que se encontre entre pessoas que roubam.

260 a Se não houvesse pessoas de má conduta na Terra, o Espírito
não encontraria nela o meio necessário para passar por determinadas
provas?
– E seria o caso de lastimar se isso acontecesse? É o que ocorre nos
mundos superiores, onde o mal não tem acesso porque há somente Espíritos
bons. Fazei que o mesmo aconteça na vossa Terra.

261 O Espírito, nas provas que deve passar para atingir a perfeição,
deve experimentar todas as tentações? Deve passar por todas
as circunstâncias que podem incitar o orgulho, a inveja, a avareza, a
sensualidade, etc.?
– Certamente que não, uma vez que sabeis que há Espíritos que,
desde o começo, tomam um caminho que os livra de muitas provas; mas,
aquele que se deixa levar pelo mau caminho corre todos os perigos desse
caminho. Um Espírito, por exemplo, pode pedir a riqueza e esta ser concedida;
então, de acordo com seu caráter, poderá tornar-se avarento ou
pródigo, egoísta ou generoso, ou se entregar a todos os prazeres da sensualidade;
mas isso não quer dizer que tenha que passar forçosamente
por todas essas tendências.

262 Como pode o Espírito em sua origem, simples, ignorante e
sem experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa
e ser responsável por essa escolha?
– Deus supre sua inexperiência ao traçar-lhe o caminho que deve seguir,
como o fazeis com uma criança desde o berço. Deixa-o, porém, livre para
escolher, à medida que seu livre-arbítrio se desenvolve. É então que muitas
vezes se extravia ao seguir o mau caminho, se não escuta os conselhos dos
bons Espíritos; é o que se pode chamara queda do homem.

262 a Quando o Espírito usa seu livre-arbítrio, a escolha da existência
corporal depende sempre de sua vontade, ou essa existência
pode ser imposta pela vontade de Deus como expiação?
– Deus sabe esperar: não apressa a expiação. No entanto, perante a
Lei, um Espírito pode ter uma encarnação compulsória quando, por sua
inferioridade, ou má vontade, não está apto a compreender o que lhe poderia
ser mais útil e quando essa encarnação pode servir à sua purificação
e adiantamento, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.

263 O Espírito faz sua escolha imediatamente após a morte?
– Não, muitos acreditam na eternidade das penas e, como já foi dito,
pensar assim representa para eles um castigo. (Veja a questão 101).
264 Como o Espírito escolhe as provas que quer suportar?
– Ele escolhe as que podem ser para ele uma expiação, pela natureza
de seus erros, e lhe permitam avançar mais rapidamente. Uns podem, ao
escolher, se impor uma vida de misérias e privações para tentar suportá-la
com coragem; outros querem se experimentar nas tentações da riqueza e
do poder, muito perigosas, pelo abuso e o mau uso que delas se possa
fazer e pelas paixões inferiores que desenvolvem; outros, enfim, preferem
se experimentar nas lutas que têm que sustentar em contato com o vício.

265 Se alguns Espíritos escolhem o contato com o vício como
prova, há aqueles que o escolhem por simpatia e desejo de viver num
meio conforme seu gosto, ou para se entregar completamente às tendência
materiais?
– Há, sem dúvida. Mas só fazem essa escolha os que têm o senso
moral ainda pouco desenvolvido; a provação está em viver a escolha que
fizeram e a sofrem por longo tempo. Cedo ou tarde, compreenderão que a
satisfação das paixões brutais traz conseqüências deploráveis, e o sofrimento
lhes parecerá eterno. Poderão permanecer nesse estado até que
se tornem conscientes da falta em que incorreram, e então eles mesmos
pedem a Deus para resgatá-las em provas libertadoras.

266 Não parece natural escolher as provas menos dolorosas?
– Para vós, sim; para o Espírito, não. Quando se está liberto da matéria,
a ilusão cessa e a forma de pensar é outra.

267 O Espírito pode escolher suas provas, quando já encarnado?
– Seu desejo pode ter influência, dependendo da intenção com que
as deseja; mas, como Espírito, vê freqüentemente as coisas muito diferentes.
É apenas o Espírito que faz a escolha; mas, afirmamos mais uma vez,
é possível. Ele pode fazê-la na vida material, porque para o Espírito há
sempre momentos em que fica independente da matéria que habita.

267 a Muitas pessoas desejam poder e riqueza; não é, certamente,
como expiação ou como prova?
– Sem dúvida, é o instinto material que as deseja para delas desfrutar;
já o Espírito as deseja para conhecer todas as alternativas que elas
oferecem.

268 Até que atinja o estado de pureza perfeita, o Espírito tem que
passar constantemente por provas?
– Sim, mas não são como as entendeis, visto que chamais de provas às
adversidades materiais. Porém, o Espírito que atingiu um certo grau, sem ser
ainda perfeito, nada mais tem a suportar; embora sempre tenha deveres que
o ajudam a se aperfeiçoar, e que nada têm para ele de constrangedor ou
angustiante, ainda que seja para ajudar os outros a se aperfeiçoar.

269 O Espírito pode se enganar sobre a eficácia da prova que
escolheu?
– Ele pode escolher uma que esteja acima de suas forças e, então,
fracassar. Pode também escolher alguma que não lhe dê nenhum proveito,
que resulte numa vida ociosa e inútil; mas, então, uma vez de volta ao
mundo dos Espíritos, percebe que nada ganhou e pede para reparar o
tempo perdido, numa outra encarnação.

270 A que se devem as vocações de certas pessoas e seu desejo
de seguir uma carreira em vez de outra?
– Parece-me que vós mesmos podeis responder a essa questão.
Não é a conseqüência de tudo o que dissemos sobre a escolha das provas
e o progresso realizado nas existências anteriores?

domingo, 1 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n17

241 Os Espíritos têm uma idéia do presente mais precisa e exata
do que nós?
– Do mesmo modo que aquele que vê claramente as coisas tem uma
idéia mais exata do que um cego. Os Espíritos vêem o que não vedes;
logo, julgam de modo diferente de vós. Mas lembramos mais uma vez:
isso depende da elevação de cada um.

242 Como é que os Espíritos têm conhecimento do passado?
Para eles, esse conhecimento é ilimitado?
– O passado, quando nos ocupamos dele, é o presente, torna-se
vivo, exatamente como lembrais do que vos impressionou fortemente durante
um período, ou numa viagem a um lugar longínquo e estranho. Como
Espíritos, já não temos mais o véu material a nos obscurecer a inteligência,
eis por que nos lembramos das coisas que estão apagadas para vós. Mas
os Espíritos não conhecem tudo, a começar pela sua própria criação.

243 Os Espíritos conhecem o futuro?
– Isso também depende da sua elevação. Muitas vezes apenas o
entrevêem, mas nem sempre lhes é permitido revelá-lo. Quando o vêem,
parece-lhes presente. O Espírito adquire a visão do futuro mais claramente
à medida que se aproxima de Deus. Após desencarnar, a alma vê e abrange
num piscar de olhos suas migrações passadas, mas não pode ver o
que Deus lhe reserva. Para isso é preciso que esteja integrada a Deus,
após muitas e muitas existências.

243 a Os Espíritos que atingem a perfeição absoluta têm conhecimento
completo do futuro?
– Completo não é bem a palavra. Só Deus é o Soberano Senhor e
ninguém pode se igualar a Ele.

244 Os Espíritos vêem Deus?
– Só os Espíritos Superiores O vêem e O compreendem. Os Espíritos
inferiores O sentem e O pressentem física, moral e espiritualmente.

244 a Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe ou lhe
permite uma coisa, como sabe que isso vem de Deus?
– Ele não vê a Deus, mas sente Sua soberania e, quando uma coisa
não pode ser feita, ou uma palavra não pode ser dita, sente como intuição,
uma advertência invisível que o proíbe de fazê-lo. Vós mesmos não tendes
pressentimentos que são como advertências secretas, para fazer ou não
isso ou aquilo? O mesmo ocorre conosco, apenas num grau superior.
Deveis compreender que a essência dos Espíritos, sendo mais sutil que a
vossa, lhes dá a possibilidade de melhor receber as advertências divinas.

244 b A ordem é transmitida por Deus ou por intermédio de outros
Espíritos?
– Ela não vem diretamente de Deus. Para se comunicar com Deus,
preciso é ser digno disso. Deus transmite Suas ordens por Espíritos que
se encontram muito elevados em perfeição e instrução.

245 O dom da visão, nos Espíritos, é limitado e localizado, como
nos seres corporais?
– Não; a visão está neles como um todo.

246 Os Espíritos têm necessidade da luz para ver?
– Vêem por si mesmos e não têm necessidade da luz exterior. Para
eles, não há trevas, a não ser aquelas em que podem se encontrar por
expiação.

247 Os Espíritos têm necessidade de se transportar para ver em
dois lugares diferentes? Eles podem, por exemplo, ver simultaneamente
os dois hemisférios do globo?
– Como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podese
dizer que vê tudo de uma só vez, em todos os lugares. Seu pensamento
pode irradiar e se dirigir, ao mesmo tempo, a vários pontos diferentes, mas
essa qualidade depende de sua pureza. Quanto menos for depurado, mais
sua visão estará limitada. Só Espíritos Superiores podem ter uma visão do
conjunto.

248 O Espírito vê as coisas tão distintamente quanto nós?
– Mais distintamente, porque a sua visão penetra no que não podeis
penetrar. Nada a obscurece.

249 O Espírito percebe os sons?
– Sim. Percebe até os que vossos rudes sentidos não podem perceber.

249 a O dom, a capacidade de ouvir, está em todo o seu ser,
assim como a de ver?
– Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte do seu
ser. Quando está revestido de um corpo material, as percepções do exterior
apenas lhe chegam pelo canal dos órgãos correspondentes. Porém,
no estado de liberdade, essas percepções deixam de estar localizadas.

250 Sendo as percepções atributos próprios do Espírito, pode
deixar de usá-las?
– O Espírito só vê e ouve o que quer. Isso de uma maneira geral e,
sobretudo, para os Espíritos elevados. Já em relação aos que são imperfeitos,
queiram ou não, ouvem e vêem freqüentemente aquilo que pode
ser útil a seu adiantamento.

251 Os Espíritos são sensíveis à música?
– Quereis falar de vossa música? O que é ela perante a música celeste
cuja harmonia nada na Terra vos pode dar uma idéia? Uma está para a
outra como o canto de um selvagem está para uma suave melodia. Entretanto,
Espíritos vulgares podem sentir um certo prazer ao ouvir vossa música,
porque ainda não são capazes de compreender uma mais sublime. A música
tem para os Espíritos encantos infinitos, em razão de suas qualidades
sensitivas bastante desenvolvidas. A música celeste é tudo o que a imaginação
espiritual pode conceber de mais belo e mais suave.

252 Os Espíritos são sensíveis às belezas da natureza?
– As belezas naturais dos globos são tão diferentes que se está longe
de as conhecer; mas os Espíritos são sensíveis, sim, a essas belezas,
sensíveis conforme sua aptidão em apreciá-las e compreendê-las. Para
os Espíritos elevados há belezas de conjunto diante das quais desaparecem,
por assim dizer, as belezas de detalhes.

253 Os Espíritos sentem nossas necessidades e sofrimentos físicos?
– Eles os conhecem, porque os sofreram, passaram por eles; mas
não os sentem como vós, materialmente, porque são Espíritos.

254 Os Espíritos sentem cansaço e a necessidade do repouso?
– Não podem sentir o cansaço como o entendeis; conseqüentemente,
não têm necessidade de repouso corporal como o vosso, uma vez que
não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. Mas o Espírito
repousa, no sentido de que não tem uma atividade constante, embora
não atue de uma maneira material. Sua ação é toda intelectual e seu repouso,
inteiramente moral; ou seja, há momentos em que seu pensamento
deixa de ser tão ativo e não mais se fixa num objetivo determinado. Esse
instante é um verdadeiro repouso, mas não é comparável ao do corpo. O
cansaço que podem sentir os Espíritos está em razão de sua inferioridade,
visto que, quanto mais elevados, menos o repouso lhes é necessário.

255 Quando um Espírito diz que sofre, que sofrimento sente?
– Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que os
sofrimentos físicos.