quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n34

496 O Espírito que abandona seu protegido, não lhe fazendo mais
o bem, pode lhe fazer o mal?
– Os bons Espíritos nunca fazem o mal; deixam que o façam os que
tomam o seu lugar. Acusais, então, a sorte pelas infelicidades que vos
acontecem, quando a culpa é vossa.

497 O Espírito protetor pode deixar seu protegido sob a dependência
de um Espírito que poderia lhe querer o mal?
– Os maus Espíritos se unem para neutralizar a ação dos bons. Se o
protegido quiser, receberá toda a força de seu bom Espírito. O bom Espírito
encontra, em algum lugar, uma boa vontade para ajudar; aproveita-se
disso enquanto espera retornar para junto do seu protegido.

498 Quando o Espírito protetor deixa seu protegido se transviar
no caminho, é por sua incapacidade na luta contra outros Espíritos
maldosos?
– Não. Não é porque ele não possa impedir, mas porque não quer.
Isso faz seu protegido sair das provas mais perfeito e instruído; ele o assiste
com seus conselhos, pelos bons pensamentos que lhe sugere, mas, infelizmente,
nem sempre são escutados. Somente a fraqueza, a negligência
ou orgulho do homem é que dão força aos maus Espíritos; o poder que
têm sobre vós resulta de não lhes fazer resistência.

499 O Espírito protetor está constantemente com seu protegido?
Não há nenhuma circunstância em que, sem abandoná-lo, o perca de
vista?
– Há circunstâncias em que a presença do Espírito protetor não é
necessária junto de seu protegido.

500 Chega um momento em que o Espírito não tem mais necessidade
de um anjo de guarda?
– Sim, quando atingiu um grau de poder conduzir-se a si mesmo,
como chega o momento para o estudante em que não tem mais necessidade
do mestre; mas isso não sucederá para vós aqui na Terra.

501 Por que a ação dos Espíritos sobre nossa existência é oculta e
por que, quando nos protegem, não o fazem de um maneira ostensiva?
– Se contásseis com o seu apoio, não agiríeis por vós mesmos, e
vosso Espírito não progrediria. Para progredir, vos é preciso experiência e,
muitas vezes, é preciso adquiri-la à própria custa. É preciso que exerça
suas forças; sem isso seria como uma criança a quem não se deixa caminhar
sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regida
de maneira a não impedir o vosso livre-arbítrio, visto que, se não tiverdes
responsabilidade, não avançareis no caminho que deve conduzir a Deus.
O homem, não vendo quem o ampara, confia em suas próprias forças;
seu guia, entretanto, vela sobre ele e, de tempos em tempos, o adverte
do perigo.

502 O Espírito protetor que consegue conduzir seu protegido no
bom caminho tem alguma recompensa?
– É um mérito que lhe é levado em conta para seu próprio adiantamento
ou para sua felicidade. É feliz quando vê seus esforços coroados de
sucesso; triunfa como um mestre triunfa com o sucesso de seu discípulo.

502 a Ele é responsável se não tiver êxito?
– Não, uma vez que fez o que dependia dele.

503 O Espírito protetor sofre quando vê seu protegido seguir o
mau caminho, apesar de seus conselhos? Isso não é para ele uma
causa de perturbação para sua felicidade?
– Ele sofre com esses erros e o lastima; mas essa aflição não tem as
angústias da paternidade terrestre, porque sabe que há remédio para o
mal, e o que não é feito hoje se fará amanhã.

504 Podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor
ou anjo de guarda?
– Como quereis saber nomes que não existem para vós? Acreditais
que haverá entre os Espíritos somente aqueles que conhecestes?

504 a Como, então, invocá-lo se não o conhecemos?
– Dai-lhe o nome que quiserdes, de um Espírito Superior pelo qual
tendes simpatia ou veneração; vosso Espírito protetor atenderá ao chamado;
todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem entre si.

505 Os Espíritos protetores que tomam nomes conhecidos são
sempre, realmente, os das pessoas que usaram esses nomes?
– Não, mas dos Espíritos que lhes são simpáticos e que muitas vezes
vêm a seu chamado. Fazeis questão de nomes, então, tomam um que
inspire confiança. Quando não podeis realizar uma missão pessoalmente,
costumais mandar alguém de confiança em vosso nome.

506 Quando estivermos na vida espírita reconheceremos nosso
Espírito protetor?
– Sim. Muitas vezes já o conhecíeis antes da vossa encarnação.

507 Os Espíritos protetores pertencem todos à classe dos Espíritos
Superiores? Pode-se encontrar entre os de classe intermediária?
Um pai, por exemplo, pode tornar-se protetor de seu filho?
– Pode. Mas a proteção supõe um certo grau de elevação e um poder
ou uma virtude concedidos por Deus. O pai que protege seu filho pode,
por sua vez, ser assistido por um Espírito mais elevado.

508 Os Espíritos que deixaram a Terra em boas condições podem
sempre proteger os que amam e que lhes sobrevivem?
– Seu poder é mais ou menos restrito; a posição em que se encontram
não lhes dá toda a liberdade de ação.

509 Os homens no estado selvagem ou de inferioridade moral
têm igualmente seus Espíritos protetores? E, nesse caso, esses Espíritos
são de ordem tão elevada quanto a dos protetores dos homens
mais avançados?
– Cada homem tem um Espírito que vela por ele, mas as missões são
relativas ao seu objetivo. Não dareis a uma criança que começa a aprender
a ler um professor de filosofia. O progresso do Espírito familiar segue
de perto o do Espírito protegido. Tendo vós mesmos um Espírito Superior
que vela por vós, podeis, também, tornar-vos protetor de um Espírito inferior,
e os progressos que o ajudardes a fazer contribuirão para o vosso
adiantamento. Deus não pede ao Espírito mais do que sua natureza comporta
e o grau de elevação a que alcançou.

510 Quando o pai que vela por um filho reencarna, continua a
velar por ele?
– É mais difícil que isso aconteça. Mas, de certa maneira, continua, ao
pedir, num momento de desprendimento, a um Espírito simpático que o
assista nessa missão. Aliás, os Espíritos apenas aceitam missões que podem
cumprir até o fim.
O Espírito encarnado, principalmente nos mundos em que a existência
é material, está muito submetido ao seu corpo para poder ser inteiramente
devotado a um outro Espírito e poder assisti-lo pessoalmente. Eis
por que aqueles que não são suficientemente elevados são assistidos por
Espíritos Superiores, de tal modo que, se um falta por uma causa qualquer,
é substituído por outro.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n33

481 Os Espíritos exercem alguma atuação nos fenômenos que
se produzem nos indivíduos chamados convulsivos?
– Sim, e muito grande, bem como o magnetismo, que é a causa
desses fenômenos. Porém, o charlatanismo tem freqüentemente explorado
e exagerado seus efeitos, o que os faz cair no ridículo.

481 a De que natureza são, em geral, os Espíritos que provocam
esses fenômenos?
– Pouco elevada. Julgais que Espíritos superiores se ocupem com
coisas dessa natureza?

482 Como o estado anormal dos convulsivos e dos que têm crises
nervosas pode se estender subitamente a toda uma população?
– Por afinidade. As disposições morais se comunicam muito facilmente
em certos casos; não estais tão alheios aos efeitos magnéticos para
não compreenderdes isso e a parte que alguns Espíritos devem nele tomar,
por simpatia, com aqueles que os provocam.

483 Qual a causa da insensibilidade física que se nota em
certos convulsivos ou em certos indivíduos submetidos a torturas
cruéis?
– Em alguns, é um efeito exclusivamente magnético que age sobre o
sistema nervoso, semelhante à ação de certas substâncias. Em outros, a
exaltação do pensamento enfraquece a sensibilidade, porque a vida parece
retirar-se do corpo para se transportar ao Espírito. Não sabeis que,
quando o Espírito está fortemente preocupado com uma coisa, o corpo
não sente, não vê e não ouve nada?

AFEIÇÃO DOS ESPÍRITOS POR CERTAS PESSOAS
484 Os Espíritos se afeiçoam de preferência a certas pessoas?
– Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem ou passíveis
de se melhorarem. Os Espíritos inferiores, com os homens viciosos ou
que possam vir a sê-lo; daí sua afeição por causa da semelhança dos
sentimentos.

485 A afeição dos Espíritos por algumas pessoas é exclusivamente
moral?
– A afeição verdadeira não tem nada de carnal; mas, quando um Espírito
se liga a uma pessoa, nem sempre é só por afeição, pode haver
lembranças das paixões humanas.

486 Os Espíritos se interessam por nossa infelicidade e nossa
prosperidade? Aqueles que nos querem bem se afligem com os males
que passamos na vida?
– Os bons Espíritos fazem o bem tanto quanto lhes é possível e ficam
felizes com todas as vossas alegrias. Afligem-se com os vossos males
quando não os suportais com resignação, porque nenhum resultado benéfico
trazem para vós; sois, então, como o doente que rejeita o remédio
amargo que deve curá-lo.

487 De que mal os Espíritos se afligem mais por nós: o físico ou
o moral?
– Do vosso egoísmo e dureza de coração: daí deriva tudo. Eles
se riem de todos esses males imaginários que nascem do orgulho e da
ambição e se alegram com aqueles que servem para abreviar vosso tempo
de prova.

488 Os parentes e amigos, que nos precederam na vida espiritual,
têm por nós mais simpatia do que os Espíritos estranhos?
– Sem dúvida, e muitas vezes vos protegem como Espíritos, conforme
tenham poder para tanto.

488 a São sensíveis à afeição que nós lhes devotamos?
– Muito sensíveis, mas esquecem aqueles que os esquecem.
ANJOS DE GUARDA; ESPÍRITOS PROTETORES,
FAMILIARES OU SIMPÁTICOS

489 Há Espíritos que se ligam a um indivíduo em particular para
protegê-lo?
–Sim, o irmão espiritual; é o que chamais de bom Espírito ou bom
gênio.

490 O que se deve entender por anjo de guarda?
– O Espírito protetor de uma ordem elevada.
491 Qual é a missão do Espírito protetor?
– A de um pai para com seus filhos: conduzir seu protegido ao bom
caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo em suas aflições, sustentar
sua coragem nas provas da vida.

492 O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde seu nascimento?
– Desde o nascimento até a morte e, muitas vezes, o segue após a
morte na vida espiritual, e mesmo em muitas existências corporais, porque
essas existências são somente fases bem curtas em relação à vida do
Espírito.

493 A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória?
– O Espírito é obrigado a velar por vós, se aceitou essa tarefa. Mas
escolhe os seres que lhes são simpáticos. Para uns é um prazer; para
outros, uma missão ou um dever.

493 a Ao se ligar a uma pessoa o Espírito renuncia a proteger
outros indivíduos?
– Não, mas não faz só isso, exclusivamente.

494 O Espírito protetor está inevitavelmente ligado à criatura confiada
à sua guarda?
– Pode ocorrer que alguns Espíritos tenham que deixar sua posição
para realizar diversas missões, mas nesse caso são substituídos.

495 O Espírito protetor abandona algumas vezes seu protegido
quando este é rebelde aos seus conselhos?
– Ele se afasta quando vê que seus conselhos são inúteis e a vontade
de aceitar a influência dos Espíritos inferiores é mais forte no seu protegido.
Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir; é, porém, o
homem quem fecha os ouvidos. O protetor volta logo que seja chamado.
É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos por seu encanto
e por sua doçura: a dos anjos de guarda. Pensar que se tem sempre
perto de si seres superiores, sempre prontos para aconselhar, sustentar,
ajudar a escalar a áspera montanha do bem, que são amigos mais seguros
e devotados que as mais íntimas ligações que se possa ter na Terra, não é
uma idéia bem consoladora? Esses seres estão ao vosso lado por ordem
de Deus, que por amor os colocou perto de vós, cumprindo uma bela,
embora difícil, missão. Sim, em qualquer lugar onde estiverdes estarão convosco:
nas prisões, nos hospitais, nos lugares de devassidão, na solidão,
nada vos separa desses amigos que não podeis ver, mas de quem vossa
alma sente os mais doces estímulos e ouve os sábios conselhos.
Deveríeis conhecer melhor essa verdade! Quantas vezes vos ajudaria
nos momentos de crise; quantas vezes vos salvaria dos maus Espíritos! Mas
no dia decisivo, esse anjo do bem terá que vos dizer: “Não te disse isso? E
tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo? E tu aí te precipitaste. Não te fiz
ouvir na tua consciência a voz da verdade? E não seguiste os conselhos da
mentira?” Ah! Interrogai os vossos anjos de guarda; estabelecei entre eles e
vós essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis
em lhes esconder nada, porque eles são os olhos de Deus e não podeis
enganá-los. Sonhai com o futuro. Procurai avançar nessa vida e vossas
provas serão mais curtas; vossas existências, mais felizes. Vamos, homens
de coragem! Atirai para longe de vós de uma vez por todas os preconceitos
e idéias retrógradas. Entrai no novo caminho que se abre diante de vós.
Marchai! Marchai! Tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar,
porque esse objetivo é o próprio Deus.
Aos que pensam que é impossível para os Espíritos verdadeiramente
elevados se sujeitarem a uma tarefa tão árdua e de todos os instantes,
diremos que influenciamos vossas almas estando a milhões e milhões de
quilômetros. Para nós o espaço não é nada e, embora vivendo em outro
mundo, nossos Espíritos conservam sua ligação com o vosso. Nós podemos
usar de faculdades que não podeis compreender, mas ficais certos
de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças e não vos
abandonou sozinhos na Terra sem amigos e sem apoio. Cada anjo de
guarda tem seu protegido por quem vela, como um pai vela pelo seu filho.
Fica feliz quando o vê no bom caminho; fica triste quando seus conselhos
são desprezados.
Não temais nos cansar com vossas questões. Ao contrário, procurai
estar sempre em relação conosco: sereis mais fortes e felizes. São essas
comunicações de cada homem com seu Espírito familiar que fazem de
todos os homens médiuns, médiuns ignorados hoje, mas que se mani-
festarão mais tarde e que se espalharão como um oceano sem limites
para repelir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí os
vossos irmãos; homens de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis
que obra cumprireis assim: é a do Cristo, a que Deus vos conferiu. Por
que Deus vos deu a inteligência e a ciência, senão para as repartir com
vossos irmãos, para fazê-los adiantarem-se no caminho da alegria e da
felicidade eterna?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n32

466 Por que Deus permite que Espíritos nos excitem ao mal?
– Os Espíritos imperfeitos são instrumentos que servem para pôr à
prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Vós, como
Espíritos, deveis progredir na ciência do infinito, e por isso passais pelas
provas do mal para atingir o bem. Nossa missão é vos colocar no bom
caminho e, quando as más influências agem sobre vós, é que as atraístes
pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm vos auxiliar no mal,
quando tendes a vontade de praticá-lo; eles não podem vos ajudar no mal
senão quando quereis o mal.
Se sois inclinados ao homicídio, pois bem! Tereis uma multidão de
Espíritos que alimentarão esse pensamento em vós. Mas tereis também
outros Espíritos que se empenharão para vos influenciar ao bem, o que faz
restabelecer o equilíbrio e vos deixa o comando dos vossos atos.

467 Pode o homem se libertar da influência dos Espíritos que
procuram arrastá-lo ao mal?
– Sim, porque apenas se ligam àqueles que os solicitam por seus
desejos ou os atraem pelos seus pensamentos.

468 Os Espíritos cuja influência é repelida pela vontade do homem
renunciam às suas tentativas?
– O que quereis que façam? Quando não há nada a fazer, desistem
da tentativa; entretanto, aguardam o momento favorável, como o gato espreita
o rato.

469 Como se pode neutralizar a influência dos maus Espíritos?
– Fazendo o bem e colocando toda a confiança em Deus, repelis a
influência dos Espíritos inferiores e anulais o domínio que querem ter
sobre vós. Evitai escutar as sugestões dos Espíritos que vos inspiram maus
pensamentos, sopram a discórdia e excitam todas as más paixões. Desconfiai,
especialmente, daqueles que exaltam o vosso orgulho, porque
vos conquistam pela fraqueza. Eis por que Jesus nos ensinou a dizer na
oração dominical: “Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrainos
do mal!”

470 Os Espíritos que procuram nos induzir ao mal e colocam assim
à prova nossa firmeza no bem receberam a missão de fazê-lo? E se é
uma missão, têm responsabilidade por isso?
– Nenhum Espírito recebe a missão de fazer o mal. Quando o faz, é de
sua própria vontade e sofre as conseqüências. Deus pode deixá-lo fazer isso
para vos pôr à prova, mas não ordena que o faça, e cabe a vós rejeitá-lo.

471 Quando experimentamos um sentimento de angústia, de ansiedade
indefinível ou de satisfação interior sem causa conhecida,
isso decorre unicamente de uma disposição física?
– São quase sempre, de fato, comunicações que tendes inconscientemente
com os Espíritos, ou que tivestes com eles durante o sono.

472 Os Espíritos que querem nos induzir ao mal apenas se
aproveitam das circunstâncias ou podem também criá-las?
– Aproveitam as circunstâncias, mas freqüentemente as provocam,
oferecendo-vos ou levando-vos inconscientemente ao objeto de vossa
cobiça. Assim, por exemplo, um homem encontra no caminho uma quantia
de dinheiro; não acrediteis que os Espíritos levaram o dinheiro para
esse lugar, mas podem dar ao homem o pensamento de se dirigir a esse
ponto e, então, sugerir o pensamento de se apoderar dele, enquanto outros
lhe sugerem o de restituir o dinheiro a quem pertence. O mesmo
acontece com todas as outras tentações.

POSSESSOS
473 Um Espírito pode momentaneamente entrar no corpo de uma
pessoa viva, isto é, se introduzir num corpo animado e agir no lugar
daquele que está encarnado?
– O Espírito não entra num corpo como entrais numa casa. Ele se
identifica com um Espírito encarnado que tem os mesmos defeitos e as
mesmas qualidades para agir conjuntamente; mas é sempre o Espírito
encarnado que age como quer, sobre a matéria em que está. Um Espírito
não pode substituir o que está encarnado, porque o Espírito e o corpo
estão ligados até o tempo marcado para o fim da existência material.

474 Se não há possessão propriamente dita, ou seja, coabitação
de dois Espíritos num mesmo corpo, a alma pode se encontrar na dependência
de outro Espírito, de maneira a estar por ele subjugada ou
obsediada, a ponto de sua vontade ficar, de algum modo, paralisada?
– Sim, e esses são os verdadeiros possessos. Mas é preciso entender
que essa dominação nunca ocorre sem a participação daquele que a
sofre,seja por sua fraqueza, seja por seu desejo. Têm-se tomado freqüentemente
por possessos os epilépticos ou os loucos, que têm mais
necessidade de médico do que de exorcismo.

475 Pode-se por si mesmo afastar os maus Espíritos e se libertar
de sua dominação?
– Sempre se pode libertar de um domínio quando se tem vontade firme.

476 Poderá acontecer que a fascinação exercida pelo mau Espírito
seja tal que a pessoa subjugada não se aperceba disso? Então,
uma terceira pessoa pode fazer cessar essa influência e, nesse caso,
que condições ela deve ter?
– Se é um homem de bem, sua vontade pode ajudar ao pedir a cooperação
dos bons Espíritos, porque quanto mais se é um homem de bem,
mais se tem poder sobre os Espíritos imperfeitos para afastá-los e sobre
os bons Espíritos para atraí-los. Entretanto, resultará inútil qualquer tentativa
se aquele que está subjugado não consentir nisso. Há pessoas que
gostam de sentir uma dependência que satisfaça seus gostos e seus desejos.
Em qualquer caso, aquele cujo coração não é puro não pode fazer
nada; os bons Espíritos o desprezam e os maus não o temem.

477 As fórmulas de exorcismo têm alguma eficácia sobre os maus
Espíritos?
– Não; quando esses Espíritos vêem alguém levá-las a sério, riem e
se tornam birrentos, teimosos.

478 Existem pessoas que, embora tenham boas intenções, não
são menos obsediadas; qual o melhor meio de se livrar dos Espíritos
obsessores?
– Cansar sua paciência, não ligar para suas sugestões, mostrar-lhes
que perdem seu tempo; então, quando vêem que nada mais têm a fazer,
se afastam.

479 A prece é um meio eficaz para curar a obsessão?
– A prece é em tudo um poderoso auxílio. Mas, acreditai, não basta
murmurar algumas palavras para obter o que se deseja. Deus assiste aqueles
que agem e não aqueles que se limitam a pedir. É preciso que o
obsediado faça, por seu lado, o necessário para destruir em si mesmo a
causa que atrai os maus Espíritos.

480 O que pensar da expulsão dos demônios de que fala o Evangelho?
– Isso depende da interpretação. Se chamais de demônio um Espírito
mau que subjuga um indivíduo, quando sua influência for destruída terá
sido verdadeiramente expulso. Se atribuís a causa de uma doença ao
demônio, quando curardes a doença também direis que expulsastes o
demônio. Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa de acordo com o sentido
que se der às palavras. As maiores verdades podem parecer absurdas
quando se olha apenas a forma e se toma a alegoria pela realidade. Compreendei
bem isso e guardai-o: é de aplicação geral.

domingo, 15 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n31

451 Por que a dupla vista parece ser hereditária em certas famílias?
– Semelhança dos organismos que se transmite como as outras qualidades
físicas. Além disso, a faculdade se desenvolve por uma espécie
de educação que também se transmite de um para outro.

452 É certo que algumas circunstâncias provocam o desenvolvimento
da dupla vista?
– Sim. A doença, a expectativa de um perigo, uma grande comoção
podem desenvolvê-la. O corpo está algumas vezes num estado incomum,
especial, que permite ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos
do corpo.

453 As pessoas dotadas da dupla vista têm sempre consciência
disso?
– Nem sempre. Para elas é uma coisa totalmente natural, e muitos
acreditam que, se todas as pessoas observassem o que se passa consigo
mesmas, deveriam ser como eles.

454 Poderíamos atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia
de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário, julgam
as coisas com mais precisão do que as outras?
– É sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor que sob
o véu da matéria.

454 a Essa faculdade pode, em certos casos, dar a previsão das
coisas?
– Sim, e também os pressentimentos, porque existem vários graus
nessa faculdade, e a mesma pessoa pode ter todos os graus ou apenas
alguns.

456 Os Espíritos vêem tudo o que fazemos?
– Eles podem ver, porque vos rodeiam incessantemente. Cada um vê
apenas as coisas sobre as quais dirige sua atenção. Não se preocupam
com o que lhes é indiferente.

457 Os Espíritos podem conhecer nossos mais secretos pensamentos?
– Freqüentemente conhecem o que gostaríeis de esconder de vós
mesmos. Nem atos, nem pensamentos lhes podem ser ocultados.

457 a Assim, é mais fácil esconder uma coisa de uma pessoa
viva do que fazer isso a essa mesma pessoa após a morte?
– Certamente, e, quando acreditais estarem bem escondidos, tendes
muitas vezes uma multidão de Espíritos ao vosso lado que vos observam.

458 O que pensam de nós os Espíritos que estão ao nosso redor
e nos observam?
– Isso depende. Os Espíritos levianos riem dos pequenos aborrecimentos
que vos causam e zombam de vossas impaciências. Os Espíritos
sérios lamentam vossos defeitos e se empenham em vos ajudar.

INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS SOBRE
NOSSOS PENSAMENTOS E NOSSAS AÇÕES
459 Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?
– A esse respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas
vezes são eles que vos dirigem.

460 Temos pensamentos próprios e outros que são sugeridos?
– Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos
vos ocorrem às vezes ao mesmo tempo sobre um mesmo
assunto e freqüentemente bastante contrários uns aos outros; pois bem,
nesses pensamentos há sempre os vossos e os nossos. Isso vos coloca
na incerteza, porque, então, tendes duas idéias que se combatem.

461 Como distinguir os pensamentos próprios daqueles que são
sugeridos?
– Quando um pensamento é sugerido, é como uma voz falando. Os
pensamentos próprios são em geral os do primeiro momento. Além de
tudo, não há para vós um grande interesse nessa distinção e muitas vezes
é útil não sabê-lo: o homem age mais livremente. Se decidir pelo bem, o
faz voluntariamente; se tomar o mau caminho, há nisso apenas maior responsabilidade.

462 Os homens de inteligência e de gênio tiram suas idéias de
sua natureza íntima?
– Algumas vezes as idéias vêm de seu próprio Espírito, mas freqüentemente
são sugeridas por outros Espíritos que os julgam capazes de
compreendê-las e dignos de transmiti-las. Quando não as encontram em
si, apelam à inspiração. Fazem, assim, uma evocação sem o suspeitar.

463 Diz-se, a respeito do pensamento, que o primeiro impulso é
sempre bom; isso é exato?
– Pode ser bom ou mau, de acordo com a natureza do Espírito encarnado
que o recebe. É sempre bom para aquele que ouve as boas
inspirações.

464 Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom
ou de um mau Espírito?
– Estudai o caso. Os bons Espíritos apenas aconselham o bem; cabe
a vós fazer a distinção.

465 Com que objetivo os Espíritos imperfeitos nos conduzem ao
mal?
– Para vos fazer sofrer como eles.

465 a Isso diminui seus sofrimentos?
– Não, mas fazem isso por inveja, por saber que há seres mais felizes.

465 b Que natureza de sofrimentos querem impor aos outros?
– Os mesmos que sentem os Espíritos inferiores afastados de Deus.

sábado, 14 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n30

436 O sonâmbulo que vê à distância vê do ponto em que está
seu corpo ou daquele em que está sua alma?
– Por que perguntais, uma vez que sabeis que é a alma que vê e não
o corpo?

437 Uma vez que é a alma que se transporta, como pode o sonâmbulo
experimentar em seu corpo as sensações de calor e frio do
lugar onde se encontra sua alma, e que está, muitas vezes, bem longe
de seu corpo?
– A alma não deixou inteiramente o corpo; está sempre ligada a ele
por um laço que é o condutor das sensações. Quando duas pessoas se
correspondem de uma cidade a outra por meio da eletricidade6, é a eletricidade
o laço entre seus pensamentos. Por esse laço se comunicam como
se estivessem ao lado uma da outra.

438 O uso que um sonâmbulo faz de sua faculdade influi sobre o
estado de seu Espírito após sua morte?
– Muito, como o bom ou o mau uso de todas as faculdades que Deus
deu ao homem.

ÊXTASE
439 Que diferença existe entre o êxtase e o sonambulismo?
– O êxtase é um sonambulismo mais depurado; a alma do extático é
ainda mais independente.

440 O Espírito do extático penetra realmente nos mundos superiores?
– Sim, ele os vê e compreende a felicidade daqueles que os habitam.
Deseja, por isso, lá permanecer. Mas existem mundos inacessíveis aos
Espíritos que não são suficientemente depurados.

441 Quando o extático exprime o desejo de deixar a Terra, fala
sinceramente e não sente atuar nele o instinto de conservação?
– Isso depende do grau de pureza do Espírito; se vê sua posição
futura melhor do que sua vida presente, faz esforços para romper os laços
que o prendem à Terra.

442 Se o extático ficasse abandonado a si mesmo, sua alma poderia
definitivamente deixar seu corpo?
– Sim, poderia morrer. Por isso é preciso fazê-lo voltar apelando para
tudo o que pode prendê-lo à vida na Terra e, principalmente, fazendo-o
compreender que, se romper a cadeia que o retém aqui, será a maneira
certa de não permanecer onde ele vê que seria feliz.

443 Existem coisas que o extático pretende ver e que são evidentemente
fruto de uma imaginação impressionada pelas crenças e
preconceitos terrenos. Tudo o que vê não é, então, real?
– O que vê é real para ele, mas como seu Espírito está sempre sob a
influência das idéias terrenas pode vê-lo à sua maneira ou, melhor dizendo,
pode se exprimir numa linguagem apropriada a seus preconceitos ou
às idéias em que foi educado, ou aos vossos, a fim de melhor se fazer
compreender. É, principalmente, nesse sentido que ele pode errar.

444 Que grau de confiança se pode depositar nas revelações dos
extáticos?
–O extático pode, muito freqüentemente, se enganar, principalmente
quando pretende penetrar naquilo que deve permanecer em mistério para
o homem, porque então revelará suas próprias idéias ou se tornará joguete
de Espíritos enganadores que se aproveitam de seu entusiasmo para
fasciná-lo.

445 Que conseqüências se pode tirar dos fenômenos do sonambulismo
e do êxtase? Não seriam uma espécie de iniciação à vida
futura?
– É, verdadeiramente, a vida passada e a vida futura que o homem
entrevê. Se estudar esses fenômenos, aí encontrará a solução de mais de
um mistério que sua razão procura inutilmente penetrar.

446 Os fenômenos do sonambulismo e do êxtase poderiam se
conciliar com o materialismo?
– Aquele que os estuda de boa-fé, sem prevenções, não pode ser
nem materialista nem ateu.

DUPLA VISTA
447 O fenômeno conhecido como dupla vista ou segunda vista
tem relação com o sonho e o sonambulismo?
–Tudo isso é a mesma coisa. O que chamais de dupla vista é ainda o
Espírito que está mais livre, embora o corpo não esteja adormecido. A
dupla vista é a vista da alma.

448 A dupla vista é permanente?
– A faculdade, sim; o exercício, não. Nos mundos menos materiais,
os Espíritos se desprendem mais facilmente e se comunicam apenas por
meio do pensamento, sem excluir, entretanto, a linguagem articulada. A
dupla vista é também, para a maioria dos que lá habitam, uma faculdade
permanente. Seu estado normal pode ser comparado ao dos vossos sonâmbulos
lúcidos e é também por essa razão que eles se manifestam
mais facilmente do que aqueles que estão encarnados nos corpos mais
grosseiros.

449 A dupla vista se desenvolve espontaneamente ou pela vontade
de quem a possui?
– Mais freqüentemente é espontânea, mas muitas vezes a vontade aí
exerce um grande papel. Assim, por exemplo, em certas pessoas que se
chamam adivinhos, algumas das quais têm essa faculdade, vereis que é
exercitando a vontade que chegam a ter dupla vista, o que chamais de
visão ou visões.

450 Há a possibilidade de se desenvolver a dupla vista pelo exercício?
– Sim, o trabalho sempre traz o progresso e faz desaparecer o véu
que cobre as coisas.

450 a Essa faculdade tem alguma ligação com a organização
física?
– Certamente, o organismo desempenha aí um papel; existem, porém,
organismos que lhe são refratários.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n29

421 Por que duas pessoas perfeitamente acordadas têm muitas
vezes, instantaneamente, a mesma idéia?
– São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e vêem reciprocamente
seus respectivos pensamentos, até mesmo quando o corpo não dorme.

422 Os letárgicos e os catalépticos vêem e ouvem geralmente o
que se passa ao redor deles, mas não podem se manifestar; é pelos
olhos e ouvidos do corpo que vêem e ouvem?
– Não. É pelo Espírito; o Espírito tem conhecimento dos fatos, mas
não pode se comunicar.

422 a Por que não pode se comunicar?
– O estado do corpo se opõe a isso; esse estado peculiar dos órgãos
vos dá a prova de que existe no homem outra coisa além do corpo, uma
vez que o corpo não funciona mais, mas o Espírito ainda age.

423 Na letargia, o Espírito pode se separar inteiramente do corpo,
de maneira a dar-lhe todas as aparências da morte e voltar em
seguida?
– Na letargia, o corpo não está morto, uma vez que há funções vitais
que permanecem. A vitalidade se encontra em estado latente, como na
crisálida, mas não está aniquilada. Portanto, o Espírito está unido ao corpo
enquanto este vive. Mas quando os laços são rompidos pela morte real há
a desagregação dos órgãos, a separação é completa e o Espírito não
retorna mais. Quando um homem aparentemente morto retorna à vida, é
que o processo da morte não estava consumado.

424 Pode-se, por meio de cuidados dados a tempo, reatar os
laços prestes a se romper e tornar à vida um ser que, por falta de
socorro, estaria definitivamente morto?
– Sim, sem dúvida, e tendes a prova disso todos os dias. O magnetismo
é freqüentemente, nesse caso, um poderoso meio, porque restitui ao
corpo o fluido vital que lhe falta e que era insuficiente para manter o funcionamento
dos órgãos.

SONAMBULISMO
425 O sonambulismo natural tem relação com os sonhos? Como
se pode explicá-lo?
– É uma situação de independência do Espírito mais completa do que
no sonho, porque então suas faculdades abrangem maior amplidão e
passa a ter percepções que não tem no sonho, que é um estado de
sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito atinge a plena posse
de si, é inteiramente ele mesmo; os órgãos materiais, estando de alguma
forma em catalepsia, não recebem mais as impressões exteriores. Esse
estado se manifesta principalmente durante o sono. É o momento em que
o Espírito pode deixar provisoriamente o corpo, estando este entregue ao
indispensável repouso da matéria. Quando os fatos do sonambulismo se
produzem, é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se entrega
a uma ação qualquer que necessita da utilização de seu corpo, do
qual se serve, então, de uma maneira semelhante ao que se faz com uma
mesa ou com qualquer outro material no fenômeno das manifestações
físicas, ou até mesmo de vossa mão, no caso das comunicações escritas.
Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, incluindo o da memória,
começam a despertar e recebem imperfeitamente as impressões
produzidas pelos objetos ou as causas exteriores e as comunicam ao
Espírito, que, em repouso, não se apercebe a não ser de sensações confusas
e freqüentemente sem nexo e sem nenhuma razão de ser aparente,
misturadas que estão com vagas lembranças, seja desta ou de existências
anteriores. Fica então fácil compreender por que os sonâmbulos,
enquanto no estado sonambúlico, não têm nenhuma lembrança do que
ocorreu, e por que os sonhos, dos quais se conserva a memória, não têm
muitas vezes o menor sentido. Digo muitas vezes porque pode acontecer
que sejam a conseqüência de uma lembrança precisa de acontecimentos
de uma vida anterior e, algumas vezes, até mesmo uma espécie de intuição
do futuro.

426 O sonambulismo chamado magnético tem relação com o sonambulismo
natural?
– É a mesma coisa; a diferença é que ele é provocado.

427 Qual é a natureza do agente chamado fluido magnético?
– Fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido
universal.
428 Qual é a causa da clarividência sonambúlica?
–Já dissemos: é a alma que vê.

429 Como o sonâmbulo pode ver através de corpos opacos?
– Não há corpos opacos a não ser para vossos órgãos grosseiros; já
dissemos que, para o Espírito, a matéria não é obstáculo, uma vez que a
atravessa livremente. Freqüentemente, o sonâmbulo diz que vê pela fronte,
pelo joelho, etc., porque vós, inteiramente presos à matéria, não
compreendeis que se possa ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Ele
mesmo, pelo desejo que tendes, acredita ter necessidade desses órgãos,
mas se o deixásseis livre compreenderia que vê por todas as partes de
seu corpo ou, melhor dizendo, vê de fora de seu corpo.

430 Uma vez que a clarividência do sonâmbulo é de sua alma ou
seu Espírito, por que não vê tudo e por que se engana freqüentemente?
– Inicialmente, não é dado aos Espíritos imperfeitos tudo ver e conhecer;
sabeis que eles ainda participam de vossos erros e preconceitos.
Além disso, quando estão ligados à matéria, não usufruem de todos os
dons ou faculdades do Espírito. Deus deu ao homem a faculdade do sonambulismo
com um objetivo útil e sério e não para o que não deve saber;
eis por que os sonâmbulos não podem dizer tudo.

431 Qual a origem das idéias inatas do sonâmbulo e como ele
pode falar com exatidão de coisas que ignora quando acordado, que
estão acima até mesmo de sua capacidade intelectual?
– Acontece que o sonâmbulo possui mais conhecimentos do que
supondes e apenas se acham adormecidos, porque seu corpo é um entrave
para que possa se lembrar das coisas. Mas, afinal, o que é ele?
Como nós, é um Espírito encarnado na matéria para cumprir sua missão e
o estado em que entra o desperta dessa letargia. Nós vos dissemos, repetidamente,
que vivemos muitas vezes; é essa mudança que faz o
sonâmbulo e qualquer outro Espírito perder materialmente o que pôde
aprender em uma existência anterior. Ao entrar no estado que chamais de
transe, ele se recorda, mas nem sempre de uma maneira completa; sabe,
mas não poderia dizer de onde lhe vem o que sabe nem como possui
esses conhecimentos. Passado o transe, toda lembrança se apaga e ele
volta à obscuridade.

432 Como explicar a visão à distância em alguns sonâmbulos?
– A alma não se transporta durante o sono? O mesmo acontece no
sonambulismo.

433 O desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica
prende-se à organização física ou à natureza do Espírito encarnado?
– A ambas. Existem disposições físicas que permitem ao Espírito se
desprender mais ou menos da matéria.

434 As faculdades, os dons dos quais desfruta o sonâmbulo, são
as mesmas que o Espírito tem após a morte?
– Até certo ponto, porque é preciso levar em conta a influência da
matéria à qual ainda está ligado.

435 O sonâmbulo pode ver os outros Espíritos?
– A maioria os vê muito bem, isso depende do grau e da natureza de
sua lucidez, mas algumas vezes não se dá conta disso de início e os toma
por seres corpóreos. Isso acontece principalmente com aqueles que não
possuem nenhum conhecimento do Espiritismo. Ainda não compreendem
a essência dos Espíritos. Isso os espanta e eis por que acreditam estar
vendo pessoas vivas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n28

406 Quando vemos em sonho pessoas vivas, que conhecemos
perfeitamente, praticarem atos de que absolutamente não cogitam,
não é efeito de pura imaginação?
– Em relação a praticar atos de que não cogitam, como dizeis, o que
sabeis disso? O Espírito dessa pessoa pode visitar o vosso, como o vosso
pode visitar o dela e nem sempre sabeis no que ele pensa. E então, freqüentemente,
atribuís às pessoas que conheceis, e de acordo com vossos
desejos, o que se passou ou se passa em outras existências.

407 O sono completo é necessário para a emancipação do Espírito?
– Não; o Espírito recobra sua liberdade quando os sentidos se entorpecem.
Ele se aproveita, para se emancipar, de todos os momentos de
repouso que o corpo lhe concede. Desde que haja debilidade das forças
vitais, o Espírito se desprende, e quanto mais fraco estiver o corpo, mais
livre ele estará.

408 Parece-nos ouvir, algumas vezes em nós, palavras pronunciadas
distintamente e que não têm nenhuma relação com o que nos
preocupa; de onde vem isso?
– Sim, pode acontecer até mesmo ouvirdes frases inteiras, principalmente
quando os sentidos começam a se entorpecer. É algumas vezes
um eco fraco de um Espírito que deseja se comunicar.

409 Muitas vezes, num estado que ainda não é a sonolência,
quando temos os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras
das quais observamos os mais minuciosos detalhes; é um efeito de
visão ou de imaginação?
– O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito procure libertar-
se de suas amarras. Ele se transporta e vê. Se o sono fosse completo,
seria um sonho.

410 Têm-se, algumas vezes durante o sono ou a sonolência, idéias
que parecem ser muito boas e, apesar dos esforços para se lembrar
delas, apagam-se da memória: de onde vêm essas idéias?
– São o resultado da liberdade do Espírito que se emancipa e desfruta
de maneira completa de todas as suas faculdades durante esse momento.
São freqüentemente também conselhos que outros Espíritos dão.

410 a Para que servem essas idéias e conselhos, já que se perdem
na lembrança e não se podem aproveitar?
– Essas idéias pertencem, algumas vezes, mais ao mundo dos Espíritos
do que ao corporal; mas, com mais freqüência, se o corpo esquece,
o Espírito lembra, e a idéia revive na ocasião oportuna como uma inspiração
de momento.

411 O Espírito encarnado, nos momentos em que está desligado
da matéria e age como Espírito, sabe a época de sua morte?
– Muitas vezes a pressente; pode, também, ter uma consciência muito
clara dela. É o que, acordado, lhe dá a intuição disso. Eis por que certas
pessoas, algumas vezes, prevêem sua morte com grande exatidão.

412 A atividade do Espírito durante o repouso ou o sono do corpo
pode fazer com que o corpo sinta cansaço?
– Sim, pode. O Espírito está preso ao corpo, assim como um balão
cativo a um poste. Da mesma forma que as agitações do balão abalam o
poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fazer com que
se sinta cansado.

VISITAS ESPÍRITAS ENTRE PESSOAS VIVAS
413 Como a alma pode libertar-se do corpo durante o sono, teremos
então uma dupla existência simultânea: a do corpo, que nos dá a
vida de relação exterior, e a da alma, que nos dá a vida de relação
oculta; isso é exato?
– No estado de liberdade, a vida do corpo cede lugar à vida da
alma. Porém, não são, propriamente falando, duas existências; são, antes,
duas fases da mesma existência, uma vez que o homem não vive
duplamente.

414 Duas pessoas que se conhecem podem se visitar durante o
sono?
– Sim, e muitas outras que acreditam não se conhecerem também se
reúnem e conversam. Podeis ter, sem dúvida, amigos num outro país.
O fato de ir se encontrar, durante o sono, com amigos, parentes, conhecidos,
pessoas que podem ser úteis, é tão freqüente que o fazeis todas
as noites.

415 Qual a utilidade dessas visitas noturnas, uma vez que não
fica lembrança de nada?
– É muito comum disso ficar uma intuição, ao despertar, e é freqüentemente
a origem de certas idéias que surgem espontaneamente, sem
explicação clara. São exatamente as adquiridas nessas conversas.

416 O homem pode provocar essas visitas espirituais por sua vontade?
Pode, por exemplo, dizer ao dormir: esta noite quero me encontrar
em Espírito com tal pessoa, falar com ela e dizer-lhe alguma coisa?
– Eis o que se passa: o homem dorme, o Espírito se liberta e o que o
homem tinha programado o Espírito está bem longe de seguir, porque os
desejos e vontades do homem nem sempre são as mesmas do Espírito,
quando desligado da matéria. Isso acontece com os homens espiritualmente
bastante elevados. Há os que passam de outra forma essa sua
existência espiritual: entregam-se às suas paixões ou permanecem na inatividade.
Pode acontecer que, considerando a razão da visita, o Espírito vá
mesmo visitar as pessoas que deseja; mas a simples vontade do homem,
acordado, não é razão para que o faça.

417 Um certo número de Espíritos encarnados podem se reunir
e formar assembléias?
– Sem dúvida nenhuma. Os laços de amizade, antigos ou novos,
fazem com que se reúnam freqüentemente diversos Espíritos, felizes de
estarem juntos.

418 Uma pessoa que acreditasse ter um de seus amigos mortos,
embora estivesse vivo, poderia se encontrar com ele em Espírito e
saber que está vivo? Ela poderia, nesse caso, ter uma intuição disso
ao despertar?
– Como Espírito, pode certamente vê-lo e saber de sua situação. Se
não lhe foi imposto como uma prova acreditar na morte de seu amigo, terá
um pressentimento de sua existência, como poderá ter de sua morte.

TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO
419 Por que a mesma idéia, a de uma descoberta, por exemplo,
pode surgir em diversos lugares ao mesmo tempo?
– Já dissemos que durante o sono os Espíritos se comunicam entre
si. Pois bem, quando o corpo desperta, o Espírito se recorda do que aprendeu
e o homem acredita ser o autor da invenção. Assim, muitos podem
descobrir a mesma coisa ao mesmo tempo. Quando dizeis: uma idéia
está no ar, usais de uma figura de linguagem mais justa do que acreditais;
cada um, sem saber, contribui para propagá-la.

420 Os Espíritos podem se comunicar se o corpo está completamente
acordado?
– O Espírito não está fechado no corpo como numa caixa; irradia por
todos os lados. Eis por que pode se comunicar com outros Espíritos, até
mesmo acordados, embora o faça mais dificilmente.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n27

391 A antipatia entre duas pessoas se manifesta primeiro naquela
cujo Espírito é pior ou melhor?
– Tanto em um quanto no outro, mas as causas e os efeitos são diferentes.
Um Espírito mau tem antipatia contra qualquer pessoa que possa
julgá-lo e desmascará-lo. Ao ver uma pessoa pela primeira vez, sabe que vai
ser desaprovado; seu afastamento dessa pessoa se transforma em ódio,
em ciúme, e lhe inspira o desejo de fazer o mal. O Espírito bom sente repulsa
pelo mau porque sabe que não será compreendido e não partilharão dos
mesmos sentimentos, mas, seguro de sua superioridade, não tem contra o
outro ódio ou ciúme, contenta-se em evitá-lo e lastimá-lo.

ESQUECIMENTO DO PASSADO
392 Por que o Espírito encarnado perde a lembrança de seu passado?
– O homem não pode nem deve saber tudo. Deus em Sua sabedoria
quer assim. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria
deslumbrado, como aquele que passa sem transição do escuro para a
luz.O esquecimento do passado o faz sentir-se mais senhor de si.

393 Como o homem pode ser responsável por atos e reparar
faltas das quais não tem consciência? Como pode aproveitar a experiência
adquirida em existências caídas no esquecimento? Poderia se
conceber que as adversidades da vida fossem para ele uma lição ao
se lembrar do que as originou; mas, a partir do momento que não se
lembra, cada existência é para ele como a primeira e está, assim,
sempre recomeçando. Como conciliar isso com a justiça de Deus?
– A cada nova existência o homem tem mais inteligência e pode melhor
distinguir o bem do mal. Onde estaria o mérito, ao se lembrar de todo
o passado? Quando o Espírito volta à sua vida primitiva (a vida espírita),
toda sua vida passada se desenrola diante dele; vê as faltas que cometeu
e que são a causa de seu sofrimento e o que poderia impedi-lo de cometê-
las. Compreende que a posição que lhe foi dada foi justa e procura
então uma nova existência em que poderia reparar aquela que acabou.
Escolhe provas parecidas com as que passou ou as lutas que acredita
serem úteis para o seu adiantamento, e pede a Espíritos Superiores para
ajudá-lo nessa nova tarefa que empreende, porque sabe que o Espírito
que lhe será dado por guia nessa nova existência procurará fazê-lo reparar
suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das que cometeu. Essa
mesma intuição é o pensamento, o desejo maldoso que freqüentemente
vos aparece e ao qual resistis instintivamente, atribuindo a maior parte das
vezes essa resistência aos princípios recebidos de vossos pais, enquanto
é a voz da consciência que vos fala. Essa voz é a lembrança do passado,
que vos adverte para não recair nas faltas que já cometestes. O Espírito,
ao entrar nessa nova existência, se suporta essas provas com coragem e
resiste, eleva-se e sobe na hierarquia dos Espíritos, quando volta para o
meio deles.

394 Nos mundos mais avançados que o nosso, onde os habitantes
não são oprimidos por todas as nossas necessidades físicas e
enfermidades, os homens compreendem que são mais felizes do que
nós? A felicidade, em geral, é relativa. Nós a sentimos em comparação
a um estado menos feliz. Como, definitivamente, alguns desses
mundos, ainda que melhores que o nosso, não estão no estado de
perfeição, os homens que os habitam devem ter seus motivos de aborrecimentos.
Entre nós, o rico, que não tem angústias de necessidades
materiais como o pobre, tem, ainda assim, outras que tornam sua
vida amarga. Portanto, pergunto: em sua posição, os habitantes desses
mundos não se crêem tão infelizes quanto nós e não se lamentam
de sua sorte, já que não têm lembrança de uma existência inferior
para servir de comparação?
– Para isso, é preciso dar duas respostas diferentes. Há mundos,
entre esses que citastes, onde os habitantes têm uma lembrança muito
clara e precisa de suas existências passadas; estes, vós o compreendeis,
podem e sabem apreciar a felicidade que Deus lhes permite saborear. Há
outros onde os habitantes, como dissestes, colocados em melhores condições
do que vós, na Terra não têm grandes aborrecimentos nem
infelicidades. Esses não apreciam sua felicidade pelo fato de não se lembrarem
de um estado ainda mais infeliz. Entretanto, se não a apreciam
como homens, apreciam como Espíritos.

395 Podemos ter algumas revelações de nossas existências anteriores?
– Nem sempre. Muitos sabem, entretanto, o que foram e o que fizeram;
se fosse permitido dizer abertamente, fariam singulares revelações
sobre o passado.

396 Certas pessoas acreditam ter uma vaga lembrança de um
passado desconhecido que se apresenta a elas como a imagem passageira
de um sonho, que se procura, em vão, reter. Essa idéia é
apenas ilusão?
– Algumas vezes é real; mas muitas vezes é também ilusão contra a
qual é preciso ficar atento, porque pode ser o efeito de uma imaginação
superexcitada.

397 Nas existências de natureza mais elevadas que a nossa, a
lembrança das existências anteriores é mais precisa?
– Sim; à medida que o corpo se torna menos material, as lembranças
se revelam com mais exatidão. A lembrança do passado é mais
clara para os que habitam mundos de uma ordem superior.

398 Pelo estudo de suas tendências instintivas, que são uma
recordação do passado, o homem pode conhecer os erros que cometeu?
– Sem dúvida, até certo ponto; mas é preciso se dar conta da
melhora que pôde se operar no Espírito e as resoluções que ele tomou
na vida espiritual. A existência atual pode ser bem melhor que a precedente.

398 a Ela pode ser pior? Ou seja, o homem pode cometer numa
existência faltas que não cometeu em existências precedentes?
– Isso depende de seu adiantamento; se não resistir às provas, pode
ser levado a novas faltas, que são conseqüência da posição que escolheu.
Mas, em geral, essas faltas mostram antes um estado estacionário
do que retrógrado, porque o Espírito pode avançar ou estacionar, mas
nunca retroceder.

399 Os acontecimentos da vida corporal são, ao mesmo tempo,
uma expiação pelas faltas passadas e provas que visam ao futuro.
Pode-se dizer que da natureza dessas situações se possa deduzir o
gênero da existência anterior?
– Muito freqüentemente, uma vez que cada um é punido pelos erros
que cometeu; entretanto, não deve ser isso uma regra absoluta. As tendências
instintivas são a melhor indicação, visto que as provas pelas quais
o Espírito passa se referem tanto ao futuro quanto ao passado.

400 O Espírito encarnado permanece espontaneamente no corpo?
– É como perguntar se o prisioneiro se alegra com a prisão. O Espírito
encarnado aspira sem cessar à libertação, e quanto mais o corpo for grosseiro,
mais deseja desembaraçar-se dele.

401 Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
– Não, o Espírito nunca fica inativo. Durante o sono, os laços que o
prendem ao corpo se relaxam e, como o corpo não precisa do Espírito, ele
percorre o espaço e entra em relação mais direta com outros Espíritos.

402 Como avaliar a liberdade do Espírito durante o sono?
– Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, o Espírito tem mais condições
de exercer seus dons, faculdades do que em vigília; tem a lembrança
do passado e algumas vezes a previsão do futuro; adquire mais poder e
pode entrar em comunicação com outros Espíritos, neste mundo ou em
outro. Quando dizeis: tive um sonho esquisito, horrível, mas que não tem
nada de real, enganais-vos; é, muitas vezes, a lembrança dos lugares e
das coisas que vistes ou que vereis numa outra existência, ou num outro
momento. O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito se empenhe
em superar suas amarras e investigar o passado ou o futuro.
Pobres homens, que pouco conheceis dos mais simples fenômenos
da vida! Julgai-vos sábios e, entretanto, vos embaraçais com as coisas
mais simples; ficais perturbados com a pergunta de todas as crianças: o
que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos?
O sono liberta, em parte, a alma do corpo. Quando dormimos, estamos
momentaneamente no estado em que o homem se encontra após a
morte. Os Espíritos que logo se desligam da matéria, quando desencarnam,
têm um sono consciente. Durante o sono, reúnem-se à sociedade
de outros seres superiores e com eles viajam, conversam e se instruem;
trabalham até mesmo em obras que depois encontram prontas, quando,
pelo desencarne, retornam ao mundo espiritual. Isso deve vos ensinar uma
vez mais a não temer a morte, uma vez que morreis todos os dias, segun-
do a palavra de um santo. Isso para os Espíritos elevados; mas para o
grande número de homens que, ao desencarnar, devem permanecer longas
horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual já vos falaram, esses
vão, enquanto dormem, a mundos inferiores à Terra, onde antigas
afeições os evocam, ou vão procurar prazeres talvez ainda mais baixos
que os que têm aí; vão se envolver com doutrinas ainda mais desprezíveis,
ordinárias e nocivas que as que professam em vosso meio. O que gera a
simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de os homens, ao despertar,
se sentirem ligados pelo coração àqueles com quem acabaram de
passar de oito a nove horas de prazer. Isso também explica as antipatias
invencíveis que sentimos intimamente, porque sabemos que essas pessoas
com quem antipatizamos têm uma consciência diferente da nossa e
as conhecemos sem nunca tê-las visto com os olhos. Explica ainda a
nossa indiferença, pois não desejamos fazer novos amigos quando sabemos
que há outras pessoas que nos amam e nos querem bem. Em uma
palavra, o sono influi mais na vossa vida do que pensais. Durante o sono,
os Espíritos encarnados estão sempre se relacionando com o mundo dos
Espíritos e é isso que faz com os Espíritos Superiores consintam, sem
muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que em contato com o
vício eles pudessem se renovar na fonte do bem, para não mais falharem,
eles, que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu para
entrarem em contato com seus amigos do céu; é o recreio após o trabalho,
enquanto esperam a grande libertação, a libertação final que deve
devolvê-los a seu verdadeiro meio.
O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono; mas
notai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que
vistes, ou de tudo o que vistes. É que vossa alma não está em pleno
desdobramento. Muitas vezes, apenas fica a lembrança da perturbação
que acompanha vossa partida ou vossa volta, à qual se acrescenta a do
que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília; sem isso, como
explicaríeis esses sonhos absurdos que têm tanto os mais sábios quanto
os mais simples? Os maus Espíritos se servem também dos sonhos para
atormentar as almas fracas e medrosas.
Além disso, vereis dentro em pouco se desenvolver uma outra espécie
de sonhos1; ela é tão antiga quanto a que já conheceis, mas a ignorais. O
sonho de Joana D’arc2, o sonho de Jacó3, o sonho dos profetas judeus e de
alguns adivinhos indianos; esse sonho é a lembrança da alma quase inteiramente
desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vida de que falamos.
1 - Outra espécie de sonhos: ele se referia à mediunidade (N. E.).
2 - Joana D’Arc: heroína francesa. Comandou os exércitos da França à vitória sobre os ingleses,
orientada por seus sonhos e suas visões (N. E.).
3 - Jacó: patriarca hebreu do Antigo Testamento que viu em sonho uma escada que levava da
Terra ao céu (N. E.).
Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dentre os que
vos lembrais; sem isso, caireis em contradições e erros que serão funestos
à vossa fé.

403 Por que nem sempre nos lembramos dos sonhos?
– O que chamais de sono é apenas o repouso do corpo, mas o Espírito
está sempre ativo e durante o sono recobra um pouco de sua liberdade
e se corresponde com os que lhe são caros, neste mundo ou em outros.
Sendo o corpo uma matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as
impressões que o Espírito recebeu, visto que o Espírito não as percebeu
pelos órgãos do corpo.

404 O que pensar da significação atribuída aos sonhos?
– Os sonhos não têm o significado que certos adivinhos lhes atribuem.
É um absurdo acreditar que sonhar com isso significa aquilo. São verdadeiros
no sentido de que apresentam imagens reais ao Espírito, mas muitas
vezes não têm relação com o que se passa na vida corporal; são também,
como dissemos, uma lembrança. Algumas vezes, podem ser um pressentimento
do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa
nesse momento em um outro lugar para onde a alma se transporta. Não
tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem em sonho e vêm
advertir seus parentes ou amigos do que lhes está acontecendo? O que
são essas aparições, senão a alma ou o Espírito dessas pessoas que vêm
se comunicar com o vosso? Quando estais certos de que o que vistes realmente
aconteceu, não é uma prova de que a imaginação não tomou parte
em nada, principalmente se as ocorrências do sonho não estavam de
modo algum em vosso pensamento enquanto acordados?

405 Vêem-se freqüentemente em sonho coisas que parecem pressentimentos
e que não se realizam; de onde vem isso?
–Elas podem se realizar apenas para o Espírito, ou seja, o Espírito vê
a coisa que deseja porque vai procurá-la. Não deveis esquecer que, durante
o sono, a alma está constantemente sob influência da matéria, às
vezes mais, às vezes menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente
das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto
acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se
deseja ou do que se teme. A isso verdadeiramente é o que se pode chamar
de efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com
uma idéia, liga-se a essa idéia tudo o que se vê.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n26

376 Por que a loucura leva algumas vezes ao suicídio?
– O Espírito sofre com o constrangimento e a impossibilidade de se
manifestar livremente, por isso procura na morte um meio de romper seus
laços.

377 O Espírito de um doente mental é afetado, depois da morte,
pelo desarranjo de suas faculdades?
– Pode se ressentir durante algum tempo após a morte, até que esteja
completamente desligado da matéria, como o homem que acorda se ressente
por algum tempo da perturbação em que o sono o mergulha.

378 Como a alteração do cérebro pode reagir sobre o Espírito
após a morte do corpo?
– É uma lembrança. Um peso oprime o Espírito e, como não teve conhecimento
de tudo que se passou durante sua loucura, precisa sempre de
um certo tempo para se pôr a par de tudo; é por isso que, quanto mais
tempo durar a loucura durante a vida terrena, mais tempo dura a opressão,
o constrangimento após a morte. O Espírito desligado do corpo se ressente,
durante algum tempo, da impressão dos laços que os uniam.

INFÂNCIA
379 O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido
quanto o de um adulto?
– Pode até ser mais, se progrediu mais. São apenas órgãos imperfeitos
que o impedem de se manifestar. Ele age em razão do instrumento,
com que pode se manifestar.

380 Numa criança de tenra idade, o Espírito, exceto pelo obstáculo
que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, pensa
como uma criança ou como um adulto?
– Quando é criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando
desenvolvidos, não possam lhe dar toda a intuição de um adulto;
ele tem, de fato, a inteligência bastante limitada, enquanto a idade faz
amadurecer sua razão. A perturbação que acompanha a encarnação não
cessa subitamente no momento do nascimento; ela somente se dissipa
gradualmente, com o desenvolvimento dos órgãos.

381 Na morte da criança, o Espírito retoma imediatamente seu
vigor anterior?
– Deve retomar, uma vez que está livre do corpo; entretanto, apenas
readquire sua lucidez quando a separação é completa, ou seja, quando
não existe mais nenhum laço entre o Espírito e o corpo.

382 O Espírito encarnado sofre, durante a infância, com as limitações
da imperfeição de seus órgãos?
– Não. Esse estado é uma necessidade, está na natureza e de acordo
com os planos da Providência: é um tempo de repouso para o Espírito.

383 Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?
– O Espírito, encarnando para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante
esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento,
para o qual devem contribuir aqueles que estão encarregados
de sua educação.

384 Por que a primeira manifestação de uma criança é de choro?
– Para excitar o interesse da mãe e provocar os cuidados que lhe são
necessários. Não compreendeis que, se houvesse apenas manifestações
de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se preocupariam com suas
necessidades? Admirai em tudo a sabedoria da Providência.

385 De onde vem a mudança que se opera no caráter em uma
determinada idade e particularmente ao sair da adolescência? É o
Espírito que se modifica?
– É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como era. Vós não
conheceis o segredo que escondem as crianças em sua inocência, não
sabeis o que são, o que foram, o que serão e, entretanto, as amais, lhes
quereis bem, como se fossem uma parte de vós mesmos, a tal ponto que
o amor de uma mãe por seus filhos é considerado o maior amor que um
ser possa ter por outro. De onde vem essa doce afeição, essa terna benevolência
que até mesmo estranhos sentem por uma criança? Vós sabeis?
Não; é isso que vou explicar.
As crianças são os seres que Deus envia em novas existências e,
para não lhes impor uma severidade muito grande, lhes dá todo o toque
de inocência. Mesmo para uma criança de natureza má suas faltas são
cobertas com a não-consciência de seus atos. Essa inocência não é uma
superioridade real sobre o que eram antes; não, é a imagem do que deveriam
ser e se não o são é somente sobre elas que recai a pena.
Mas, não é apenas por elas que Deus lhes dá esse aspecto, é também
e principalmente por seus pais, cujo amor é necessário para sua
fraqueza. Esse amor seria notoriamente enfraquecido frente a um caráter
impertinente e rude, ao passo que, ao acreditar que seus filhos são bons
e dóceis, lhes dão toda a afeição e os rodeiam com os mais atenciosos
cuidados. Mas quando os filhos não têm mais necessidade dessa proteção,
dessa assistência que lhes foi dada durante quinze ou vinte anos, seu
caráter real e individual reaparece em toda sua nudez: conservam-se bons,
se eram fundamentalmente bons; mas sempre sobressaem as características
que estavam ocultas na primeira infância.
Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores e, quando
se tem o coração puro, a explicação é fácil de ser concebida.
De fato, imaginai que o Espírito das crianças pode vir de um mundo
em que adquiriu hábitos totalmente diferentes; como gostaríeis que vivesse
entre vós esse novo ser que vem com paixões completamente diferentes
das vossas, com inclinações, gostos inteiramente opostos aos vossos?
Como deveria se incorporar e alinhar-se entre vós de outra forma senão
por aquela que Deus quis, ou seja, pelo crivo da infância? Aí se confundem
todos os pensamentos, os caracteres e as variedades de seres gerados
por essa multidão de mundos nos quais crescem as criaturas. E vós mesmos,
ao desencarnar, vos encontrareis numa espécie de infância entre
novos irmãos; e nessa nova existência não-terrestre ignorareis os hábitos,
os costumes, as relações desse mundo novo para vós; manejareis com
dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais viva
do que é hoje o vosso pensamento. (Veja, nesta obra, a questão 319.)
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos apenas entram na
vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar; a fraqueza da idade infantil os
torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem
fazê-los progredir. É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas
más tendências; este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão
sagrada pela qual terão de responder. Por isso a infância não é somente
útil, necessária, indispensável, mas é ainda a conseqüência natural das
Leis que Deus estabeleceu e que regem o universo.

SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS
386 Dois seres que se conhecem e se amam podem se encontrar
em outra existência corporal e se reconhecer?
– Reconhecer-se, não; mas podem sentir-se atraídos um pelo outro.
Freqüentemente, as ligações íntimas fundadas numa afeição sincera não
têm outra causa. Dois seres aproximam-se um do outro por conseqüências
casuais em aparência, mas que são de fato a atração de dois Espíritos
que se procuram na multidão.

386 a Não seria mais agradável para eles se reconhecerem?
– Nem sempre; a lembrança das existências passadas teria inconvenientes
maiores do que podeis imaginar. Após a morte, se reconhecerão,
saberão o tempo que passaram juntos. (Veja, nesta obra, a questão 392.)

387 A simpatia vem sempre de um conhecimento anterior?
– Não. Dois Espíritos que se compreendem procuram-se naturalmente,
sem que necessariamente se tenham conhecido em encarnações passadas.

388 Os encontros que ocorrem, algumas vezes, e que se atribuem
ao acaso não serão o efeito de uma certa relação de simpatia?
– Há entre os seres pensantes laços que ainda não conheceis. O
magnetismo é que dirige essa ciência, que compreendereis melhor mais
tarde.

389 De onde vem a repulsa instintiva que se tem por certas pessoas,
à primeira vista?
– Espíritos antipáticos que se adivinham e se reconhecem sem se
falar.

390 A antipatia instintiva é sempre um sinal de natureza má?
– Dois Espíritos não são necessariamente maus por não serem simpáticos
um para com o outro. A antipatia pode se originar da diferença no
modo de pensar. Mas, à medida que se elevam, as divergências se apagam
e a antipatia desaparece.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n25

361 De onde vêm, para o homem, suas qualidades morais, boas
ou más?
– São do Espírito encarnado nele; quanto mais o Espírito for puro,
mais o homem é levado ao bem.

361 a Parece resultar daí que o homem de bem é a encarnação
de um Espírito bom e o homem vicioso a de um mau?
– Sim. Mas devemos dizer que é um Espírito imperfeito, senão poderia
se acreditar na existência de Espíritos sempre maus, a quem chamais
de demônios.

362 Qual é o caráter dos indivíduos nos quais encarnam os Espíritos
travessos e levianos?
– São criaturas imprudentes, maliciosas e, algumas vezes, seres maldosos.

363 Os Espíritos possuem paixões que não pertencem à humanidade?
– Não; se as tivessem as teriam comunicado aos homens.

364 É o mesmo Espírito que dá ao homem as qualidades morais
e da inteligência?
– Certamente é o mesmo, e isso em razão do grau que alcançou na
escala evolutiva. O homem não tem em si dois Espíritos.

365 Por que alguns homens muito inteligentes, que evidenciam
estar neles encarnados Espíritos Superiores, são, ao mesmo tempo,
cheios de vícios?
– É que os Espíritos encarnados neles não são puros o suficiente, e o
homem cede à influência de outros Espíritos ainda piores. O Espírito progride
numa marcha ascendente insensível, mas o progresso não se cumpre
simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período das suas
muitas existências, pode avançar em ciência; num outro, em moralidade.

366 O que pensar da opinião de que as diferentes faculdades
intelectuais e morais do homem seriam o produto de diferentes Espíritos
encarnados nele e tendo cada um uma aptidão especial?
– Ao refletir sobre essa opinião, reconhece-se que é absurda. O Espírito
deve ter todas as aptidões; para poder progredir, lhe é necessária uma
vontade única. Se o homem fosse uma mistura de Espíritos, essa vontade
não existiria e não teria individualidade, uma vez que, em sua morte, todos
esses Espíritos seriam como um bando de pássaros escapados duma
gaiola. O homem lamenta-se, freqüentemente, de não compreender certas
coisas, e é curioso ver como multiplica as dificuldades, quando tem ao
seu alcance uma explicação muito simples e natural. Ainda aqui, toma o
efeito pela causa; é fazer em relação ao homem o que os pagãos faziam
em relação a Deus. Eles acreditavam em tantos deuses quantos são os
fenômenos no universo, mas mesmo entre eles havia pessoas sensatas
que já viam nesses fenômenos apenas efeitos, que tinham uma única
causa – Deus.

INFLUÊNCIA DO ORGANISMO
367 O Espírito, ao se unir ao corpo, se identifica com a matéria?
– A matéria é apenas o envoltório do Espírito, assim como a roupa é o
envoltório do corpo. O Espírito, ao se unir ao corpo, conserva o que é
próprio de sua natureza espiritual.

368 As faculdades ou dons do Espírito se exercem com toda a
liberdade após sua união com o corpo?
– O exercício das faculdades depende dos órgãos que lhes servem
de instrumento: são enfraquecidas pela grosseria da matéria.
368 a Assim, o corpo material seria um obstáculo à livre manifestação
das faculdades do Espírito, como um vidro opaco se opõe à livre
emissão da luz?
– Sim, é como um vidro muito opaco.

369 O livre exercício das faculdades da alma está subordinado
ao desenvolvimento dos órgãos?
– Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da
alma; essa manifestação depende do desenvolvimento e grau de perfeição
desses mesmos órgãos, como a boa qualidade de um trabalho
depende da boa qualidade da ferramenta.

370 Pode-se deduzir que, da influência dos órgãos na ação das
faculdades do Espírito, possa haver uma relação entre o desenvolvimento
do cérebro e das qualidades morais e intelectuais?
– Não se deve confundir o efeito com a causa. O Espírito tem sempre
as faculdades que lhe são próprias. Não são, portanto, os órgãos que dão
as faculdades e sim as faculdades que conduzem ao desenvolvimento
dos órgãos.

370 a Assim sendo, a diversidade das aptidões no homem provém
unicamente do estado do Espírito?
– Unicamente não é o termo mais exato; as qualidades do Espírito,
que pode ser mais ou menos avançado, são o princípio; mas é preciso ter
em conta a influência da matéria, que limita mais ou menos o exercício
dessas faculdades.

OS DEFICIENTES MENTAIS E A LOUCURA
371 A opinião de que os deficientes mentais teriam uma alma
inferior tem fundamento?
– Não. Eles têm uma alma humana, muitas vezes mais inteligente do
que pensais, que sofre da insuficiência dos meios que tem para se manifestar,
assim como o mudo sofre por não poder falar.

372 Qual o objetivo da Providência ao criar seres infelizes como
os loucos e os deficientes mentais?
– São Espíritos em punição que habitam corpos deficientes. Esses
Espíritos sofrem com o constrangimento que experimentam e com a dificuldade
que têm de se manifestarem por meio de órgãos não desenvolvidos
ou desarranjados.

372 a É exato dizer que os órgãos não têm influência sobre as
faculdades?
– Nunca dissemos que os órgãos não têm influência. Têm uma influência
muito grande sobre a manifestação das faculdades; porém, não as
produzem; eis a diferença. Um bom músico com um instrumento ruim não
fará boa música, mas isso não o impedirá de ser um bom músico.

373 Qual pode ser o mérito da existência para seres que, como
os loucos e os deficientes mentais, não podendo fazer o bem nem o
mal, não podem progredir?
– É uma expiação obrigatória pelo abuso que fizeram de certas faculdades;
é um tempo de prisão.

373 a O corpo de um deficiente mental pode, assim, abrigar um
Espírito que teria animado um homem de gênio em uma existência
precedente?
– Sim. A genialidade torna-se às vezes um flagelo quando dela se
abusa.

374 O deficiente mental, no estado de Espírito, tem consciência
de seu estado mental?
– Sim, muito freqüentemente; ele compreende que as correntes que
impedem seu vôo são uma prova e uma expiação.

375 Qual é a situação do Espírito na loucura?
– O Espírito, no estado de liberdade, recebe diretamente suas impressões
e exerce diretamente sua ação sobre a matéria. Porém,
encarnado, se encontra em condições bem diferentes e na obrigatoriedade
de só fazer isso com a ajuda de órgãos especiais. Se uma parte ou o
conjunto desses órgãos for alterado, sua ação ou suas impressões, no
que diz respeito a esses órgãos, são interrompidas. Se ele perde os olhos,
torna-se cego; se perde o ouvido, torna-se surdo, etc. Imagina agora que
o órgão que dirige os efeitos da inteligência e da vontade, o cérebro, seja
parcial ou inteiramente danificado ou modificado e ficará fácil compreender
que o Espírito, podendo dispor apenas de órgãos incompletos ou
deturpados, deverá sentir uma perturbação da qual, por si mesmo e em
seu íntimo, tem perfeita consciência, mas não é senhor para deter-lhe o
curso, não tem como alterar essa condição.

375 a É então sempre o corpo e não o Espírito que está desorganizado?
– Sim. Mas é preciso não perder de vista que, da mesma forma como
o Espírito age sobre a matéria, também a matéria reage sobre o Espírito
numa certa medida, e que o Espírito pode se encontrar momentaneamente
impressionado pela alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe
suas impressões. Pode acontecer que, depois de um período longo,
quando a loucura durou muito tempo, a repetição dos mesmos atos acabe
por ter sobre o Espírito uma influência da qual somente se livra quando
estiver completamente desligado de todas as impressões materiais.

domingo, 8 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n24

346 O que acontece ao Espírito, se o corpo que escolheu morre
antes de nascer?
– Ele escolhe um outro.

346 a Qual é a razão dessas mortes prematuras?
– As imperfeições da matéria são a causa mais freqüente dessas
mortes.

347 Que utilidade pode ter para um Espírito sua encarnação num
corpo que morre poucos dias após seu nascimento?
– O ser não tem a consciência inteiramente desenvolvida de sua existência
e a importância da morte é para ele quase nula. É muitas vezes,
como já dissemos, uma prova para os pais.

348 O Espírito sabe, com antecedência, que o corpo que escolheu
não tem probabilidades de vida?
– Algumas vezes, sabe; mas se o escolher por esse motivo, é porque
recua diante da prova.

349 Quando uma encarnação falha para o Espírito, por uma causa
qualquer, é suprida imediatamente por outra existência?
– Nem sempre imediatamente. É preciso ao Espírito o tempo de escolher
de novo, a menos que uma reencarnação imediata seja uma
determinação anterior.

350 O Espírito, uma vez unido ao corpo de uma criança e quando
já não pode voltar atrás, lamenta, algumas vezes, a escolha que fez?
– Quereis dizer se, como homem, lastima a vida que tem? Se gostaria
de outra? Sim. Lamenta-se da escolha que fez? Não; ele não sabe que a
escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha
de que não tem consciência, mas pode achar a carga muito pesada e
considerá-la acima de suas forças. São esses os casos dos que recorrem
ao suicídio.

351 No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito desfruta
de todas as suas faculdades?
– Mais ou menos, de acordo com a época, visto que ainda não está
encarnado, e sim vinculado. Desde o instante da concepção, o Espírito
começa a ser tomado de perturbação, anunciando-lhe que é chegado o
momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo
até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um
Espírito encarnado durante o sono do corpo. À medida que a hora do
nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança
do passado, do qual não terá mais consciência, como pessoa, logo
que entrar na vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória
ao retornar ao seu estado de Espírito.

352 No momento do nascimento, o Espírito recupera imediatamente
a plenitude de suas faculdades?
– Não, elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. É para ele
uma nova existência; é preciso que aprenda a se servir de seus instrumentos.
As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que sai do
sono e se encontra numa posição diferente daquela que tinha na véspera.

353 Como a união do Espírito e do corpo só está completa e
definitivamente consumada após o nascimento, pode-se considerar o
feto como tendo uma alma?
– O Espírito que deve animá-lo existe, de alguma forma, fora dele; não
possui, propriamente falando, uma alma, já que a encarnação está apenas
em via de se operar. Mas o feto está ligado à alma que deve possuir.

354 Como explicar a vida intra-uterina?
– É a da planta que vegeta. A criança vive, então, a vida animal. O
homem tem em si a vida animal e a vida vegetal, que se completam no
nascimento com a vida espiritual.

355 Há, como indica a ciência, crianças que, desde o ventre
materno, não têm possibilidades de viver? Qual o objetivo disso?
– Isso acontece freqüentemente; a Providência o permite como prova
para seus pais ou para o Espírito que está para reencarnar.

356 Existem crianças que, nascendo mortas, não foram destinadas
à encarnação de um Espírito?
– Sim, há as que nunca tiveram um Espírito destinado para o corpo;
nada devia realizar-se por elas. É, então, somente pelos pais que essa
criança veio.

356 a Um ser dessa natureza pode chegar a nascer?
– Sim, algumas vezes; porém, não vinga, não vive.

356 b Toda criança que sobrevive ao nascimento tem, necessariamente,
um Espírito encarnado nela?
– O que seria sem o Espírito? Não seria um ser humano.

357 Quais são, para o Espírito, as conseqüências do aborto?
– É uma existência nula que terá de recomeçar.

358 O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época
da concepção?
– Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou
qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida de uma
criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de suportar as
provas das quais o corpo devia ser o instrumento.

359 No caso em que a vida da mãe esteja em perigo pelo nascimento
do filho, existe crime ao sacrificar a criança para salvar a mãe?
– É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

360 É racional ter pelo feto a mesma atenção que se tem pelo
corpo de uma criança que tenha vivido?
– Em tudo isso deveis ver a vontade de Deus e Sua obra. Não trateis,
portanto, levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar
as obras da Criação, que são incompletas algumas vezes pela vontade
do Criador? Isso pertence a seus desígnios, que ninguém é chamado a
julgar.

Serie de perguntas e respostas n24

346 O que acontece ao Espírito, se o corpo que escolheu morre
antes de nascer?
– Ele escolhe um outro.

346 a Qual é a razão dessas mortes prematuras?
– As imperfeições da matéria são a causa mais freqüente dessas
mortes.

347 Que utilidade pode ter para um Espírito sua encarnação num
corpo que morre poucos dias após seu nascimento?
– O ser não tem a consciência inteiramente desenvolvida de sua existência
e a importância da morte é para ele quase nula. É muitas vezes,
como já dissemos, uma prova para os pais.

348 O Espírito sabe, com antecedência, que o corpo que escolheu
não tem probabilidades de vida?
– Algumas vezes, sabe; mas se o escolher por esse motivo, é porque
recua diante da prova.

349 Quando uma encarnação falha para o Espírito, por uma causa
qualquer, é suprida imediatamente por outra existência?
– Nem sempre imediatamente. É preciso ao Espírito o tempo de escolher
de novo, a menos que uma reencarnação imediata seja uma
determinação anterior.

350 O Espírito, uma vez unido ao corpo de uma criança e quando
já não pode voltar atrás, lamenta, algumas vezes, a escolha que fez?
– Quereis dizer se, como homem, lastima a vida que tem? Se gostaria
de outra? Sim. Lamenta-se da escolha que fez? Não; ele não sabe que a
escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha
de que não tem consciência, mas pode achar a carga muito pesada e
considerá-la acima de suas forças. São esses os casos dos que recorrem
ao suicídio.

351 No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito desfruta
de todas as suas faculdades?
– Mais ou menos, de acordo com a época, visto que ainda não está
encarnado, e sim vinculado. Desde o instante da concepção, o Espírito
começa a ser tomado de perturbação, anunciando-lhe que é chegado o
momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo
até o nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um
Espírito encarnado durante o sono do corpo. À medida que a hora do
nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança
do passado, do qual não terá mais consciência, como pessoa, logo
que entrar na vida. Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória
ao retornar ao seu estado de Espírito.

352 No momento do nascimento, o Espírito recupera imediatamente
a plenitude de suas faculdades?
– Não, elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. É para ele
uma nova existência; é preciso que aprenda a se servir de seus instrumentos.
As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que sai do
sono e se encontra numa posição diferente daquela que tinha na véspera.

353 Como a união do Espírito e do corpo só está completa e
definitivamente consumada após o nascimento, pode-se considerar o
feto como tendo uma alma?
– O Espírito que deve animá-lo existe, de alguma forma, fora dele; não
possui, propriamente falando, uma alma, já que a encarnação está apenas
em via de se operar. Mas o feto está ligado à alma que deve possuir.

354 Como explicar a vida intra-uterina?
– É a da planta que vegeta. A criança vive, então, a vida animal. O
homem tem em si a vida animal e a vida vegetal, que se completam no
nascimento com a vida espiritual.

355 Há, como indica a ciência, crianças que, desde o ventre
materno, não têm possibilidades de viver? Qual o objetivo disso?
– Isso acontece freqüentemente; a Providência o permite como prova
para seus pais ou para o Espírito que está para reencarnar.

356 Existem crianças que, nascendo mortas, não foram destinadas
à encarnação de um Espírito?
– Sim, há as que nunca tiveram um Espírito destinado para o corpo;
nada devia realizar-se por elas. É, então, somente pelos pais que essa
criança veio.

356 a Um ser dessa natureza pode chegar a nascer?
– Sim, algumas vezes; porém, não vinga, não vive.

356 b Toda criança que sobrevive ao nascimento tem, necessariamente,
um Espírito encarnado nela?
– O que seria sem o Espírito? Não seria um ser humano.

357 Quais são, para o Espírito, as conseqüências do aborto?
– É uma existência nula que terá de recomeçar.

358 O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época
da concepção?
– Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou
qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida de uma
criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de suportar as
provas das quais o corpo devia ser o instrumento.

359 No caso em que a vida da mãe esteja em perigo pelo nascimento
do filho, existe crime ao sacrificar a criança para salvar a mãe?
– É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

360 É racional ter pelo feto a mesma atenção que se tem pelo
corpo de uma criança que tenha vivido?
– Em tudo isso deveis ver a vontade de Deus e Sua obra. Não trateis,
portanto, levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar
as obras da Criação, que são incompletas algumas vezes pela vontade
do Criador? Isso pertence a seus desígnios, que ninguém é chamado a
julgar.

sábado, 7 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n23

331 Todos os Espíritos se preocupam com sua reencarnação?
– Há muitos que nem mesmo pensam nisso, nem a compreendem;
isso depende de sua natureza mais ou menos avançada. Para alguns, a
incerteza quanto ao futuro é uma punição.

332 O Espírito pode antecipar ou retardar o momento de sua
reencarnação?
– Pode antecipá-lo, solicitando-o em suas preces. Pode também retardá-
lo, recuar diante da prova, porque entre os Espíritos há também os
covardes e os indiferentes, mas não o fazem impunemente. Ele sofre, como
quem recua diante do remédio salutar que pode curá-lo.

333 Se um Espírito se encontrasse bastante feliz por estar numa
condição mediana na espiritualidade e se não tivesse ambição de
progredir, poderia prolongar esse estado indefinidamente?
– Não. Não indefinidamente. Progredir é uma necessidade que o Espírito
sente, cedo ou tarde. Todos devem elevar-se, esse é o propósito da
destinação dos Espíritos.

334 A união da alma com este ou aquele corpo é predestinada,
ou a escolha se faz apenas no último momento?
– O Espírito é sempre designado antes. Ao escolher a prova por que
deseja passar, pede para encarnar; portanto, Deus, que tudo sabe e tudo
vê, sabe e vê antecipadamente que alma se unirá a qual corpo.

335 O Espírito faz a escolha do corpo em que deve encarnar, ou
apenas do gênero de vida que lhe deve servir de prova?
– Pode escolher o corpo, já que as imperfeições desse corpo são
para ele provas que ajudam no seu adiantamento, se vencer os obstáculos
que aí encontra. Embora possa pedir, a escolha nem sempre depende
dele.

335 a O Espírito poderia, no último momento, recusar o corpo
escolhido por ele?
– Se recusasse, sofreria muito mais do que aquele que não tentou
nenhuma prova.

336 Poderia acontecer que um corpo que tivesse de nascer não
encontrasse Espírito para encarnar nele?
– Deus a isso proveria. Quando a criança deve nascer para viver, está
sempre predestinada a ter uma alma; nada foi criado sem finalidade.

337 A união do Espírito com um determinado corpo pode ser
imposta pela Providência Divina?
– Pode ser imposta, bem como as diferentes provas, especialmente
quando o Espírito ainda não está apto a fazer uma escolha com conhecimento
de causa. Como expiação, o Espírito pode ser obrigado a se unir ao
corpo de uma criança que por seu nascimento e pela posição que terá no
mundo poderão tornar-se para ele uma punição.

338 Se acontecesse de muitos Espíritos se apresentarem para um
mesmo corpo determinado a nascer, o que ficaria decidido entre eles?
– Muitos podem pedir isso. Julga-se num caso desses quem é mais
capaz de desempenhar a missão à qual a criança está destinada; mas,
como já foi dito, o Espírito já está designado antes do instante que deve
unir-se ao corpo.

339 O momento da encarnação é acompanhado de uma perturbação
semelhante à que se experimenta ao desencarnar?
– Muito maior e principalmente mais longa. Na morte o Espírito sai da
escravidão; no nascimento, entra nela.

340 O instante em que o Espírito deve encarnar é para ele solene?
Realiza esse ato como uma coisa séria e importante?
– É como um navegante que embarca para uma travessia perigosa e
não sabe se vai encontrar a morte nas ondas que enfrenta.

341 A incerteza em que se encontra o Espírito sobre a eventualidade
do sucesso das provas que vai suportar na vida é motivo de
ansiedade antes de sua encarnação?
– Uma ansiedade muito grande, uma vez que as provas dessa existência
retardarão ou adiantarão seu progresso, de acordo com o que tiver
suportado bem ou mal.

342 No momento de sua reencarnação, o Espírito está acompanhado
por outros Espíritos, seus amigos, que vêm assistir à sua partida
do mundo espírita, assim como o recebem quando para lá retorna?
– Isso depende da esfera que o Espírito habita. Se estiver onde reina
a afeição, os Espíritos que o amam o acompanham até o último momento,
encorajam-no, e muitas vezes até o seguem durante a vida.

343 Os Espíritos amigos que nos seguem durante a vida são
alguns dos que vemos em sonho, que nos demonstram afeição e se
apresentam a nós com aparências desconhecidas?
– Muito freqüentemente são os mesmos. Vêm vos visitar, assim como
visitais um prisioneiro.

UNIÃO DA ALMA E DO CORPO. ABORTO
344 Em que momento a alma se une ao corpo?
– A união começa na concepção, mas só se completa no instante do
nascimento. No momento da concepção, o Espírito designado para habitar
determinado corpo se liga a ele por um laço fluídico e vai aumentando
essa ligação cada vez mais, até o instante do nascimento da criança. O
grito que sai da criança anuncia que ela se encontra entre os vivos e servidores
de Deus.

345 A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento
da concepção? Durante esse primeiro período o Espírito poderia
renunciar ao corpo designado?
– A união é definitiva no sentido de que nenhum outro Espírito poderá
substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços
que o unem são muito frágeis, fáceis de se romper, podem ser rompidos
pela vontade do Espírito, se este recuar diante da prova que escolheu;
nesse caso, a criança não vive.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Serie de perguntas e respostas n22

316 O Espírito se interessa pelos trabalhos que se executam na
Terra pelo progresso das artes e das ciências?
– Isso depende de sua elevação ou da missão que deve desempenhar.
O que vos parece magnífico é, muitas vezes, pouca coisa para certos
Espíritos, que a consideram como um sábio vê a obra de um estudante.
Eles têm consideração pelo que pode contribuir para a elevação dos Espíritos
encarnados e seus progressos.

317 Os Espíritos, após o desencarne, conservam o amor à pátria?
– É sempre o mesmo princípio: para os Espíritos elevados, a pátria é o universo; na Terra, a pátria está onde há mais pessoas que lhes inspirem simpatia.

318 As idéias dos Espíritos desencarnados se modificam quando
estão na erraticidade?
– Se modificam muito. Sofrem grandes modificações à medida que o
Espírito se desmaterializa. Ele pode algumas vezes permanecer por muito
tempo com as mesmas idéias, mas pouco a pouco a influência da matéria
diminui e vê as coisas com mais clareza. É então que procura os meios de se aperfeiçoar.

319 Uma vez que o Espírito já viveu a vida espírita em vidas
anteriores, de onde vem seu espanto ao reentrar no mundo dos Espíritos?
– É apenas o efeito do primeiro momento e da perturbação que se
segue ao seu despertar. Mais tarde reconhece perfeitamente o seu estado,
à medida que a lembrança do passado lhe vem e que se apaga a
impressão da vida terrestre. (Veja, nesta obra, questão 163 e segs.)
COMEMORAÇÃO DOS MORTOS. FUNERAIS

320 Os Espíritos são sensíveis à saudade daqueles que amaram
e que ficaram na Terra?
– Muito mais do que podeis supor; se são felizes, essa lembrança
aumenta sua felicidade; se são infelizes, essa lembrança é para eles um alívio.

321 O dia da comemoração dos mortos tem algo de solene para
os Espíritos? Eles se preparam para visitar os que vão orar nas suas
sepulturas?
– Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento tanto nesse dia
quanto em qualquer outro.

321 a Esse dia é para eles um encontro junto às suas sepulturas?
– Eles estão aí num maior número nesse dia, porque há mais pessoas
que os chamam. Mas cada um deles vem apenas pelos seus amigos e
não pela multidão de indiferentes.

321 b Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem
se tornar visíveis?
– Sob a forma pela qual os conhecemos quando encarnados.

322 Os Espíritos esquecidos, cujos túmulos ninguém visita, também
aí comparecem apesar disso? Lamentam não ver nenhum amigo
que se lembre deles?
– Que lhes importa a Terra? Eles somente se prendem a ela pelo
coração. Se aí não há amor, não há mais nada que retenha o Espírito: tem
todo o universo para si.

323 A visita ao túmulo dá mais satisfação ao Espírito do que uma
prece feita para ele?
– A visita ao túmulo é uma maneira de mostrar que se pensa no Espírito
ausente: é a imagem. Já vos disse, a prece é que santifica o ato da
lembrança; pouco importa o lugar, quando se ora com o coração.
324 Os Espíritos das pessoas às quais se erguem estátuas ou
monumentos assistem à inauguração e as vêem com prazer?
– Muitos comparecem a essas solenidades quando podem, mas são
menos sensíveis às homenagens que lhes prestam do que à lembrança.

325 De onde surge, para certas pessoas, o desejo de ser enterradas
num lugar em vez de outro? Revêem esse lugar com maior
satisfação após sua morte? Essa importância dada a uma coisa material
é um sinal de inferioridade do Espírito?
– A afeição do Espírito por determinados lugares é inferioridade moral.
Que diferença há entre um pedaço de terra em vez de outro para um
Espírito elevado? Ele não sabe que se unirá aos que ama, mesmo estando
os seus ossos separados?

325 a A reunião dos restos mortais de todos os membros de uma
família num mesmo lugar deve ser considerada como uma coisa fútil?
– Não. É um costume piedoso e um testemunho de simpatia por quem
se amou. Essa reunião pouco importa aos Espíritos, mas é útil aos homens:
as lembranças ficam concentradas num só lugar.

326 A alma, ao entrar na vida espiritual, é sensível às homenagens
prestadas aos seus despojos mortais?
– Quando o Espírito já atingiu um certo grau de perfeição, não possui
mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Porém,
ficai sabendo, há Espíritos que, no primeiro momento de seu
desencarne, sentem um grande prazer pelas homenagens que lhes prestam,
ou se aborrecem com a falta de atenção ao seu corpo físico; isso
porque ainda conservam alguns preconceitos da Terra.

327 O Espírito assiste ao enterro de seu corpo?
– Ele o assiste muito freqüentemente; mas, algumas vezes, se ainda
estiver perturbado, não se dá conta do que se passa.

327 a Ele fica lisonjeado com a concorrência de assistentes ao
seu enterro?
– Mais ou menos, de acordo com o sentimento que eles tenham.

328 O Espírito daquele que acaba de morrer assiste às reuniões
de seus herdeiros?
– Quase sempre; isso lhe é permitido para sua própria instrução e
para castigo dos culpados. O Espírito julga nessa hora o valor das manifestações
honrosas que lhe faziam. Todos os sentimentos dos herdeiros
se tornam claros como são de fato, e a decepção que sente ao ver a
cobiça daqueles que partilham seus bens o esclarece quanto a esses
sentimentos. Porém, a vez deles chegará igualmente.

329 O respeito instintivo que o homem, em todos os tempos e em
todos os povos, tem pelos mortos é o efeito da intuição de uma vida
futura?
– É a conseqüência natural dessa intuição; sem isso, esse respeito
não teria sentido.

330 Os Espíritos conhecem a época em que reencarnarão?
– Eles a pressentem, assim como um cego sente o fogo quando dele
se aproxima. Sabem que devem retornar a um corpo como sabeis que um
dia deveis morrer, mas não sabem quando isso vai acontecer. (Veja, nesta
obra, a questão 166.)

330 a A reencarnação é, então, uma necessidade da vida espírita,
assim como a morte é uma necessidade da vida corporal?
– Certamente. É exatamente assim.