121 Por que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros
o do mal?
– Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não criou Espíritos maus; criou-os
simples e ignorantes, ou seja, com as mesmas aptidões tanto para o bem
quanto para o mal. Os que são maus o são por vontade própria.
122 Como é que os Espíritos, em sua origem, quando ainda não
têm consciência de si mesmos, podem ter a liberdade de escolha entre
o bem e o mal? Há neles algum princípio, alguma tendência que os
leve para um ou outro caminho?
– O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência
de si mesmo. Não haveria mais liberdade se a escolha fosse
determinada ou imposta por uma causa independente da vontade do Espírito.
A causa não está nele, e sim fora, nas influências a que cede em
virtude de sua livre vontade. É essa a grande figura da queda do homem e
do pecado original: uns cederam, outros resistiram à tentação.
122 a De onde parte a influência sobre ele?
– Dos Espíritos imperfeitos que procuram apossar-se dele para dominá-
lo e ficam satisfeitos de o fazer fracassar. Foi isso que se quis simbolizar
na figura de Satanás.
122 b Essa influência se exerce sobre o Espírito somente em sua
origem?
– Essa influência o segue na sua vida de Espírito até que alcance um
domínio tão completo sobre si mesmo que os maus desistam de obsediá-lo6.
123 Por que Deus permitiu que os Espíritos pudessem seguir o
caminho do mal?
– Como ousais pedir a Deus conta de seus atos? Pensais poder penetrar
seus desígnios? Entretanto, podeis pensar assim: a sabedoria de
Deus está na liberdade de escolha que dá a cada um, porque, assim,
cada um tem o mérito de suas obras.
124 Uma vez que há Espíritos que, desde o princípio, seguem o
caminho do bem absoluto e outros o do mal absoluto, deve haver, sem
dúvida, degraus entre esses dois extremos?
– Sim, certamente, e é aí que se encontra a grande maioria.
125 Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão chegar
ao mesmo grau de superioridade que os outros?
– Sim, mas as eternidades serão para eles mais longas.
126 Os Espíritos que alcançaram o grau supremo de perfeição,
após terem passado pelo mal, têm menos mérito do que os outros,
aos olhos de Deus?
– Deus contempla a todos do mesmo modo e os ama com o mesmo
coração. Eles foram chamados maus por fracassarem; mas no início eram
só simples Espíritos.
127 Os Espíritos são criados iguais quanto às aptidões intelectuais?
– Eles são criados iguais, mas, não sabendo de onde vêm, é preciso
que o livre-arbítrio prossiga seu curso. Progridem mais ou menos rapidamente
em inteligência como em moralidade.
ANJOS E DEMÔNIOS
128 Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins formam
uma categoria especial de natureza diferente dos outros Espíritos?
– Não. São os Espíritos puros. Estão no mais alto grau da escala e
reúnem todas as perfeições.
129 Os anjos percorreram todos os graus da escala evolutiva?
– Eles percorreram todos os graus, mas, como já dissemos: uns aceitaram
sua missão sem murmurar e chegaram mais rápido; outros levaram
um tempo mais ou menos longo para chegar à perfeição.
130 Se a opinião de que há seres criados perfeitos e superiores
a todas as outras criaturas é errônea, como se explica o fato de que
esteja na tradição de quase todos os povos?
– Pensai e considerai que o vosso mundo não existe de toda a eternidade
e que, muito tempo antes que ele existisse, havia Espíritos que já
tinham alcançado o grau supremo da evolução. Eis por que os homens
acreditaram que eles foram sempre assim (perfeitos).
131 Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?
– Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Deus seria justo e
bom por ter feito seres eternamente devotados ao mal e eternamente infelizes?
Se há demônios, é no vosso mundo inferior e em outros semelhantes
ao vosso. Demônios são esses homens hipócritas que fazem de um Deus
justo um Deus mau e vingativo e acreditam que Lhe agradam pelas abominações
que cometem em Seu nome.
132 Qual é o objetivo da encarnação dos Espíritos?
– A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los
chegar à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros é uma missão.
Mas, para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as tribulações da
existência corporal: é a expiação. A encarnação tem também um outro
objetivo: dar ao Espírito condições de cumprir sua parte na obra da criação.
Para realizá-la é que, em cada mundo, toma um corpo em harmonia
com a matéria essencial desse mundo para executar aí, sob esse ponto
de vista, as determinações de Deus, de modo que, concorrendo para a
obra geral, ele próprio se adianta.
133 Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do
bem, têm necessidade da encarnação?
– Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e
tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer só alguns
felizes, sem dificuldades e sem trabalho e, por conseguinte, sem mérito.
133 a Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho
do bem, se isso não os livra das dificuldades da vida corporal?
– Eles chegam mais rápido à finalidade a que se destinam; e, depois,
as dificuldades da vida são muitas vezes a conseqüência da imperfeição
do Espírito. Quanto menos imperfeições, menos tormentos. Aquele que
não é invejoso, ciumento, avarento ou ambicioso não sofrerá com os tormentos
que procedem desses defeitos.
A ALMA
134 O que é a alma?
– Um Espírito encarnado.
134 a O que era a alma antes de se unir ao corpo?
– Um Espírito.
OBJETIVO DA ENCARNAÇÃO
134 b As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma
coisa?
– Sim, as almas são os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é
um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível e se revestem
temporariamente de um corpo carnal para se purificar e se esclarecer.
135 Há no homem outra coisa mais que a alma e o corpo?
– Há o laço que une a alma ao corpo.
135 a Qual é a natureza desse laço?
– Semimaterial, ou seja, de natureza intermediária entre o Espírito e o
corpo. É preciso que assim seja para que possam se comunicar um com
o outro. É por esse princípio que o Espírito age sobre a matéria e viceversa.
Serão 1019 perguntas e respostas, 15 por dia. Essa é uma entrevista real, com um espirito iluminado. Muitas vezes falhamos, e a culpa de falharmos é nossa, por deixar passar despercebido ou ignorar as oportunidades e os ensinamentos que Deus nos proporciona.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Oitava serie de perguntas e respostas
106 Sexta classe. Espíritos Batedores e Perturbadores – Estes Espíritos
não formam, propriamente falando, uma classe distinta quanto às
qualidades pessoais, podendo pertencer a todas as classes da terceira
ordem. Manifestam, freqüentemente, sua presença por efeitos sensíveis e
físicos, como pancadas, o movimento e o deslocamento anormal dos
corpos sólidos, a agitação do ar, etc. Parecem estar ainda, mais do que
outros, ligados à matéria e ser os agentes principais das variações e transformações
das forças e elementos da natureza no globo, seja ao atuarem
sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros ou nas entranhas da terra.
Reconhece-se que esses fenômenos não se originam de uma causa imprevista
e física, quando têm um caráter intencional e inteligente. Todos os
Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os de ordem elevada
os deixam, geralmente, como atribuições dos subalternos, mais aptos
às coisas materiais do que às da inteligência. Quando julgam que essas
manifestações são úteis, servem-se dos Espíritos dessa classe como seus
auxiliares.
SEGUNDA ORDEM . BONS ESPÍRITOS
107 Características gerais– Predominância do Espírito sobre a matéria;
desejo do bem. Suas qualidades e poder para fazer o bem estão em
conformidade com o grau que alcançaram. Uns têm a ciência; outros, a
sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades
morais. Não estando ainda completamente desmaterializados,
conservam mais ou menos, de acordo com sua categoria, os traços da
existência corporal, tanto na forma da linguagem quanto nos costumes,
entre os quais se identificam algumas de suas manias. Não fosse por isso,
seriam Espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons;
são felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os
une é uma fonte de felicidade indescritível que não é alterada pela inveja,
pelo remorso, nem por nenhuma das más paixões que fazem o tormento
dos Espíritos imperfeitos. Mas todos ainda têm que passar por provas até
que atinjam a perfeição absoluta.
Como Espíritos, sugerem bons pensamentos, desviam os homens do
caminho do mal, protegem a vida daqueles que se tornam dignos e neutralizam
a influência dos Espíritos imperfeitos sobre os que não têm por
que passar por ela.
Quando encarnados são bons e benevolentes com os seus semelhantes.
Não são movidos pelo orgulho, egoísmo, nem ambição. Não sentem
ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
A esta ordem pertencem os Espíritos designados nas crenças populares
pelos nomes de gênios bons, gênios protetores, Espíritos do bem.
Nos tempos de superstições e ignorância, foram tidos como divindades
benfazejas.
Pode-se dividi-los em quatro grupos principais:
108 Quinta classe. Espíritos Benevolentes – Sua qualidade dominante
é a bondade; satisfazem-se em prestar serviços aos homens e em
protegê-los, mas seu saber é limitado. Seu progresso é maior no sentido
moral do que no intelectual.
109 Quarta classe. Espíritos Prudentes ou Sábios – O que os distingue
especialmente é a abrangência de seus conhecimentos. Preocupam-se menos
com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm
mais aptidão. Mas consideram a ciência somente do ponto de vista da utilidade,
livre das paixões que são próprias dos Espíritos imperfeitos.
110 Terceira classe. Espíritos de Sabedoria – As qualidades morais
do mais elevado grau formam seu caráter. Sem ter conhecimentos ilimitados,
são dotados de uma capacidade intelectual que lhes dá um julgamento
preciso e sábio sobre os homens e as coisas.
111 Segunda classe. Espíritos Superiores – Reúnem a ciência, a sabedoria
e a bondade. Sua linguagem revela sempre a benevolência e é
constantemente digna, elevada, muitas vezes sublime. Sua superioridade
os torna mais aptos que os outros para nos dar noções mais justas sobre
as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao
homem conhecer. Comunicam-se benevolentemente com os que procuram
de boa-fé a verdade e que têm a alma já liberta dos laços terrestres
para compreendê-la. Mas se afastam dos que são movidos apenas pela
curiosidade ou dos que a influência da matéria desvia da prática do bem.
Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para realizar uma missão
de progresso e nos oferecem, então, o modelo de perfeição a que a humanidade
pode aspirar neste mundo.
PRIMEIRA ORDEM . ESPÍRITOS PUROS
112 Características gerais– Não sofrem nenhuma influência da matéria.
Superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos
das outras ordens.
113 Primeira classe. Classe Única– Passaram por todos os graus da
escala e se libertaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido o
mais elevado grau de perfeição de que é capaz a criatura, não têm mais
que sofrer provas nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação
em corpos perecíveis, a vida é para eles eterna e a desfrutam no seio
de Deus.
Gozam de uma felicidade inalterável por não estarem sujeitos nem às
necessidades, nem às variações e transformações da vida material. Mas
essa felicidade não é de uma ociosidade monótona passada numa contemplação
perpétua. São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens
executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam
todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudando-os a se aperfeiçoarem
e lhes designam missões. Assistir os homens em suas aflições, incitá-los
ao bem ou à expiação das faltas que os afastam da felicidade suprema é
para eles uma agradabilíssima ocupação. São chamados, às vezes, de
anjos, arcanjos ou serafins.
Os homens podem entrar em comunicação com eles, mas presunçoso
seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS
114 Os Espíritos são bons ou maus por natureza ou são eles
mesmos que se melhoram?
– São os próprios Espíritos que se melhoram, passando de uma ordem
inferior para uma ordem superior.
115 Dentre os Espíritos, alguns foram criados bons e outros maus?
– Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem
conhecimento. Deu a cada um uma missão com o objetivo de esclarecêlos
e de fazê-los chegar, progressivamente, à perfeição pelo conhecimento
da verdade e para aproximá-los de Si. A felicidade eterna e pura é para
os que alcançam essa perfeição. Os Espíritos adquirem esses conhecimentos
ao passar pelas provas que a Lei Divina lhes impõe. Uns aceitam
essas provas com submissão e chegam mais depressa ao objetivo que
lhes é destinado. Outros somente as suportam com lamentação e por
causa dessa falta permanecem mais tempo afastados da perfeição e da
felicidade prometida.
115 a Assim sendo, os Espíritos seriam em sua origem semelhantes
às crianças, ignorantes e sem experiência, só adquirindo pouco a
pouco os conhecimentos que lhes faltam ao percorrer as diferentes fases
da vida?
– Sim, a comparação é boa. A criança rebelde permanece ignorante e
imperfeita, tem maior ou menor aproveitamento segundo sua docilidade.
Porém, a vida do homem tem um limite, um fim, enquanto a dos Espíritos
se estende ao infinito.
116 Há Espíritos que permanecerão perpetuamente nas classes
inferiores?
– Não, todos se tornarão perfeitos. Eles progridem, mas demoradamente.
Como já dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir
eternamente seus filhos. Pretenderíeis que Deus, tão grande, tão bom, tão
justo, fosse pior do que vós mesmos?
117 Depende dos Espíritos apressar seu progresso para a
perfeição?
– Certamente. Chegam mais ou menos rapidamente conforme seu
desejo e submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui
mais rapidamente do que uma criança rebelde?
118 Os Espíritos podem se degenerar?
– Não; à medida que avançam, compreendem o que os afasta da
perfeição. Quando o Espírito acaba uma prova, fica com o conhecimento
que adquiriu e não o esquece mais. Pode ficar estacionário, mas retroceder,
não retrocede.
119 Deus não poderia isentar os Espíritos das provas que devem
sofrer para atingir a primeira ordem?
– Se tivessem sido criados perfeitos, não teriam nenhum mérito para
desfrutar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito sem a
luta? Além do mais, a desigualdade entre eles é necessária para desenvolver
a personalidade, e a missão que realizam nessas diferentes ordens
está nos desígnios da Providência para a harmonia do universo.
120 Todos os Espíritos passam pelo mal para chegar ao bem?
– Pelo mal, não, mas sim pela fieira5 da ignorância.
não formam, propriamente falando, uma classe distinta quanto às
qualidades pessoais, podendo pertencer a todas as classes da terceira
ordem. Manifestam, freqüentemente, sua presença por efeitos sensíveis e
físicos, como pancadas, o movimento e o deslocamento anormal dos
corpos sólidos, a agitação do ar, etc. Parecem estar ainda, mais do que
outros, ligados à matéria e ser os agentes principais das variações e transformações
das forças e elementos da natureza no globo, seja ao atuarem
sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros ou nas entranhas da terra.
Reconhece-se que esses fenômenos não se originam de uma causa imprevista
e física, quando têm um caráter intencional e inteligente. Todos os
Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os de ordem elevada
os deixam, geralmente, como atribuições dos subalternos, mais aptos
às coisas materiais do que às da inteligência. Quando julgam que essas
manifestações são úteis, servem-se dos Espíritos dessa classe como seus
auxiliares.
SEGUNDA ORDEM . BONS ESPÍRITOS
107 Características gerais– Predominância do Espírito sobre a matéria;
desejo do bem. Suas qualidades e poder para fazer o bem estão em
conformidade com o grau que alcançaram. Uns têm a ciência; outros, a
sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades
morais. Não estando ainda completamente desmaterializados,
conservam mais ou menos, de acordo com sua categoria, os traços da
existência corporal, tanto na forma da linguagem quanto nos costumes,
entre os quais se identificam algumas de suas manias. Não fosse por isso,
seriam Espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons;
são felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os
une é uma fonte de felicidade indescritível que não é alterada pela inveja,
pelo remorso, nem por nenhuma das más paixões que fazem o tormento
dos Espíritos imperfeitos. Mas todos ainda têm que passar por provas até
que atinjam a perfeição absoluta.
Como Espíritos, sugerem bons pensamentos, desviam os homens do
caminho do mal, protegem a vida daqueles que se tornam dignos e neutralizam
a influência dos Espíritos imperfeitos sobre os que não têm por
que passar por ela.
Quando encarnados são bons e benevolentes com os seus semelhantes.
Não são movidos pelo orgulho, egoísmo, nem ambição. Não sentem
ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
A esta ordem pertencem os Espíritos designados nas crenças populares
pelos nomes de gênios bons, gênios protetores, Espíritos do bem.
Nos tempos de superstições e ignorância, foram tidos como divindades
benfazejas.
Pode-se dividi-los em quatro grupos principais:
108 Quinta classe. Espíritos Benevolentes – Sua qualidade dominante
é a bondade; satisfazem-se em prestar serviços aos homens e em
protegê-los, mas seu saber é limitado. Seu progresso é maior no sentido
moral do que no intelectual.
109 Quarta classe. Espíritos Prudentes ou Sábios – O que os distingue
especialmente é a abrangência de seus conhecimentos. Preocupam-se menos
com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm
mais aptidão. Mas consideram a ciência somente do ponto de vista da utilidade,
livre das paixões que são próprias dos Espíritos imperfeitos.
110 Terceira classe. Espíritos de Sabedoria – As qualidades morais
do mais elevado grau formam seu caráter. Sem ter conhecimentos ilimitados,
são dotados de uma capacidade intelectual que lhes dá um julgamento
preciso e sábio sobre os homens e as coisas.
111 Segunda classe. Espíritos Superiores – Reúnem a ciência, a sabedoria
e a bondade. Sua linguagem revela sempre a benevolência e é
constantemente digna, elevada, muitas vezes sublime. Sua superioridade
os torna mais aptos que os outros para nos dar noções mais justas sobre
as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao
homem conhecer. Comunicam-se benevolentemente com os que procuram
de boa-fé a verdade e que têm a alma já liberta dos laços terrestres
para compreendê-la. Mas se afastam dos que são movidos apenas pela
curiosidade ou dos que a influência da matéria desvia da prática do bem.
Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para realizar uma missão
de progresso e nos oferecem, então, o modelo de perfeição a que a humanidade
pode aspirar neste mundo.
PRIMEIRA ORDEM . ESPÍRITOS PUROS
112 Características gerais– Não sofrem nenhuma influência da matéria.
Superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos
das outras ordens.
113 Primeira classe. Classe Única– Passaram por todos os graus da
escala e se libertaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido o
mais elevado grau de perfeição de que é capaz a criatura, não têm mais
que sofrer provas nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação
em corpos perecíveis, a vida é para eles eterna e a desfrutam no seio
de Deus.
Gozam de uma felicidade inalterável por não estarem sujeitos nem às
necessidades, nem às variações e transformações da vida material. Mas
essa felicidade não é de uma ociosidade monótona passada numa contemplação
perpétua. São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens
executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam
todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudando-os a se aperfeiçoarem
e lhes designam missões. Assistir os homens em suas aflições, incitá-los
ao bem ou à expiação das faltas que os afastam da felicidade suprema é
para eles uma agradabilíssima ocupação. São chamados, às vezes, de
anjos, arcanjos ou serafins.
Os homens podem entrar em comunicação com eles, mas presunçoso
seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS
114 Os Espíritos são bons ou maus por natureza ou são eles
mesmos que se melhoram?
– São os próprios Espíritos que se melhoram, passando de uma ordem
inferior para uma ordem superior.
115 Dentre os Espíritos, alguns foram criados bons e outros maus?
– Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem
conhecimento. Deu a cada um uma missão com o objetivo de esclarecêlos
e de fazê-los chegar, progressivamente, à perfeição pelo conhecimento
da verdade e para aproximá-los de Si. A felicidade eterna e pura é para
os que alcançam essa perfeição. Os Espíritos adquirem esses conhecimentos
ao passar pelas provas que a Lei Divina lhes impõe. Uns aceitam
essas provas com submissão e chegam mais depressa ao objetivo que
lhes é destinado. Outros somente as suportam com lamentação e por
causa dessa falta permanecem mais tempo afastados da perfeição e da
felicidade prometida.
115 a Assim sendo, os Espíritos seriam em sua origem semelhantes
às crianças, ignorantes e sem experiência, só adquirindo pouco a
pouco os conhecimentos que lhes faltam ao percorrer as diferentes fases
da vida?
– Sim, a comparação é boa. A criança rebelde permanece ignorante e
imperfeita, tem maior ou menor aproveitamento segundo sua docilidade.
Porém, a vida do homem tem um limite, um fim, enquanto a dos Espíritos
se estende ao infinito.
116 Há Espíritos que permanecerão perpetuamente nas classes
inferiores?
– Não, todos se tornarão perfeitos. Eles progridem, mas demoradamente.
Como já dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir
eternamente seus filhos. Pretenderíeis que Deus, tão grande, tão bom, tão
justo, fosse pior do que vós mesmos?
117 Depende dos Espíritos apressar seu progresso para a
perfeição?
– Certamente. Chegam mais ou menos rapidamente conforme seu
desejo e submissão à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui
mais rapidamente do que uma criança rebelde?
118 Os Espíritos podem se degenerar?
– Não; à medida que avançam, compreendem o que os afasta da
perfeição. Quando o Espírito acaba uma prova, fica com o conhecimento
que adquiriu e não o esquece mais. Pode ficar estacionário, mas retroceder,
não retrocede.
119 Deus não poderia isentar os Espíritos das provas que devem
sofrer para atingir a primeira ordem?
– Se tivessem sido criados perfeitos, não teriam nenhum mérito para
desfrutar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito sem a
luta? Além do mais, a desigualdade entre eles é necessária para desenvolver
a personalidade, e a missão que realizam nessas diferentes ordens
está nos desígnios da Providência para a harmonia do universo.
120 Todos os Espíritos passam pelo mal para chegar ao bem?
– Pelo mal, não, mas sim pela fieira5 da ignorância.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Setima serie de perguntas e respostas
91 A matéria oferece algum obstáculo aos Espíritos?
– Não, eles penetram em tudo: o ar, a terra, as águas e até mesmo o
fogo lhes são igualmente acessíveis.
92 Os Espíritos têm o dom da ubiqüidade, ou, em outras palavras,
o mesmo Espírito pode se dividir ou estar em vários pontos ao
mesmo tempo?
– Não pode haver divisão do mesmo Espírito. Mas cada um é um
centro que se irradia para diferentes lados e é por isso que parece estar
em muitos lugares ao mesmo tempo. Vedes o Sol, é apenas um e, entretanto,
irradia-se em todos os sentidos e leva seus raios para muito longe.
Apesar disso, não se divide.
92 a Todos os Espíritos se irradiam com o mesmo poder?
– Longe disso. Isso depende do grau de pureza de cada um.
PERISPÍRITO
93 O Espírito, propriamente dito, não tem nenhuma cobertura, ou
como pretendem alguns, é envolvido por alguma substância?
– O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para vós, mas
ainda bem grosseira para nós; é suficientemente vaporosa para poder se
elevar na atmosfera e se transportar para onde quiser.
94 De onde o Espírito tira seu envoltório semimaterial?
– Do fluido universal de cada globo. É por isso que não é igual em
todos os mundos. Ao passar de um mundo a outro, o Espírito muda de
envoltório, como trocais de roupa.
94a Assim, quando os Espíritos que habitam os mundos superiores
vêm até nós, revestem-se de um perispírito mais grosseiro?
– É preciso que se revistam de vossa matéria, como já dissemos.
95 O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas
e pode ser perceptível?
– Sim, tem a forma que lhe convém. É assim que se apresenta, algumas
vezes, nos sonhos, ou quando estais acordados, podendo tomar
uma forma visível e até mesmo palpável.
96 Os Espíritos são iguais ou há entre eles alguma hierarquia?
– Eles são de diferentes ordens, de acordo com o grau de perfeição a
que chegaram.
97 Há um número determinado de ordens ou de graus de perfeição
entre os Espíritos?
– O número é ilimitado. Não há entre essas ordens uma linha de demarcação
como limite, e, assim, as divisões podem ser multiplicadas ou
restringidas à vontade. No entanto, considerando-se as características
gerais, podem reduzir-se a três principais.
Em primeiro lugar, os que chegaram à perfeição: os Espíritos puros.
Os da segunda ordem são os que atingiram o meio da escala: o desejo do
bem é sua preocupação. Os do último grau, ainda no início da escala, são
os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do
mal e por todas as más paixões que retardam seu adiantamento.
98 Os Espíritos da segunda ordem têm apenas o desejo do bem,
ou terão também o poder de praticá-lo?
– Têm esse poder segundo o grau de sua perfeição: uns têm a ciência,
outros a sabedoria e a bondade, mas todos ainda têm provas a cumprir.
99 Os Espíritos da terceira ordem são todos essencialmente maus?
– Não; uns não fazem o bem nem o mal; outros, ao contrário, se
satisfazem no mal e sentem prazer quando encontram a ocasião de o
fazer. E há ainda os Espíritos levianos ou zombadores, mais brincalhões do
que maus, que se satisfazem antes na malícia do que na maldade e que
encontram prazer em mistificar e causar pequenas contrariedades das quais
se riem.
ESCALA ESPÍRITA
100 Observações preliminares: A classificação dos Espíritos é baseada
no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram e nas imperfeições
de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem nada de
absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu conjunto,
mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as
diferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arcoíris,
ou, ainda, como nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se
formar um número de classes mais ou menos grande, segundo o ponto
de vista de que se considere a questão. Ocorre o mesmo com todos os
sistemas de classificações científicas: esses sistemas podem ser mais ou
menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos
para a inteligência, mas, quaisquer que sejam, não mudam em nada as
bases da ciência. Assim, os Espíritos interrogados sobre esse ponto pu-
deram variar no número de categorias sem que isso tenha conseqüências.
Armaram-se alguns contestadores da Doutrina com essa contradição
aparente, sem refletir que os Espíritos não dão nenhuma importância ao
que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam
para nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra,
os sistemas.
Acrescentamos ainda esta consideração, que jamais se deve perder
de vista: é que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os
muito ignorantes, e nunca será demais se prevenir contra a tendência de
acreditar que todos devem saber tudo só porque são Espíritos. Qualquer
classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto.
Portanto, no mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados
são, como na Terra, os ignorantes, incapazes de abranger um conjunto
para formular um sistema. Só imperfeitamente conhecem ou compreendem
uma classificação qualquer. Para eles, todos os Espíritos que
lhes são superiores são de primeira ordem, sem que possam apreciar as
diferenças de saber, capacidade e moralidade que os distinguem entre si,
como faria entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados.
Mesmo os que têm capacidade de o fazer podem variar nos detalhes, de
acordo com seus pontos de vista, principalmente quando uma divisão
como esta não tem limites fixados, nada de absoluto. Lineu, Jussieu e
Tournefort proclamaram, cada um, seu método, e a botânica não se alterou em
nada por causa disso. É que o método deles não inventou as plantas, nem seus
caracteres. Eles apenas observaram as semelhanças e funções com as quais
depois formaram grupos ou classes. Da mesma maneira procedemos nós. Não
inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos. Nós os
julgamos por suas palavras e seus atos, depois os classificamos por semelhanças,
baseando-nos em dados que eles próprios nos forneceram.
Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes
divisões. Na última, a que está no início da escala, estão os Espíritos
imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito
e pela propensão ao mal.
Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito
sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos. Os
da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os Espíritos
puros.
Essa divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta características
bem definidas. Só nos faltava ressaltar, mediante um número
suficiente de subdivisões, as diferenças principais do conjunto. Foi o que
fizemos com o auxílio dos Espíritos, cujas instruções benevolentes nunca
nos faltaram.
Com o auxílio desse quadro será fácil determinar a categoria e o grau
de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos
entrar em contato e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima que
merecem. É de certo modo a chave da ciência espírita, visto que apenas
ele pode nos explicar as anomalias, as diferenças que apresentam as comunicações,
ao nos esclarecer sobre as desigualdades intelectuais e morais
dos Espíritos. Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem
exclusivamente a esta ou aquela classe. Seu progresso apenas
se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que em
outro, e podem reunir as características de mais de uma categoria, o que
se pode notar por sua linguagem e seus atos.
TERCEIRA ORDEM . ESPÍRITOS IMPERFEITOS
101 Características gerais– Predominância da matéria sobre o Espírito.
Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões
que são suas conseqüências.
Eles têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus. Entre alguns há mais leviandade,
inconseqüência e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não fazem
o bem nem o mal; mas, apenas pelo fato de não fazerem o bem, já
demonstram sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal
e ficam satisfeitos quando encontram a ocasião de o fazer.
Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia; mas qualquer que
seja seu desenvolvimento intelectual, suas idéias são pouco elevadas e
seus sentimentos mais ou menos inferiores.
Seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados e
o pouco que sabem se confunde com as idéias e os preconceitos da vida
corporal. Eles podem nos dar apenas noções falsas e incompletas, mas o observador
atento encontra, muitas vezes, em suas comunicações imperfeitas,
a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos Superiores.
Seu caráter se revela pela sua linguagem. Todo Espírito que em suas
comunicações revela um mau pensamento pode ser classificado na terceira
ordem. Por conseqüência, todo mau pensamento que nos é sugerido
vem de um Espírito dessa ordem.
Eles vêem a felicidade dos bons e isso é, para eles, um tormento
incessante, porque sentem todas as agonias que originam a inveja e o
ciúme.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corporal
e essa impressão é, muitas vezes, mais dolorosa do que a realidade. Sofrem,
verdadeiramente, pelos males que suportaram em vida e pelos que fizeram os
outros sofrer. E como sofrem por longo tempo, acreditam que irão sofrer para
sempre. A Providência, para puni-los, permite que assim pensem3.
Pode-se dividi-los em cinco classes principais:
102 Décima classe. Espíritos Impuros – São inclinados ao mal e fazem
dele o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos
falsos, provocam a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as
formas para melhor enganar. Eles se ligam às pessoas de caráter mais
fraco, que cedem às suas sugestões, a fim de prejudicá-los, satisfeitos
em poder retardar o seu adiantamento e fazê-las fracassar nas provas por
que passam.
Nas manifestações, esses espíritos são reconhecidos pela linguagem.
A trivialidade e a grosseria das expressões, entre os Espíritos como entre
os homens, é sempre um indício de inferioridade moral ou intelectual. Suas
comunicações revelam a baixeza de suas inclinações e, se tentam enganar
ao falar de uma maneira sensata, não podem sustentar esse papel por
muito tempo, e acabam sempre por denunciar a sua origem.
Alguns povos fizeram desses Espíritos divindades malfazejas; outros
os designaram sob o nome de demônios, maus gênios, espíritos do mal.
Quando estão encarnados, são inclinados a todos os vícios que geram
as paixões vergonhosas e degradantes: a sensualidade, a crueldade,
a mentira, a hipocrisia, a cobiça e a avareza sórdida. Fazem o mal pelo
prazer de fazê-lo e, muitas vezes, sem motivos e por ódio ao bem, escolhem
quase sempre suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos
para a humanidade, seja qual for a posição da sociedade a que pertençam,
e o verniz da civilização não os livra da baixeza e da desonra.
103 Nona classe. Espíritos Levianos – São ignorantes, maliciosos,
inconseqüentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo,
sem se preocupar com a verdade. Comprazem-se em causar pequenos
desgostos e pequenas alegrias, atormentar e induzir maliciosamente ao
erro por meio de mistificações e espertezas. A esta classe pertencem os
Espíritos vulgarmente designados sob os nomes de duendes, trasgos4,
gnomos, diabretes. Estão sob a dependência dos Espíritos Superiores, que
se utilizam deles, muitas vezes, como fazemos com os nossos servidores.
Nas suas comunicações com os homens, a linguagem é algumas
vezes espirituosa e engraçada, mas quase sempre sem profundidade.
Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas
mordazes e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais para se divertir
conosco do que por maldade.
104 Oitava classe. Espíritos Pseudo-Sábios – Seus conhecimentos
são bastante amplos, mas acreditam saber mais do que sabem na realidade.
Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, sua
linguagem tem uma característica séria que pode induzir ao erro e ocasionar
enganos sobre suas capacidades e seus conhecimentos. Mas isso é
apenas um reflexo dos preconceitos e das idéias sistemáticas que con-
servam da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades ao lado dos
erros mais absurdos, no meio dos quais sobressai a presunção, o orgulho,
a inveja e a obstinação das quais não puderam se libertar.
105 Sétima classe. Espíritos Neutros – Não são bastante bons para
fazer o bem, nem suficientemente maus para fazer o mal. Inclinam-se tanto
para um quanto para o outro e não se elevam acima da condição comum
da humanidade, tanto pela moral quanto pela inteligência. Eles se prendem
às coisas deste mundo e lamentam a perda das alegrias grosseiras
que nele deixaram.
– Não, eles penetram em tudo: o ar, a terra, as águas e até mesmo o
fogo lhes são igualmente acessíveis.
92 Os Espíritos têm o dom da ubiqüidade, ou, em outras palavras,
o mesmo Espírito pode se dividir ou estar em vários pontos ao
mesmo tempo?
– Não pode haver divisão do mesmo Espírito. Mas cada um é um
centro que se irradia para diferentes lados e é por isso que parece estar
em muitos lugares ao mesmo tempo. Vedes o Sol, é apenas um e, entretanto,
irradia-se em todos os sentidos e leva seus raios para muito longe.
Apesar disso, não se divide.
92 a Todos os Espíritos se irradiam com o mesmo poder?
– Longe disso. Isso depende do grau de pureza de cada um.
PERISPÍRITO
93 O Espírito, propriamente dito, não tem nenhuma cobertura, ou
como pretendem alguns, é envolvido por alguma substância?
– O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para vós, mas
ainda bem grosseira para nós; é suficientemente vaporosa para poder se
elevar na atmosfera e se transportar para onde quiser.
94 De onde o Espírito tira seu envoltório semimaterial?
– Do fluido universal de cada globo. É por isso que não é igual em
todos os mundos. Ao passar de um mundo a outro, o Espírito muda de
envoltório, como trocais de roupa.
94a Assim, quando os Espíritos que habitam os mundos superiores
vêm até nós, revestem-se de um perispírito mais grosseiro?
– É preciso que se revistam de vossa matéria, como já dissemos.
95 O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas
e pode ser perceptível?
– Sim, tem a forma que lhe convém. É assim que se apresenta, algumas
vezes, nos sonhos, ou quando estais acordados, podendo tomar
uma forma visível e até mesmo palpável.
96 Os Espíritos são iguais ou há entre eles alguma hierarquia?
– Eles são de diferentes ordens, de acordo com o grau de perfeição a
que chegaram.
97 Há um número determinado de ordens ou de graus de perfeição
entre os Espíritos?
– O número é ilimitado. Não há entre essas ordens uma linha de demarcação
como limite, e, assim, as divisões podem ser multiplicadas ou
restringidas à vontade. No entanto, considerando-se as características
gerais, podem reduzir-se a três principais.
Em primeiro lugar, os que chegaram à perfeição: os Espíritos puros.
Os da segunda ordem são os que atingiram o meio da escala: o desejo do
bem é sua preocupação. Os do último grau, ainda no início da escala, são
os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do
mal e por todas as más paixões que retardam seu adiantamento.
98 Os Espíritos da segunda ordem têm apenas o desejo do bem,
ou terão também o poder de praticá-lo?
– Têm esse poder segundo o grau de sua perfeição: uns têm a ciência,
outros a sabedoria e a bondade, mas todos ainda têm provas a cumprir.
99 Os Espíritos da terceira ordem são todos essencialmente maus?
– Não; uns não fazem o bem nem o mal; outros, ao contrário, se
satisfazem no mal e sentem prazer quando encontram a ocasião de o
fazer. E há ainda os Espíritos levianos ou zombadores, mais brincalhões do
que maus, que se satisfazem antes na malícia do que na maldade e que
encontram prazer em mistificar e causar pequenas contrariedades das quais
se riem.
ESCALA ESPÍRITA
100 Observações preliminares: A classificação dos Espíritos é baseada
no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram e nas imperfeições
de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem nada de
absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu conjunto,
mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as
diferenças se apagam como nos reinos da natureza, nas cores do arcoíris,
ou, ainda, como nos diferentes períodos da vida do homem. Pode-se
formar um número de classes mais ou menos grande, segundo o ponto
de vista de que se considere a questão. Ocorre o mesmo com todos os
sistemas de classificações científicas: esses sistemas podem ser mais ou
menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos
para a inteligência, mas, quaisquer que sejam, não mudam em nada as
bases da ciência. Assim, os Espíritos interrogados sobre esse ponto pu-
deram variar no número de categorias sem que isso tenha conseqüências.
Armaram-se alguns contestadores da Doutrina com essa contradição
aparente, sem refletir que os Espíritos não dão nenhuma importância ao
que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam
para nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra,
os sistemas.
Acrescentamos ainda esta consideração, que jamais se deve perder
de vista: é que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os
muito ignorantes, e nunca será demais se prevenir contra a tendência de
acreditar que todos devem saber tudo só porque são Espíritos. Qualquer
classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto.
Portanto, no mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados
são, como na Terra, os ignorantes, incapazes de abranger um conjunto
para formular um sistema. Só imperfeitamente conhecem ou compreendem
uma classificação qualquer. Para eles, todos os Espíritos que
lhes são superiores são de primeira ordem, sem que possam apreciar as
diferenças de saber, capacidade e moralidade que os distinguem entre si,
como faria entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados.
Mesmo os que têm capacidade de o fazer podem variar nos detalhes, de
acordo com seus pontos de vista, principalmente quando uma divisão
como esta não tem limites fixados, nada de absoluto. Lineu, Jussieu e
Tournefort proclamaram, cada um, seu método, e a botânica não se alterou em
nada por causa disso. É que o método deles não inventou as plantas, nem seus
caracteres. Eles apenas observaram as semelhanças e funções com as quais
depois formaram grupos ou classes. Da mesma maneira procedemos nós. Não
inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos. Nós os
julgamos por suas palavras e seus atos, depois os classificamos por semelhanças,
baseando-nos em dados que eles próprios nos forneceram.
Os Espíritos admitem geralmente três categorias principais ou três grandes
divisões. Na última, a que está no início da escala, estão os Espíritos
imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito
e pela propensão ao mal.
Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito
sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos. Os
da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os Espíritos
puros.
Essa divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta características
bem definidas. Só nos faltava ressaltar, mediante um número
suficiente de subdivisões, as diferenças principais do conjunto. Foi o que
fizemos com o auxílio dos Espíritos, cujas instruções benevolentes nunca
nos faltaram.
Com o auxílio desse quadro será fácil determinar a categoria e o grau
de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos
entrar em contato e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima que
merecem. É de certo modo a chave da ciência espírita, visto que apenas
ele pode nos explicar as anomalias, as diferenças que apresentam as comunicações,
ao nos esclarecer sobre as desigualdades intelectuais e morais
dos Espíritos. Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem
exclusivamente a esta ou aquela classe. Seu progresso apenas
se realiza gradualmente e, muitas vezes, mais num sentido do que em
outro, e podem reunir as características de mais de uma categoria, o que
se pode notar por sua linguagem e seus atos.
TERCEIRA ORDEM . ESPÍRITOS IMPERFEITOS
101 Características gerais– Predominância da matéria sobre o Espírito.
Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões
que são suas conseqüências.
Eles têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus. Entre alguns há mais leviandade,
inconseqüência e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não fazem
o bem nem o mal; mas, apenas pelo fato de não fazerem o bem, já
demonstram sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal
e ficam satisfeitos quando encontram a ocasião de o fazer.
Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia; mas qualquer que
seja seu desenvolvimento intelectual, suas idéias são pouco elevadas e
seus sentimentos mais ou menos inferiores.
Seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados e
o pouco que sabem se confunde com as idéias e os preconceitos da vida
corporal. Eles podem nos dar apenas noções falsas e incompletas, mas o observador
atento encontra, muitas vezes, em suas comunicações imperfeitas,
a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos Superiores.
Seu caráter se revela pela sua linguagem. Todo Espírito que em suas
comunicações revela um mau pensamento pode ser classificado na terceira
ordem. Por conseqüência, todo mau pensamento que nos é sugerido
vem de um Espírito dessa ordem.
Eles vêem a felicidade dos bons e isso é, para eles, um tormento
incessante, porque sentem todas as agonias que originam a inveja e o
ciúme.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corporal
e essa impressão é, muitas vezes, mais dolorosa do que a realidade. Sofrem,
verdadeiramente, pelos males que suportaram em vida e pelos que fizeram os
outros sofrer. E como sofrem por longo tempo, acreditam que irão sofrer para
sempre. A Providência, para puni-los, permite que assim pensem3.
Pode-se dividi-los em cinco classes principais:
102 Décima classe. Espíritos Impuros – São inclinados ao mal e fazem
dele o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos
falsos, provocam a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as
formas para melhor enganar. Eles se ligam às pessoas de caráter mais
fraco, que cedem às suas sugestões, a fim de prejudicá-los, satisfeitos
em poder retardar o seu adiantamento e fazê-las fracassar nas provas por
que passam.
Nas manifestações, esses espíritos são reconhecidos pela linguagem.
A trivialidade e a grosseria das expressões, entre os Espíritos como entre
os homens, é sempre um indício de inferioridade moral ou intelectual. Suas
comunicações revelam a baixeza de suas inclinações e, se tentam enganar
ao falar de uma maneira sensata, não podem sustentar esse papel por
muito tempo, e acabam sempre por denunciar a sua origem.
Alguns povos fizeram desses Espíritos divindades malfazejas; outros
os designaram sob o nome de demônios, maus gênios, espíritos do mal.
Quando estão encarnados, são inclinados a todos os vícios que geram
as paixões vergonhosas e degradantes: a sensualidade, a crueldade,
a mentira, a hipocrisia, a cobiça e a avareza sórdida. Fazem o mal pelo
prazer de fazê-lo e, muitas vezes, sem motivos e por ódio ao bem, escolhem
quase sempre suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos
para a humanidade, seja qual for a posição da sociedade a que pertençam,
e o verniz da civilização não os livra da baixeza e da desonra.
103 Nona classe. Espíritos Levianos – São ignorantes, maliciosos,
inconseqüentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo,
sem se preocupar com a verdade. Comprazem-se em causar pequenos
desgostos e pequenas alegrias, atormentar e induzir maliciosamente ao
erro por meio de mistificações e espertezas. A esta classe pertencem os
Espíritos vulgarmente designados sob os nomes de duendes, trasgos4,
gnomos, diabretes. Estão sob a dependência dos Espíritos Superiores, que
se utilizam deles, muitas vezes, como fazemos com os nossos servidores.
Nas suas comunicações com os homens, a linguagem é algumas
vezes espirituosa e engraçada, mas quase sempre sem profundidade.
Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas
mordazes e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais para se divertir
conosco do que por maldade.
104 Oitava classe. Espíritos Pseudo-Sábios – Seus conhecimentos
são bastante amplos, mas acreditam saber mais do que sabem na realidade.
Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, sua
linguagem tem uma característica séria que pode induzir ao erro e ocasionar
enganos sobre suas capacidades e seus conhecimentos. Mas isso é
apenas um reflexo dos preconceitos e das idéias sistemáticas que con-
servam da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades ao lado dos
erros mais absurdos, no meio dos quais sobressai a presunção, o orgulho,
a inveja e a obstinação das quais não puderam se libertar.
105 Sétima classe. Espíritos Neutros – Não são bastante bons para
fazer o bem, nem suficientemente maus para fazer o mal. Inclinam-se tanto
para um quanto para o outro e não se elevam acima da condição comum
da humanidade, tanto pela moral quanto pela inteligência. Eles se prendem
às coisas deste mundo e lamentam a perda das alegrias grosseiras
que nele deixaram.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Sexta serie de perguntas e respostas
76 Que definição se pode dar dos Espíritos?
– Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação.
Eles povoam o universo, fora do mundo material.
77 Os Espíritos são seres distintos da Divindade ou seriam somente
emanações ou porções da Divindade e chamados, por essa
razão, filhos de Deus?
– Meu Deus! São obras de Deus. Exatamente como um homem que faz uma máquina, essa máquina é a obra do homem, mas não é ele próprio.
Quando o homem faz uma coisa bela, útil, a chama sua filha, sua criação.
Pois bem! Ocorre o mesmo com Deus: somos seus filhos, porque somos sua obra.
78 Os Espíritos tiveram um princípio, ou são como Deus, de toda a eternidade?
– Se os Espíritos não tivessem tido um princípio, seriam iguais a Deus.
São sua criação e submissos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, isso é incontestável. Mas saber quando e como nos criou, não sabemos nada. Podeis dizer que não tivemos princípio, se entenderdes com isso que Deus, sendo eterno, tem criado sem descanso. Mas quando e como cada um de nós foi criado, repito, ninguém o sabe: esse é o mistério.
79 Uma vez que há dois elementos gerais no universo: o inteligente
e o material, pode-se dizer que os Espíritos são formados do elemento
inteligente, como os corpos inertes são formados do elemento
material?
– É evidente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente,
como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo dessa formação é que são desconhecidos.
80 A criação dos Espíritos é permanente, ou só ocorreu no início dos tempos?
– É permanente, Deus nunca parou de criar.
81 Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns
dos outros?
– Deus os cria, como a todas as outras criaturas, por sua vontade.
Mas, repito mais uma vez, sua origem é um mistério.
82 É exato dizer que os Espíritos são imateriais?
– Como podemos definir uma coisa quando não temos termos de comparação
e com uma linguagem insuficiente? Pode um cego de nascença
definir a luz? Imaterial não é bem a palavra, incorpóreo seria mais exato, porque
deveis compreender bem que o Espírito, sendo uma criação, deve ser
alguma coisa. É uma matéria puríssima, mas sem comparação ou semelhança
para vós, e tão etérea que não pode ser percebida pelos vossos sentidos.
83 Compreende-se que o princípio de onde emanam os Espíritos
seja eterno, mas o que perguntamos é se sua individualidade tem um
fim e se, num dado momento, mais ou menos longo, o elemento do
qual são formados se dispersa e retorna à massa de onde saiu, como
acontece com os corpos materiais. É difícil compreender que uma
coisa que começou não possa acabar. Os Espíritos têm um fim?
– Há coisas que não compreendeis, porque a vossa inteligência é
limitada. Mas isso não é razão para serem rejeitadas. A criança não compreende
tudo o que seu pai compreende, nem o ignorante tudo o que
compreende o sábio. Nós vos dizemos que a existência dos Espíritos não
acaba; é tudo o que, por agora, podemos dizer.
MUNDO NORMAL PRIMITIVO
84 Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que
vemos?
– Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.
85 Qual dos dois é o principal na ordem das coisas: o mundo
espiritual ou o mundo corporal?
– O mundo espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo.
86 O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido,
sem alterar a essência do mundo espiritual?
– Sim, eles são independentes e, entretanto, sua correlação é incessante,
porque reagem incessantemente um sobre o outro.
87 Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita
no espaço?
– Os Espíritos estão em todos os lugares, povoam infinitamente os
espaços. Estão sempre ao vosso lado, vos observam e agem entre vós
sem os perceberdes, porque os Espíritos são uma das forças da natureza
e os instrumentos dos quais Deus se serve para a realização de Seus
desígnios providenciais. Mas nem todos vão a todos os lugares, porque
há regiões interditadas aos menos avançados.
FORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOS
88 Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
– A vossos olhos, não; aos nossos, sim. O Espírito é, se quiserdes,
uma chama, um clarão ou uma centelha etérea.
88 a Essa chama ou centelha tem uma cor qualquer?
– Para vós, ela varia do escuro ao brilho do rubi, conforme seja o
Espírito mais ou menos puro.
89 Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?
– Sim; porém, rápido como o pensamento.
89 a O pensamento não é a própria alma que se transporta?
– Quando o pensamento está em algum lugar, a alma está também,
uma vez que é a alma que pensa. O pensamento é um atributo da alma.
90 O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência
da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é
subitamente transportado para o lugar aonde quer ir?
– Ocorrem ambas as coisas. O Espírito pode muito bem, se o quiser,
se dar conta da distância que percorre, mas essa distância pode também
não ser sentida e até completamente despercebida. Isso depende de sua
vontade e de sua natureza mais ou menos depurada.
– Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação.
Eles povoam o universo, fora do mundo material.
77 Os Espíritos são seres distintos da Divindade ou seriam somente
emanações ou porções da Divindade e chamados, por essa
razão, filhos de Deus?
– Meu Deus! São obras de Deus. Exatamente como um homem que faz uma máquina, essa máquina é a obra do homem, mas não é ele próprio.
Quando o homem faz uma coisa bela, útil, a chama sua filha, sua criação.
Pois bem! Ocorre o mesmo com Deus: somos seus filhos, porque somos sua obra.
78 Os Espíritos tiveram um princípio, ou são como Deus, de toda a eternidade?
– Se os Espíritos não tivessem tido um princípio, seriam iguais a Deus.
São sua criação e submissos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, isso é incontestável. Mas saber quando e como nos criou, não sabemos nada. Podeis dizer que não tivemos princípio, se entenderdes com isso que Deus, sendo eterno, tem criado sem descanso. Mas quando e como cada um de nós foi criado, repito, ninguém o sabe: esse é o mistério.
79 Uma vez que há dois elementos gerais no universo: o inteligente
e o material, pode-se dizer que os Espíritos são formados do elemento
inteligente, como os corpos inertes são formados do elemento
material?
– É evidente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente,
como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo dessa formação é que são desconhecidos.
80 A criação dos Espíritos é permanente, ou só ocorreu no início dos tempos?
– É permanente, Deus nunca parou de criar.
81 Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns
dos outros?
– Deus os cria, como a todas as outras criaturas, por sua vontade.
Mas, repito mais uma vez, sua origem é um mistério.
82 É exato dizer que os Espíritos são imateriais?
– Como podemos definir uma coisa quando não temos termos de comparação
e com uma linguagem insuficiente? Pode um cego de nascença
definir a luz? Imaterial não é bem a palavra, incorpóreo seria mais exato, porque
deveis compreender bem que o Espírito, sendo uma criação, deve ser
alguma coisa. É uma matéria puríssima, mas sem comparação ou semelhança
para vós, e tão etérea que não pode ser percebida pelos vossos sentidos.
83 Compreende-se que o princípio de onde emanam os Espíritos
seja eterno, mas o que perguntamos é se sua individualidade tem um
fim e se, num dado momento, mais ou menos longo, o elemento do
qual são formados se dispersa e retorna à massa de onde saiu, como
acontece com os corpos materiais. É difícil compreender que uma
coisa que começou não possa acabar. Os Espíritos têm um fim?
– Há coisas que não compreendeis, porque a vossa inteligência é
limitada. Mas isso não é razão para serem rejeitadas. A criança não compreende
tudo o que seu pai compreende, nem o ignorante tudo o que
compreende o sábio. Nós vos dizemos que a existência dos Espíritos não
acaba; é tudo o que, por agora, podemos dizer.
MUNDO NORMAL PRIMITIVO
84 Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que
vemos?
– Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.
85 Qual dos dois é o principal na ordem das coisas: o mundo
espiritual ou o mundo corporal?
– O mundo espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo.
86 O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido,
sem alterar a essência do mundo espiritual?
– Sim, eles são independentes e, entretanto, sua correlação é incessante,
porque reagem incessantemente um sobre o outro.
87 Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita
no espaço?
– Os Espíritos estão em todos os lugares, povoam infinitamente os
espaços. Estão sempre ao vosso lado, vos observam e agem entre vós
sem os perceberdes, porque os Espíritos são uma das forças da natureza
e os instrumentos dos quais Deus se serve para a realização de Seus
desígnios providenciais. Mas nem todos vão a todos os lugares, porque
há regiões interditadas aos menos avançados.
FORMA E UBIQÜIDADE DOS ESPÍRITOS
88 Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
– A vossos olhos, não; aos nossos, sim. O Espírito é, se quiserdes,
uma chama, um clarão ou uma centelha etérea.
88 a Essa chama ou centelha tem uma cor qualquer?
– Para vós, ela varia do escuro ao brilho do rubi, conforme seja o
Espírito mais ou menos puro.
89 Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?
– Sim; porém, rápido como o pensamento.
89 a O pensamento não é a própria alma que se transporta?
– Quando o pensamento está em algum lugar, a alma está também,
uma vez que é a alma que pensa. O pensamento é um atributo da alma.
90 O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência
da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é
subitamente transportado para o lugar aonde quer ir?
– Ocorrem ambas as coisas. O Espírito pode muito bem, se o quiser,
se dar conta da distância que percorre, mas essa distância pode também
não ser sentida e até completamente despercebida. Isso depende de sua
vontade e de sua natureza mais ou menos depurada.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Quinta serie de perguntas e respostas
61 Há uma diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a
dos inorgânicos?
– A matéria é sempre a mesma, mas nos corpos orgânicos está animalizada.
62 Qual é a causa da animalização da matéria?
– Sua união com o princípio vital.
63 O princípio vital é um agente particular ou é apenas uma propriedade
da matéria organizada? Numa palavra, é um efeito ou uma causa?
– Uma e outra. A vida é um efeito produzido pela ação de um agente
sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo
que a matéria não pode viver sem esse agente. O princípio vital dá a vida
a todos os seres que o absorvem e assimilam.
64 Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constituintes
do universo. O princípio vital forma um terceiro?
– É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do universo,
mas ele mesmo tem sua fonte na matéria universal modificada. É um
elemento, como para vós o oxigênio e o hidrogênio que, entretanto, não são
elementos primitivos, embora tudo isso proceda de um mesmo princípio.
64 a Disso parece resultar que a vitalidade não tem seu princípio
num agente primitivo distinto, mas numa propriedade especial da matéria
universal, em razão de algumas modificações?
– É a conseqüência do que dissemos.
SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS
CAPÍTULO 4
65 O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos?
– Tem sua fonte no fluido universal. É o que chamais fluido magnético
ou fluido elétrico animalizado. Ele é o intermediário, o elo entre o Espírito e
a matéria.
66 O princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos?
– Sim, modificado conforme as espécies. É o que lhes dá movimento
e atividade e os distingue da matéria inerte, uma vez que o movimento da
matéria não é a vida. A matéria recebe esse movimento, não o dá.
67 A vitalidade é um atributo permanente do agente vital ou apenas
se desenvolve pelo funcionamento dos órgãos?
– Apenas se desenvolve com o corpo. Não dissemos que esse agente
sem a matéria não é a vida? É preciso a união das duas coisas para
produzir a vida.
67 a Pode-se dizer que a vitalidade está em estado latente, quando
o agente vital não está unido ao corpo?
– Sim, é isso.
A VIDA E A MORTE
68 Qual é a causa da morte entre os seres orgânicos?
– O esgotamento dos órgãos.
68 a Podemos comparar a morte com o cessar do movimento
numa máquina desarranjada?
– Sim; se a máquina está mal montada, o movimento cessa; se o
corpo está doente, a vida se extingue.
69 Por que uma lesão do coração causa a morte mais do que em
qualquer outro órgão?
– O coração é a máquina da vida, mas não é o único órgão cuja lesão
ocasiona a morte. É somente uma das peças essenciais.
70 O que acontece com a matéria e o princípio vital dos seres
orgânicos quando eles morrem?
– A matéria sem atividade se decompõe e vai formar novos organismos.
O princípio vital retorna à sua origem, à sua fonte.
INTELIGÊNCIA E INSTINTO
71 A inteligência é um atributo do princípio vital?
– Não, uma vez que as plantas vivem e não pensam: apenas têm a
vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, uma vez que
um corpo pode viver sem inteligência. Porém, a inteligência só pode manifestar-
se por meio dos órgãos materiais. É preciso a união com o Espírito
para prover de inteligência a matéria animalizada.
72 Qual é a fonte da inteligência?
– Já o dissemos: a inteligência universal.
72 a Podemos, então, dizer que cada ser tira uma porção de inteligência
da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio
da vida material?
– Isso é apenas uma comparação, mas não é exata. A inteligência é um dom
próprio de cada ser e constitui sua individualidade moral. Por fim, há coisas que
não são dadas ao homem penetrar, e essa por enquanto é uma delas.
73 O instinto é independente da inteligência?
– Não, precisamente, mas ele é uma espécie de inteligência. O instinto
é uma inteligência não-racional. É por meio dele que todos os seres
provêm as suas necessidades.
74 Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a inteligência, ou
seja, perceber onde um acaba e a outra começa?
– Não, porque freqüentemente se confundem. Mas pode-se muito
bem distinguir os atos do instinto dos da inteligência.
75 É exato dizer que os dons instintivos diminuem à medida que
aumentam os intelectuais?
– Não; o instinto sempre existe, mas o homem o despreza. O instinto
também pode conduzir ao bem. Ele nos guia, quase sempre, mais seguramente
do que a razão. Nunca se engana.
dos inorgânicos?
– A matéria é sempre a mesma, mas nos corpos orgânicos está animalizada.
62 Qual é a causa da animalização da matéria?
– Sua união com o princípio vital.
63 O princípio vital é um agente particular ou é apenas uma propriedade
da matéria organizada? Numa palavra, é um efeito ou uma causa?
– Uma e outra. A vida é um efeito produzido pela ação de um agente
sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo
que a matéria não pode viver sem esse agente. O princípio vital dá a vida
a todos os seres que o absorvem e assimilam.
64 Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constituintes
do universo. O princípio vital forma um terceiro?
– É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do universo,
mas ele mesmo tem sua fonte na matéria universal modificada. É um
elemento, como para vós o oxigênio e o hidrogênio que, entretanto, não são
elementos primitivos, embora tudo isso proceda de um mesmo princípio.
64 a Disso parece resultar que a vitalidade não tem seu princípio
num agente primitivo distinto, mas numa propriedade especial da matéria
universal, em razão de algumas modificações?
– É a conseqüência do que dissemos.
SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS
CAPÍTULO 4
65 O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos?
– Tem sua fonte no fluido universal. É o que chamais fluido magnético
ou fluido elétrico animalizado. Ele é o intermediário, o elo entre o Espírito e
a matéria.
66 O princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos?
– Sim, modificado conforme as espécies. É o que lhes dá movimento
e atividade e os distingue da matéria inerte, uma vez que o movimento da
matéria não é a vida. A matéria recebe esse movimento, não o dá.
67 A vitalidade é um atributo permanente do agente vital ou apenas
se desenvolve pelo funcionamento dos órgãos?
– Apenas se desenvolve com o corpo. Não dissemos que esse agente
sem a matéria não é a vida? É preciso a união das duas coisas para
produzir a vida.
67 a Pode-se dizer que a vitalidade está em estado latente, quando
o agente vital não está unido ao corpo?
– Sim, é isso.
A VIDA E A MORTE
68 Qual é a causa da morte entre os seres orgânicos?
– O esgotamento dos órgãos.
68 a Podemos comparar a morte com o cessar do movimento
numa máquina desarranjada?
– Sim; se a máquina está mal montada, o movimento cessa; se o
corpo está doente, a vida se extingue.
69 Por que uma lesão do coração causa a morte mais do que em
qualquer outro órgão?
– O coração é a máquina da vida, mas não é o único órgão cuja lesão
ocasiona a morte. É somente uma das peças essenciais.
70 O que acontece com a matéria e o princípio vital dos seres
orgânicos quando eles morrem?
– A matéria sem atividade se decompõe e vai formar novos organismos.
O princípio vital retorna à sua origem, à sua fonte.
INTELIGÊNCIA E INSTINTO
71 A inteligência é um atributo do princípio vital?
– Não, uma vez que as plantas vivem e não pensam: apenas têm a
vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, uma vez que
um corpo pode viver sem inteligência. Porém, a inteligência só pode manifestar-
se por meio dos órgãos materiais. É preciso a união com o Espírito
para prover de inteligência a matéria animalizada.
72 Qual é a fonte da inteligência?
– Já o dissemos: a inteligência universal.
72 a Podemos, então, dizer que cada ser tira uma porção de inteligência
da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio
da vida material?
– Isso é apenas uma comparação, mas não é exata. A inteligência é um dom
próprio de cada ser e constitui sua individualidade moral. Por fim, há coisas que
não são dadas ao homem penetrar, e essa por enquanto é uma delas.
73 O instinto é independente da inteligência?
– Não, precisamente, mas ele é uma espécie de inteligência. O instinto
é uma inteligência não-racional. É por meio dele que todos os seres
provêm as suas necessidades.
74 Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a inteligência, ou
seja, perceber onde um acaba e a outra começa?
– Não, porque freqüentemente se confundem. Mas pode-se muito
bem distinguir os atos do instinto dos da inteligência.
75 É exato dizer que os dons instintivos diminuem à medida que
aumentam os intelectuais?
– Não; o instinto sempre existe, mas o homem o despreza. O instinto
também pode conduzir ao bem. Ele nos guia, quase sempre, mais seguramente
do que a razão. Nunca se engana.
domingo, 18 de outubro de 2009
Quarta serie de perguntas e respostas
46 Ainda há seres que nascem espontaneamente?
– Sim. Mas o germe primitivo já existia em estado latente. Todos os
dias vós mesmos sois testemunhas desse fenômeno. Não dormitam, em
estado latente, tanto no homem quanto no animal, bilhões de germes de
uma multidão de vermes aguardando o momento de despertar para iniciarem
a putrefação que vai provocar a decomposição cadavérica indispensável
à sua existência? Este é um pequeno mundo que dorme e se cria.
47 A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos
contidos no globo terrestre?
– Sim, e veio a seu tempo. Foi o que levou a dizer que o homem foi
formado do limo da Terra.
48 Podemos conhecer a época do aparecimento do homem e de
outros seres vivos sobre a Terra?
– Não, todos os vossos cálculos são hipotéticos, suposições.
49 Se o germe da espécie humana se encontrava entre os elementos
orgânicos do globo, por que não se formam mais espontaneamente
os homens, como na sua origem?
– O princípio das coisas está nos segredos de Deus. Entretanto, podese
dizer que os homens, uma vez espalhados pela Terra, absorveram os
elementos necessários para a própria formação da espécie, para transmiti-
los de acordo com as leis da reprodução. Ocorreu o mesmo com as
diferentes espécies de seres vivos.
POVOAMENTO DA TERRA. ADÃO
50 A espécie humana começou por um único homem?
– Não; aquele a quem chamais Adão não foi nem o primeiro, nem o
único que povoou a Terra.
51 Podemos saber em que época viveu Adão?
– Mais ou menos na que assinalais: por volta de 4000 anos antes de
Cristo.
DIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANAS
52 De onde vêm as diferenças físicas e morais que distinguem as
variedades de raças humanas na Terra?
– Do clima, da vida e dos costumes. Aconteceria o mesmo com dois
filhos de uma mesma mãe que, se educados longe um do outro e de
maneira diferente, não se pareceriam em nada quanto ao moral.
53 O homem apareceu em muitos pontos do globo?
– Sim, e em diversas épocas. Esta é uma das causas da diversidade
das raças. Depois, os homens, ao se dispersarem sob diferentes climas e
ao se misturarem os de raças diferentes, formaram novos tipos.
53 a Essas diferenças constituem espécies distintas?
– Certamente que não, todas são da mesma família. Por acaso, diferentes
variedades de um mesmo fruto deixam de pertencer à mesma
espécie?
54 Se a espécie humana não procede de um só indivíduo, os
homens devem deixar por isso de se considerarem irmãos?
– Todos os homens são irmãos perante Deus, porque são animados
pelo Espírito e tendem para o mesmo objetivo. Por que razão deveis sempre
tomar as palavras ao pé da letra?
PLURALIDADE DOS MUNDOS
55 Todos os globos que circulam no espaço são habitados?
– Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro
em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam
superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem
o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus
criou o universo só para eles.
56 A constituição física dos diferentes globos é a mesma?
– Não. Não se assemelham em nada.
57 Como a constituição física dos mundos não é a mesma, podemos
concluir que os seres que os habitam têm corpos e uma organização
diferente?
– Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água
e os pássaros, no ar.
58 Os mundos mais afastados do Sol são privados da luz e do
calor, já que o Sol apenas se mostra para eles com a aparência de
uma estrela?
– Acreditais então que não há outras fontes de luz e de calor além do
Sol, e não considerais o valor e a importância da eletricidade que, em
alguns mundos, desempenha um papel que vos é desconhecido e muito
mais importante do que na Terra? Aliás, já dissemos que os seres desses
mundos não são nem da mesma matéria nem têm os órgãos dispostos
como os vossos.
60 É a mesma força que une os elementos da matéria nos corpos
orgânicos e inorgânicos?
– Sim, a lei de atração é a mesma para tudo.
– Sim. Mas o germe primitivo já existia em estado latente. Todos os
dias vós mesmos sois testemunhas desse fenômeno. Não dormitam, em
estado latente, tanto no homem quanto no animal, bilhões de germes de
uma multidão de vermes aguardando o momento de despertar para iniciarem
a putrefação que vai provocar a decomposição cadavérica indispensável
à sua existência? Este é um pequeno mundo que dorme e se cria.
47 A espécie humana se encontrava entre os elementos orgânicos
contidos no globo terrestre?
– Sim, e veio a seu tempo. Foi o que levou a dizer que o homem foi
formado do limo da Terra.
48 Podemos conhecer a época do aparecimento do homem e de
outros seres vivos sobre a Terra?
– Não, todos os vossos cálculos são hipotéticos, suposições.
49 Se o germe da espécie humana se encontrava entre os elementos
orgânicos do globo, por que não se formam mais espontaneamente
os homens, como na sua origem?
– O princípio das coisas está nos segredos de Deus. Entretanto, podese
dizer que os homens, uma vez espalhados pela Terra, absorveram os
elementos necessários para a própria formação da espécie, para transmiti-
los de acordo com as leis da reprodução. Ocorreu o mesmo com as
diferentes espécies de seres vivos.
POVOAMENTO DA TERRA. ADÃO
50 A espécie humana começou por um único homem?
– Não; aquele a quem chamais Adão não foi nem o primeiro, nem o
único que povoou a Terra.
51 Podemos saber em que época viveu Adão?
– Mais ou menos na que assinalais: por volta de 4000 anos antes de
Cristo.
DIVERSIDADE DAS RAÇAS HUMANAS
52 De onde vêm as diferenças físicas e morais que distinguem as
variedades de raças humanas na Terra?
– Do clima, da vida e dos costumes. Aconteceria o mesmo com dois
filhos de uma mesma mãe que, se educados longe um do outro e de
maneira diferente, não se pareceriam em nada quanto ao moral.
53 O homem apareceu em muitos pontos do globo?
– Sim, e em diversas épocas. Esta é uma das causas da diversidade
das raças. Depois, os homens, ao se dispersarem sob diferentes climas e
ao se misturarem os de raças diferentes, formaram novos tipos.
53 a Essas diferenças constituem espécies distintas?
– Certamente que não, todas são da mesma família. Por acaso, diferentes
variedades de um mesmo fruto deixam de pertencer à mesma
espécie?
54 Se a espécie humana não procede de um só indivíduo, os
homens devem deixar por isso de se considerarem irmãos?
– Todos os homens são irmãos perante Deus, porque são animados
pelo Espírito e tendem para o mesmo objetivo. Por que razão deveis sempre
tomar as palavras ao pé da letra?
PLURALIDADE DOS MUNDOS
55 Todos os globos que circulam no espaço são habitados?
– Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como pensa, o primeiro
em inteligência, bondade e perfeição. Entretanto, há homens que se julgam
superiores a tudo e imaginam que somente este pequeno globo tem
o privilégio de ter seres racionais. Orgulho e vaidade! Acreditam que Deus
criou o universo só para eles.
56 A constituição física dos diferentes globos é a mesma?
– Não. Não se assemelham em nada.
57 Como a constituição física dos mundos não é a mesma, podemos
concluir que os seres que os habitam têm corpos e uma organização
diferente?
– Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água
e os pássaros, no ar.
58 Os mundos mais afastados do Sol são privados da luz e do
calor, já que o Sol apenas se mostra para eles com a aparência de
uma estrela?
– Acreditais então que não há outras fontes de luz e de calor além do
Sol, e não considerais o valor e a importância da eletricidade que, em
alguns mundos, desempenha um papel que vos é desconhecido e muito
mais importante do que na Terra? Aliás, já dissemos que os seres desses
mundos não são nem da mesma matéria nem têm os órgãos dispostos
como os vossos.
60 É a mesma força que une os elementos da matéria nos corpos
orgânicos e inorgânicos?
– Sim, a lei de atração é a mesma para tudo.
sábado, 17 de outubro de 2009
Terceira serie de perguntas e respostas.
30 A matéria é formada de um único ou de vários elementos?
– De um único elemento primitivo. Os corpos que considerais
simples não são verdadeiros elementos, mas transformações da matéria
primitiva.
31 De onde vêm as diferentes propriedades da matéria?
– São modificações que as moléculas4 elementares sofrem por sua
união e em determinadas circunstâncias.
32 Diante disso, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades
venenosas ou salutares dos corpos apenas seriam modificações
de uma única e mesma substância primitiva?
– Sim, sem dúvida, e que apenas existem pela disposição dos órgãos
destinados a percebê-los.
33 A mesma matéria elementar é suscetível de passar por todas
as modificações e adquirir todas as propriedades?
– Sim, e é o que se deve entender quando dizemos que tudo está em
tudo*.
33 a E essa teoria parece dar razão à opinião daqueles que só
admitem na matéria duas propriedades essenciais, a força e o movimento,
e pensam que todas as outras propriedades são apenas efeitos
secundários, variando de acordo com a intensidade da força e a
direção do movimento?
– Essa opinião é exata. É preciso também acrescentar: conforme a
disposição das moléculas, como vês, por exemplo, num corpo opaco,
que pode tornar-se transparente, e vice-versa.
34 As moléculas têm uma forma determinada?
– Sem dúvida, as moléculas têm uma forma, que não é perceptível
para vós.
34 a Essa forma é constante ou variável?
– Constante para as moléculas elementares primitivas e variável para
as moléculas secundárias, que são somente aglomerações das primeiras;
porque aquilo que chamais molécula ainda está longe da molécula
elementar.
ESPAÇO UNIVERSAL
35 O espaço universal é infinito ou limitado?
– Infinito. Supondo que fosse limitado, devíeis perguntar: o que haverá
além de seus limites? Isso confunde a razão, bem o sei, e, entretanto, a
própria razão diz que não pode ser de outro modo. Essa é a idéia do
infinito em todas as coisas, e não é na vossa pequena esfera que podeis
compreendê-lo.
36 O vazio absoluto existe em alguma parte no espaço universal?
– Não, nada é vazio. O que imaginais como vazio é ocupado por uma
matéria que escapa aos vossos sentidos e aos vossos instrumentos.
CAPÍTULO 2 . ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
37 O universo foi criado ou existe desde toda a eternidade, como
Deus?
– Sem dúvida, ele não se fez a si mesmo. Se existisse de toda a
eternidade, como Deus, não poderia ser obra de Deus.
38 Como Deus criou o universo?
– Para me servir de uma expressão usual: pela Sua vontade. Nada
revela melhor essa vontade Todo-poderosa do que estas belas palavras
da Gênese: “E Deus disse: ‘Que se faça a luz’. E a luz se fez.”
39 Poderemos conhecer o modo da formação dos mundos?
– Tudo o que se pode dizer e o que podeis compreender é que os
mundos se formam pela condensação da matéria espalhada no espaço.
40 Os cometas seriam, como se pensa atualmente, um começo
da condensação da matéria, mundos em processo de formação?
– Isso é exato, mas o absurdo é acreditar na influência deles. Quero
dizer, na influência que lhes é atribuída vulgarmente, porque todos os corpos
celestes influem em certos fenômenos físicos.
41 Um mundo completamente formado pode desaparecer e a matéria
que o compõe ser espalhada de novo no espaço?
– Sim, Deus renova os mundos como renova os seres vivos.
42 Podemos saber o tempo de duração da formação dos mundos,
da Terra, por exemplo?
– Não posso te dizer, somente o Criador sabe, e bem louco seria
quem pretendesse saber ou conhecer o número dos séculos dessa
formação.
FORMAÇÃO DOS MUNDOS
CAPÍTULO 3
43 Quando a Terra começou a ser povoada?
– No início tudo era o caos, os elementos estavam desordenados.
Pouco a pouco, cada coisa tomou seu lugar. Então apareceram os seres
vivos apropriados ao estado do globo.
44 De onde vieram os seres vivos da Terra?
– A Terra continha os germes que aguardavam o momento favorável
para se desenvolverem. Os princípios orgânicos se agregaram desde que
cessou a força que os mantinha separados, e eles formaram os germes
de todos os seres vivos. Aqueles germes ficaram em estado latente1, de
inércia, como a crisálida e as sementes das plantas, até chegar o momento
propício para o aparecimento de cada espécie. Então os seres de cada
espécie se reuniram e se multiplicaram.
45 Onde estavam os elementos orgânicos antes da formação da
Terra?
– Eles se encontravam, por assim dizer, no estado de fluido no espaço,
no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da
Terra para começar uma nova existência em um novo globo.
– De um único elemento primitivo. Os corpos que considerais
simples não são verdadeiros elementos, mas transformações da matéria
primitiva.
31 De onde vêm as diferentes propriedades da matéria?
– São modificações que as moléculas4 elementares sofrem por sua
união e em determinadas circunstâncias.
32 Diante disso, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades
venenosas ou salutares dos corpos apenas seriam modificações
de uma única e mesma substância primitiva?
– Sim, sem dúvida, e que apenas existem pela disposição dos órgãos
destinados a percebê-los.
33 A mesma matéria elementar é suscetível de passar por todas
as modificações e adquirir todas as propriedades?
– Sim, e é o que se deve entender quando dizemos que tudo está em
tudo*.
33 a E essa teoria parece dar razão à opinião daqueles que só
admitem na matéria duas propriedades essenciais, a força e o movimento,
e pensam que todas as outras propriedades são apenas efeitos
secundários, variando de acordo com a intensidade da força e a
direção do movimento?
– Essa opinião é exata. É preciso também acrescentar: conforme a
disposição das moléculas, como vês, por exemplo, num corpo opaco,
que pode tornar-se transparente, e vice-versa.
34 As moléculas têm uma forma determinada?
– Sem dúvida, as moléculas têm uma forma, que não é perceptível
para vós.
34 a Essa forma é constante ou variável?
– Constante para as moléculas elementares primitivas e variável para
as moléculas secundárias, que são somente aglomerações das primeiras;
porque aquilo que chamais molécula ainda está longe da molécula
elementar.
ESPAÇO UNIVERSAL
35 O espaço universal é infinito ou limitado?
– Infinito. Supondo que fosse limitado, devíeis perguntar: o que haverá
além de seus limites? Isso confunde a razão, bem o sei, e, entretanto, a
própria razão diz que não pode ser de outro modo. Essa é a idéia do
infinito em todas as coisas, e não é na vossa pequena esfera que podeis
compreendê-lo.
36 O vazio absoluto existe em alguma parte no espaço universal?
– Não, nada é vazio. O que imaginais como vazio é ocupado por uma
matéria que escapa aos vossos sentidos e aos vossos instrumentos.
CAPÍTULO 2 . ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
37 O universo foi criado ou existe desde toda a eternidade, como
Deus?
– Sem dúvida, ele não se fez a si mesmo. Se existisse de toda a
eternidade, como Deus, não poderia ser obra de Deus.
38 Como Deus criou o universo?
– Para me servir de uma expressão usual: pela Sua vontade. Nada
revela melhor essa vontade Todo-poderosa do que estas belas palavras
da Gênese: “E Deus disse: ‘Que se faça a luz’. E a luz se fez.”
39 Poderemos conhecer o modo da formação dos mundos?
– Tudo o que se pode dizer e o que podeis compreender é que os
mundos se formam pela condensação da matéria espalhada no espaço.
40 Os cometas seriam, como se pensa atualmente, um começo
da condensação da matéria, mundos em processo de formação?
– Isso é exato, mas o absurdo é acreditar na influência deles. Quero
dizer, na influência que lhes é atribuída vulgarmente, porque todos os corpos
celestes influem em certos fenômenos físicos.
41 Um mundo completamente formado pode desaparecer e a matéria
que o compõe ser espalhada de novo no espaço?
– Sim, Deus renova os mundos como renova os seres vivos.
42 Podemos saber o tempo de duração da formação dos mundos,
da Terra, por exemplo?
– Não posso te dizer, somente o Criador sabe, e bem louco seria
quem pretendesse saber ou conhecer o número dos séculos dessa
formação.
FORMAÇÃO DOS MUNDOS
CAPÍTULO 3
43 Quando a Terra começou a ser povoada?
– No início tudo era o caos, os elementos estavam desordenados.
Pouco a pouco, cada coisa tomou seu lugar. Então apareceram os seres
vivos apropriados ao estado do globo.
44 De onde vieram os seres vivos da Terra?
– A Terra continha os germes que aguardavam o momento favorável
para se desenvolverem. Os princípios orgânicos se agregaram desde que
cessou a força que os mantinha separados, e eles formaram os germes
de todos os seres vivos. Aqueles germes ficaram em estado latente1, de
inércia, como a crisálida e as sementes das plantas, até chegar o momento
propício para o aparecimento de cada espécie. Então os seres de cada
espécie se reuniram e se multiplicaram.
45 Onde estavam os elementos orgânicos antes da formação da
Terra?
– Eles se encontravam, por assim dizer, no estado de fluido no espaço,
no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da
Terra para começar uma nova existência em um novo globo.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
A segunda serie de perguntas e respostas, compreendam a complexidade das respostas
16 Aqueles que acreditam nessa doutrina pretendem nela encontrar
a demonstração de alguns atributos de Deus. Sendo os mundos
infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio ou
o nada em nenhuma parte, Deus está, portanto, em toda parte; Deus,
estando por toda parte, uma vez que tudo é parte integrante de Deus,
dá a todos os fenômenos da natureza uma razão de ser inteligente. O
que se pode opor a esse raciocínio?
– A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer o
absurdo disso.
17 É permitido ao homem conhecer o princípio das coisas?
– Não, Deus não permite que tudo seja revelado ao homem aqui na Terra.
18 O homem penetrará um dia no mistério das coisas que lhe são
ocultas?
– O véu se levanta para ele à medida que se depura; mas, para compreender
algumas coisas, precisa de faculdades, dons, que ainda não possui.
19 O homem não pode, pelas investigações das ciências, penetrar
em alguns dos segredos da natureza?
– A ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas,
mas não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.
20 Fora das investigações da ciência, é permitido ao homem receber
comunicações de uma ordem mais elevada sobre o que escapa
ao alcance dos seus sentidos?
– Sim, se Deus julgar útil, pode revelar o que a ciência não consegue
apreender.
21 A matéria existe desde o princípio, como Deus, ou foi criada
por Ele em determinado momento?
– Somente Deus o sabe. Entretanto, há uma coisa que a vossa razão
deve deduzir: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve
inativo. Por mais remoto que possa vos parecer o início de sua ação, acaso
o podereis imaginar por um segundo sequer na ociosidade?
22 Define-se, geralmente, a matéria como sendo o que tem extensão,
o que pode causar impressão aos nossos sentidos, o que é
impenetrável. Essas definições são exatas?
– Do vosso ponto de vista são exatas, visto que somente falais do que
conheceis. Mas a matéria existe em estados que para vós são desconhecidos.
Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que não cause nenhuma
impressão aos vossos sentidos; entretanto, é sempre matéria, embora
para vós não o seja.
22 a Que definição podeis dar da matéria?
– A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que ele
se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.
23 O que é o Espírito?
– Espírito é o princípio inteligente do universo.
23 a Qual é a natureza íntima do Espírito?
– Não é fácil explicar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele
não é nada, visto que o Espírito não é algo palpável, mas para nós é alguma
coisa. Sabei bem: o nada não é coisa nenhuma, o nada não existe.
24 Espírito é sinônimo de inteligência?
– A inteligência é um atributo essencial do Espírito, mas ambos se confundem
num princípio comum, de modo que, para vós, são a mesma coisa.
25 O Espírito é independente da matéria ou é apenas uma propriedade
dela, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade
do ar?
– Ambos são distintos, mas é preciso a união do Espírito e da matéria
para que a inteligência se manifeste na matéria.
25 a Essa união é igualmente necessária para a manifestação do
Espírito? (Entendemos, aqui, por espírito o princípio inteligente, e não
as individualidades designadas sob esse nome).
– Ela é necessária para vós, porque não sois organizados para perceber
o Espírito sem a matéria; vossos sentidos não são feitos para isso.
26 Pode-se conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o
Espírito?
– Pode-se, sem dúvida, pelo pensamento.
27 Haveria, assim, dois elementos gerais do universo: a matéria
e o Espírito?
– Sim, e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus,
Espírito e matéria são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.
Mas ao elemento material é preciso acrescentar o fluido universal, que faz o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, muito
grosseira para que o Espírito possa ter uma ação sobre ela. Ainda que sob
certo ponto de vista se possa incluí-lo no elemento material, ele se distingue
por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse matéria, não haveria
razão para que o Espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o
Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; suscetível, por suas
inumeráveis combinações com ela e sob a ação do Espírito, de poder produzir
uma infinita variedade de coisas das quais conheceis apenas uma pequena
parte. Esse fluido universal, primitivo, ou elementar, sendo o agente que o Espírito
utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de
dispersão e nunca adquiriria as propriedades que a força da gravidade lhe dá.
27 a Seria esse fluido o que designamos sob o nome de eletricidade?
– Dissemos que ele é suscetível de inumeráveis combinações; o que
chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal,
que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil e
que se pode considerar como independente.
28 Uma vez que o próprio Espírito é alguma coisa, não seria mais
exato e menos sujeito a confusões designar esses dois elementos
gerais pelas palavras: matéria inerte e matéria inteligente?
– As palavras pouco nos importam; cabe a vós formular vossa linguagem
de maneira a vos entenderdes. Vossas controvérsias surgem quase sempre
do que não compreendeis sobre as palavras que usais, porque vossa linguagem
é incompleta para as coisas que os vossos sentidos não percebem.
29 A ponderabilidade2 é um atributo essencial da matéria?
– Da matéria, assim como a entendeis, sim; mas não da matéria considerada
como fluido universal. A matéria etérea e sutil que forma esse
fluido é imponderável para vós, mas nem por isso deixa de ser o princípio
de vossa matéria pesada.
30 A matéria é formada de um único ou de vários elementos?
– De um único elemento primitivo. Os corpos que considerais
simples não são verdadeiros elementos, mas transformações da matéria
primitiva.
a demonstração de alguns atributos de Deus. Sendo os mundos
infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio ou
o nada em nenhuma parte, Deus está, portanto, em toda parte; Deus,
estando por toda parte, uma vez que tudo é parte integrante de Deus,
dá a todos os fenômenos da natureza uma razão de ser inteligente. O
que se pode opor a esse raciocínio?
– A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer o
absurdo disso.
17 É permitido ao homem conhecer o princípio das coisas?
– Não, Deus não permite que tudo seja revelado ao homem aqui na Terra.
18 O homem penetrará um dia no mistério das coisas que lhe são
ocultas?
– O véu se levanta para ele à medida que se depura; mas, para compreender
algumas coisas, precisa de faculdades, dons, que ainda não possui.
19 O homem não pode, pelas investigações das ciências, penetrar
em alguns dos segredos da natureza?
– A ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas,
mas não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.
20 Fora das investigações da ciência, é permitido ao homem receber
comunicações de uma ordem mais elevada sobre o que escapa
ao alcance dos seus sentidos?
– Sim, se Deus julgar útil, pode revelar o que a ciência não consegue
apreender.
21 A matéria existe desde o princípio, como Deus, ou foi criada
por Ele em determinado momento?
– Somente Deus o sabe. Entretanto, há uma coisa que a vossa razão
deve deduzir: é que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve
inativo. Por mais remoto que possa vos parecer o início de sua ação, acaso
o podereis imaginar por um segundo sequer na ociosidade?
22 Define-se, geralmente, a matéria como sendo o que tem extensão,
o que pode causar impressão aos nossos sentidos, o que é
impenetrável. Essas definições são exatas?
– Do vosso ponto de vista são exatas, visto que somente falais do que
conheceis. Mas a matéria existe em estados que para vós são desconhecidos.
Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que não cause nenhuma
impressão aos vossos sentidos; entretanto, é sempre matéria, embora
para vós não o seja.
22 a Que definição podeis dar da matéria?
– A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que ele
se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.
23 O que é o Espírito?
– Espírito é o princípio inteligente do universo.
23 a Qual é a natureza íntima do Espírito?
– Não é fácil explicar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele
não é nada, visto que o Espírito não é algo palpável, mas para nós é alguma
coisa. Sabei bem: o nada não é coisa nenhuma, o nada não existe.
24 Espírito é sinônimo de inteligência?
– A inteligência é um atributo essencial do Espírito, mas ambos se confundem
num princípio comum, de modo que, para vós, são a mesma coisa.
25 O Espírito é independente da matéria ou é apenas uma propriedade
dela, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade
do ar?
– Ambos são distintos, mas é preciso a união do Espírito e da matéria
para que a inteligência se manifeste na matéria.
25 a Essa união é igualmente necessária para a manifestação do
Espírito? (Entendemos, aqui, por espírito o princípio inteligente, e não
as individualidades designadas sob esse nome).
– Ela é necessária para vós, porque não sois organizados para perceber
o Espírito sem a matéria; vossos sentidos não são feitos para isso.
26 Pode-se conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o
Espírito?
– Pode-se, sem dúvida, pelo pensamento.
27 Haveria, assim, dois elementos gerais do universo: a matéria
e o Espírito?
– Sim, e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus,
Espírito e matéria são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.
Mas ao elemento material é preciso acrescentar o fluido universal, que faz o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, muito
grosseira para que o Espírito possa ter uma ação sobre ela. Ainda que sob
certo ponto de vista se possa incluí-lo no elemento material, ele se distingue
por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse matéria, não haveria
razão para que o Espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o
Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; suscetível, por suas
inumeráveis combinações com ela e sob a ação do Espírito, de poder produzir
uma infinita variedade de coisas das quais conheceis apenas uma pequena
parte. Esse fluido universal, primitivo, ou elementar, sendo o agente que o Espírito
utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de
dispersão e nunca adquiriria as propriedades que a força da gravidade lhe dá.
27 a Seria esse fluido o que designamos sob o nome de eletricidade?
– Dissemos que ele é suscetível de inumeráveis combinações; o que
chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal,
que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil e
que se pode considerar como independente.
28 Uma vez que o próprio Espírito é alguma coisa, não seria mais
exato e menos sujeito a confusões designar esses dois elementos
gerais pelas palavras: matéria inerte e matéria inteligente?
– As palavras pouco nos importam; cabe a vós formular vossa linguagem
de maneira a vos entenderdes. Vossas controvérsias surgem quase sempre
do que não compreendeis sobre as palavras que usais, porque vossa linguagem
é incompleta para as coisas que os vossos sentidos não percebem.
29 A ponderabilidade2 é um atributo essencial da matéria?
– Da matéria, assim como a entendeis, sim; mas não da matéria considerada
como fluido universal. A matéria etérea e sutil que forma esse
fluido é imponderável para vós, mas nem por isso deixa de ser o princípio
de vossa matéria pesada.
30 A matéria é formada de um único ou de vários elementos?
– De um único elemento primitivo. Os corpos que considerais
simples não são verdadeiros elementos, mas transformações da matéria
primitiva.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Vou postar 15 perguntas e respostas por dia, segue a primeira serie de perguntas e respostas
1 O que é Deus?
– Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
2 O que devemos entender por infinito?
– O que não tem começo nem fim; o desconhecido; tudo o que é
desconhecido é infinito.
3 Poderíamos dizer que Deus é infinito?
– Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, que é
insuficiente para definir as coisas que estão acima de sua inteligência.
4 Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?
– Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem
causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.
5 Que conclusão podemos tirar do sentimento intuitivo que todos
os homens trazem em si mesmos da existência de Deus?
– A de que Deus existe; de onde lhes viria esse sentimento se repousasse
sobre o nada? É ainda uma conseqüência do princípio de que não
há efeito sem causa.
6 O sentimento íntimo que temos em nós da existência de Deus
não seria o efeito da educação e das idéias adquiridas?
– Se fosse assim, por que vossos selvagens teriam também esse
sentimento?
7 Poderemos encontrar a causa primária da formação das coisas
nas propriedades íntimas da matéria?
– Mas, então, qual teria sido a causa dessas propriedades? Sempre é
preciso uma causa primária.
8 O que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma
combinação acidental e imprevista da matéria, ou seja, ao acaso?
– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber o acaso
como um ser inteligente? E, além de tudo, o que é o acaso? Nada.
9 Onde é que se vê na causa primária a manifestação de uma
inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
– Tendes um provérbio que diz: “Pela obra reconhece-se o autor.”
Pois bem: olhai a obra e procurai o autor. É o orgulho que causa a incredulidade.
O homem orgulhoso não admite nada acima dele; é por isso que
se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!
10 O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
– Não, falta-lhe, para isso, um sentido.
11 Um dia será permitido ao homem compreender o mistério da
Divindade?
– Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e,
pela sua perfeição, estiver mais próximo de Deus, então o verá e o compreenderá.
12 Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus,
podemos ter idéia de algumas de suas perfeições?
– Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que
se eleva acima da matéria. Ele as pressente pelo pensamento.
13 Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial,
único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos
uma idéia completa de seus atributos?
– Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo. Mas
ficai sabendo bem que há coisas acima da inteligência do homem mais
inteligente e que a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e sensações,
não tem condições de explicar. A razão vos diz, de fato, que Deus
deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se tivesse uma só de
menos, ou que não fosse de um grau infinito, não seria superior a tudo e,
por conseguinte, não seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Ele
não pode estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter nenhuma
das imperfeições que a imaginação possa conceber.
14 Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns,
resultante de todas as forças e de todas as inteligências do universo
reunidas?
– Se fosse assim, Deus não existiria, porque seria o efeito e não a causa;
Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.
Deus existe, não podeis duvidar disso, é o essencial. Crede em mim, não
deveis ir além, não vos percais num labirinto de onde não podereis sair, isso
não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque
acreditaríeis saber e na realidade não saberíeis nada. Deixai de lado todos
esses sistemas; tendes muitas coisas que vos tocam mais diretamente, a
começar por vós mesmos. Estudai vossas próprias imperfeições a fim de vos
desembaraçar delas, isso vos será mais útil do que querer penetrar no que é
impenetrável.
15 O que pensar da opinião de que todos os corpos da natureza,
todos os seres, todos os globos do universo, seriam parte da Divindade
e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade, ou seja, o
que pensar da doutrina panteísta?
– O homem, não podendo se fazer Deus, quer pelo menos ser uma
parte d’Ele.
– Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
2 O que devemos entender por infinito?
– O que não tem começo nem fim; o desconhecido; tudo o que é
desconhecido é infinito.
3 Poderíamos dizer que Deus é infinito?
– Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, que é
insuficiente para definir as coisas que estão acima de sua inteligência.
4 Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?
– Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem
causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e a vossa razão vos responderá.
5 Que conclusão podemos tirar do sentimento intuitivo que todos
os homens trazem em si mesmos da existência de Deus?
– A de que Deus existe; de onde lhes viria esse sentimento se repousasse
sobre o nada? É ainda uma conseqüência do princípio de que não
há efeito sem causa.
6 O sentimento íntimo que temos em nós da existência de Deus
não seria o efeito da educação e das idéias adquiridas?
– Se fosse assim, por que vossos selvagens teriam também esse
sentimento?
7 Poderemos encontrar a causa primária da formação das coisas
nas propriedades íntimas da matéria?
– Mas, então, qual teria sido a causa dessas propriedades? Sempre é
preciso uma causa primária.
8 O que pensar da opinião que atribui a formação primária a uma
combinação acidental e imprevista da matéria, ou seja, ao acaso?
– Outro absurdo! Que homem de bom senso pode conceber o acaso
como um ser inteligente? E, além de tudo, o que é o acaso? Nada.
9 Onde é que se vê na causa primária a manifestação de uma
inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
– Tendes um provérbio que diz: “Pela obra reconhece-se o autor.”
Pois bem: olhai a obra e procurai o autor. É o orgulho que causa a incredulidade.
O homem orgulhoso não admite nada acima dele; é por isso que
se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!
10 O homem pode compreender a natureza íntima de Deus?
– Não, falta-lhe, para isso, um sentido.
11 Um dia será permitido ao homem compreender o mistério da
Divindade?
– Quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e,
pela sua perfeição, estiver mais próximo de Deus, então o verá e o compreenderá.
12 Se não podemos compreender a natureza íntima de Deus,
podemos ter idéia de algumas de suas perfeições?
– Sim, de algumas. O homem as compreende melhor à medida que
se eleva acima da matéria. Ele as pressente pelo pensamento.
13 Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial,
único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos
uma idéia completa de seus atributos?
– Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo. Mas
ficai sabendo bem que há coisas acima da inteligência do homem mais
inteligente e que a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e sensações,
não tem condições de explicar. A razão vos diz, de fato, que Deus
deve ter essas perfeições em grau supremo, porque se tivesse uma só de
menos, ou que não fosse de um grau infinito, não seria superior a tudo e,
por conseguinte, não seria Deus. Por estar acima de todas as coisas, Ele
não pode estar sujeito a qualquer instabilidade e não pode ter nenhuma
das imperfeições que a imaginação possa conceber.
14 Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns,
resultante de todas as forças e de todas as inteligências do universo
reunidas?
– Se fosse assim, Deus não existiria, porque seria o efeito e não a causa;
Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.
Deus existe, não podeis duvidar disso, é o essencial. Crede em mim, não
deveis ir além, não vos percais num labirinto de onde não podereis sair, isso
não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque
acreditaríeis saber e na realidade não saberíeis nada. Deixai de lado todos
esses sistemas; tendes muitas coisas que vos tocam mais diretamente, a
começar por vós mesmos. Estudai vossas próprias imperfeições a fim de vos
desembaraçar delas, isso vos será mais útil do que querer penetrar no que é
impenetrável.
15 O que pensar da opinião de que todos os corpos da natureza,
todos os seres, todos os globos do universo, seriam parte da Divindade
e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade, ou seja, o
que pensar da doutrina panteísta?
– O homem, não podendo se fazer Deus, quer pelo menos ser uma
parte d’Ele.
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